Morte de Eduardo também
reposiciona o PSOL na rota do apoio a Marina Silva
Enquanto os barões da
mídia ainda “choram” e lamentam pela morte de Eduardo Campos, refazendo um
cenário político muito parecido com a morte de Tancredo Neves em meados dos
anos 80, seus reacionários estafetas quase em histeria clamam para que Marina
Silva assuma imediatamente o comando da campanha presidencial do PSB para poder
derrotar Dilma. Mas também no campo da chamada “esquerda socialista” (na
verdade social democrata) a ausência de Campos parece que já começa a provocar
novos realinhamentos eleitorais. O fato (quase consumado) de Marina assumir o
protagonismo da disputa pelo Planalto, ainda que pela legenda do PSB já que o
REDE não se oficializou, recolocou na ordem do dia a antiga aproximação entre o
PSOL e a ex-senadora ecocapitalista. Não é demais relembrar que o PSOL
caminhava a passos largos para celebrar uma coligação com o REDE, caso o
partido de Marina obtivesse seu registro eleitoral. Como o REDE foi indeferido
pelo TSE e seguiu pelo caminho do “entrismo” no PSB, talvez supondo que o “cacique”
Campos abrisse mão de sua postulação para Marina, o PSOL decidiu por manter um “nome
próprio” nestas eleições presidenciais. Porém, várias “pontes” foram
construídas entre o REDE e o PSOL, incluindo uma “fração Marineira” mantida no
partido e encabeçada pela vereadora Heloísa Helena. O comunicado oficial do
PSOL sobre a morte de Eduardo não deixa dúvidas a respeito desta
“inclinação”, passando por cima do caráter de classe oligárquico e
burguês do PSB: “Recebemos com perplexidade e emoção a notícia do falecimento
do presidenciável Eduardo Campos. A tragédia que atingiu Campos, sem
precedentes na história democrática, também nos toca e reveste de luto este
processo eleitoral.” (Luciana Genro, Jorge Paz e Coordenação de Campanha do
PSOL). O PSOL pernambucano seguindo o mesmo norte político, foi tomado de “amnésia”,
esquecendo que o então governador Campos reprimiu duramente os ativistas das “Jornadas
de Junho” em seu estado. Para um partido que se reivindica representante do
legado político das “Jornadas”, parece muito contraditório afirmar que: “O PSOL
em Pernambuco recebe com muita tristeza esta notícia. Pernambuco e o Brasil
perdem um quadro político importante, homem público jovem e talhado desde ainda
muito cedo na vida pública, adversário político dos mais inteligentes e
respeitáveis.” (Nota da executiva do PSOL/PE). Agora é esperar que os “Marineiros”
do PSOL assumam a defesa oficiosa da candidatura Marina, já que não seria mais
possível registrar legalmente uma nova coligação. Quanto a corrente do deputado
Ivan Valente (majoritária no controle do partido) não haverá grandes problemas
para “alaranjar” a campanha de Luciana, posto que a própria candidata
do PSOL também é simpática a esta iniciativa. A base política desta
“aliança informal” que está se gestando entre o PSOL e Marina está
calçada na identidade programática existente entre as duas correntes
partidárias, mais além é claro dos possíveis dividendos eleitorais desta
operação. A defesa de um “capitalismo sustentável”, para as oligarquias
dominantes é lógico, unifica solidamente o REDE, o PSOL e até mesmo os
Morenistas do PSTU (integrante do cortejo das carpideiras de Eduardo), que em coro uníssono rechaçam a Ditadura do Proletariado e
a violência revolucionária do poder das massas em movimento.
A forte “atração” que a
candidatura de Marina Silva exerce no campo neoliberal não é segredo para
ninguém. Apoiada pelo capital financeiro, tendo como “chefe de gabinete” a
senhora Neca Setúbal (dona do banco ITAÚ), Marina montou a equipe econômica de
seu futuro governo com nada menos do que os “pais do Plano Real”, em uma clara
indicação para o mercado de que irá implementar a “agenda” de Wall Street no
Brasil. O “estranho” mesmo é que o PSOL, incluindo neste bojo suas alas mais a “esquerda”,
sinta-se tão seduzido pela nova oportunidade dada pelo “acaso” a Marina. Neste
cenário aberto para o PSOL, o importante será colar as candidaturas ao
parlamento com mais potencial eleitoral ao nome Marina, como Heloísa e Freixo,
por exemplo, ficando para Luciana Genro o papel de “enfeite do bolo” da farra
eleitoral oportunista.
Lembremos que todas as “pontes” de Marina com o PSOL estão
plenamente estabelecidas ligando importantes figuras públicas do partido à
candidata eco-capitalista já no primeiro turno da eleição presidencial. Como a
tendência é que Marina vá para o segundo turno em disputa contra o PT, sendo
uma exímia puxadora de votos, não temos dúvida que pelo país afora diversos
candidatos do PSOL ao legislativo federal e em vários estados estabeleçam a
aliança com o REDE/PSB “para derrotar o governo Dilma”. Nesta “coligação” está
integrado o PSTU que já fez inclusive esta experiência em Belém, quando Marina
apoiou a candidatura de Edmilson Rodrigues para prefeito da capital paraense em
2012 ainda no primeiro turno, estando o PSOL integrando a aliança com o PSOL e
PCdoB, no que foi “premiado” com a eleição de um vereador na capital do Pará. A
mesma coligação se repete agora no Pará, novamente com o PSTU tentando eleger
Cléber Rabelo deputado federal colado ao nome de Edmilson Rodrigues. Vejamos o
que Edmilson afirmava sobre Marina em 2012: “A ex-senadora e ex-ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva, que é referência nacional e internacional na pauta
do meio ambiente, declarou publicamente apoio à candidatura de Edmilson
Rodrigues à Prefeitura de Belém, nesta segunda-feira, 27, durante coletiva de
imprensa no Hotel Regente, em Belém. ‘O eleitor está aprendendo a diferenciar o
candidato que só tem o discurso de sustentabilidade, do candidato que tem
histórico coerente com a plataforma de sustentável, que é o Edmilson. Eu sei
que o Edmilson tem esse comprometimento porque demonstrou isso quando foi
prefeito (entre os anos de 1997 a 2004). Agradeço a oportunidade de estar aqui
para apoiá-lo Marina é ex-filiada do Partido dos Trabalhadores (PT), concorreu
à Presidência da República pelo Partido Verde (PV), em 2010, quando obteve 20
milhões de votos, e, hoje, sem partido, lidera um movimento nacional de defesa
do meio ambiente com crescimento socioeconômico. Marina e Edmilson atuaram
juntos no movimento sindical dos professores, nos anos 80. ‘A Marina tem um
pensamento estratégico para a construção de um futuro civilizatório, ético e
voltado à sustentabilidade” (Blog Edmilson50, 28/08/2012). O mesmo ocorre agora
com o apoio que o PSTU presta à candidatura de Heloísa Helena ao Senado em
Alagoas, sendo a parlamentar do REDE a maior representante de Marina dentro do
PSOL.
Para “consumo interno”, o PSTU se diz contrário às
coligações com partidos patronais, chegando a implorar ao PSOL para “rever” sua
política de alianças, enquanto para o “grande público” se coliga novamente com
Edmilson Rodrigues em Belém e Heloísa Helena em Alagoas, mesmo estes tendo o
apoio de Marina Silva. O PSTU irá criticar timidamente a candidatura eleitoral
de Marina, porém de fato fará uma “aliança tática” com a representante da “nova
direita” para derrotar eleitoralmente o PT, copiando a mesma política do PSOL.
Até mesmo o PCB que está coligado com o PSOL e o PSTU seguirá esta política
vergonhosa. Já vimos esta conduta em vários casos, sendo o exemplo do
“Mensalão” (quando esta “esquerda” defendia a prisão de Dirceu e outros membros
da direção do PT) como a melhor demonstração da unidade do PSOL e PSTU com a
direita, desde o DEM, PSDB até o REDE. No campo internacional esta política se enquadra
com a “frente única” que a LIT celebra com a reação burguesa (inclusive fascista)
desde a Líbia e a Ucrânia, passando pela Síria. Neste sentido, de fato, a
direção nacional do PSTU é defensora da ampliação da política de alianças do
partido, rompendo de vez com a velha tradição de formação de frentes unicamente
com partidos da “esquerda” pequeno-burguesa. Estamos vendo, a partir da aliança
estabelecida agora em Belém e Alagoas, o “começo do fim” do PSTU enquanto
partido que se reivindicava formalmente revolucionário, que a passos largos vai
se tornar mais uma legenda “domesticada” da esquerda socialdemocrata refém do
regime democratizante, onde os apetites eleitoralistas, sindicalistas e
aparelhistas, já com enorme peso no partido e que corrompem grande parte de sua
militância vinculada a essas estruturas, vão esmagar qualquer traço de
bolchevismo, ainda que formal, que mantinha até então o PSTU fora das alianças
diretas com a burguesia e seus partidos.
O certo é que a ascensão de Marina “atiçou” o apetite
eleitoral do PSOL e de seus candidatos a deputados, colocando literalmente em
marcha um novo realinhamento de forças nestas eleições que se apresentam de
“esquerda”, mas acabam fazendo o jogo da fração mais reacionária da burguesia.
A base política desta “aliança informal” que está se gestando entre o PSOL e
Marina está calçada na identidade programática existente entre as duas
correntes partidárias, mais além é claro dos possíveis dividendos eleitorais
desta operação. Não temos a menor dúvida que Luciana Genro (que já recebeu
financiamento dos capitalistas para sua campanha eleitoral) se integrará
passivamente nesta onda, mesmo mantendo formalmente sua postulação à
presidência. Ela será um braço auxiliar de Marina em nível nacional, enquanto
nos estados os candidatos a cargos parlamentares com maior “apetite” colarão de
fato seus nomes ao da candidata do REDE. Aos Marxistas Revolucionários cabe
tarefa de denunciar ativamente mais esse engodo montado pelo imperialismo e sua
mídia venal, que com a ajuda da “esquerda” (PSOL e PSTU) busca vender Marina
como a “terceira via” entre PT e PSDB quando de fato ela não passa de uma velha
representante dos interesses do grande capital com uma “nova” embalagem.