segunda-feira, 18 de agosto de 2014


Não foi a “mão de deus” e sim a do mercado financeiro que colocou para Marina a “missão” de derrotar Dilma e o projeto histórico do PT

Passadas poucas horas do “acidente” aéreo que ceifou a vida de Eduardo Campos, o Blog da LBI já caracterizava que a morte do candidato a presidência do PSB abriria uma “janela” por onde as forças políticas mais reacionárias e neoliberais do país tentariam passar o “contrabando” da figura de Marina Silva como a “salvadora da pátria”. Mal disfarçaram a sinistra ansiedade do PIG ao divulgar uma pesquisa eleitoral (DATAFOLHA, ou melhor, DATAFRAUDE) em pleno funeral do ex-governador que aponta a vitória de Marina em um eventual segundo turno. Fica cada vez mais cristalino que a “operação Marina”, que não parava de sorrir e tirar “selfies” no velório de Eduardo, é um elemento que deve ser apurado seriamente no marco de uma “tragédia” que ainda não conseguiu ser justificada do ponto de vista técnico e científico. Algumas “leituras” equivocadas da nova conjuntura aberta com a entrada de Marina no centro da disputa ao Planalto, afirmam que o principal “prejudicado” político foi Aécio e sua a “Tucanalha”, afinal agora é o PSB/REDE que irá para o segundo turno. Porém, o que está em disputa nestas eleições presidenciais, ao menos para os setores da burguesia nacional mais vinculados ao imperialismo norte-americano, é impor uma dura derrota do projeto da Frente Popular. Nesta perspectiva política a candidatura de Aécio é plenamente descartável diante de uma “articulação” bem mais confiável programaticamente a Casa Branca. Marina Silva representa a junção “ideal” do capital financeiro com as alas messiânicas da burguesia ianque, pretende transformar o Brasil em uma espécie nova “terra sagrada” para os interesses dos “Calvinistas neoliberais”. A “antipatia” pelo agronegócio, manifestada pelo REDE nada tem a ver com a defesa da ecologia, é produto direto de seus compromissos com os grandes produtores rurais imperialistas, que não veem com bons olhos o crescimento das exportações brasileiras para os principais centros capitalistas. Sob um governo Marina estaria recolocado o eixo econômico “carnal” do Brasil com os EUA, abalado pela estratégia do PT de voltar o país no sentido dos BRICS, após o crash financeiro internacional de 2008. Esta “opção comercial” da Frente Popular permitiu ao país atravessar a crise mundial do final da década anterior com um forte superávit na balança de pagamentos, gerando um confortável “colchão” de reservas cambiais e forte atração de crédito internacional. Com este “modelo”, lastreado na expansão do consumo interno (bolha de crédito), o PT fez seu “milagre” econômico ao inserir milhões de novos consumidores no mercado, criando uma relativa “mobilidade social” de camadas mais baixas da população. Esta é exatamente a razão do “ódio visceral” dos seguimentos mais conservadores das classes dominantes ao PT, Marina surge no cenário político para por um fim a este “ciclo histórico”, inaugurando uma nova etapa da ofensiva imperialista contra as conquistas sociais do proletariado brasileiro, sua candidatura deve ser combatida com todas as energias do proletariado, que no mesmo compasso deve denunciar vigorosamente seus novos “parceiros” da esquerda revisionista: PSOL e PSTU.

O mito de que o espectro político de Marina poderia representar algo de progressista ou mesmo de uma “esquerda light” (eco-socialista) não corresponde hoje minimamente à realidade. A ex-senadora acreana iniciou de fato sua militância política no antigo PRC (Partido Revolucionário Comunista), que na época tinha como um de seus dirigentes Genuíno Neto. A vigarice política de Marina começa quando o PRC decide entrar definitivamente no PT, no final dos anos 80, e a jovem militante comunista se encaminha diretamente para a tendência interna mais à direita do partido, a “Articulação”, negando seus antigos “ideais” de esquerda. Na sequência posterior Marina se elege senadora pelo PT do Acre, abraçando a as teses da “ecologia” e a defesa do “capitalismo sustentável”, tornando-se logo a “queridinha” de Lula. Nomeada ministra do Meio Ambiente, Marina pretendia ser a candidata de Lula para disputar o Planalto em 2010 quando foi preterida por Dilma abandona o PT em 2009, ingressando no PV para uma curta temporada.

Nas eleições presidenciais passadas Marina se lança como uma “alternativa da terceira via” entre as candidaturas do PT e PSDB, catalisando um amplo segmento da reacionária classe média urbana. Em 2010 a LBI foi a única corrente de esquerda a afirmar que o “fenômeno” político Marina correspondia a uma nova alternativa de “poder” fomentada pelo imperialismo diante do esgotamento do Tucanato como principal polo de oposição. Mas o PV não era o “ninho” ideal para as pretensões eleitorais de Marina, o partido era controlado diretamente pelo PSDB paulista e por uma ala da oligarquia Sarney, restava criar um novo partido onde pudesse controlar com “mão de ferro” e impor sua plataforma messiânica e pró-imperialista. A ex-militante comunista teria se convertido a uma seita evangélica por puro oportunismo eleitoral e também para agradar seus patrocinadores ianques. Porém, o seu REDE não obteve o registro do TSE por conta de uma perigosa e bem sucedida manobra do governo Dilma e Marina teve que se contentar com a “generosa” oferta de ser a vice de Eduardo, mas a Casa Branca nunca deu como definitivo este cenário para 2014... Obama não aceitava que sua candidata preferencial tivesse o simples papel de coadjuvante do PSB. E o pior mesmo para o campo conservador era o fato de Eduardo não conseguir sequer decolar nas pesquisas, indicando claramente que o PT poderia inclusive “liquidar a fatura” já no primeiro turno.

O estranho “acidente” do moderno jato que conduzia Eduardo e sua equipe reintroduziu o “cenário dos sonhos” para o imperialismo no Brasil: Marina como o centro político da disputa, a única candidatura capaz de derrotar o fatigado modelo de gestão do PT! Novamente os arautos de Washington voltam a ter “esperanças” em nosso país, com Marina o “mercado” poderá reconquistar sua “plena liberdade” e os “negócios” do Brasil retornarão a grande “Meca” do imperialismo. Mesmo os tênues adversários desta “avalanche” Marineira, como o próprio presidente do PSB Roberto Amaral, já estão “marcados para morrer” pela mídia “murdochiana”. Com um nome a vice indicado agora pelo PSB, alinhado integralmente com suas posições neoliberais, Marina decola seu “voo do poder”, enquanto seu antigo companheiro de chapa “arremeteu” para uma tragédia sem volta, que ainda não foi minimamente explicada...