A CPI da farsa ou a
farsa imperialista contra a PETROBRAS?
Um novo “escândalo”
midiático ocupou a pauta “murdochiana” neste início da milionária reta final
eleitoral, trata-se da CPI da PETROBRAS no Senado. Controlada desde o início
pela bancada “chapa branca” a investigação parlamentar já estava previamente determinada
a não dar munição eleitoral à oposição conservadora, sedenta por culpabilizar a
presidente Dilma pelo “pequeno” desastre da compra da refinaria de Pasadena nos
EUA. As CPIs são um instrumento institucional totalmente inócuo para a apuração
de qualquer ato de corrupção cometido pelos “gestores públicos” pelo simples
fato do próprio Estado burguês “moderno” estar ancorado estruturalmente na
intermediação dos negócios entre as grandes corporações capitalistas. Falar de “lisura”
e “probidade” em uma CPI do Congresso Nacional seria o mesmo que exigir dos
Leões africanos sua conversão ao vegetarianismo... Mas a neofascista “Veja”
resolveu fabricar seu “carnavalito” de escândalos eleitorais acusando o Senado
Federal de fornecer antecipadamente as perguntas que seriam “esgrimidas” pelos
parlamentares da CPI a membros da PETROBRAS. Uma grande “furo” de reportagem
dos Civita que poderia equivaler a uma “bombinha de track” infantil disparada
no meio de um bombardeio de mísseis sionistas na faixa palestina de Gaza. Porém,
os barões da mídia corporativa “compraram” a denúncia da “Veja” e o estúpido “furo”
de reportagem rapidamente passou a ser o carro chefe da candidatura Demo-Tucana
ao Planalto. Acontece que o eixo central dos ataques conservadores não está
focado na CPI ou tampouco no corrupto Senado, mas sim na própria PETROBRAS,
lançada pela mídia em mais uma nova “crise de gestão”. Em nosso blog já
analisamos exaustivamente as razões do “esgotamento” do modelo energético
brasileiro, pontuando claramente que a compra da refinaria de Pasadena é apenas
uma pequena ponta do iceberg, incapaz de produzir isoladamente uma “crise
terminal” na estatal brasileira. Se na “operação” Pasadena estão presentes
todos os elementos da subordinação nacional aos interesses imperialistas (além
é claro da “tradicional” corrupção dos gestores), não é este ponto fulcral que
movimenta as oligarquias lacaias contra a PETROBRAS, muito pelo contrário, os
amigos de Washington exigem do governo Dilma a completa dependência energética
do país em relação aos trustes imperialistas do petróleo. Na divisão
internacional das forças produtivas, sob a égide imperial, cabe ao Brasil
apenas o papel de extração e exportação comercial do óleo cru, quanto ao refino
e produção de derivados mais sofisticados do petróleo estes devem ser monopólio
das metrópoles capitalistas. Para a oposição burguesa pouco interessa se a
dependência dos refinados causa um imenso rombo na balança comercial brasileira
e tampouco lhes importa o fato do país que possui grandes reservas de pré-sal
ter apenas uma dezena de refinarias sucateadas. A única conclusão das
oligarquias reacionárias diante dos “escândalos revelados” pela asquerosa “Veja”
é que a PETROBRAS deve ser “flexibilizada” a serviço do grande “Amo do Norte”, aprofundando
o arquétipo nacional de “fazendão” fornecedor de commodities agrominerais para
a metrópole imperialista.
Mas se a Tucanalha
cumpre sua função de agência de negócios da Casa Branca no Brasil, o governo da
Frente Popular não é menos “inocente” quando se trata de buscar a soberania
energética do país. Em primeiro lugar, é necessário afirmar que tanto o PSDB
como o PT divergem apenas na “forma e intensidade” do modelo de mercado (privatista)
que hoje determina os passos imediatos e estratégias de longo prazo da
PETROBRAS. Nesta senda neoliberal nenhum dos dois bandos burgueses questiona a
dependência de combustíveis fósseis do país diante das transnacionais
imperialistas. A chamada “conta petróleo” atualmente é a principal responsável
pela reversão do superávit comercial do Brasil, fazendo “queimar” nossas “gorduras”
cambiais.
A política estatal da
anturragem Dilmista em relação à construção de novas refinarias e complexos
petroquímicos para o país não é muito distante da “Era FHC”. As novas refinarias
anunciadas pela PETROBRAS e que já deveriam estar em pleno funcionamento caminham
em marcha lenta. Todo o planejamento central (recursos) da estatal está
concentrado na prospecção do óleo cru das bacias marítimas de nossa costa, o
que implica em altíssimos investimentos, apesar do grande potencial das
reservas profundas. Porém, enquanto o custo da extração do “pré-sal” vai
gradativamente se elevando, o preço do barril de petróleo no mercado internacional
vem caindo abruptamente, em função do petróleo barato (subterrestre) da bacia
do Orinoco na Venezuela ou do xisto da América do Norte. O resultado desta
equação é bem fácil de se encontrar: a PETROBRAS vem acumulando uma dívida
financeira cada vez maior, comprometendo a capacidade da possível produção
industrial da empresa.
Tanto o alarido em torno
da compra de Pasadena como a suposta fraude em uma CPI já farsesca desde a sua
origem (defendida até pela oposição de esquerda), são pura manobra
distracionista para fugir do verdadeiro debate estratégico. O petróleo extraído
em território nacional (terra e mar), independente de seu volume, por si só
será incapaz de impulsionar o crescimento industrial do país, assim como já
demonstrou a Venezuela com seu histórico atraso estrutural, apesar de ser a
detentora da maior reserva mundial do óleo cru. Para desenvolver o país sob
novas bases da produção e distribuição das riquezas nacionais é necessário
romper com a lógica neoliberal que o capital financeiro nos impõe, a começar
inclusive pelo modelo energético determinado pelo imperialismo ianque para suas
semicolônias. Mas somente a instauração de um genuíno governo operário
(Ditadura do Proletariado) terá a capacidade histórica de romper com esta
cadeia de submissão que atrasa e humilha o país.