Eleições: Um verdadeiro balcão de negócios que atravessa desde a esquerda reformista até a direita fascistizante
Estamos a dois meses do primeiro turno das eleições gerais
de Outubro e o que marca o processo eleitoral é o verdadeiro “balcão de
negócios” da democracia dos ricos, que abarca desde a esquerda reformista até a
direita fascistizante. Todo esse espectro político nacional opera através de
negociatas de “bastidores” que oferecem no circo eleitoral um variado cardápio
de opções – à esquerda, centro ou à direita – sendo o denominador comum entre
todos a defesa da “mudança através do voto”, quando justamente o grau de
manipulação e fraude da vontade popular é enorme via pesquisas forjadas,
atuação da mídia e da própria urna robotrônica. Para os leninistas
revolucionários, trata-se justamente o contrário do que pregam os partidos da
ordem. Como já nos ensinava Marx e Engels no Manifesto Comunista, em uma lição
que nunca esteve tão correta e vigente como nos dias atuais: “A burguesia,
desde o estabelecimento da indústria moderna e do mercado mundial, conquistou
finalmente a soberania política no Estado representativo moderno. O Governo do
Estado moderno nada mais é do que um comitê para gerir os negócios comuns de
toda a burguesia”. Como desejamos destruir o Estado burguês e não gerenciá-lo,
fazemos deste momento um palco para a propaganda revolucionária e não nos somamos
aos domesticados “atores” do espetáculo montado pela burguesia. Unidos pela ode
à democracia burguesa, inclusive financiados pelo “fundo partidário” para fazer
suas campanhas eleitorais no sentido de salientar a “participação cidadã do
povo” como proclama a campanha “vem pra urna” do TSE, vemos as principais
alternativas burguesas (Dilma, Aécio e Marina) ao lado da “Frente de Esquerda”,
do PCO e da direita fascistizante, representada pelo arquirreacionário Pastor Everaldo
(PSC). Neste cenário de polarização burguesa, os revolucionários precisam
intervir ativamente não só para denunciar a farsa eleitoral, mas acima de tudo
com o objetivo de armar politicamente a vanguarda classista e militante de uma
caracterização precisa acerca do processo eleitoral, esclarecendo que “ganhe quem
ganhe” estará em marcha um plano de guerra contra os trabalhadores no próximo
período, medida exigida pelo imperialismo ianque que deseja encerrar o ciclo de
“compensações sociais” que os governos Lula e Dilma implementaram e cujo modelo
baseado no crédito internacional está em fase de esgotamento!
Com a morte “acidental” de Eduardo Campos (até hoje não
explicada de forma convincente) alguns analistas ligados à frente popular e
mesmo à “esquerda” afirmaram que o principal “prejudicado” político foi Aécio
porque agora seria Marina quem iria para o segundo turno contra o PT. Esta
projeção "ingênua" desconsidera que está em disputa nestas eleições
presidenciais (particularmente para os setores da burguesia vinculados
diretamente ao imperialismo ianque), é impor uma dura derrota do projeto “neodesenvolvimentista”
da Frente Popular. Nesta perspectiva política Aécio pode ser plenamente
descartável e substituído pela candidata da Rede/PSB, porém ainda não está
totalmente claro se estes setores já fecharam questão sobre a sua opção
preferencial entre o PSDB e a representante eco-capitalista patrocinada pelo
banco Itaú. Marina Silva representa a junção “ideal” do capital financeiro com
as alas messiânicas da burguesia ianque como vem “esclarecendo” a banqueira
Neca Setúbal, mas parece haver resistência de amplos setores da burguesia
nacional ao seu nome, que continuarão a apostar na reeleição de Dilma. Desde a
LBI consideramos que o PT deve ganhar a eleição em um disputado segundo turno
com Marina justamente para acuado o governo Dilma preparar a transição para um
novo eixo de poder conservador em 2018, que deve ser representado pela própria
Marina ou por Alckmin. Apesar de amplos setores da classe média reacionária
declararem-se pelo “Fora Dilma” já, o grosso da burguesia sabe que o PT ainda é
o pilar fundamental de sustentação do regime político, optando por forçá-lo a
desencadear uma maior ofensiva contra os trabalhadores no quarto mandato da
frente popular para depois entronar no Planalto uma alternativa solidamente
conservadora diante da desmoralização do PT.
Aécio parece que vem sendo relegado ao papel de figurante,
para apoiar Marina no segundo turno e somar no “todos contra Dilma” além de
prometer a um futuro governo da direita uma sólida base parlamentar junto com
os fisiologistas de sempre comandados pelas alas arquicorruptas do PMDB, PR,
PTB etc. O quadro eleitoral, entretanto não está definido, com o PIG “testando”
suas alternativas, não só do ponto de vista eleitoral mas diante das projeções
de como será um futuro governo conservador. Esta disputa acontece em meio a uma
conjuntura de profundo refluxo das lutas no seio da classe operária como
resultado da sabotagem das centrais sindicais “chapa branca” às lutas ocorridas
no primeiro semestre, quando pipocavam inúmeras greves país afora e centenas de
protestos contra a Copa da mafiosa FIFA (que engordou somente os cofres de
empreiteiras e multinacionais). Hoje o embate político se dá no campo da
burguesia, onde a principal oposição surge no espectro da mídia “murdochiana” e
da direita fascistizante que pautam factoides contra a frente popular cujos “jornalões” do
PIG abraçaram por inteiro a “operação Marina”, a candidata do capital
financeiro, a fim de colocar os petistas ainda mais na defensiva e preparar um
futuro governo que aprofunde mais rapidamente as reformas neoliberais. Em
troca, a Rede Globo, por exemplo, exigirá fim de processos-crimes nos quais
está envolvida, amortização/engavetamento de dívidas, cotas de publicidade
etc., bancos e empreiteiras baterão na mesa para que acordos de favorecimento
sejam cumpridos pelo Estado.
Enveredando pelo mesmo caminho de receber migalhas do balcão
de negócios do circo eleitoral, está a esquerda reformista encabeçada pelo
PSOL/MES que já faz alguns anos vem negociando doações de campanha com diversas
corporações capitalistas, o que implica no final “cumprir acordos
pré-estabelecidos” em caso de vitória no Executivo ou no Legislativo, à margem
de qualquer princípio que atenda os reais interesses dos explorados e do
proletariado, dando legitimidade e perpetuando Ad Infinitum o “establishment”
burguês. Reformistas e revisionistas do trotskismo (desde o PSOL passando pelo
PSTU e chegando até o PCO) falam em “lutas” e “socialismo”, mas “esquecem”
deliberadamente que todo o processo eleitoral é uma fraude, desde os institutos
de pesquisas, a “robotrônica” e culminando na totalização no TSE, pois quem no
final dá o “aval” é o capital financeiro internacional. Ou seja, não fazem uma
vigorosa denúncia revolucionária como caberia a um genuíno tribuno comunista.
Hoje a esquerda reformista faz exatamente o contrário, não só legitima todo o
processo fraudulento das eleições (manipulação dos institutos de pesquisas,
PIG, urna robotrônica, TSE...), como participa ativamente do regime político
para impingir-lhe um caráter “ético” com a defesa de inócuas CPIs para apurar
denúncias de corrupção – tomada como uma anomalia e não como parte funcional do
regime “democrático” - ao lado de abjetas figuras políticas burguesas.
Diante deste processo viciado e de cartas marcadas, onde a
esquerda está completamente adaptada e disciplinada pelas normas draconianas da
justiça eleitoral e do regime político vigente, a LBI propôs a conformação de
uma anticandidatura à presidência da república junto à vanguarda militante para
atuar de forma independente e não-abstencionista nestas eleições defendendo uma
clara plataforma comunista de denúncia da democracia dos ricos e da fraude que
é o processo eleitoral brasileiro e da democracia dos ricos. Como não obteve
resposta das organizações que reclamam leninistas, que também decidiram seguir
os parâmetros oficiais do TSE, face à ausência de qualquer norte operário
nestas eleições e como elemento de demarcação programática com os anarquistas
que defendem o voto nulo por princípio, a nossa posição é pelo Boicote
Eleitoral Ativo.
Diante deste quadro de polarização burguesa e de um
retrocesso no movimento de massas depois da derrota das greves no primeiro
semestre, os marxistas revolucionários devem intervir ativamente nos debates
que serão travados no interior da vanguarda militante com o objetivo de
defender uma alternativa política revolucionária não somente diante das
candidaturas burguesas, mas acima de tudo através de uma rigorosa delimitação
programática com o reformismo (PSOL e PCB) e o revisionismo trotskista (PSTU e
PCO). Ao mesmo tempo, devemos apoiar e intervir decididamente em todos os
processos de luta direta dos trabalhadores e do povo pobre que se choque com o
regime político burguês e sua democracia, publicitando a necessidade da
revolução proletária e da destruição do Estado capitalista como única forma de
apontar uma saída progressiva e comunista para os explorados da cidade e do
campo! As campanhas salariais deste segundo semestre (bancários, petroleiros,
correios, metalúrgicos, químicos) que colocam na ordem do dia o enfrentamento
com o governo Dilma, os tucanos e os patrões é uma importante oportunidade para
desenvolver esta perspectiva de combate. Os interesses da classe dominante estão
representados pela bancada ruralista, dos banqueiros, empreiteiros,
multinacionais etc. que tomam o Estado como se fosse um comitê executivo o qual
organiza e beneficia seus grandes negócios, onde a corrupção é a peça que
lubrifica a máquina de todo o sistema e cada parlamentar é responsável por
defender os interesses mafiosos das grandes empresas capitalistas em meio a
esta luta entre explorados e exploradores. Cabe aos tribunos comunistas a
tarefa de “jogar areia” nestas intrincadas engrenagens como parte do combate
sem tréguas pela construção de um autêntico Partido Leninista no bojo da
crítica mordaz aos partidos que atuam nas eleições como elementos legitimadores
do regime político vigente que nada mais é do que a ditadura da burguesia.