“Frente de Esquerda” já
recebeu dinheiro das corporações capitalistas para campanha a governador no RS! PSTU irá
romper com o PSOL/MES de Robaina e Luciana?
Em tom de falsa
surpresa, o PSTU acaba de “denunciar” que, segundo dados do TSE, em julho deste
ano o “PSOL-RS recebeu R$ 50 mil do Grupo Zaffari” (sítio PSTU, 09/08), a maior
rede de supermercados do Rio Grande do Sul. Foi mesmo... verdade tchê!? Fingindo
desapontamento, os morenistas declararam: “As eleições começaram e o PSOL
recebeu R$ 50 mil do Grupo Zaffari. Esse valor financia diretamente a campanha
à presidência de Luciana Genro (R$ 15.000,00) e a campanha a governador de
Roberto Robaina no Rio Grande do Sul (R$ 30.000,00)” (Idem). Grande novidade!
De forma singela, o PSTU questiona diplomaticamente seus aliados: “O PT começou
aceitando dinheiro da burguesia e com o tempo foi se adaptando e mudando o
discurso até mudar de lado. A direção do PSOL sabe disso, pois rompeu com o PT
com essa denúncia. Porque então pedem e aceitam financiamento dos patrões? Sem
independência política e financeira vão construir outro PT. É isso que querem?”
(Ibdem), continua em tom de cínica indignação! Ocorre que o PSTU obviamente já
sabia que as contribuições de empresários iriam ocorrer, até porque Luciana
Genro havia afirmado com antecedência que o MES aceitaria “doações” dos grupos
capitalistas desde que não “ferisse o estatuto do PSOL”. Mesmo sabendo disso, o
PSTU coligou-se no RS com o MÊS, cujo dirigente máximo é o candidato a
governador da “Frente de Esquerda” (Roberto Robaina) e indicou o candidato ao
Senado (Júlio Flores), ou seja, a campanha da FE é financiada pelo Grupo
Zaffari!!! Lembremos que quando questionada em entrevista a Folha de São Paulo
há mais de dois meses (24/06) “Se uma empresa fizer uma doação?” Luciana
respondeu: “Se uma empresa quiser fazer uma doação nós vamos avaliar na nossa
coordenação de campanha. Desde que não se enquadre nas proibições do nosso
estatuto, que são empreiteiras, bancos e multinacionais”. Em resumo, o MES
anunciou previamente para seus parceiros do PSTU que adotaria o mesmo critério
que fez a executiva municipal do PSOL-RS autorizar em 2008 a “doação” da
Gerdau! Como o grupo Zafarri se apresenta como “100% brasileiro que atua no
ramo supermercadista, com a rede Zaffari e Bourbon Hipermercados, e de shopping
centers, com a divisão Bourbon” está “enquadrado” entre os doadores “legítimos”
que o PSOL considera como capitalistas de “bom coração”, não importando que “De
domingo a domingo os trabalhadores da limpeza, caixas e empacotadores são em
sua maioria mulheres negras com relações precarizadas de trabalho. Além disso,
utilizam de uma legislação injusta (jovem aprendiz) para empregar milhares de
jovens com menos de 18 anos pagando menos de um salário mínimo” como balbucia o
PSTU em sua “denuncia” sobre o financiamento da campanha a governador da FE no
RS. Diante desta clara ruptura de classe que compromete a independência
política e material da coligação “puro sangue” com o MES o PSTU irá romper com
o PSOL?
Desde já respondemos que
não! E o próprio PSTU já confirmou o que afirmamos no artigo em que “denuncia”
o PSOL-RS, mostrando que sua “delimitação” é só para consumo interno sem
qualquer consequência eleitoral, da mesma forma quando o PSOL celebrou em 2012
aliança com o PCdoB em Belém e o PSTU aceitou a “suruba eleitoral” a fim de
eleger um vereador na capital do Pará. Vejamos agora o que nos diz a direção
morenista gaúcha: “O PSTU não aceita recursos de empresas porque queremos
manter nosso compromisso com os trabalhadores e a nossa independência em
relação aos patrões. Só assim a campanha eleitoral da esquerda socialista
poderá cumprir a sua tarefa de contribuir para o avanço da luta da nossa classe
para acabar com toda forma de exploração e opressão dos trabalhadores e
trabalhadoras”. É mesmo... verdade tchê!? Ocorre que o financiamento do grupo
Zaffari é para a campanha de Robaina, o candidato a governador do PSTU no RS!
Seus adesivos, santinhos, comícios... serão financiados com este dinheiro e de
outras corporações capitalistas que “doarão” para a campanha que o PSOL faz em conjunto com
o PSTU! E não adianta o PSTU alegar que sua campanha será “independente” da do
PSOL porque todo militante sabe que as coisas não funcionam assim, o “caixa”
serve para financiar o conjunto dos candidatos, até porque Júlio Flores é o
candidato ao senado da FE!!! Em resumo, o PSTU finge mais uma vez discordar da
decisão do PSOL, mas de fato, aceita a política burguesa do MES!
O fato do PSTU aceitar o
financiamento da FE no RS por capitalistas reafirma que esta aliança só não
ocorreu no âmbito da chapa nacional para Presidência da República porque o PSOL
não aceitou abrir a coligação de deputado federal no Rio de Janeiro para o PSTU
indicar Cyro Garcia na aliança. Diante deste fato consumado, o PSTU foi forçado
a “responder” mantendo a candidatura de Zé Maria a presidente! O mais
escandaloso neste “acordo entre amigos” é o fato do PSTU ter passado toda a pré-campanha
eleitoral afirmando que seu grande “diferencial” em relação ao PSOL seria sua
rejeição ao financiamento de empresas capitalistas para a “esquerda”. Lembremos
que a FE no RS tem como candidato ao Senado Júlio Flores, do PSTU. Vejamos o
que ele afirmava em 2008 no artigo que assinava intitulado “Candidatura de
Luciana Genro recebe dinheiro da Gerdau” (sítio PSTU, 26/08/2008): “O MES
defende o financiamento da Gerdau. A executiva municipal é dirigida pela
corrente Movimento Esquerda Socialista (MES), tendência a qual pertence
Luciana. Os militantes do MES argumentam que se trata de um financiamento
legal, como se isso resolvesse o problema. O apoio dos banqueiros ao PT e ao
PSDB também é legal e sempre foi denunciado. O MES também diz que se pode conseguir
dinheiro da burguesia desde que se mantenha a independência política. Essa
corrente repete, dessa forma, a trajetória da direção do PT, que dava
exatamente a mesma resposta a seus críticos. É inevitável a relação entre
dependência financeira e dependência política. A burguesia não joga dinheiro
fora. Pouco a pouco, para manter as contribuições, o programa vai sendo
moderado e são evitadas decisões que se choquem com os financiadores. Isso está
fartamente demonstrado pela história do PT. O MES já tinha demonstrado ter
deixado de lado a independência de classe para fazer uma campanha em aliança
com setores da burguesia. Por isso, decidiu fazer em Porto Alegre a aliança com
o PV, um partido da base de apoio do governo Lula, que na maior parte do país
está coligado com a direita tradicional ou com o PT”. Seis anos se passaram...
e agora é o PSTU que se coliga com o MES e juntos vão receber a grana do grupo
Gerdau! A defesa da suposta “independência política diante da burguesia” foi
jogada na lata do lixo porque se os morenistas realmente rejeitassem por
princípio programático o “apoio financeiro” de empresas capitalistas, jamais
aceitariam a aliança eleitoral com o MES, que mantém a mesma posição de 2008.
Empresas “nacionais” como o Grupo Zaffari, a fábrica de armas Taurus, a
montadora de ônibus Marcopolo e do grupo de siderurgia que leva o seu nome do
seu dono Gerdau... pode! Assim como a Vale, CSN, Embraer... sendo que agora o
PSTU, integrante da FE gaúcha, também faz parte desta “boquinha” burguesa!!!
No “campeonato
eleitoral” dos revisionistas, o que importa afinal são os “resultados”, ou
seja, os parlamentares eleitos, o programa passa a ser uma mera formalidade.
Por isso subordinam todas as lutas sindicais que dirigem para o campo dos
“dividendos” eleitorais, além de utilizarem os melhores ativistas sociais e as
categorias em luta como “comitês de campanha” de suas “candidaturas
prioritárias”. Os Marxistas Revolucionários entendem a importância do
estabelecimento de frentes e alianças no interior do campo da esquerda, focadas
na organização do proletariado para impulsionar seu combate de classe. Esta
política nada tem a ver com formação de frentes eleitoreiras com partidos da
ordem capitalista como propõe o PSTU. Coligar-se eleitoralmente em nome da “luta
socialista” com uma quadrilha política chefiada por Robaina e Luciana
representa uma enorme fraude política, um verdadeiro embuste distracionista
para mascarar sua completa adaptação ao regime da democracia dos ricos. Por
esta razão, a LBI concentra nossos modestos esforços militantes na convocação
de uma frente de esquerda de outro tipo, comunista e revolucionária, com o
objetivo centrado na denúncia radical da farsa eleitoral destas eleições e no
boicote ativo a democracia dos ricos.