APRESENTAÇÃO
DO
MAIS RECENTE LIVRO DA LBI
MAIS RECENTE LIVRO DA LBI
Apresentação
O verbo destruir utilizado no título do novo lançamento da
Editora Publicações LBI não é uma mera figura de linguagem ou apenas um recurso
de retórica jornalística para definir o objetivo central do imperialismo com
relação a Petrobras. Nestes exatos dias estamos vendo os passos iniciais de uma
brutal ofensiva política, econômica e midiática para de fato se esquartejar e
desmantelar a Petrobras. O plano canalha é reduzir a maior empresa estatal da América Latina,
quando muito, em uma mera extratora de óleo cru em alto mar (com altíssimo
custo de operação) a fim de que os grandes grupos econômicos internacionais
possam seguir controlando livremente os ramos mais lucrativos do mercado do
petróleo nacional: a venda de derivados e sua distribuição pelo território
brasileiro. A se manter a equação de vender óleo cru a “preço de banana” para
depois comprar “na alta” o diesel e a nafta processada dos trustes industriais
anglo-ianques, teremos inexoravelmente a futura quebra da Petrobras, ainda mais
com o preço do barril em baixa sistemática por pressão dos EUA. Sintonizado com
os ditames da Casa Branca e Obama, o decano tucano José Serra já defende
abertamente o desmembramento da Petrobras, propondo que a estatal venda a área
de refino, petroquímica, fabricação de plataformas, fertilizantes e abra mão da
distribuição de combustíveis no varejo para permitir a privatização do que
restar da empresa a baixíssimo custo. Desta forma tornamos o Brasil um país
eternamente submisso política e economicamente as potências imperialistas e as
"Sete Irmãs" (cartel das transnacionais do petróleo). O tucanato não
está só nesta empreitada neoliberal facilitada pela política privatista de
“gerentona” do PT. O “detonador” desta cruzada antinacional em curso foi a
Operação policial "Lava Jato". A pretexto de revelar o esquema de
pagamento de comissões (propinas) por parte de empreiteiras a diretores da
estatal que negociavam em nome do governo Lula-Dilma e do PT as obras de
construção das novas refinarias projetadas ainda na era Lula, a banda tucana da
PF, da Justiça e do MPF conseguiu gerar um escândalo midiático - tendo à frente
a Rede Globo - que agora obriga o Planalto completamente fragilizado a entregar
a presidência da Petrobras a um "homem do mercado" imposto pelos rentistas
internacionais e que, a pretexto de “moralizá-la”, irá levar adiante a sua
destruição e esquartejamento, sabotando um tímido projeto de soberania nacional, formulado originalmente com a renovação parcial do nosso "arcaico"
parque industrial de refino e petroquímica. O pagamento de "comissões" por parte da iniciativa privada a gestores estatais não é propriamente
uma "novidade" na história republicana do país, tampouco é um "fenômeno"
exclusivo da Petrobras. As "comissões" são parte inerente ao modo de
produção capitalista moderno, onde o acúmulo patrimonialista dos políticos e
técnicos da burguesia ocorre sob esta dinâmica. Longe de levar a falência da
Petrobras as "comissões" são apenas parte integrante de uma
engrenagem capitalista que foi estabelecida há muito tempo atrás, mais
precisamente desde a sua fundação em 1953. O atual "desmanche" da
Petrobras ocorre sob outra lógica, a da subordinação de uma semi-colônia aos
interesses comerciais da matriz imperial, seria um "pecado capital"
inaceitável ao Amo do Norte que nossa maior empresa nacional rompesse a
dependência do refino de combustíveis e passasse a dominar áreas estratégicas,
como a da química fina por exemplo. Por isso a "ordem imperial" veio
de Washington, as refinarias não podem ser concluídas e o polo petroquímico de
Campos deve ser abortado! O pretexto do "mar de lama da corrupção" na
Petrobras, repercutido à exaustão pela mídia corporativa, veio para selar o
destino da estatal firmado pelo imperialismo: ou se mantém como um "fazendão"
do óleo ou simplesmente a destruímos.
A publicação do livro a “Ofensiva imperial para destruir a
Petrobras” ocorre em um momento onde além do governo Dilma entregar a direção
da empresa aos abutres do mercado, o PT é duramente atacado por receber parte
das comissões pagas pelas empreiteiras, com acusações diretas ao tesoureiro do
partido. O tucanato e mídia utilizam a corrupção inerente ao modo de produção
capitalista, que Serra, Aécio e FHC... se beneficiaram amplamente, não só para
incrementar a campanha para destruir a Petrobras mas também com o objetivo de
desestabilizar o próprio governo da frente popular, que encontra-se nas cordas
quase em nocaute. A vitória do direitista Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados
e a instalação de uma nova “CPI da Petrobras” são capítulos desta sanha
privatista que colocam em risco a própria existência da empresa criada por
Getúlio Vargas sob o lema da campanha “O Petróleo é Nosso”. Não por acaso, o
velho caudilho nacionalista também foi acusado pelo corvo udenista Carlos
Lacerda de ter um governo atolado em um “mar de lama” justamente para com a
falsa aura moralizadora sabotar na época um projeto de desenvolvimento nacional
defendido tibiamente pelo PTB varguista. O “mar de lama” de hoje centrado na
enxurrada de denúncias surgida contra os dirigentes da Petrobras, todas bem
reais produto da cobrança das comissões praticadas em todas as esferas desta
república capitalista, atingiu em cheio a área da construção de novas
refinarias, um setor onde as empreiteiras estão diretamente relacionadas.
Estamos falando da capacidade do Brasil em processar industrialmente seu
próprio petróleo, produzindo os combustíveis refinados que movimentam a
economia do país, perspectiva abortada pelas recentes decisões do governo Dilma
que em seu recuo pode até chegar ao ponto de quebrar a empresa. Hoje o Brasil
importa pelo menos 80% dos combustíveis refinados consumidos por nosso mercado,
gerando um imenso rombo na balança comercial. A situação de nossas parcas
refinarias (menos de dez em todo nosso imenso território) é precária, operando
no limite de sua capacidade e com equipamentos sucateados. A construção de pelo
menos cinco grandes novas refinarias é uma exigência não só para a economia
capitalista do país, mas envolve a própria soberania política e militar do
Brasil, já que um país que depende das multinacionais anglo-ianques do petróleo
para abastecer inclusive sua frota militar de aviões e navios não pode ser
considerado minimamente “independente”. De nada adianta a Petrobras bater recordes
de extração do “Pré-sal” apresentado falsamente como um conto de fadas para
tirar o país do atraso para vendê-lo “in natura” como óleo cru para os trustes
internacionais do setor controlados pelo capital financeiro. É óbvio que a
função de “fazendão” do petróleo que cumpre hoje a Petrobras só interessa ao
imperialismo. Se o Brasil vende óleo cru e depois compra combustíveis refinados
com alto valor agregado jamais poderá superar o déficit estrutural que paralisa
o crescimento de nossa economia.
O imperialismo ianque e a direita tucana (com aval passivo
da Frente Popular que cancelou as construção das refinarias no Nordeste e
reduziu as obras de Abreu Lima e Comperj) desejam mesmo destruir a empresa,
desmembrando-a para facilitar a sua privatização futura. José Serra vaticinou o
caminho a ser seguido “A Petrobras diversificou demais e foi muito além do
necessário, acabou se lançando em negócios megalomaníacos e ruinosos. Hoje, ela
atua na distribuição de combustíveis no varejo, nas áreas de petroquímica,
fertilizante, refinaria, meteu-se em ser sócia de empresa para fabricar
plataformas e investiu até em etanol, justamente quando a política de contenção
de preços da gasolina arruinava o setor. O que dá prejuízo precisa ser
enxugado. Vendido, concedido ou extinto. E tem que começar pela revisão do
modelo do pré-sal: retirar a obrigatoriedade de a empresa estar presente em
todos os poços, ser a operadora única dos consórcios e ter que suportar os
custos mais altos da política de conteúdo nacional”. Alguns ingênuos na
esquerda podem afirmar que o PSDB perdeu as eleições e tal declaração não passa
de mais uma bravata de Serra, porém o ajuste fiscal e monetário neoliberal
aplicado pelo governo Dilma via o Ministro da Fazenda Joaquim Levy e o ataque
aos direitos, benefícios do INSS e conquistas dos trabalhadores neste segundo
mandato em um quadro de retração econômica, demonstram que o PT segue os passos
do tucanato. Com relação a Petrobras estamos vendo isso nitidamente! A questão
é que o imperialismo ianque parece ter decidido via a queda do barril de
petróleo sabotar a economia dos BRIC´s (particularmente da Venezuela) e retomar
o controle político e econômico do Brasil. Para isto tende a se livrar do PT
substituindo-o no próximo período por um outro eixo conservador de gestão, não
estando descartada a queda do governo petista no futuro, apesar de todas as
concessões da Frente Popular.
No livro, analisamos que desgraçadamente a esquerda
revisionista “percebe” a crise da Petrobras como uma consequência de problemas
“éticos" no interior da empresa, tendo pouca ou nenhuma relevância os
rumos estratégicos da estatal. Tudo se resume a um binômio de falta de “moral e
democracia” na Petrobras. Os falsos vestais, como o PSTU, CST, LER e afins,
seguem a pauta da mídia “murdochiana” e se escandalizam com a cobrança das
comissões no âmbito de todas as instâncias do Estado burguês, como se de
repente descobrissem que no regime capitalista todos os gestores são corruptos
e patrimonialistas. A questão central é que esta “prática” não é nova (não foi
introduzida por FHC ou Lula, se arrasta desde o império!) e tampouco restrita a
Petrobras. No compasso vigente da operação desmonte a Petrobras está com os
“dias contados”, sangrando até a falência ou sua privatização esquartejada
(como medida “salvadora”). Nesse sentido, é urgente a vanguarda classicista e a
militância revolucionária compreender a “jogada” rapineira do imperialismo,
travestida de Operação Lava Jato. Através da publicação de “Ofensiva imperial
para destruir a Petrobras” buscamos contribuir para uma intervenção enérgica do
movimento operário e dos próprios trabalhadores da estatal para reverter este
curso integralmente nocivo aos interesses da nação. Desde a LBI, defendemos que
a estatização da Petrobras sob controle dos trabalhadores é uma justa bandeira
para iniciar a “caminhada” revolucionária pelo próprio poder proletário,
erigindo um Estado de novo tipo onde o mercado capitalista sucumba as
exigências e necessidades da maioria população trabalhadora.
Os Editores
Janeiro de 2015