Simone Freitas, da TRS/LBI
Em uma assembleia
relâmpago ocorrida na manhã desta terça-feira, 05 de agosto, a direção petista
do SINDIUTE, formada por burocratas sindicais que romperam com a corrente
revisionista “O Trabalho” e se bandearam de forma corrupta para a Articulação
(PT), impôs o fim da greve dos trabalhadores em educação de Fortaleza, iniciada
no último dia 1, sexta-feira. Cerca de mil professores estavam presentes em uma
assembleia geral bem menor que as anteriores quando membros da diretoria do
sindicato apresentaram a proposta de encerrar a paralisação, alegando que o
prefeito Roberto Cláudio (PROS), filhote da oligarquia Ferreira Gomes e aliado
do PT, havia recuado em seus ataques contra as conquistas do magistério.
Xingados como pelegos e vendidos por centenas de companheiros da base da
categoria quando apresentava a proposta da prefeitura, a camarilha sindical que
comanda o SINDIUTE apresentou como “vitória” a simples promessa da
administração municipal de não levar a frente neste ano eleitoral o “pacote de maldades”
que iria enviar para a Câmara já neste começo de agosto, enquanto Roberto
Cláudio negou-se de fato a dar o reajuste de 4,9% retroativo a janeiro e a
pagar todos os anuênios devidos a categoria ainda em 2104, as duas principais
reivindicações dos trabalhadores. Os militantes do Núcleo dos Trabalhadores em
Educação da TRS/LBI ainda conseguiram realizar uma rápida plenária com
ativistas classistas independentes e, juntos, defenderam na assembleia geral a
proposta de manter a greve até arrancar o aumento salarial. A votação foi
dividida, entretanto claramente venceu a continuidade da paralisação. Foi
quando veio o golpe imposto pela quadrilha que dirige o sindicato: a direção
“chapa branca” impôs uma nova votação e, em uma clara chantagem política contra
a categoria, os petistas da Articulação e sua claque governista alegaram que a
prefeitura iria abrir processo administrativo contra os professores e manter a
multa de R$ 100 mil reais ao sindicato por dia parado. O resultado dessa
manobra foi o encerramento da greve no momento de sua maior demonstração de
força contra os ataques da oligarquia Ferreira Gomes/PT. Como já havia alertado
a companheira Simone Freitas (ver foto), professora e coordenadora da Oposição
de Luta da TRS/LBI, a categoria foi derrotada pelos lacaios da prefeitura no
sindicato, que não querem perder seus privilégios e preferem sacrificar as
conquistas dos trabalhadores em educação a ser consequente na luta contra a
administração do PROS/PT.
Foi sintomático que
enquanto a prefeitura fingia “negociar” com o SINDIUTE, havia ingressado já em
1 de agosto na justiça burguesa com o pedido de ilegalidade da greve. No mesmo
dia, o Tribunal de Justiça decidiu que a paralisação era ilegal e decretou
multa de R$ 100 mil por dia parado. Ao mesmo tempo acionou os capachos
diretores de escolas para “democraticamente” assediar os professores e, via
reuniões dentro das escolas, demover os trabalhadores de fazerem greve,
recorrendo a todo tipo de barganhas e apelos. Como uma evidente divisão de
tarefas, a burocracia sindical vendida antecipou a assembleia geral para a
véspera da “audiência de conciliação” com o TJ (06/08) e trouxe às pressas para
os trabalhadores as propostas miseráveis apresentadas pela prefeitura na noite
do dia 04 de agosto, em uma harmonia de movimentos que revela claramente a
trama arquitetada pela CUT, PT e o prefeito Roberto Cláudio.
Coube aos setores da
oposição classista (LBI, TPOR e independentes combativos) dar o verdadeiro
combate contra a manobra da quadrilha sindical do SINDIUTE, usando o microfone
para defender a continuidade da greve, demonstrando que a prefeitura estava
fragilizada pelo racha burguês na base parlamentar do governo e cederia ainda
mais frente à radicalização do movimento. O PSTU se manteve durante a greve e
na própria assembleia à margem da plenária da oposição, já que é um braço
auxiliar da diretoria, chegando mesmo na greve passada a seus dirigentes serem
vaiados amplamente pela base como pelegos e traidores. Nesta greve, como a
paralisação estava apenas se iniciando, o PSTU defendeu a continuidade do
movimento, porém, tratou de fazê-lo de maneira absolutamente formal e sem
qualquer unidade com as correntes e os demais ativistas da oposição classista.
Em “resposta” à política vacilante do PSTU, os petistas encastelados no
SINDIUTE denunciaram que se a greve continuasse centenas de professores seriam
demitidos, entretanto os militantes do PSTU que atuam no magistério não
correriam qualquer risco porque estavam literalmente todos afastados do
trabalho para concorrer às eleições burguesas, o que desmoralizou os morenistas
frente aos setores mais avançados da vanguarda que em grande parte defendem o
voto nulo ou o boicote eleitoral ativo. Lembremos que os militantes do PSTU
passaram os poucos dias de greve fazendo embriagada campanha pela “Frente de Esquerda”
junto com o PSOL e PCB.
Muitos professores
votaram pelo fim da greve mesmo desconfiados das “promessas” da prefeitura
devido à chantagem da direção sindical e o temor de perder seus empregos. Eles
sabem que não se pode confiar no filhote da oligarquia Ferreira Gomes nem na direção do SINDIUTE. Esta canalha cutista já traiu várias lutas e, em nome
de acordos de bastidores com a administração municipal, sacrificou conquistas
na mesa de negociação, prática que vem desde a época em que Luizianne Lins
(DS-PT) era a “companheira prefeita”. Desde a Oposição de Luta e do Núcleo dos
Trabalhadores em Educação da TRS/LBI chamamos os professores a se reunirem com
os demais trabalhadores nas escolas, regionais, no Inparh e seus demais locais
de trabalho para fazer um balanço rigoroso da greve, ficarem a atentos aos
pagamentos das “dívidas” da prefeitura (pagamento dos anuênios em 2014, aumento
do vale-alimentação, não alteração no estatuto do magistério...) e organizar na
base uma verdadeira oposição classista e combativa, já que as eleições
sindicais devem ocorrer no final deste ano! Mãos à obra!