Cunha e a quadrilha do PMDB garantem a governabilidade
para Levy seguir a ofensiva neoliberal
Para quem anunciou que a eleição de Eduardo Cunha para a
presidência da Câmara dos Deputados seria o prenúncio do impeachment da
presidente Dilma, deve ter se "surpreendido" com a harmoniosa reunião
realizada ontem entre a bancada parlamentar do PMDB e a equipe econômica
palaciana, chefiada pelo "duplo" ministro Joaquim Levy (membro do
governo Dilma e informalmente também do secretariado de Obama). No Palácio do
Jaburu (sede da vice-presidência) o PMDB "bateu o martelo" no
apoio à aprovação do pacote fiscal neoliberal proposto por Levy, entre os
defensores mais enfáticos das medidas está o presidente da Câmara, o suposto
golpista Eduardo Cunha: "Temos que ter responsabilidade neste
momento". Pela bancada do partido no Senado o presidente Renan Calheiros
endossou apoio ao ajuste, já o anfitrião do encontro, vice-presidente Michel
Temer cobrou do governo Dilma na presença do ministro Aloizio Mercadante, que a
presidenta dê ao partido assento devido nas decisões centrais do governo,
fisiologismo do PMDB somado ao seu alinhamento ideológico com a ofensiva
neoliberal contra os direitos dos trabalhadores reforça a "tese" de
que Dilma terá que convencer a maioria do seu próprio partido a mudar o
discurso em defesa das conquistas sociais. Esta reunião que contou com toda
cúpula do PMDB e do próprio governo, com a única exceção da presença da
presidente, confirma o que já tínhamos afirmado até a exaustão, ou seja, o
suposto golpismo de Cunha e dos parlamentares reacionários que integram a base
aliada está dirigido contra os direitos da classe operária! O robusto bloco de
direita no Congresso nacional, composto desde parlamentares governistas até a
oposição demotucana, está disposto a garantir a governabilidade da Frente
Popular na medida que representa a opção mais estável para seguir a receita
econômica neomenatarista ditada por Washington. Levy e seu comparsa Tombini são
a expressão maior dos interesses dos rentistas internacionais no quadro do
governo petista, não só no que tange a suprimir conquistas sociais mas
fundamentalmente para auferir maior lucratividade para a banca financeira, a
alta da taxa de juros e a disparada da cotação do Dólar não deixam dúvidas
sobre em seus objetivos estratégicos. Reorientar a economia brasileira para o
campo comercial dos EUA, retirando o país da zona de influência dos Brics é a
tarefa central desta equipe econômica neoliberal, que conta com "carta
branca" da presidenta Dilma, neste marco seria uma estupidez completa do
imperialismo arquitetar um "golpe parlamentar" contra o governo, e
sob esta orientação atuam fielmente em nosso país os parlamentares neoliberais,
cuja liderança política de Cunha é inquestionável.
Para a "surpresa" dos peemedebistas mais
"rebeldes" presentes à reunião noturna no Jaburu o único parlamentar
que demonstrou sintonia total com a necessidade do "ajuste"
impulsionado pelo ministro da Fazenda, Levy, foi Eduardo Cunha que mais cedo
havia almoçado com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante para
"afinar" uma intervenção conjunta da dupla neoliberal no Congresso
Nacional. Ao que parece o "temível" Cunha iniciou uma rota de
aproximação com o Planalto, o que já rendeu ao governo Dilma a indicação da
relatoria na CPI da Petrobras. A instalação desta CPI estava sendo temida pelas
forças governistas como um possível "start" da oposição para o
processo do impeachment, porém com o controle do cargo de relator da comissão
Dilma respira bem mais aliviada...O vice Temer reivindicou publicamente que seu
partido ingresse imediatamente no núcleo político do governo, o chamado G-6
composto por um "seleto" grupo de ministros petistas. Segundo Temer o
PMDB espera que nos próximos sessenta dias a presidenta mude sua postura com o
maior partido da "base aliada".
Por sua vez o bando de tecnocratas oficiais guiados por Levy
anunciou para a "satisfação geral" dos parlamentares do PMDB que a
ofensiva neoliberal do "ajuste" não se limitará as medidas
provisórias que cortaram as aposentadorias das viúvas e pensionistas e
reduziram o prazo para o pagamento do seguro desemprego. O governo está
preparando uma "reforma" ainda mais completa e draconiana na
Previdência Social, aumentando a idade mínima para a aposentadoria de homens e
mulheres. O ministro da Previdência, Carlos Gabas, pretende instaurar a fórmula
dos "95/85", uma combinação que exigiria a soma de 95 anos (homens)
para se conseguir o benefício da aposentadoria integral pelo regime do INSS.
Com o envio ao Congresso de um agressivo "pacote de maldades" tão a
gosto das empresas capitalistas, a bancada do PMDB ficou exultante prometendo
"amor eterno" a presidenta Dilma.
Para a burguesia nacional está absolutamente cristalino que
para levar adiante seu projeto de "ajuste" e arrocho salarial, o
melhor e mais seguro instrumento político é o próprio governo da Frente
Popular. Ao contrário dos governos da centro esquerda (nacionalismo burguês) no
Cone Sul como a Argentina, Bolívia e Venezuela, a gerente Dilma segue uma linha
ortodoxa do neoliberalismo ianque que não pode ser defendida sob nenhum ângulo,
muito menos alegando uma fictícia tentativa golpista, inexiste no atual cenário
político. Este fato não exclui a tática de fustigamento das oligarquias
direitistas sobre o governo do PT, popularmente conhecida como a política do
"sangramento", que ora vem sendo praticada em todos os terrenos da
vida nacional. Diante desta realidade objetivada na ofensiva para destruir a
Petrobras, por exemplo, o governo praticamente não esboça reação alguma. Parece
que a única preocupação política do "campo chapa branca" é somente
preservar o mandato integral da presidenta Dilma... O restante que cuidem as
hienas do patrimônio nacional....