Greve na GM: Ocupar a fábrica para barrar as demissões ou
“lutar” por um novo PDV, o “conto” da grande vitória, como defende a
Conlutas-PSTU?
Os operários da GM de São José dos Campos estão em greve
desde a sexta-feira, 20 de fevereiro. Resistem a demissão de 798 trabalhadores
anunciadas pela multinacional ianque. Em reunião realizada com o Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à CSP-Conlutas e controlado pelo
PSTU, a GM propôs a abertura de lay-off, por dois meses. Após esse período,
todos seriam demitidos. A empresa também propôs, cinicamente como “alternativa”,
a demissão imediata de até 798. Em resumo, demissão agora ou daqui a dois
meses! O histórico da conduta da direção sindical morenista aponta que ela
pretende “arrancar” da empresa um Plano de Demissões Voluntárias (PDV) para
apresentar os “benefícios” como uma “grande vitória”. Foi assim nos acordos
passados em São José e recentemente esse “modelo” foi aplicado na Volks do ABC
pela Articulação Sindical (PT). Em nenhum momento o PSTU defendeu a ocupação da
planta e a greve geral da categoria, prefere dizer que “Governo Federal tem de
intervir” afirmando “O Sindicato vai reforçar, junto ao governo federal, a
reivindicação de que a presidente Dilma Rousseff (PT) edite uma medida
provisória garantindo estabilidade no emprego para todos os trabalhadores de
empresas que recebem incentivos fiscais, como é o caso das montadoras. Em 2014,
o setor automotivo fechou 12 mil postos de trabalho no país, apesar de todos os
benefícios recebidos do governo”. No máximo lançou uma carta as demais centrais
sindicais propondo a construção de um “dia nacional de paralisação contra as
demissões nas montadoras” (site SMSJC, 23.02). Ocorre que as centrais “chapa
branca” não estão interessadas em colocar Dilma no centro do furacão, encontram-se
dedicadas a tirar a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC das mãos da
Conlutas, já que a eleição ocorre nestes dias 24-25 de fevereiro. Uma derrota
dos operários da GM pavimentaria o fim do controle do sindicato pelo PSTU (Chapa 1) que
quase perdeu a entidade nas eleições passadas pelas seguidas derrotas sofridas
na própria GM e na Embraer. Apesar da CUT-CTB (Chapa 2) levarem nacionalmente uma
política igual à da Conlutas em SJC criticam a direção do sindicato por não
saber resistir as demissões e ser “intransigente”. Em meio a este disputa
intra-burocrática o caminho a ser seguido pelos operários é a ocupação da
fábrica, a deflagração da greve em todas as fábricas da região do Vale do
Paraíba e o chamado a uma paralisação de solidariedade de todas as montadoras
do país, já que a Ford também acaba de anunciar a demissão de 420
trabalhadores! Desde a LBI nos solidarizamos com a luta dos trabalhadores da GM
e alertamos aos companheiros a não terem nenhuma ilusão no governo burguês da
“gerentona” petista. Lembrem-se que Lula não tomou nenhuma medida contra as
demissões na Embraer e Dilma fez o mesmo na recente crise na Volks. Esta
política suicida da Conlutas-PSTU só levará a derrota! É preciso ter claro que
o acordo passado, assinado pelo sindicato, resultou em redução do piso salarial
e em demissões por meio do PDV. Houve quem dissesse que foi uma vitória
parcial, porque se havia obtido uma estabilidade temporária. Agora, se vê que o
acordo serviu apenas à GM! O momento agora é de cobrir da mais ampla solidariedade
a greve na GM e estendê-la para outras fábricas da região e demais montadoras
para demonstrar a força do proletariado. Para que esta luta possa vencer é
necessário superar a política de colaboração de classes da direção do Sindicato
dos Metalúrgicos de SJC, controlado pela Conlutas sem depositar nenhuma
confiança na “oposição” encabeçada pela pelegada da CUT-CTB. Ao mesmo tempo que
defendemos o fortalecimento da greve, com uma campanha nacional em
solidariedade a luta dos operários da GM, devemos apresentar um pauta classista
para a paralisação que além de impor o cancelamento das demissões dos 798
trabalhadores, contemple a redução dos ritmos de produção e da jornada de
trabalho sem redução de salário; Escala
móvel de salários, onde os contratos coletivos de trabalho devam assegurar
aumento automático dos salários, de acordo com a elevação dos preços dos carros
e a escala móvel por horas de trabalho, para absorver a mão de obra metalúrgica
desempregada. Com essa medida o trabalho disponível deve ser repartido entre
todos os operários existentes e a repartição deve determinar a duração da
semana de trabalho, com o salário médio de cada operário sendo o mesmo da
antiga semana de trabalho. Não ao banco de horas! Fim dos empréstimos do BNDES
às transnacionais que só engorda os bolsos dos patrões e financia as demissões!
Frente à ameaça das demissões da fábrica da GM é preciso defender a estatização
da empresa sob controle dos trabalhadores e sem nenhuma indenização. Para isso
é preciso organizar nacionalmente uma campanha contra as demissões sem nenhuma
ilusão nos inócuos apelos a Dilma sob o eixo da ocupação das empresas que
demitirem, assembleias intersindicais unificadas, paralisações de verdade e a
construção da greve geral da categoria. É fundamental para enfrentar a ofensiva
dos patrões a retomada dos métodos de luta e ação direta, com assembleias
massivas democráticas e greves unificadas para arrancar verdadeiros aumentos
salariais e fazer avançar a consciência política da classe, a fim de aumentar o
potencial de combate contra os seus inimigos de classe que têm imputado
derrotas econômicas, sociais e políticas aos trabalhadores.
Lembremos que em janeiro deste ano, quando
foi celebrado no ABC o acordo com a Volks que trocou a demissão de 800 operários por um PDV de
2300 trabalhadores, José Maria de Almeida, dirigente do PSTU, classificou a traição perpetrada pela Articulação (PT) desta
forma “Termina em vitória a greve da VW - Os 800 demitidos são reintegrados”.
Em resumo, naquele momento uma mão lavou a outra, com a burocracia de “esquerda”
da Conlutas lavando a cara da burocracia sindical chapa branca da CUT! Esta
política foi a mesma aplicada pela GM em 2013 e aceita pelo Sindicato dos
Metalúrgicos de SJC controlado pela
Conlutas. Por esta razão, Zé Maria celebrou naquele momento “Os trabalhadores comemoraram
efusivamente a aprovação do acordo, apesar de tratar-se de um acordo que, como
se pode ver, tem aspectos muito ruins. E estão certos os trabalhadores em
comemorar, pois a reintegração dos demitidos era o objetivo fundamental da
greve e, na circunstancia em que se deu este conflito, é uma vitória muito
importante do movimento. E dificilmente se conseguiria um acordo em condições
melhores” (PSTU, 16.01)! Enfim... quem semeia traições colhe vergonhosas
derrotas! Como sempre, CUT e Conlutas abriram mão da luta direta e da greve com
ocupação de fábrica, único meio para barrar as demissões, para fazer acordos
vergonhosos com os patrões! O mesmo se repete agora...
O proletariado, não só da GM de
SJC, deve abstrair as duras lições da ofensiva neoliberal do imperialismo em
pleno curso no planeta. A classe operária não conseguirá derrotar os ataques do
capital com a velha política de colaboração de classes ou lobby parlamentar,
seja do reformismo “chapa branca” ou do revisionismo de “esquerda”. Os
metalúrgicos da GM de SJC estão ameaçados em seu próprio direito de existência,
com o processo de desativação da planta industrial da cidade. Neste momento se
faz necessário constituir imediatamente uma comissão de mobilização de base, que aponte para a convocação de uma greve geral com ocupação de
fábrica, mesmo neste momento de interregno na produção os patrões nunca admitem
a “invasão” de suas “propriedades”.
Frente a essa realidade é preciso
denunciar a escandalosa traição do PSTU na GM, assim como sua política
pró-imperialista em nível internacional, preparando a resistência na condição
de oposição classista à diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos
Campos. Para barrar as demissões em massa é necessária, desde já, uma
mobilização nacional, unitária e centralizada dos trabalhadores, baseada num
programa operário e anticapitalista, capaz de defender os empregos através da
greve com ocupação de fábrica. Para vencer, o proletariado precisa superar as
direções das centrais governistas e a própria linha política da Conlutas, já
que só com sua ação direta e não lançando inócuos apelos a Dilma e aos patrões
pode-se derrotar a ofensiva capitalista. É preciso rechaçar as demissões,
convocar pela base uma assembleia e deflagrar a greve com ocupação de fábrica, chamando a solidariedade de
toda a categoria. Já bastam as derrotas sofridas em São José dos Campos na
Embraer e a desocupação do Pinheirinho pela PM, quando o PSTU abortou a
resistência através de comitês de autodefesa armados, patrocinando ilusões na
justiça burguesa e no Palácio do Planalto! É hora de resistir usando os métodos
de luta da classe operária! Tragicamente, o Sindicato leva esta política e em razão disso a "oposição” ligada a CTB-CUT, ganhou internamente na GM as eleições para a diretoria do Sindicato na disputa passada devido às seguidas traições
da CSP-Conlutas! Não será surpresa se tal fato se repetir agora! Para a vanguarda classista e revolucionária este é o momento certo para apoiar fortemente esta luta com toda solidariedade política e material e construir uma verdadeira oposição classista alternativa aos pelegos da CUT-CTB.