Morte “acidental” de
Eduardo Campos recoloca novamente Marina no centro pela disputa política ao Planalto
O inesperado
“acidente” aéreo, ainda não totalmente explicado pelas autoridades da
ANAC e tampouco pelo governo do estado de São Paulo, que ceifou prematuramente
a vida do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidato pela coligação
PSB e REDE à Presidência da República, novamente recoloca no centro da disputa
pelo Planalto a figura de Marina Silva, que teve seu registro eleitoral como
cabeça de chapa do REDE “cassado” em 2013 por uma deliberação arbitrária do
TSE. A candidatura de Eduardo, um dos netos do legendário Miguel Arraes, vinha
enfrentando grandes dificuldades políticas em virtude da fracassada tentativa
de transferir o potencial eleitoral de Marina Silva para a chapa de composição
entre o PSB e o REDE. Mal confirmaram a morte do líder máximo do PSB, nesta
manhã do dia de 13 de Agosto, as hienas “Murdochianas” já comemoravam
a “reentrance” de Marina como protagonista do cenário da sucessão presidencial,
“constatando” o fato que Campos dificilmente chegaria ao segundo
turno na disputa contra Dilma Rousseff. O PSB, com a decisão de Campos de romper o bloco da Frente
Popular, não conseguiu sequer conquistar sua unidade interna, “patinando” entre o apoio ao Tucano Aécio (PSB mineiro) e a reeleição da
presidenta Dilma. Até na própria família Arraes o nome de Eduardo não era
consenso, sua prima Marília vereadora de Recife pelo PSB e também neta do ex-governador Miguel, estava
em campanha aberta pela aliança PTB/PT em Pernambuco. Por outro lado, o nome de
Campos não conseguia ser bem “digerido” pela militância do REDE,
inconformada com a intransigência do PSB em não ceder a “cabeça” da
chapa para a “queridinha” da mídia corporativa Marina Silva. A
trágica saída de Eduardo Campos (ainda não se pode descartar totalmente a
possibilidade de um “incidente” induzido) da disputa presidencial
parece que teve a capacidade de reanimar as forças mais conservadoras do país, já descrentes na possibilidade de
uma reação eleitoral tanto de Aécio como do ex-governador de Pernambuco.
Marina era o grande trunfo do imperialismo para barrar as pretensões de um
quarto mandato consecutivo do PT na gerência do Estado Burguês, porém a pesada
manobra do governo da Frente Popular junto ao TSE bloqueou parcialmente a
aposta política da Casa Branca no projeto “econeoliberal”. O próximo
passo das oligarquias mais diretamente vinculadas a Washington, como a famiglia
Marinho, será criar artificialmente um clima de “comoção nacional”
pela morte de Campos e ainda na esteira do “luto eleitoral” catapultar
midiaticamente o nome de Marina como a única opção capaz de derrotar Dilma. De
nossa parte como Marxistas Revolucionários devemos afirmar claramente que
Eduardo Campos não pertencia às fileiras do movimento dos trabalhadores e
tampouco do genuíno socialismo. A oligarquia burguesa Arraes, mesmo reconhecendo o papel do
“velho” Miguel no combate da oposição democrática ao regime militar, representa
uma das frações políticas das classes dominantes, tendo por várias vezes nas
gestões do estado pernambucano reprimido violentamente o movimento de massas e
a classe operária. Não reverenciamos a figura de Eduardo Campos como um dos
“nossos mortos”, embora alertamos que sua morte será utilizada pelos
setores mais reacionários do país para atacar a Frente Popular comandada pelo
PT, cujo o próprio PSB já integrou no passado recente.
Em país onde a fraude, a
farsa e o golpismo fazem parte das “tradições” mais profundas das elites
dominantes nunca é demais ter um pouco de cautela acerca das “versões oficiais”
sobre fatos políticos significantes, e a inesperada morte de Eduardo representa
bem mais do que uma mera tragédia pessoal. É certo que não faltarão aqueles “tolos”,
que acreditam cegamente na “lisura” das instituições brasileiras, para nos
acusar de “delírio” ou fomentadores da “teoria da conspiração”. Mas como acreditar
nas instituições de um Estado (no sentido amplo do termo) que forja a colocação
de explosivos nas mochilas de ativistas políticos para incriminá-los? A queda
de uma aeronave moderna e muito bem revisada como a que transportava Campos do
Rio até Santos (um trajeto muito curto) não é um fato comum na história da
aviação internacional, ainda mais em um procedimento de arremeter o pouso em
plena luz do dia. O certo mesmo é que a entrada de Marina na vaga deixada pela morte
de Campos, garantirá no mínimo a realização de um segundo turno, quando muito
não provocará a própria derrota da candidata do PT nestas eleições
presidenciais.
Setores “ortodoxos” mais
à direita da burguesia estavam bastante decepcionados com o fraco desempenho de
Campos nas pesquisas eleitorais até o momento. Nos bastidores do Congresso
Nacional a “crítica” da reação ao presidente do PSB estava focada na sua falta
de desprendimento, deixando para o segundo plano o enorme potencial de Marina
Silva relegada a vice de um “quase desconhecido”. Na entrevista realizada ontem
(12/08) pelos ventríloquos dos Marinhos no Jornal Nacional, Campos foi
duramente acossado, uma conduta bem diferente adotada no dia anterior na
presença do senador Aécio Neves. O venal PPS, um dos poucos partidos coligados
com o PSB nestas eleições, vinha manifestando sinais de insatisfação com a
condução exclusivamente “Campista” da campanha, ameaçando até mesmo pular fora
do barco, como fazem os ratos quando se inicia o naufrágio.
Mesmo com todos “chorando”
a morte de Eduardo Campos, parece que se estabeleceu um certo “alívio” com a
sua saída do tabuleiro eleitoral. Dificilmente a cúpula do PSB conseguirá impor
um outro cabeça de chapa que não seja Marina, apesar desta contar com
adversários declarados no interior do partido de Campos. O próprio futuro
político do PSB está ameaçado sem a liderança de Campos e com a possibilidade
muito grande de uma derrota eleitoral para o governo de Pernambuco. Sem a
frondosa sombra da Frente Popular, o mais seguro para a existência política do
PSB será mesmo concluir a fusão com o REDE de forma permanente, tentando colar
o partido no prestígio eleitoral de Marina Silva. A eleição presidencial que
parecia meio morna e estática, com as pesquisas dos “institutos” sempre
repetindo os mesmos índices, poderá agora passar por uma “sacudida”, no sentido
de deslocar para a dianteira uma adversária letal para os planos de reeleição
do governo Dilma.