segunda-feira, 11 de agosto de 2014


“Frente de Esquerda” já recebeu dinheiro das corporações capitalistas para campanha a governador no RS! PSTU irá romper com o PSOL/MES de Robaina e Luciana?

Em tom de falsa surpresa, o PSTU acaba de “denunciar” que, segundo dados do TSE, em julho deste ano o “PSOL-RS recebeu R$ 50 mil do Grupo Zaffari” (sítio PSTU, 09/08), a maior rede de supermercados do Rio Grande do Sul. Foi mesmo... verdade tchê!? Fingindo desapontamento, os morenistas declararam: “As eleições começaram e o PSOL recebeu R$ 50 mil do Grupo Zaffari. Esse valor financia diretamente a campanha à presidência de Luciana Genro (R$ 15.000,00) e a campanha a governador de Roberto Robaina no Rio Grande do Sul (R$ 30.000,00)” (Idem). Grande novidade! De forma singela, o PSTU questiona diplomaticamente seus aliados: “O PT começou aceitando dinheiro da burguesia e com o tempo foi se adaptando e mudando o discurso até mudar de lado. A direção do PSOL sabe disso, pois rompeu com o PT com essa denúncia. Porque então pedem e aceitam financiamento dos patrões? Sem independência política e financeira vão construir outro PT. É isso que querem?” (Ibdem), continua em tom de cínica indignação! Ocorre que o PSTU obviamente já sabia que as contribuições de empresários iriam ocorrer, até porque Luciana Genro havia afirmado com antecedência que o MES aceitaria “doações” dos grupos capitalistas desde que não “ferisse o estatuto do PSOL”. Mesmo sabendo disso, o PSTU coligou-se no RS com o MÊS, cujo dirigente máximo é o candidato a governador da “Frente de Esquerda” (Roberto Robaina) e indicou o candidato ao Senado (Júlio Flores), ou seja, a campanha da FE é financiada pelo Grupo Zaffari!!! Lembremos que quando questionada em entrevista a Folha de São Paulo há mais de dois meses (24/06) “Se uma empresa fizer uma doação?” Luciana respondeu: “Se uma empresa quiser fazer uma doação nós vamos avaliar na nossa coordenação de campanha. Desde que não se enquadre nas proibições do nosso estatuto, que são empreiteiras, bancos e multinacionais”. Em resumo, o MES anunciou previamente para seus parceiros do PSTU que adotaria o mesmo critério que fez a executiva municipal do PSOL-RS autorizar em 2008 a “doação” da Gerdau! Como o grupo Zafarri se apresenta como “100% brasileiro que atua no ramo supermercadista, com a rede Zaffari e Bourbon Hipermercados, e de shopping centers, com a divisão Bourbon” está “enquadrado” entre os doadores “legítimos” que o PSOL considera como capitalistas de “bom coração”, não importando que “De domingo a domingo os trabalhadores da limpeza, caixas e empacotadores são em sua maioria mulheres negras com relações precarizadas de trabalho. Além disso, utilizam de uma legislação injusta (jovem aprendiz) para empregar milhares de jovens com menos de 18 anos pagando menos de um salário mínimo” como balbucia o PSTU em sua “denuncia” sobre o financiamento da campanha a governador da FE no RS. Diante desta clara ruptura de classe que compromete a independência política e material da coligação “puro sangue” com o MES o PSTU irá romper com o PSOL?

Desde já respondemos que não! E o próprio PSTU já confirmou o que afirmamos no artigo em que “denuncia” o PSOL-RS, mostrando que sua “delimitação” é só para consumo interno sem qualquer consequência eleitoral, da mesma forma quando o PSOL celebrou em 2012 aliança com o PCdoB em Belém e o PSTU aceitou a “suruba eleitoral” a fim de eleger um vereador na capital do Pará. Vejamos agora o que nos diz a direção morenista gaúcha: “O PSTU não aceita recursos de empresas porque queremos manter nosso compromisso com os trabalhadores e a nossa independência em relação aos patrões. Só assim a campanha eleitoral da esquerda socialista poderá cumprir a sua tarefa de contribuir para o avanço da luta da nossa classe para acabar com toda forma de exploração e opressão dos trabalhadores e trabalhadoras”. É mesmo... verdade tchê!? Ocorre que o financiamento do grupo Zaffari é para a campanha de Robaina, o candidato a governador do PSTU no RS! Seus adesivos, santinhos, comícios... serão financiados com este dinheiro e de outras corporações capitalistas que “doarão” para a campanha que o PSOL faz em conjunto com o PSTU! E não adianta o PSTU alegar que sua campanha será “independente” da do PSOL porque todo militante sabe que as coisas não funcionam assim, o “caixa” serve para financiar o conjunto dos candidatos, até porque Júlio Flores é o candidato ao senado da FE!!! Em resumo, o PSTU finge mais uma vez discordar da decisão do PSOL, mas de fato, aceita a política burguesa do MES!

O fato do PSTU aceitar o financiamento da FE no RS por capitalistas reafirma que esta aliança só não ocorreu no âmbito da chapa nacional para Presidência da República porque o PSOL não aceitou abrir a coligação de deputado federal no Rio de Janeiro para o PSTU indicar Cyro Garcia na aliança. Diante deste fato consumado, o PSTU foi forçado a “responder” mantendo a candidatura de Zé Maria a presidente! O mais escandaloso neste “acordo entre amigos” é o fato do PSTU ter passado toda a pré-campanha eleitoral afirmando que seu grande “diferencial” em relação ao PSOL seria sua rejeição ao financiamento de empresas capitalistas para a “esquerda”. Lembremos que a FE no RS tem como candidato ao Senado Júlio Flores, do PSTU. Vejamos o que ele afirmava em 2008 no artigo que assinava intitulado “Candidatura de Luciana Genro recebe dinheiro da Gerdau” (sítio PSTU, 26/08/2008): “O MES defende o financiamento da Gerdau. A executiva municipal é dirigida pela corrente Movimento Esquerda Socialista (MES), tendência a qual pertence Luciana. Os militantes do MES argumentam que se trata de um financiamento legal, como se isso resolvesse o problema. O apoio dos banqueiros ao PT e ao PSDB também é legal e sempre foi denunciado. O MES também diz que se pode conseguir dinheiro da burguesia desde que se mantenha a independência política. Essa corrente repete, dessa forma, a trajetória da direção do PT, que dava exatamente a mesma resposta a seus críticos. É inevitável a relação entre dependência financeira e dependência política. A burguesia não joga dinheiro fora. Pouco a pouco, para manter as contribuições, o programa vai sendo moderado e são evitadas decisões que se choquem com os financiadores. Isso está fartamente demonstrado pela história do PT. O MES já tinha demonstrado ter deixado de lado a independência de classe para fazer uma campanha em aliança com setores da burguesia. Por isso, decidiu fazer em Porto Alegre a aliança com o PV, um partido da base de apoio do governo Lula, que na maior parte do país está coligado com a direita tradicional ou com o PT”. Seis anos se passaram... e agora é o PSTU que se coliga com o MES e juntos vão receber a grana do grupo Gerdau! A defesa da suposta “independência política diante da burguesia” foi jogada na lata do lixo porque se os morenistas realmente rejeitassem por princípio programático o “apoio financeiro” de empresas capitalistas, jamais aceitariam a aliança eleitoral com o MES, que mantém a mesma posição de 2008. Empresas “nacionais” como o Grupo Zaffari, a fábrica de armas Taurus, a montadora de ônibus Marcopolo e do grupo de siderurgia que leva o seu nome do seu dono Gerdau... pode! Assim como a Vale, CSN, Embraer... sendo que agora o PSTU, integrante da FE gaúcha, também faz parte desta “boquinha” burguesa!!!

No “campeonato eleitoral” dos revisionistas, o que importa afinal são os “resultados”, ou seja, os parlamentares eleitos, o programa passa a ser uma mera formalidade. Por isso subordinam todas as lutas sindicais que dirigem para o campo dos “dividendos” eleitorais, além de utilizarem os melhores ativistas sociais e as categorias em luta como “comitês de campanha” de suas “candidaturas prioritárias”. Os Marxistas Revolucionários entendem a importância do estabelecimento de frentes e alianças no interior do campo da esquerda, focadas na organização do proletariado para impulsionar seu combate de classe. Esta política nada tem a ver com formação de frentes eleitoreiras com partidos da ordem capitalista como propõe o PSTU. Coligar-se eleitoralmente em nome da “luta socialista” com uma quadrilha política chefiada por Robaina e Luciana representa uma enorme fraude política, um verdadeiro embuste distracionista para mascarar sua completa adaptação ao regime da democracia dos ricos. Por esta razão, a LBI concentra nossos modestos esforços militantes na convocação de uma frente de esquerda de outro tipo, comunista e revolucionária, com o objetivo centrado na denúncia radical da farsa eleitoral destas eleições e no boicote ativo a democracia dos ricos.