"O CAPITÃO DO GOLPE" ERA ATÉ POUCO TEMPO O
ARTICULADOR POLÍTICO DO GOVERNO DILMA. TRAIÇÃO DE TEMER OU CAPITULAÇÃO DO PT AS
OLIGARQUIAS MAIS CORRUPTAS E A DIREITA DO PAÍS?
O vice Michel Temer vem sendo apontado pelo arco político
governista como sendo " O capitão do golpe", na expressão do
entusiasta neopededista Ciro Gomes, detentor de um naco considerável de cargos
na esfera estatal. Esta análise sobre o papel de Temer na abertura do processo
de impeachment vem sendo compartilhada por uma vasta parcela da blogosfera
" chapa branca", reforçada pela decisão do ministro da Aviação Civil,
Eliseu Padilha, pemedebista que assumia a função de sub articulador político do
governo, além de ser o responsável pelo cronograma de privatização dos
aeroporto brasileiros. Temer foi alçado à condição de articulador político do
governo no Congresso Nacional por
indicação do próprio Lula, que pessoalmente chancelou a decisão de Dilma em
retirar o petista Mercadante da condução das negociações com os partidos
aliados e o parlamento. Temer e seu bando mais mafioso do PMDB (que agrupa
Eduardo Cunha e outros bandidos),
refestelou-se do banquete estatal oferecido a ele pela presidente Dilma,
nomeou ministros e preencheu quase todos os cargos vacantes do segundo e
terceiro escalão da república. Acabada a farra das indicações Temer retornou às
suas "atribuições constitucionais" no Palácio do Jaburu, aconselhando
Dilma a empossar o ex-governador da Bahia Jaques Wagner como novo ministro da
Casa Civil. Até então o governo comemora exultante o fechamento de um ciclo de
crise, encerrada com a prestimosa ajuda
de Temer e sua quadrilha. Com uma base parlamentar "saciada" de
cargos Dilma conseguiu derrotar a chamada "pauta bomba", aprovando na
sequência das votações do Congresso ainda mais medidas do draconiano ajuste
fiscal que retiravam direitos dos trabalhadores e aposentados, até aí a
"lua de mel" entre o mercado, governo e o PMDB parecia que duraria um
pouco mais. Mas o quadro da "estabilidade" temporal começou a se deteriorar na medida em
que Cunha passou a ser acossado pelo Ministério Público, Janot e sua equipe,
acusado pelo presidente da Câmara de ser um instrumento do governo contra
adversários, por sinal uma " tese" sem qualquer base real. Para
piorar a situação o próprio Janot em parceria com ministros do STF mandaram o
líder do governo no Senado para a cadeia, deixando Cunha ainda mais temeroso de
uma iminente prisão diante do vendaval de denúncias contra ele. Precisando
aprovar a CPMF, uma exigência dos rentistas para que o governo garanta o
superávit fiscal, Dilma vacila em selar um novo acordo com o
"enforcado" Cunha no Conselho de Ética da Câmara, a crise política
volta a atingir temperatura máxima... Farejando o cheiro da carniça, e ainda
arrotando as iguarias que o Planalto lhe presenteou, Temer resolve
"liberar" seu comparsa para atacar Dilma com a ameaça do impeachment.
Com o "tiro" Temer pode atingir dois alvos, se triunfar o impedimento
da "chefe" o vice vira "imperador" da república ,se
fracassar a rasteira (o que no momento é a variante mais provável) o rodízio do
banquete público será renovado, com Dilma novamente a seus pés pedindo socorro.
Esta segunda alternativa parece ser o cenário que vai se desenhando, Dilma já
declarou que seu vice é "absolutamente leal", apesar de todas as
evidências da trama com Cunha e os tucanos, enquanto Temer declara que ficará
"neutro" cumprido sua função constitucional que "não inclui
barrar o processo do impeachment" , segundo suas próprias cínicas
palavras. Enquanto segue a barganha geral das frações burguesas salivando o
controle do botim estatal em plena fragilidade completa da Frente Popular, o
estafeta dos rentistas, Levy, afirma que o processo de impeachment não afetará
os planos do "ajuste". Para a esquerda planaltina o processo do impeachment é a oportunidade de
ouro para resgatar a legitimidade de
Dilma em plena recessão econômica que seguirá impassiva segundo os
interesses do mercado financeiro. Afinal o mandato de Dilma (eleita sob um
estelionato político contra os trabalhadores) está sendo atacado por criminosos
e deliquentes da política nacional, não importa se até ontem eram "bons
companheiros". Em tempos de fraude política para todos os lados é preciso
que se declare em alto e bom som: Dilma está sendo chantageada por
elementos de sua própria base de apoio,
não há nada de progressista em seu mandato que tenha "detonado" a ira das classes dominantes. Portanto
estamos diante de uma guerra fratricida no campo de nossos inimigos de classe,
onde o palco da "batalha" são as instituições podres do regime da
democracia dos ricos. Getúlio e Jango (ambos governos nacionalistas burgueses)
sofreram um golpe de estado porque contrariaram minimamente interesses do
imperialismo e das oligarquias que o representavam no país, Dilma atravessa
intensa turbulência justamente por servir aos amos de Wall Street e se aliar ao
esgoto da política burguesa nacional. Se tanto apetece a Dilma e Lula suas relações
políticas com os chacais que vivem do sangue da classe trabalhadora, agora não
podem reclamar que lobos da direita "gostam de carne"!