Fracassa a "Marcha por Nisman", com
a ajuda de um forte temporal a presidente Cristina Kirchner consegue respirar para retomar iniciativa política contra a direita
a ajuda de um forte temporal a presidente Cristina Kirchner consegue respirar para retomar iniciativa política contra a direita
A "Marcha do Silêncio" rodeada de uma grande
expectativa política por parte da oposição de direita ao governo CFK acabou
frustrando seus promotores. Sob um forte temporal que desabou no final da tarde
de ontem (18/2) sobre a cidade autônoma de Buenos Aires, um contingente de
cerca de 100 mil pessoas marcharam até a Praça de Maio (sede do governo) para
responsabilizar a presidenta Cristina pela morte do promotor de justiça federal
Alberto Nisman ocorrida exatamente a um mês atrás. O bloco conservador (praticamente
todo unido um torno da convocatória da Marcha) esperava organizar a maior
manifestação da história recente da Argentina, contaram com o frenético apoio
de todos os setores da mídia corporativa e também da maioria de juízes e
promotores de justiça do Estado Burguês. Mas o que seria o "golpe letal" contra a permanência do governo Cristina até o final de seu mandato se
transformou em mais uma das mobilizações medianas convocadas pela reacionária
classe média portenha. Nem de longe compareceram mais de um milhão de
manifestantes (era a menor "aposta" da oposição), ao contrário perto
de cem mil apáticos cidadãos portavam cartazes "exigindo justiça para o
caso Nisman", sem o menor entusiasmo político. O comando geral da oposição
burguesa compareceu em peso a "fria" passeata,
"castigada" por uma intensa chuva do verão argentino. A mídia "murdochiana"
transmitia ao vivo o protesto, além de convocar desesperadamente a população a
comparecer as ruas do centro portenho. O prefeito de Buenos Aires, Maurício
Macri, do partido semifascista PRO era uma das cabeças políticas da Marcha que
contou também com a participação dos deputados Hermes Binner (Partido
Socialista), Sergio Massa (Frente Renovador), Margarita Stolbizer (GEN), Elisa
Carrió (Coalición Cívica ARI) e Julio Cobos (UCR); todos estes aspirantes de
"primeira linha" a ocupar a Casa Rosada nas próximas eleições
presidenciais de outubro. Enquanto a oposição amargava o grande fracasso da
Marcha, Cristina e sua anturragem estatal inaugurava uma nova central nuclear,
Atucha II, que colocará a Argentina na rota da produção de artefatos atômicos.
Este comparativo nos fornece as razões políticas do fiasco da mobilização
organizada pela direita com o objetivo de "tomar de assalto" o
governo, a presidente Cristina assume tímidas medidas que afrontam os
interesses imperialistas no país, este elemento é suficiente para gerar uma
forte desconfiança dos setores mais conscientes do proletariado em uma oposição
conservadora completamente subordinada a Casa Branca. No compasso em que o
governo CFK estabelece acordos comerciais e militares com os adversários de
Washington, o bloco reacionário e entreguista tenta desferir em vão sua carga
direitista contra as conquistas sociais e democráticas da população
trabalhadora, mirando a conquista do poder estatal.
Como nós da LBI já tínhamos pontuado logo após a morte de
Nisman, as forças reacionárias locais tentaram reproduzir na Argentina o mesmo
clima político de "comoção nacional" que ocorreu com o assassinato
dos chargistas na França. Não por coincidência tentou-se de imediato
responsabilizar pela "tragédia" um governo que "protegia"
os terroristas islâmicos do Irã e Hezbolah. Este por sinal era o eixo político
do próprio defunto Nisman, um agente confesso do sionismo, inimigo da causa
palestina. Porém se na França o embuste do "Charlie Hebdo" conseguiu
galvanizar setores populares e a juventude, na Argentina o fato criado com a
morte do promotor granjeou um eleitorado ultra conservador, em geral muito
próximo das posições do prefeito de Buenos Aires Macri, um direitista sem
limites de disfarces.
Os promotores de justiça e juízes, uma elite aristocrática
do Estado Burguês, não conseguiram empalmar nas camadas populares seus
"reclamos de ódio" contra o governo CFK. Apesar de terem unificado
quase que totalmente o "poder judiciário" na convocatória da Marcha,
ironicamente em nome de supostos ideais republicanos, "olvidaram" que
para mobilizar o proletariado é necessário apresentar uma plataforma
programática em defesa das conquistas sociais, muitas das quais reivindicadas
parcialmente pelo governo nacionalista burguês. "Cortando"
politicamente pela direita em relação aos acenos de CFK, os charlatães da
justiça e seus "amigos" da mídia corporativa mostraram que não vão
muito além de um tradicional "cacerolazo" da classe média capitalina.
Os principais candidatos à presidência que esperavam
potencializar o desgaste eleitoral de Cristina com a mobilização de ontem devem
ter amanhecidos mais cautelosos e já não tão confiantes em um triunfo dado como
certo em outubro com a realização das prévias. A esquerda revisionista agrupada
na FIT, que já contabilizava o aumento de sua bancada no parlamento burguês
também levou um "aviso" político, os Kirchner não estão tão mortos
como se pensava... Da aliança informal estabelecida pela FIT com a direita
argentina, a vanguarda proletária deve abstrair as lições necessárias: Estas
direções políticas não servem para impulsionar a revolução socialista!