quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015


Cunha e a quadrilha do PMDB garantem a governabilidade para Levy seguir a ofensiva neoliberal

Para quem anunciou que a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados seria o prenúncio do impeachment da presidente Dilma, deve ter se "surpreendido" com a harmoniosa reunião realizada ontem entre a bancada parlamentar do PMDB e a equipe econômica palaciana, chefiada pelo "duplo" ministro Joaquim Levy (membro do governo Dilma e informalmente também do secretariado de Obama). No Palácio do Jaburu (sede da vice-presidência) o PMDB "bateu o martelo" no apoio à aprovação do pacote fiscal neoliberal proposto por Levy, entre os defensores mais enfáticos das medidas está o presidente da Câmara, o suposto golpista Eduardo Cunha: "Temos que ter responsabilidade neste momento". Pela bancada do partido no Senado o presidente Renan Calheiros endossou apoio ao ajuste, já o anfitrião do encontro, vice-presidente Michel Temer cobrou do governo Dilma na presença do ministro Aloizio Mercadante, que a presidenta dê ao partido assento devido nas decisões centrais do governo, fisiologismo do PMDB somado ao seu alinhamento ideológico com a ofensiva neoliberal contra os direitos dos trabalhadores reforça a "tese" de que Dilma terá que convencer a maioria do seu próprio partido a mudar o discurso em defesa das conquistas sociais. Esta reunião que contou com toda cúpula do PMDB e do próprio governo, com a única exceção da presença da presidente, confirma o que já tínhamos afirmado até a exaustão, ou seja, o suposto golpismo de Cunha e dos parlamentares reacionários que integram a base aliada está dirigido contra os direitos da classe operária! O robusto bloco de direita no Congresso nacional, composto desde parlamentares governistas até a oposição demotucana, está disposto a garantir a governabilidade da Frente Popular na medida que representa a opção mais estável para seguir a receita econômica neomenatarista ditada por Washington. Levy e seu comparsa Tombini são a expressão maior dos interesses dos rentistas internacionais no quadro do governo petista, não só no que tange a suprimir conquistas sociais mas fundamentalmente para auferir maior lucratividade para a banca financeira, a alta da taxa de juros e a disparada da cotação do Dólar não deixam dúvidas sobre em seus objetivos estratégicos. Reorientar a economia brasileira para o campo comercial dos EUA, retirando o país da zona de influência dos Brics é a tarefa central desta equipe econômica neoliberal, que conta com "carta branca" da presidenta Dilma, neste marco seria uma estupidez completa do imperialismo arquitetar um "golpe parlamentar" contra o governo, e sob esta orientação atuam fielmente em nosso país os parlamentares neoliberais, cuja liderança política de Cunha é inquestionável.

Para a "surpresa" dos peemedebistas mais "rebeldes" presentes à reunião noturna no Jaburu o único parlamentar que demonstrou sintonia total com a necessidade do "ajuste" impulsionado pelo ministro da Fazenda, Levy, foi Eduardo Cunha que mais cedo havia almoçado com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante para "afinar" uma intervenção conjunta da dupla neoliberal no Congresso Nacional. Ao que parece o "temível" Cunha iniciou uma rota de aproximação com o Planalto, o que já rendeu ao governo Dilma a indicação da relatoria na CPI da Petrobras. A instalação desta CPI estava sendo temida pelas forças governistas como um possível "start" da oposição para o processo do impeachment, porém com o controle do cargo de relator da comissão Dilma respira bem mais aliviada...O vice Temer reivindicou publicamente que seu partido ingresse imediatamente no núcleo político do governo, o chamado G-6 composto por um "seleto" grupo de ministros petistas. Segundo Temer o PMDB espera que nos próximos sessenta dias a presidenta mude sua postura com o maior partido da "base aliada".

Por sua vez o bando de tecnocratas oficiais guiados por Levy anunciou para a "satisfação geral" dos parlamentares do PMDB que a ofensiva neoliberal do "ajuste" não se limitará as medidas provisórias que cortaram as aposentadorias das viúvas e pensionistas e reduziram o prazo para o pagamento do seguro desemprego. O governo está preparando uma "reforma" ainda mais completa e draconiana na Previdência Social, aumentando a idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres. O ministro da Previdência, Carlos Gabas, pretende instaurar a fórmula dos "95/85", uma combinação que exigiria a soma de 95 anos (homens) para se conseguir o benefício da aposentadoria integral pelo regime do INSS. Com o envio ao Congresso de um agressivo "pacote de maldades" tão a gosto das empresas capitalistas, a bancada do PMDB ficou exultante prometendo "amor eterno" a presidenta Dilma.

Para a burguesia nacional está absolutamente cristalino que para levar adiante seu projeto de "ajuste" e arrocho salarial, o melhor e mais seguro instrumento político é o próprio governo da Frente Popular. Ao contrário dos governos da centro esquerda (nacionalismo burguês) no Cone Sul como a Argentina, Bolívia e Venezuela, a gerente Dilma segue uma linha ortodoxa do neoliberalismo ianque que não pode ser defendida sob nenhum ângulo, muito menos alegando uma fictícia tentativa golpista, inexiste no atual cenário político. Este fato não exclui a tática de fustigamento das oligarquias direitistas sobre o governo do PT, popularmente conhecida como a política do "sangramento", que ora vem sendo praticada em todos os terrenos da vida nacional. Diante desta realidade objetivada na ofensiva para destruir a Petrobras, por exemplo, o governo praticamente não esboça reação alguma. Parece que a única preocupação política do "campo chapa branca" é somente preservar o mandato integral da presidenta Dilma... O restante que cuidem as hienas do patrimônio nacional....