Derrubada do Boeing: Depois
de adotarem a “política de avestruz”, revisionistas (PCO, PTS, PSTU etc.) se convertem
em papagaios de Obama
Mais de uma semana
depois da derrubada do Boeing 777 da Malaysia Airlines na Ucrânia, ocorrida em
17 de julho, os grupos revisionistas do trotskismo que adotaram durante todo
esse período a vergonhosa política de avestruz, começaram a colocar aos poucos
a cabeça para fora a fim de repetir, agora como papagaios obedientes e servis,
a versão do imperialismo e da mídia “murdochiana” venal que responsabiliza a
Rússia e os rebeldes separatistas das “repúblicas populares” de Donetsk e
Lugansk de terem lançado o míssil que derrubou a aeronave, matando quase 300
civis de várias nacionalidades. Não para a nossa surpresa, a canalha
revisionista que caracteriza até hoje que está em curso um “processo
revolucionário na Ucrânia”, aliando-se aos bandos fascistas e aos golpistas de
Kiev contra os rebeldes do Leste do país, saiu a declarar sobre o ataque ao
avião que “Hoje segue havendo especulações de todo o tipo mas o único que é
seguro é que ele foi derrubado por um míssil de um lançador de origem russa”
(As consequências da derrubada do avião da Malaysia Airlines, 25 de julho de
2014, La Verdad Obrera). Esta é a posição do PTS argentino que, via de regra,
reflete a caracterização do conjunto da grande família pseudotrotskista, como o
PSTU e mesmo o PCO. Este último, apesar de declarar que apoia a reação
antifascista na Ucrânia, classificou o ataque tramado pela CIA e Kiev como um
simples “incidente”! Junto com a Casa Branca, a OTAN e o imperialismo europeu,
as mesmas forças políticas que na Líbia se somaram a esta frente contrarrevolucionária
para combater a “ditadura sanguinária” de Kadaffi e na Síria, em uníssono,
acusaram o governo Assad de assassino por supostamente jogar Gás Sarin contra
seu próprio povo, quando na verdade este foi alvo do terrorismo dos grupos
islâmicos financiados pelo Qatar e a Arábia Saudita (aliados dos EUA e Israel),
agora mais uma vez dizem que a Rússia e os rebeldes foram responsáveis pelo
ataque. Para camuflar sua posição escandalosa, o PTS alega que o lançador de
mísseis é de origem russa (os sistemas de mísseis Buk-M1), quando até o mais
bucéfalo dos seres humanos sabe que as forças armadas ucranianas ainda usam armamento
russo, porque o país era até pouco tempo aliado militar do Kremlin na qualidade
de ex-república soviética. A questão é quem ordenou o lançamento de tal ataque
e todos os elementos políticos e militares apontam para uma só direção: o
governo pró-imperialista de Kiev em uma operação desastrosa comandada pela CIA, cujo objetivo era atingir o avião presidencial de Putin que voava no dia 17/07
na mesma região e horário. Como a canalha revisionista é aliada tática da
ofensiva dos fascistas e das potências capitalistas contra os rebeldes,
preferem se calar diante de todas as evidências que demonstram a trama montada
pela Casa Branca e Kiev, optando por em nome de patrocinar a “guerra de
versões” afirmarem cinicamente que “A derrubada do voo 17, independentemente de
quem atirou e se era um erro no meio da luta, é um resultado direto da guerra
civil que vive na Ucrânia” (Idem). Ocorre que o PTS argentino e o restante da
canalha revisionista (LIT, UIT...) tem um campo militar e política clara na
guerra civil em curso: no terreno dos “revolucionários” fascistas da Praça
Maidan que derrubaram em 22 de fevereiro deste ano presidente Viktor Yanukovych
(aliado de Putin) e pariram o governo golpista de Kiev, aliado do imperialismo
ianque. Estes são os verdadeiros responsáveis pela tragédia do voo da Malaysia
Airlines, os mesmos que colocaram fogo na Casa dos Sindicatos em Odessa
assassinando quase 70 pessoas, entre eles vários militantes de esquerda e
perseguem o Partido Comunista e, inclusive, grupos que se reivindicam
leninistas! Por isso, os revisionistas do trotskismo chamam a derrotar os
rebeldes separatistas, são contra o direito das “repúblicas populares” de
Donetsk e Lugansk de se tornarem independentes da Ucrânia e se unificarem com a
Rússia, copiando mais uma vez a política do imperialismo que avança no
esmagamento militar da resistência no Leste do país!
O “silêncio” dos grupos
revisionistas por si só já uma conduta absolutamente criminosa e joga água no
caminho da versão montada por Obama. Estas correntes negam-se a denunciar a
operação montada pela CIA e em nenhum momento se postam contra a campanha midiática
orquestrada pelas cadeias jornalísticas para responsabilizar a Rússia e os
“rebeldes”. Aqui temos a primeira faceta da frente estabelecida entre estes
grupos e o imperialismo, porque se a Rússia ou “seus rebeldes” tivessem de fato
abatido o avião, a ofensiva militar dos EUA e da UE seria descomunal, com a
certa ação genocida da OTAN na região. Ocorre que a inteligência militar ianque
esteve diretamente envolvida no ataque que tinha como alvo o avião presidencial
de Putin, orientando a ação das FFAA ucranianas em terra na fronteira com a
Rússia a lançarem o míssil. Por esta razão, Obama (no que foi copiado pelo PTS)
declarou que o Boeing 777 foi derrubado por “um míssil terra-ar lançado a
partir de uma área controlada por rebeldes pró-Moscou” no que foi complementado
pela embaixadora ianque na ONU, Samantha Power que declarou: “Devido à
complexidade técnica, é improvável que os separatistas pudessem operá-lo (sem
assistência técnica). Não podemos descartar a assistência técnica dos russos”.
Vejamos como são quase idênticas as posições dos porta-vozes do imperialismo e
dos revisionistas do PTS! Enquanto o imperialismo acusa a Rússia justamente
para tirar de si a responsabilidade pelo ataque e incrementar as sanções
econômicas contra Moscou visando abrir caminho para o esmagamento dos rebeldes,
o PTS se soma a este coro dizendo que a “única certeza” é que o lançador é de
origem russa! Lembremos que no dia 18/07 o ministério da Defesa russo afirmou
que o sistema de mísseis ucraniano estava ativo na quinta-feira, dia da queda
do avião: “Os meios de detecção eletrônicos russos registraram no dia 17 de
julho uma atividade na estação de radar Kupol, que trabalha em conexão com os
sistemas de mísseis Buk-M1”. Segundo o ministério, “a estação de radar situa-se
a 30 km de Donetsk, a cidade do leste da Ucrânia próxima ao local da catástrofe
aérea, em uma zona onde são registrados combates entre as forças ucranianas e
os rebeldes pró-russos”. A Rússia produz o sistemas de mísseis Buk-M1 e até o
começo do ano os fornecia para a Ucrânia, mas nunca disponibilizou esse tipo de
armamento para os “rebeldes” como denunciaram os dirigentes da resistência
várias semanas antes do ataque ao Boeing 777, como confirmou o porta-voz da
república popular de Donetsk, Sergey Kavtaradze, ao canal de TV russo Rossiya
de que eles não seriam capazes de derrubar um avião comercial voando a 10 mil
metros: “Os sistemas de defesa aérea portáteis que nós temos trabalham até um
máximo de 3 a 4 mil metros. Portanto, é possível dizer até mesmo antes de uma
investigação que as forças armadas ucranianas destruíram (o avião)”. Mas, para
o PTS estas provas de nada valem porque colocariam em evidência que seus
“aliados” imperialistas não passam de terroristas de estado que desejam
eliminar física e politicamente não só os marxistas revolucionários, mas
inclusive lideranças nacionalistas burguesas que se opõem minimante a seus
planos neocolonialistas na região. Como os revisionistas se negam a estabelecer
uma frente única anti-imperialista com Putin para combater os fascistas,
enveredam pelo caminho oposto... acabando por postar-se em frente com a OTAN
como fizeram na Líbia!
O imperialismo, seus
porta-vozes e a mídia venal estão até hoje fazendo “campanha” para acusar os
rebeldes e a própria Rússia como responsáveis pela derrubada do Boeing, uma
cantilena insustentável a que se soma o PTS e a canalha revisionista. A tese
patrocinada por Obama e seus apoiadores de “esquerda” é absolutamente ridícula,
tanto do ponto de vista político como militar. De forma alguma interessava aos
separatistas das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk abaterem um avião
civil matando quase 300 pessoas, tendo em vista que tal ação desencadearia uma
feroz ofensiva política, diplomática e militar internacional contra a
resistência pró-russa, como já está ocorrendo através da farsa orquestrada pela
Casa Branca e toda a corja capitalista. Além disso, do ponto de vista
estritamente militar, os rebeldes não possuem esse tipo de míssil terra-ar,
inclusive seus dirigentes já haviam denunciado há várias semanas que o próprio
Putin não estava fornecendo armas e munições para o combate da resistência aos bandos
fascistas e ao governo fantoche de Kiev, que estavam avançando rapidamente
sobre as “repúblicas populares”. Na verdade, está em curso uma verdadeira
operação política e midiática mundial montada pelo imperialismo, com o apoio
dos investigadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE)
para culpar os rebeldes visando tanto seu completo esmagamento militar como
aumentar a pressão e as sanções sobre a Rússia, que já não vinha prestando
apoio aos rebeldes, porém os defendia no campo diplomático e na ONU.
No “frigir dos ovos”
esta “indefinição” sobre a autoria do ataque ao avião é apenas uma cortina de
fumaça para incrementar o recrudescimento da ofensiva contra os rebeldes e a
própria Rússia. Como o PTS e seus irmãos revisionistas da LIT e da UIT (que
continuam em silêncio diante deste fato relevante da luta de classes) se postam
no campo dos “revolucionários” fascistas da Praça Maidan adotaram esta posição
vergonhosa. O PTS em particular no diz que “A grande mobilização e combates na Praça
Maidan que levaram à queda do presidente pró-russo Yanukovich, acabaram
dirigidas pela direita pró-européia e a ultra-direita fascista impondo um novo
governo capitalista” (Aprofunda-se a crise na Ucrânia, LER-QI). Mesmo assim,
estes grupos se postaram ao lado da “revolução” made in CIA como agora acusam
de fato a Rússia e “seus” rebeles de derrubar o avião. Vejamos o que nos diz o
PSTU em seu mais recente artigo (07/07) elaborado por Eduardo Almeida,
intitulado “As encruzilhadas da Ucrânia”: “Grande parte da esquerda mundial,
agrupada na corrente castro-chavista, saiu em defesa desse governo corrupto
agente da oligarquia e do imperialismo, argumentando que se tratava de um golpe
da direita. Querem deturpar o fato incontestável de que um governo identificado
com a opressão russa foi derrubado por uma ampla e prolongada mobilização
popular. A grande argumentação do castro-chavismo é a força de setores
neonazistas na mobilização e no novo governo. No entanto, as eleições de junho
passado, depois da rebelião de Maidán, mostraram o peso real desses setores. O
principal grupo neonazista Svoboda (Liberdade) retrocedeu dos 10,5% conseguidos
nas eleições de 2012 para 1,17% dos votos. O Praviy Sektor (Setor da Direita) –
outro grupo neonazista – teve 0,67%. Na verdade, o grande fato é que as grandes
rebeliões populares que sacudiram o Egito, a Tunísia chegaram à Europa. Trazem
a força impressionante das massas nas ruas, com episódios emocionantes como a
resistência de milhares de pessoas na Praça Maidán, mesmo sob o fogo de franco
atiradores enviados por um governo cada vez mais autoritário. Essa massa
rebelada se auto-organizava e passou por cima das direções que propuseram um
acordo com Yanukovych propondo eleições em dezembro”. Como se vê, o PTS e o
PSTU-LIT acabam no mesmo terreno, tanto antes como agora no episódio da queda
do avião!
Já o PCO classificou o
ataque ao avião da Malaysia Airlines como um simples “incidente” e nada mais!
Em artigo sintomaticamente intitulado de “Ucrânia: Kiev culpa resistência no
leste por queda de avião da Malaysia Airlines” (21/07) onde está absolutamente
ausente desde o título a denúncia da farsa montada pelo imperialismo, Causa
Operária vai na mesma tomada dos grupos revisionistas, adotando conduta similar
da que adotou na Líbia quando saudou a “revolução” que derrubou Kadaffi junto
com PTS, a LIT e... Obama! O PCO afirma que “O governo pró-imperialista
instalado em Kiev acusa a resistência no leste de ter derrubado o avião, com a
ajuda dos russos. Os russos acusam o governo de Kiev de ter abatido o avião, e
afirma que um caça ucraniano voou próximo do Boeing no momento da queda,
dizendo que o governo de Kiev deve explicações, e pedindo oficialmente uma
investigação independente do caso... Nas mãos do imperialismo, o incidente é
mais uma arma para conter a Rússia e tentar mantê-la fora do conflito entre a
resistência no leste da Ucrânia e o governo em Kiev” (Grifo nosso). Como se
observa, o PCO prefere “lavar as mãos” em meio à “guerra de versões” enquanto o
imperialismo e os bandos fascistas tentaram assassinar mais um dirigente de um
governo nacionalista (Putin), assim como a CIA fez com Chávez via seu
envenenamento. O ataque ao avião da Malaysia Airlines não se tratou de um mero
“incidente” como declara singelamente o PCO, mas de uma ação militar comandada
diretamente pela CIA que falhou em seu objetivo político, porém deixou quase
300 civis mortos, tragédia que está sendo jogada na “conta” do próprio Putin e
dos “rebeldes”. Tamanha idiotice do PCO demonstra que quando se trata de denunciar
a farsa montada pelo imperialismo, este grupo prefere ficar “em cima do muro”
para não se chocar com seus primos revisionistas, se somando de fato ao coro de
papagaios de Obama.