Três candidaturas
revisionistas, mas apenas um único programa que legitima a farsa eleitoral da
democracia dos ricos
Nestas eleições onde a
Frente Popular no Brasil busca sua quarta gerência consecutiva do Estado
burguês, por si só um fenômeno político que contraria todos os prognósticos “impressionistas”
da luta de classes, também “disputam” o Planalto separadamente e pela primeira
vez três candidaturas da esquerda revisionista, quais sejam Luciana Genro
(PSOL/MES), Zé Maria (PSTU) e Rui Pimenta PCO. Soma-se a este arco de esquerda
a postulação do PCB na figura de Mauro Iasi a qual por critérios históricos não
inserimos no bloco “trotsquizante” inicial. O fato de termos na disputa
majoritária três candidaturas que formalmente reivindicam o legado da IV
Internacional, estando todas na esquerda
eleitoral do PT, poderia sinalizar aos incautos uma progressão na consciência
de classe do proletariado e, portanto, um consistente ascenso do movimento de
massas no país, mas alertamos que não se trata desta vertente que se destaca na
conjuntura nacional. Logo de cara poderiam nos questionar que tampouco o PSOL (um
agrupamento pequeno burguês umbilicalmente colado no parlamento do Estado
capitalista) representa um único fio de ligação com o Trotskismo, o que seria a
mais pura verdade, mas acontece que por uma série de circunstâncias quem está
representando o partido nestas eleições é uma dirigente de uma organização
revisionista (MES) inclusive com vínculos internacionais estabelecidos na
esteira do fracionamento da IV Internacional. Voltando ao cerne do debate
constatamos que as três candidaturas postas pela esquerda revisionista foram “generosamente”
impulsionadas pela institucionalidade das classes dominantes, sendo a expressão
do retrocesso da independência de classe do proletariado e da confusão política
de sua vanguarda revolucionária. Coincidentemente, o trio revisionista fala
demagogicamente em “lutas e socialismo” e, pasmem, até mesmo em “revolução”,
porém “esqueceu” de afirmar o elementar para um Marxista: As eleições no Brasil
são fraudadas desde a urna robotrônica sem possibilidade de aferição física
(experimento singular em todo o mundo), passando pelas pesquisas manipuladas e
chegando ao fim com a “totalização eletrônica” no TSE, onde somente a CIA e os
ministros da Corte Suprema tem acesso. Não basta denunciar que o abundante
financiamento das corporações capitalistas se destina aos seus candidatos
preferenciais, que por razões óbvias não beneficia o trio revisionista,
omitindo a essência farsesca de todo o processo eleitoral. Há mais de um século
Lenin concluiu que as eleições burguesas só poderiam refletir de forma
deformada a vontade popular, hoje em pleno estancamento das forças produtivas
podemos afirmar que a monopolização da economia pelo capital financeiro
determina que este imponha seus gerentes estatais totalmente a parte de
qualquer tendência eleitoral expressa pela soberania do povo nas urnas. PSOL,
PSTU e PCO se empantanam nas eleições (vocalizando sempre o socialismo) no
sentido de legitimar pela “esquerda” esta paródia de democracia burguesa, que
ao mesmo tempo em que cassou o registro do REDE (uma autêntica manifestação
burguesa) infla artificialmente as pequenas candidaturas (em particular as do
trio revisionista) para provocar o segundo turno, indispensável para
estabelecer a chantagem sobre a Frente Popular. Este regime fraudulento da
democracia dos ricos estimula eleitoralmente (inclusive com verbas) este
palatável trio da esquerda revisionista, excluindo ao mesmo tempo o básico
direito à livre organização partidária das correntes comunistas e anarquistas, com
o único objetivo de facilitar a ilusão da população na “absoluta lisura e
transparência” na condução da sentença eleitoral decretada pelos falsários
ministros da Suprema Corte. Como parte integrante deste regime bastardo, a esquerda
revisionista em seu conjunto e apesar de suas muitas diferenças, é a peça
política que “lubrifica” a engrenagem da fraude burguesa, levando à
desmoralização ideológica nas fileiras da vanguarda classista do movimento de
massas, fazendo crer que a via institucional é a única senda possível para a publicidade socialista.
Caracterizar que PSOL e
PSTU são “irmãos siameses” quando a questão em debate é a revisão do Programa
de Transição já seria quase uma redundância. Porém, como nestas eleições os
dois maiores integrantes da Frente de Esquerda estão separados na corrida ao
Planalto, o PSTU logo tratou de “teorizar” suas “diferenças” com o PSOL. Como
em um “conto de fadas” os Morenistas tentaram “vender” a versão que o motivo da
separação na chapa presidencial seria o “reformismo programático” do PSOL e sua
ausência de “compromisso com a revolução”. Mas como explicar que o reformismo
do PSOL em nada impediu a coligação do PSTU nos principais estados do país (inclusive
no RGS onde apoiam a candidatura do MES considerado “socialista”), e como
justificar então a coligação celebrada pelos Morenistas com o REDE de Marina e
Heloísa em Alagoas, por acaso estabelecer um palanque estadual para a dupla
Eduardo Campos e Marina não seria um “caso agudo” de política de colaboração de
classes? Como diz o provérbio popular: Na guerra como nas eleições a verdade é
sempre a primeira vítima, e a grande verdade é que o PSTU não está apoiando
Luciana Genro pelo fato do PSOL não ter aceito a coligação no Rio de Janeiro,
único estado com potencial eleitoral para eleger um parlamentar Morenista. Este
elemento absolutamente pragmático e de interesses puramente eleitorais, que
nada tem de programático, bloqueou a formação plena da Frente de Esquerda em nível
nacional. Parece até piada de mau gosto o PSTU falar em “revolução” como um
divisor de águas com o PSOL, por acaso se esqueceram do apoio político aberto
dado pelos Morenistas à contrarrevolução no Leste europeu e na Líbia?
Se no campo político da
contrarrevolução ocorrida nos antigos Estados Operários estão programaticamente
bem unidos PSTU e as correntes que integram o PSOL, também podemos afirmar o
mesmo quando se trata do PCO, o “irmão” rejeitado da família revisionista. A
crise de identidade do PCO é profunda e desde que foram “excluídos” do arco
Altamirista (Partido Obrero argentino) por razões meramente financeiras,
oscilam entre a defesa das posições do Morenismo no plano internacional e o
mais puro seguidismo governista no terreno nacional. Chegaram ao extremo
ridículo de afirmar que o treinador Felipão teria sido vítima de um “complô”
que culminou com o vergonhoso desempenho da seleção brasileira na Copa da
mafiosa FIFA. Nestas eleições o PCO, que se apresenta em menos de meia dúzia de
estados com candidaturas ao governo (apesar de receberem “generosas” verbas do
estado burguês para cumprir a “missão” eleitoral), para tentar passar a imagem
de que não estariam tão isolados no campo da esquerda, formalizaram um acordo
com uma tal “liga dos comunistas” fundada por um parasita corrupto ligado ao
vereador portenho, o meliante Gustavo Vera. O dito parlamentar argentino,
outrora dirigente do PBCI, abandonou formalmente o Trotskismo (portanto, não se
trata mais de um revisionista) para representar oficialmente as posições
políticas do Vaticano no país do tango. O decomposto arrivista Gustavo Vera
agora “dança outra música”, que nada tem a ver com a esquerda, mas sim com a
apologia que faz do Papa Francisco e de todos seus companheiros da direita argentina. O curioso é que na liliputiana
frente internacional de apoio a Rui Pimenta estão incluídos tanto grupos como o
de Gustavo Vera (Alameda) como a ultra Altamirista TPR (Tendência Piquetera
Revolucionária), ambas organizações em plena sintonia com a oposição
reacionária ao governo “burguês nacionalista” de Cristina Kirchner.
Como podemos comprovar
no seio da “família” revisionista (tendências políticas que romperam com o
legado Bolchevique Leninista) as divergências não são de fundo programático, apesar
de inúmeras diferenças de matizes políticos entre si. Nos principais fatos da
luta de classes mundial o arco revisionista sempre abstrai as mesmas posições
programáticas, como acontece atualmente na guerra civil da Síria ou no passado
recente quando caracterizaram que o “capitalismo não sobreviveria” ao crash
financeiro de Wall Street em 2008. Em uma etapa histórica de profunda ofensiva
imperialista contra os povos e conquistas sociais da classe operária, onde o
recrudescimento político do atual regime da democracia dos ricos é semelhante
ao que atravessamos no período da ditadura militar, a questão central que se
coloca nestas eleições é a completa burla das oligarquias diante da vontade
popular. Mas o trio revisionista, PSOL, PSTU e PCO, apesar de “marchar separado”
na peleja pela presidência da república parece que “golpeia unido” com o
esforço da burguesia para legitimar a farsa eleitoral em curso.