segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015


Vitória acachapante de Cunha humilhou o PT, que "lamenta" o pouco empenho do Planalto na campanha de Chinaglia

O que já era esperado veio com um gosto "extra" de humilhação e vergonha. Estamos falando é claro da acachapante vitória de Eduardo Cunha na Câmara dos Deputado, e sobre um PT humilhado e "desamparado" pela anturragem Dilmista que optou pelo "pragmatismo" fisiológico do "parceiro" PMDB. Não houve a mínima vacilação do governo em "jogar a toalha" diante de um iminente triunfo do "deputado das empreiteiras", já na tarde do sábado que antecedeu a eleição das mesas diretoras do Congresso Nacional. Dilma orientou Mercadante a tentar negociar um acordo com o PMDB, abrindo mão da candidatura de Chinaglia em nome de um rodízio na presidência da Casa para o próximo biênio. A alta cúpula do PMDB rechaçou a proposta, recusando ceder o controle da Câmara durante todo o mandato de Dilma. Os parasitas do partido de Temer querem chantagear ao máximo o governo da Frente Popular, demonstrando força parlamentar diante da possiblidade da formação de um novo "partidão" na base aliada, comandado pelo atual ministro das cidades, Gilberto Kassab. Diante da correlação de forças abertamente favorável a candidatura de Eduardo Cunha, Dilma determinou a seus ministros que "liberassem" as bancadas governistas, provocando a migração de partidos que integram a base aliada para o campo do PMDB. O "reflexo" dos sinais emitidos pelo Planalto foi imediato. Partidos como o PP, PRB, PR, PDT e até mesmo o adesista PSD logo "flexionaram" suas bancadas em direção a Cunha, deixando o PT quase solitário ao lado dos fiéis "amigos" do PCdoB. O resultado não poderia ser outro, Cunha fez a "barba e cabelo" conseguindo 267 votos contra apenas 136 de Chinaglia. Sequer foi necessário um segundo turno de votação, "oportunidade" muito esperada pelo PT para realizar uma "rendição honrosa". Proclamada vitória de Cunha instalou-se imediatamente uma crise interna nas hostes do PT, dirigentes históricos do partido questionavam o abandono precoce do Planalto em relação a Chinaglia. Tampouco faltaram as ironias dos "aliados" tradicionais como Maluf, que "exigia" a demissão imediata dos ministros "traidores". A verdade é que Dilma caminha por uma senda ultraneoliberal, sentido-se mais à vontade com seu novo "bloco de poder", o que inclui a escória de Levy, Katia Abreu, Cid Gomes e também o PMDB de Temer, Cunha e Renan. Por falar em Senado, o que faltou de empenho do governo na Câmara sobrou na eleição de Renan, que teve sua reeleição ameaçada por um "racha" no seu próprio partido. Ao contrário das expectativas o candidato do PSB, deputado Júlio Delgado, obteve uma votação expressiva, 100 colegas sufragaram seu nome para a presidência da Câmara, expondo politicamente ainda mais o "vexame" do PT. Debilitado o núcleo duro do PT "lambe as feridas", sem ter claro que rumo irá tomar diante da conduta "oportunista" de Dilma. O governo por seu turno sai totalmente refém da quadrilha pemedebista, "colhendo o que plantou" no próprio estado de Cunha quando abandonou o PT a sua própria sorte. Nomes como o do ex- governador Cabral do RJ (um assassino compulsivo) devem sair das "catacumbas" e pleitear mais espaço no governo Dilma, que agora deverá reduzir as "vagas" do PT e não dos "infiéis" que apoiaram Cunha. Estamos vivendo no limite de uma grave crise política de governabilidade, sob o piso de um estancamento econômico do "modelo" de crédito e consumo vigente. A ofensiva neoliberal do "ajuste" sem dúvida alguma saiu "vitaminada" desta eleição na Câmara, a tarefa que se impõe para o movimento de massas é o combate frontal a este governo dos rentistas pela via da ação direta!

A nova articulação de Dilma no Congresso, coordenada por Pepe Vargas, mostrou-se tão incompetente quanto a anterior que estava sob o comando do atual ministro Ricardo Berzoini. A patética "estratégia" dos "sábios e vestais" articuladores do Planalto consiste em depositar total confiança do governo em parlamentes corruptos e venais da política burguesa mais fisiológica. O resultado não poderia ser outro, a não ser o da "traição" em toda linha. Agora são os próprios caciques do PMDB que ironizam as trapalhadas do comando Dilmista. O deputado Pepe Vargas saiu como um verdadeiro "bobo útil" desta eleição para a Câmara, distribuiu alguns cargos na Esplanada dos Ministérios para a escória de parlamentares e "colheu bananas" para Chinaglia.

Outra consequência direta da vitória de Cunha será o fim dos "sonhos" que Dilma acalentava junto a Kassab para a criação de um "novo PMDB", o natimorto PL. A tentativa de formar um amplo partido de apoio ao governo, composto pelo "baixo clero" da Câmara dos Deputados e possivelmente integrado por oligarquias regionais, foi para o "espaço sideral". A cúpula do PMDB já mandou um recado para o governo: se insistir na "jogada política" do PL vai liberar o "fanático" Eduardo Cunha para liderar a cruzada parlamentar pelo impeachment da presidenta. Com um quadro econômico delicado e uma tropa política desmoralizada, Dilma "arquivará" sumariamente o embrião de um novo agrupamento fisiológico no Congresso Nacional, deixando Kassab negociar os seus votos parlamentares com a legenda vazia (de qualquer referência programática) que já possui.

Para a classe operária a eleição de Cunha representará uma comunhão política ainda mais sólida entre governo da Frente Popular, Congresso dos picaretas e o capital financeiro no sentido da ofensiva neoliberal para a liquidação das conquistas sociais e direitos democráticos de organização das massas. Uma reforma política ainda mais draconiana, do ponto de vista das liberdades políticas, já está em curso no Congresso Nacional e contará com o apoio do PT e PMDB. O caminho da ação direta das massas, passando bem distante da política de "pressão e lobby" parlamentar deve ser o centro tático da esquerda revolucionária nesta etapa histórica de reação generalizada.