Todo apoio à prisão dos golpistas pró-ianques na Venezuela!
O reacionário prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, deve responder diante de um
Tribunal Popular por seus vínculos com a CIA e a Casa Branca!
O Serviço Bolivariano de Inteligência, SEBIN, deteve ontem (19/02)
o prefeito (alcaide) metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, sob a acusação
de conspiração golpista contra o governo constitucional de Nicolás Maduro.
Ledezma é dirigente do partido ultradireitista Alianza Bravo Povo (ABP) e
conjuntamente com Henrique Capriles e Leopoldo Lopez (preso a mais de um ano)
coordenam as ações de sabotagem ao governo nacionalista burguês do PSUV. Porém
o prefeito de Caracas talvez incentivado pela crise econômica de
desabastecimento que assola a Venezuela tenha pretendido um dar um passo mais
"ousado": planejar o assassinato do próprio presidente Nicolás
Maduro. Para os conservadores que afirmam se tratar de mais um
"delírio" da " teoria da conspiração", não custa lembrar
que a prematura morte do coronel Hugo Chavez foi produto direto de uma
intoxicação radioativa que acelerou um tumor cancerígeno já existente. Para os
"experts" da CIA trata-se de uma operação bastante elementar e
diversas vezes já realizada contra os adversários do "American Way of
Life". A Venezuela vive uma conjuntura bastante polarizada politicamente,
em particular após a morte de seu "Comandante Bolivariano", onde por
um lado o presidente Maduro não avança em nenhuma medida de expropriação dos
grandes grupos econômicos e na outra ponta a burguesia nativa segue boicotando
as tímidas iniciativas de confronto do governo com o imperialismo e seus
representantes caninos na Venezuela. Com uma inflação alta e salários corroídos
fica muito difícil ao frágil governo Maduro recompor a base social do Chavismo
no interior do movimento operário organizado. Maduro se apoia fundamentalmente
nos setores populares e periféricos que diante das medidas sociais do governo
nacionalista burguês obtiveram conquistas importantes no seu nível de vida. Mas
a debilidade da economia capitalista venezuelana, monoprodutora e dependente
das exportações de petróleo para os EUA, impede um avanço histórico mais
significativo para os trabalhadores sob o marco de um regime burguês da
propriedade privada dos meios de produção. Sob o "fogo cruzado" das
duas trincheiras de classe, Maduro tenta se equilibrar com uma política
"centrista de esquerda" e que obviamente não é aceita pelo
imperialismo. Neste quadro o bloco conservador de oposição, concentrando desde
forças fascistas até liberais de direita, tenta voltar ao controle do Estado
burguês seja pela via institucional ou golpista. Na primeira hipótese o caminho
parece estar obstruído para a oposição já que o Chavismo assegurou a hegemonia
no campo do judiciário federal e fundamentalmente no seio das Forças Armadas.
Uma conduta acertada e totalmente distinta da realizada pelo PT no Brasil ou a
FpV (Kirchnerista) na Argentina. Com a trilha institucional obstruída a
oposição direitista prioriza mesmo as alternativas de sabotagem, golpismo e
assassinatos, criando um clima de terror no país. A prisão de duas lideranças
da oposição (Leopoldo e agora Ledezma) deve "atiçar fogo" na
conjuntura, desatando novamente as multitudinárias marchas da classe média
contra o governo Bolivariano. Como Marxistas Revolucionários não compartimos da
"tese" acerca do caráter socialista do Estado na Venezuela, seguimos
caracterizando os governos Bolivarianos como uma expressão radicalizada do nacionalismo
burguês. Contudo não somos "derrotistas" entre o confronto real
travado entre o Chavismo e o bloco conservador pró-imperialista. Os
Trotsquistas não podem ser neutros na luta política ou militar contra os
interesses rapineiros do Império em nosso continente ou no planeta. A prisão de
Ledezma acendeu o "sinal vermelho" para o Departamento de Estado dos
EUA, que logo acionou seus "meios de comunicação" para denunciar mais
uma vez os atos "autoritários e antidemocráticos" do governo Maduro.
Parece uma piada de muito mau gosto que a "imprensa livre" defenda
uma figura sinistra como Ledezma um dos signatários do "Acordo Nacional
para a Transição", publicado no último 11 de fevereiro, um documento
fascista que seria o ponto de partida para o desenvolvimento de um plano de
golpe que incluiria até mesmo um bombardeio aéreo (com apoio logístico da CIA)
ao Palácio Miraflores. Apoiamos incondicionalmente as prisões dos elementos
abertamente golpistas e ligados a Casa Branca (centro mundial do terrorismo de
estado) na Venezuela, porém apontamos a necessidade de ir além dos estreitos
limites do regime burguês vigente. É necessário convocar o proletariado
venezuelano para julgar e condenar os golpistas da direita, através da
construção de seus próprios organismos de poder. Neste sentido a organização de
tribunais populares, democraticamente constituídos de forma independente pelo
movimento de massas, será um primeiro passo decisivo para derrotar a ofensiva
golpista e os planos da pirataria imperialista para subjugar a Venezuela.
O pesado cerco ao governo do PSUV não se resume as
tentativas de sabotagem da CIA e tampouco as marchas fascistas convocadas pela
oposição pró-ianque. Os EUA pretendem quebrar a "coluna vertebral" da
economia venezuelana, estamos falando da PDVSA. A ofensiva neoliberal contra
governos considerados "nacionalistas" forçou a queda internacional do
preço do petróleo, ameaçando a existência de gigantes estatais como a PDVSA,
PETROBRAS e GAZPROM. Como estas empresas têm em comum a exportação do óleo cru
para os centros imperialistas, enquanto a cotação da commoditie mineral
despenca no mercado mundial o preço dos combustíveis refinados dispara. Não
precisa lembrar que são os trustes imperialistas que fabricam os combustíveis
fósseis e os vendem aos países produtores de petróleo, o resultado desta "equação
" é óbvio: a semi-falência das estatais nacionalizadas do petróleo
provocando um enorme déficit monetário no caixa estatal dos governos "populares".
Como a PDVSA responde pela maior parte do PIB da economia
venezuelana, cerca de 90%, podemos compreender a delicada situação em que se
encontra o governo Maduro com a crise de sua estatal. Com a drástica redução na
receita das divisas internacionais se instalou rapidamente uma crise de
desabastecimento (na maioria produtos importados) e fechamento de fábricas e
grandes empresas. Este quadro de instabilidade "animou" setores da
extrema direita que não pretendem esperar as próximas eleições presidenciais.
Não se pode descartar que os EUA trabalhe nas duas "frentes" contra a
Venezuela, o cerco econômico internacional e a conspiração política com
golpistas locais.
Os trabalhadores já sentem na "carne" os efeitos
da crise econômica com o aumento do desemprego e cortes salariais. O governo
Maduro vacila em expropriar os burgueses sabotadores, atacadistas e grandes
comerciantes, mas atua com "mão de ferro" contra os certos opositores
radicalizados para manter intacto o controle do regime institucional, fundamentalmente o parlamento e o sistema judiciário. A classe operária não deve rebaixar suas
reivindicações históricas e imediatas diante da política reformista do
Chavismo, muito distante do socialismo revolucionário. Porém sem perder o norte
estratégico do combate frontal ao imperialismo e seus reacionários lacaios
regionais.