sábado, 7 de fevereiro de 2015


"Festa" dos 35 anos: Sob o fogo cerrado da direita, PT conduz a ofensiva neoliberal contra as massas preparando seu próprio enterro político!

A festa para comemorar os 35 anos da fundação do PT esteve marcada pela "angústia" de seus dirigentes máximos (revelada na foto do discurso da presidenta Dilma) diante do verdadeiro "emparedamento" que vem sofrendo da sinistra operação político-policial "Lava Jato". Para "marcar campo" o juiz federal Sérgio Moro, na véspera da festa petista, mandou a PF às cinco horas da manhã buscar coercitivamente o tesoureiro do partido, João Vaccari, para depor na sede da Polícia Federal, foi um recado claro para a direção petista: novos mandados virão, aguardem. Neste clima de "caça às bruxas" é óbvio que a alegria da festa realizada em BH cedeu lugar a apreensão política apesar do PT ter conquistado o governo mineiro e de se preparar para retomar a prefeitura da capital após as desastrosas gestões Tucanas (sob a fachada do PSB). A anunciada "nova fase" da operação "Lava Jato" parece não deixar dúvidas que terá como foco exclusivo a implicação de membros do PT e governo Dilma no suposto "mar de lama" da Petrobras. A mídia murdochiana não deixou por menos, além de redobrar sua cobertura jornalística da farsesca operação policial, acaba de divulgar uma nova pesquisa da famiglia Frias onde aponta uma queda de vinte pontos percentuais no índice de popularidade da presidente Dilma. Registre-se que a mesma "sondagem" aferiu uma perda de apenas 4 pontos na aprovação do governo Alckimin, em plena crise de abastecimento de água em São Paulo, o embuste do Datafolha não foi sequer disfarçado. Correndo por fora do binômio "Mídia/ Moro", FHC também resolveu dar a sua agourenta "contribuição" para encurralar ainda mais o governo petista, encomendou um parecer pró-impeachment ao jurista fascista da Opus Dei, Ives Granda. Porém o elemento de maior instabilidade e perigo para a governabilidade da Frente Popular atende pelo nome de Eduardo Cunha, é nesta figura que Dilma concentra suas atenções de Estado para evitar um desfecho terminal para sua "gerência". Somando-se simplesmente todos estes vetores políticos profundamente negativos para o governo, poderíamos abstrair que estamos às vésperas de um golpe institucional, embalado freneticamente pela mídia corporativa e a conservadora Tucanalha, certo? Errado! Alertamos ao movimento de massas e sua vanguarda mais consciente e classista que o eixo central da burguesia nacional não é ainda o do impeachment do governo Dilma. E por que afirmamos isto? Pela análise marxista da luta de classes, mais além dos elementos puramente da superestrutura parlamentar, podemos concluir que a política oficial das classes dominantes nesta etapa, é conduzir a agressiva ofensiva neoliberal contra as conquistas sociais pela via do governo do PT. "Virar o Jogo" neste delicado momento onde direitos históricos estão sendo subtraídos pela atual equipe econômica palaciana, poderia colocar em risco a própria conclusão deste processo neoliberal imposto pelos rentistas internacionais ao país. O próprio Eduardo Cunha, o possível carrasco do governo, logo depois da vitória foi recebido no Planalto por Dilma e Temer para anunciar que um pedido de impeachment não passaria pelo crivo da Câmara dos Deputados. É certo que Cunha mantém uma relativa independência da cúpula do PMDB mas não está disposto a romper agora com os "caciques" do seu partido, como Renan, Temer, Cabral e Paes que afiançam politicamente Dilma. Podemos afirmar que a atual posição política do presidente da Câmara representa a mesma linha geral da burguesia nesta conjuntura, chantagear ao máximo este governo para implementar de forma ortodoxa o "ajuste" do capital financeiro. Por sua vez o PT e seu governo vem se apoiando tenuemente no aval internacional que receberam do imperialismo ianque para impulsionar as "contra-reformas", longe de esboçar uma reação progressista ao feroz cerco da direita, reagem ao "bombardeio" com mais medidas neoliberais, como a suspensão da construção da refinarias da Petrobras. Neste bojo estão inseridos um forte aumento geral de preços e insumos neste início de ano que minou a confiança do eleitorado petista, envolto em uma sensação de "traição". Trata-se é claro de uma tática política suicida (frustrar as expectativas do povo) que corresponde a própria orientação estratégica de colaboração de classes do PT com o empresariado nacional. Mas o "default" prematuro da quarta gerência consecutiva do PT não é interessante neste momento para os interesses dos grandes grupos capitalistas que operam no Brasil. A experiência histórica vivida na Venezuela onde um atordoado golpe de estado teve que recuar diante da pressão popular acabou prolongando ainda mais o projeto de poder Chavista, faz com que a Casa Branca pense "três vezes" antes de autorizar um golpe no Cone Sul. Obama precisa do governo do PT para intermediar sua política de restauração em Cuba, um golpe de estado no Brasil praticamente poria fim ao triângulo econômico que está sendo montado na Ilha operária onde a produção foi socializada com a revolução. Ressaltamos os aspectos da geopolítica mundial para "lembrar" aos afoitos "teóricos do golpe" iminente, que nenhum processo de impeachment no Brasil terá êxito sem a chancela do Departamento de Estado dos EUA. No campo político "chapa branca" ganha corpo a tese da preparação do golpe institucional, já que seria um delírio completo afirmar que a caserna se organiza para esta empreitada. O objetivo dos governistas em espraiar o "medo" do golpe é justamente provocar um recuo ainda maior do movimento de massas diante da ofensiva neoliberal da anturragem Dilmista. Por outro lado surgem os oportunistas da esquerda que pretendem "colar" sua imagem aos arautos da "moralidade pública", com os olhos voltados nas próximas eleições. Buscar uma linha justa para o combate do proletariado neste momento, denunciando vigorosamente o cerco direitista ao governo do PT, sem perder o fio condutor da conjuntura que revela que o inimigo central é Dilma, condutora dos ataques mais letais e covardes contra a classe trabalhadora e suas famílias! 

Uma questão elementar deve ser respondida pelos apologistas da teoria da "catástrofe golpista" dobrando a esquina, como poderia um governo da direita tradicional, imaginando que no lugar de Dilma assuma no restante do mandato um condomínio político entre alas do PMDB, PSDB e DEM, concluir com sucesso o duro "ajuste" fiscal, monetário e salarial em fase ainda inicial? Teria um Eduardo Cunha ou Aécio a capacidade política de logo após depor Dilma declarar um "arrocho" ainda mais violento contra os trabalhadores? Só mesmo muita ingenuidade política ou idiotice útil para acreditar nesta vertente para o regime burguês. Sem um governo de Frente Popular (que conta com o respaldo da esmagadora maioria das entidades sindicais e populares) a conclusão do "ajuste" no país só seria possível sob a tutela de uma ditadura militar, mas então o golpe não seria unicamente parlamentar... O PT e seu governo tem um papel fundamental no realinhamento da economia nacional em direção ao mercado norte-americano, Dilma e Lula estão de acordo em restabelecer o canal privilegiado com Washington e os "barões" de Wall Street (que nunca foi rompido totalmente), o comando da economia nacional foi entregue a um leal funcionário dos rentistas internacionais. É necessário dar um mínimo de tempo para que Levy e seus colegas ponham em marcha o desmonte do chamado "sonho neodesenvolvimentista", que girou o Brasil para a margem dos BRICS. Qualquer interrupção aventureira parlamentar deste contraditório processo que recém começa, interfere em forças muito mais poderosas do que os apetites da escória tucana a afins. A burguesia nacional historicamente tem mostrado muita maturidade para se colocar à frente dos fatos, foi assim com a Abertura Política, Colégio Eleitoral e as eleições de FHC e LULA mais recentemente, não colocaria o regime em uma crise de governabilidade aberta enquanto toda a "potencialidade" do PT junto as massas não estivesse completamente esgotada.


O "modelo de crescimento" guiado pelo PT para o país nos últimos doze anos está claramente às vésperas de seu esgarçamento final, quanto a isto não há muita "polêmica", basta conferir os dados econômicos. Sob o governo Lula o Brasil "tangenciou" o crash financeiro internacional deflagrado em 2008, não perdemos emprego e a renda média salarial apresentou uma pequena elevação. Também não houve corte do crédito, ao contrário do que ocorreu nos centros imperialistas e a maioria dos países periféricos. O "milagre" Lulista consistiu em deslocar a produção de commodities do Brasil para um outro eixo comercial, que no sentido inverso dos mercados dos EUA e UE continuava comprador. Sem sombra de dúvidas as exportações para China e Rússia e países "marcados" do nosso continente como a Venezuela, impulsionaram um vasto leque de atração de capitais e consumo para nossa economia. A burguesia nacional foi beneficiada financeiramente de conjunto pela "estratégia" lulista, e portanto retribuíram ao PT quatro gestões estatais. Porém os EUA recuperaram parcialmente sua economia do colapso bursátil e a China e Rússia não ostentam mais o "ciclo virtuoso" de uma década atrás. Fica evidente que o "milagre" econômico petista tinha os pés de barro, não estava alicerçado em um projeto autônomo de desenvolvimento capitalista. Nosso parque industrial continuou mais sucateado ainda, inexistindo qualquer plataforma tecno-científica que permitisse ao Brasil superar seu atraso semicolonial. A única promessa de um falso "gigantismo" econômico vinha da "canoa furada" do Pré-Sal, caracterizado exclusivamente pela LBI à época como um grande embuste financeiro e político. Não pode haver uma genuína soberania econômica enquanto as elites disseminarem o "conto de fadas" que o "fazendão" Brasil será uma nova potência mundial.

Se todos os vetores indicam que o atual "modelo" econômico vai dar lugar a outro, isto não significa afirmar que o país já faliu, como tanto alardeia a oposição Tucana. Ao longo das gerências petistas foi gestado um confortável acúmulo de gordura cambial, o que permite ao Tesouro Nacional honrar no mercado mundial todos os seus títulos financeiros. O Brasil continua sendo uma rentável (com uma taxa SELIC nas alturas) e segura rota do fluxo de capitais internacionais, remunerando em dia rentistas do "over night" e investidores de médio e longo prazo. A robustez de nossa banca tupiniquim faz "inveja" até aos trustes financeiros imperialistas. Os governos da Frente Popular souberam muito bem manter intactos e até potencializar os rendimentos dos rentistas, que hoje controlam toda a área econômica do Planalto. Na outra ponta da economia o nível de emprego permanece relativamente estável e as perdas salariais com o repique inflacionário não ultrapassaram o limite suportável. Este dados não revelam que estamos em pleno "céu de brigadeiro", as demissões na indústria tendem a aumentar com a redução do crédito e consumo, além do arrocho salarial (com ênfase no setor público) que já se anuncia. O que tentamos demonstrar é que a "bandeira" da burguesia e do imperialismo no momento é "sangrar" ao máximo o governo Dilma, porém mantendo a estabilidade deste regime que aufere um bom retorno aos seus interesses de classe. Um possível impeachment de Dilma não seria o mesmo "passeio cívico" ocorrido no "Fora Collor", mesmo desmoralizado com a agenda neoliberal o PT tem capacidade de mobilização social, colocando este recurso constitucional como última via para a burguesia.

Não faltaram vozes reverberadas no seio da esquerda revisionista para defender a burlesca operação "Lava Jato", o próprio governo Dilma alimentou o "monstro" que segundo seus "quadros pensantes" resultaria em menos corrupção estatal. Ledo engano... As "comissões" ou propinas praticadas em todas, vamos repetir todas, as esferas da república continuam a proliferar no país. Também é totalmente equivocada a comparação feita entre a "Lava Jato" e a operação " Mani Pulite" (Mãos Limpas) ocorrida na Itália no começo da década de 90. Neste caso tratou-se de uma depuração do regime bipartidário então existente frente à Máfia, exigida pelo Mercado Comum Europeu às vésperas da Itália "unificar" sua economia com as potências do continente. O paralelo entre o juiz Falcone e Sergio Moro se resumem a super promoção de ambos pela mídia corporativa. Moro não pretende depurar um milímetro da corrupção sistêmica no regime burguês, tem como único objetivo "quebrar" a Petrobras, utilizando o anteparo das altas comissões pagas pelo cartel das empreiteiras aos gestores da estatal. De quebra tenta desesperadamente vincular os militantes do PT como "criadores do pecado original". É óbvio e ululante que os petistas praticam o "metiê " das comissões, por sinal bem mais baixas do que as cobradas pelos falsos vestais da tucanalha. Porém a questão em jogo não é quem é mais ou menos corrupto, simplesmente porque todo o arco da política burguesa o é! O que está em questão com a "Lava Jato" representa um confronto entre um pálido projeto nacionalista burguês e o entreguismo pró-imperialista em nível aguçado. A destruição da Petrobras é a fronteira entre estes dois "bandos". Como Marxistas não somos "neutros" neste confronto, que sob a direção política do PT já emite sinais de uma derrota retumbante.

A crise política do governo promete não dar trégua e sua dinâmica aponta para uma crescente polarização, que atingirá em última instância as classes sociais. Nesta estreita senda entre uma direita hidrófoba e uma esquerda reformista que promete ceder cada vez mais terreno, temos que elaborar uma política de independência do proletariado que não se assemelhe ao imobilismo de falsos "princípios". A proposta em discussão da formação de uma Frente de Esquerda para lutar contra a retirada dos direitos, não pode excluir a priori nem setores do campo da esquerda governista e tampouco do oposicionista de esquerda, sob pretextos "ideológicos". Todos que estiverem a favor de uma plataforma de combate, pela via da ação direta, contra a agenda neoliberal e o embuste "ético" da direita serão bem vindos. Sem agitar o "fantasma" do golpe para fazer recuar o movimento de massas e tampouco compactuar com o cerco fascista ao governo da Frente Popular, o proletariado e sua vanguarda classista terão a oportunidade de apresentar a população oprimida o seu próprio projeto de poder político! Conseguir no próximo período andar nesse tênue “fio da navalha” significa aplicar uma linha justa para a conjuntura brasileira, enfrentando nas ruas pela via da ação direta das massas os ataques neoliberais do governo da Frente Popular e, ao mesmo tempo, alertando que o combate a “gerência” petista se dá no terreno da denúncia frontal da direita e do tucanato, sem estabelecer qualquer “unidade de ação” com estes setores reacionários, como tende a fazer o PSTU, CST e afins. Este grande desafio histórico e político determinará os setores de vanguarda classista no interior da “Frente de Esquerda” que se alçarão como base política, programática e ideológica para a construção de uma genuína alternativa revolucionária dos trabalhadores da cidade e do campo!