Não foi a “mão de
deus” e sim a do mercado financeiro que colocou para Marina a “missão” de
derrotar Dilma e o projeto histórico do PT
Passadas poucas
horas do “acidente” aéreo que ceifou a vida de Eduardo Campos, o Blog da LBI já
caracterizava que a morte do candidato a presidência do PSB abriria uma “janela”
por onde as forças políticas mais reacionárias e neoliberais do país tentariam
passar o “contrabando” da figura de Marina Silva como a “salvadora da pátria”.
Mal disfarçaram a sinistra ansiedade do PIG ao divulgar uma pesquisa eleitoral (DATAFOLHA, ou melhor, DATAFRAUDE)
em pleno funeral do ex-governador que aponta a vitória de Marina em um eventual
segundo turno. Fica cada vez mais cristalino que a “operação Marina”, que não
parava de sorrir e tirar “selfies” no velório de Eduardo, é um elemento que
deve ser apurado seriamente no marco de uma “tragédia” que ainda não conseguiu ser
justificada do ponto de vista técnico e científico. Algumas “leituras”
equivocadas da nova conjuntura aberta com a entrada de Marina no centro da
disputa ao Planalto, afirmam que o principal “prejudicado” político foi Aécio e
sua a “Tucanalha”, afinal agora é o PSB/REDE que irá para o segundo
turno. Porém, o que está em disputa nestas eleições presidenciais, ao menos para
os setores da burguesia nacional mais vinculados ao imperialismo norte-americano, é impor uma dura derrota do projeto da Frente Popular. Nesta
perspectiva política a candidatura de Aécio é plenamente descartável diante de
uma “articulação” bem mais confiável programaticamente a Casa Branca.
Marina Silva representa a junção “ideal” do capital financeiro com as
alas messiânicas da burguesia ianque, pretende transformar o Brasil em uma
espécie nova “terra sagrada” para os interesses dos “Calvinistas neoliberais”. A “antipatia” pelo agronegócio,
manifestada pelo REDE nada tem a ver com a defesa da ecologia, é produto direto de seus compromissos com os grandes
produtores rurais imperialistas, que não veem com bons olhos o crescimento das
exportações brasileiras para os principais centros capitalistas. Sob um governo
Marina estaria recolocado o eixo econômico “carnal” do Brasil com os
EUA, abalado pela estratégia do PT de voltar o país no sentido dos BRICS, após
o crash financeiro internacional de 2008. Esta “opção comercial” da
Frente Popular permitiu ao país atravessar a crise mundial do final da década
anterior com um forte superávit na balança de pagamentos, gerando um
confortável “colchão” de reservas cambiais e forte atração de crédito
internacional. Com este “modelo”, lastreado na expansão do consumo
interno (bolha de crédito), o PT fez seu “milagre” econômico ao
inserir milhões de novos consumidores no mercado, criando uma relativa
“mobilidade social” de camadas mais baixas da população. Esta é
exatamente a razão do “ódio visceral” dos seguimentos mais
conservadores das classes dominantes ao PT, Marina surge no cenário político
para por um fim a este “ciclo histórico”, inaugurando uma nova etapa
da ofensiva imperialista contra as conquistas sociais do proletariado
brasileiro, sua candidatura deve ser combatida com todas as energias do
proletariado, que no mesmo compasso deve denunciar vigorosamente seus novos “parceiros” da esquerda revisionista: PSOL e PSTU.
O mito de que o espectro político de Marina poderia
representar algo de progressista ou mesmo de uma “esquerda light” (eco-socialista)
não corresponde hoje minimamente à realidade. A ex-senadora acreana iniciou de
fato sua militância política no antigo PRC (Partido Revolucionário Comunista),
que na época tinha como um de seus dirigentes Genuíno Neto. A vigarice política
de Marina começa quando o PRC decide entrar definitivamente no PT, no final dos
anos 80, e a jovem militante comunista se encaminha diretamente para a
tendência interna mais à direita do partido, a “Articulação”, negando seus
antigos “ideais” de esquerda. Na sequência posterior Marina se elege senadora
pelo PT do Acre, abraçando a as teses da “ecologia” e a defesa do “capitalismo
sustentável”, tornando-se logo a “queridinha” de Lula. Nomeada ministra do Meio
Ambiente, Marina pretendia ser a candidata de Lula para disputar o Planalto em
2010 quando foi preterida por Dilma abandona o PT em 2009, ingressando no PV para uma curta temporada.
Nas eleições presidenciais passadas Marina se lança como uma
“alternativa da terceira via” entre as candidaturas do PT e PSDB, catalisando
um amplo segmento da reacionária classe média urbana. Em 2010 a LBI foi a única
corrente de esquerda a afirmar que o “fenômeno” político Marina correspondia a
uma nova alternativa de “poder” fomentada pelo imperialismo diante do
esgotamento do Tucanato como principal polo de oposição. Mas o PV não era o “ninho” ideal para as pretensões
eleitorais de Marina, o partido era controlado diretamente pelo PSDB paulista e por uma ala da oligarquia Sarney,
restava criar um novo partido onde pudesse controlar com “mão de ferro” e impor
sua plataforma messiânica e pró-imperialista. A ex-militante comunista teria se
convertido a uma seita evangélica por puro oportunismo eleitoral e também para
agradar seus patrocinadores ianques. Porém, o seu REDE não obteve o registro do
TSE por conta de uma perigosa e bem sucedida manobra do governo Dilma e Marina
teve que se contentar com a “generosa” oferta de ser a vice de Eduardo, mas a
Casa Branca nunca deu como definitivo este cenário para 2014... Obama não
aceitava que sua candidata preferencial tivesse o simples papel de coadjuvante
do PSB. E o pior mesmo para o campo conservador era o fato de Eduardo não
conseguir sequer decolar nas pesquisas, indicando claramente que o PT poderia
inclusive “liquidar a fatura” já no primeiro turno.
O estranho “acidente” do moderno jato que conduzia Eduardo e
sua equipe reintroduziu o “cenário dos sonhos” para o imperialismo no Brasil:
Marina como o centro político da disputa, a única candidatura capaz de derrotar
o fatigado modelo de gestão do PT! Novamente os arautos de Washington voltam a
ter “esperanças” em nosso país, com Marina o “mercado” poderá reconquistar sua “plena
liberdade” e os “negócios” do Brasil retornarão a grande “Meca” do
imperialismo. Mesmo os tênues adversários desta “avalanche” Marineira, como o
próprio presidente do PSB Roberto Amaral, já estão “marcados para morrer” pela
mídia “murdochiana”. Com um nome a vice indicado agora pelo PSB, alinhado integralmente
com suas posições neoliberais, Marina decola seu “voo do poder”, enquanto seu
antigo companheiro de chapa “arremeteu” para uma tragédia sem volta, que ainda
não foi minimamente explicada...