Por que o Dólar sobe no quadro de estancamento da economia?
Ou o "golpe" silencioso dos rentistas que conta com a ajuda de Levy e
Tombini
Em meio as manchetes convulsionadas da mídia corporativa
sobre a crise da Petrobras, corrupção dos gestores estatais e lógico o
envolvimento do PT em todas as "desgraças" do país podemos ler sem
muito destaque que a cotação do Dólar em relação ao Real atingiu o maior valor
dos últimos dez anos. Não existem razões econômicas ou financeiras no cenário
mundial, como por exemplo um crash bursátil em algum centro imperialista, que
justifiquem a vertiginosa alta da moeda norte-americana no mercado brasileiro.
Tampouco a lenta recuperação da economia ianque ainda não foi capaz de
comprimir a cotação de outras moedas nacionais, apesar de apontar uma
recomposição cambial do Dólar em 2014 com a forte ajuda do FED. No plano local
não podemos encontrar o motivo da desvalorização do Real em nenhum dos
fundamentos econômicos da conjuntura atual, não estamos atravessando um
aquecimento das importações e o consumo interno está indicando uma tênue
tendência a recessão ou estagnação temporal. Porém os "experts" consultores
do mercado de capitais logo encontraram uma razão nada crível para a
valorização do Dólar: "A corrupção na Petrobras". Para os leitores
menos entrosados com a "ciência da economia" não custa registrar que
a elevação do Dólar não só influência os índices inflacionários nacionais,
aumentando o preço de insumos básicos, mas também infere diretamente nas
reservas cambiais do país, o lastro mais importante da economia brasileira no
momento em que as "projeções" do PIB revelam um crescimento zero para
este ano. Quando os rentistas internacionais apostam na depreciação da nossa
moeda, no mercado nacional, promovem um verdadeiro ataque especulativo as
reservas cambiais do país, hoje orçadas em cerca de 400 bilhões de Dólares.
Diante do "ataque" o BC se vê forçado a promover leilões de Dólar (swaps
cambiais) para baixar a cotação e aí os rentistas fazem "barba e
cabelo"! Este "golpe" do mercado contra a economia nacional não
é propriamente uma novidade, vem sendo utilizado justamente em momentos de
crise e instabilidade política, como denunciamos nas "Jornadas de
Junho" de 2013. Também para ser exitoso o "ataque especulativo"
deve contar com a aquiescência das autoridades monetárias, no caso a direção do
Banco Central e Tesouro Nacional, dispostas a ceder aos apetites vorazes dos
"golpistas". Agora "descobriram" um terreno fértil para
tentar solapar o último "bastião" do governo Dilma, já que a Balança
Comercial do país encontra-se deficitária. A crise artificial provocada para
destruir a Petrobras parece estar servindo para objetivos múltiplos, desde os
trustes transnacionais do petróleo, passando pela oposição reacionária tucana e
agora chegando ao bolso dos especuladores do mercado de capitais. Por sua vez o
chefe da equipe econômica palaciana, Joaquim Levy, parece prestar ordens não ao
governo Dilma mas aos rentistas que se refestelam com o assalto as reservas
cambiais do Brasil. Este criminoso "golpe" financeiro contra o povo
trabalhador, que em última medida pagará a conta do "ataque
especulativo", está passando desapercebido das atenções da esquerda "chapa
branca" muito preocupada com o suposto impeachment da presidenta...
A "sangria" das reservas cambiais acontece "tecnicamente" sob a forma dos swaps cambiais, onde o BC vai ao mercado ofertar seus dólares para em tese forçar a queda de sua cotação. O BC realizou hoje (11/02) mais um leilão para rolar os contratos de swap que vencem em 2 de março. Foram vendidos 13 mil swaps: 10.900 com vencimento em 1º de abril de 2016 e os outros 2.100 para 1º de junho do ano que vem. A operação financeira movimentou o equivalente a US$ 629,6 milhões. Ao todo, o BC já "rolou" o equivalente a US$ 5,049 bilhões, ou cerca de 48% do lote total, correspondente a US$ 10,438 bilhões. Uma "fatia" das reservas bem generosa para saciar a voracidade dos rentistas.
A "sangria" das reservas cambiais acontece "tecnicamente" sob a forma dos swaps cambiais, onde o BC vai ao mercado ofertar seus dólares para em tese forçar a queda de sua cotação. O BC realizou hoje (11/02) mais um leilão para rolar os contratos de swap que vencem em 2 de março. Foram vendidos 13 mil swaps: 10.900 com vencimento em 1º de abril de 2016 e os outros 2.100 para 1º de junho do ano que vem. A operação financeira movimentou o equivalente a US$ 629,6 milhões. Ao todo, o BC já "rolou" o equivalente a US$ 5,049 bilhões, ou cerca de 48% do lote total, correspondente a US$ 10,438 bilhões. Uma "fatia" das reservas bem generosa para saciar a voracidade dos rentistas.
O mais grave neste ataque especulativo atual, muito similar
ao que ocorreu em 2013, é que o país não está mais gerando "gordura"
cambial em decorrência do déficit da nossa Balança Comercial. O grande
"trunfo" econômico da chamada era Lula já não existe mais, a retração
do mercado mundial e a queda no preço das commodities agro-minerais, somada a
valorização das importações de bens de capital e insumos industrializados (como
os combustíveis por exemplo) levaram o país ao "vermelho". Sem
capacidade de produção industrial para competir mundialmente, o Brasil fica
completamente refém da "fazenda", ou como os tecnocratas gostam de
qualificar: o "moderno" agronegócio. E são exatamente as oligarquias
agrárias que pressionam o governo para rebaixar cada vez mais a cotação da
moeda nacional, acusada de "vilã" responsável pela crise econômica,
tanto por o arco da malta reacionária mas também pelos
"neodesenvolvimentistas" da esquerda reformista.
Com uma valorização de quase 10% somente neste começo do
ano, o Dólar passa a indexar o conjunto de preços de insumos materiais e também
de serviços de nossa economia, provocando a desvalorização de ativos mercantis
e do patrimônio nacional, como a Petrobras. É muito provável que este seja
mesmo o alvo principal dos especuladores internacionais, adquirir segmentos
fragmentados da estatal a "preço de banana". Como o governo da Frente
Popular não esboça reação alguma diante dos rentistas, as projeções já indicam
que a moeda ianque pode atingir o valor de 4 reais até meados do ano, o que
provocaria um "default" no Tesouro Nacional. Os Marxistas defendem
claramente o programa de controle do câmbio, assim como o da valorização da
moeda nacional de forma totalmente independente das oligarquias do agronegócio
e dos grandes exportadores.