Diante da Holanda o
último fracasso em campo: A seleção brasileira não é a pátria de chuteiras!
O genial reacionário
Nelson Rodrigues, “pó de arroz” e apaixonado pelo futebol brasileiro certa vez
afirmou que a seleção canarinho era a “pátria de chuteiras”. Esta “compreensão”
transformou-se quase em unanimidade nacional em tempos de Copa do Mundo, e como
toda “unanimidade é burra” este falso “consenso” mais além é completamente equivocado. A
realização da Copa do Mundo no Brasil colocou a nu a profunda crise do futebol
brasileiro e os péssimos resultados da seleção em campo apenas refletiram este
momento. A expectativa da conquista da Taça para o Brasil se desfez “tragicamente”
na humilhante goleada sofrida no jogo contra a Alemanha e agora se confirmou
com a perda da terceira colocação em função da derrota para a compacta seleção
holandesa. No calor dos debates políticos sobre a Copa não faltaram setores da
esquerda, para não falar das análises patrioteiras da direita tradicional, que
insistiram em “repercutir” o enorme equívoco de mixar a seleção canarinho com a
nação brasileira. Em primeiro lugar é necessário esclarecer que hoje a seleção
de futebol brasileira é um “produto” administrado por uma entidade privada a
CBF, empresa capitalista que organiza o campeonato brasileiro e a copa do
Brasil, além da promoção de eventos esportivos diversos. A CBF tem o monopólio
da convocação das seleções masculinas e femininas de futebol, pelo fato de sua
filiação a FIFA, sendo que seus dirigentes não estão submetidos a nenhuma
subordinação do estado brasileiro. Apesar de seu caráter de empresa privada,
auferindo espetaculares lucros a seus proprietários, a CBF recebe “generoso”
aporte do Estado sem que tenha que prestar contas das verbas recebidas. Mas
diante dos fiascos no gramado membros do governo Dilma aventaram a
possibilidade de alguma inferência na gestão da CBF, o que foi drasticamente
logo combatido pelos arautos do neoliberalismo. O Tucano Aécio acusou o PT de
querer “estatizar” o futebol, defendendo a total autonomia da máfia da CBF (“engordada”
com o dinheiro público) frente a tênue ameaça de investida do governo. Como era
de se esperar diante da pressão da mídia “murdochiana” e da Tucanalha, o
governo Dilma já recuou de suas pálidas intenções de pelo menos auditar a CBF.
Não podemos negar a inequívoca decepção popular com o fraquíssimo desempenho da
seleção nesta Copa, um time sofrível escalado por empresários movidos por
interesses comerciais. Porém, como Marxistas Revolucionários, respeitando a “afetividade” do proletariado nacional acerca do futebol, devemos declarar
vigorosamente: Esta seleção brasileira não é a pátria de chuteiras, nossa nação
deve ser sim representada pelas lutas dos trabalhadores e de seu povo oprimido!
É bastante comum
confundirmos a simpatia política por um país, ou mesmo por seu governo, com sua
seleção de futebol (nós mesmos da LBI já incorremos parcialmente neste erro),
mas é necessário separar estes elementos distintos sempre levando em consideração
a grande empatia que uma seleção nacional gera no seio das massas. A história
das Copas organizadas pela FIFA é crivada pela manipulação política, em alguns
casos sem nenhum disfarce “futebolístico” como o Mundial de 1978 patrocinado
pelos generais genocidas na Argentina. O regime militar brasileiro também “encomendou”
sua Taça à mafiosa FIFA em 1970, e o próprio governo imperialista da Alemanha
fez o mesmo em 1974, tirando da seleção holandesa uma merecida vitória na
final.
Como já caracterizamos
anteriormente neste Mundial realizado no Brasil, o imperialismo (a FIFA é mais
uma de suas “colaterais”) não envidou o menor “esforço” para garantir a Taça
para a seleção canarinho. Começando pela própria CBF que tratou de preparar a
derrota com a convocação de jogadores “europeizados” de baixíssimo nível
técnico. A parte de infraestrutura da Copa que ficou a cargo do governo da
Frente popular, movimentando bilhões de Reais direto para os cofres das
empreiteiras, foi bem sucedida. A própria reeleição da presidente Dilma já está
assegurada por um amplo pacto político das classes dominantes, portanto o “hexa”
para o Brasil já seria um “exagero” obstruindo os planos eleitorais da oposição
burguesa para 2018.
O legado político desta
Copa, para além do debate esportivo, será uma eleição presidencial muito “apertada”,
onde o candidato Tucano “ungindo” ao segundo turno tentará tirar o máximo de
proveito do fiasco da seleção canarinho. Dilma, por sua vez, avocará o “sucesso”
da Copa do Mundo realizada no Brasil após 64 anos. Os trabalhadores e o povo
oprimido, porém nada tem a ver com esta falsa polêmica das oligarquias
dominantes. Nossa verdadeira “seleção nacional” são as heroicas batalhas do
proletariado brasileiro!