Dia 30/09: Todos bancários em greve para derrotar os
banqueiros e impor conquistas ao governo Dilma! Nossa luta não é palco para o
circo eleitoral, nenhuma ilusão nas três candidaturas burguesas siamesas (PT,
PSB, PSDB) e tampouco nos reformistas de plantão (PSOL, PSTU, PCB, PCO)!
A burocracia sindical da CUT/CTB presenteou os banqueiros e
o governo Dilma com uma pauta rebaixada de reivindicações, cujo carro-chefe é
um reajuste miserável de 12,5% (inflação mais 5% de “aumento real”). Diante da
esmola oferecida pela Fenaban, na última rodada de negociação, dia 19/09,
quando os banqueiros propuseram 7% de reajuste salarial, apenas 0,61% de
“aumento real”, enquanto a inflação foi de 6,35% (INPC), e 7,5% para reajustar
piso da categoria, representando um “aumento real ”de 1,08%, a CONTRAF
fingiu-se de indignada e foi obrigada a convocar para o dia 30/09, a greve
nacional dos bancários. Tal proposta é uma provocação diante da enorme
lucratividade do capital financeiro que, só no primeiro semestre desse ano, os
cinco maiores bancos do país (BB, Itaú, Bradesco, Santander, Caixa) lucraram R$
28,3 bilhões, crescimento de 16,5% em comparação ao mesmo período do ano
passado. Todo esse incremento é fruto da enorme exploração por que passam os
bancários (demissões, extrapolação da jornada de trabalho, terceirizações,
aumento de correspondentes bancários, assédio moral, metas estratosféricas,
privatizações etc.) e a população (filas, cobrança de altas tarifas e taxas,
venda casada, etc.), além, é claro, da própria política econômica do governo
Dilma que favorece os rentistas, demonstrando que sua propaganda na TV
apresentando só Marina Silva como aliada dos banqueiros é uma farsa própria da
demagogia do circo eleitoral da democracia dos ricos.
A campanha salarial dos bancários acontece em plena disputa eleitoral
para presidente, num momento de muita polarização política no país. A
Contraf-CUT, inclusive, já aprovou apoio à reeleição de Dilma, arrastou a greve
nacional para as vésperas do primeiro turno das eleições e, certamente, vai
utilizar-se dessa paralisação, manobrando com a insatisfação dos bancários,
para obter dividendos eleitorais para sua candidata. Tentará vincular os
banqueiros e sua intransigência, particularmente o Itaú de Roberto e Neca
Setúbal, à candidatura de Marina (PSB). Seu objetivo é desgastar a postulante
do PSB em favor de Dilma. Cinicamente, as direções sindicais governistas
encobrem que a “gerentona” Dilma é aliada dos rentistas e seu governo garantiu
ganhos bilionários aos tubarões da Fenaban. Afinal, o Banco Central é controlado
de fato há várias décadas por tecnocratas do mercado financeiro (como Henrique
Meirelles), mas que formalmente prestam alguma obediência ao presidente da
república. Seria ingênuo pensar que, sob os governos do PT, o BC não esteve sob
o comando do capital financeiro, é só o olhar a monopolização do setor e o
tremendo crescimento dos lucros dos bancos na última década. Agora os rentistas
querem “dobrar a aposta”, seguindo a forte liderança de Roberto Setúbal (Itaú)
pretendem “eleger” não só o presidente do BC, mas também o gerente geral do
Estado burguês. Marina Silva é apenas uma “ponte” para obter este objetivo
histórico. Como se observa, é o “sujo falando do mal-lavado”, não por acaso,
também, essa mesma burocracia esconde o governo Dilma, patrão dos bancos
públicos, vale-se da Fenaban, através da farsa da “mesa única”, para desobrigar-se
de propor uma política salarial que reponha as perdas históricas da categoria.
O PT fez seu “milagre econômico” ao inserir milhões de novos
consumidores no mercado, cooptou os movimentos sociais para amortecer a luta de
classes, criando uma relativa “mobilidade social” de camadas mais baixas da
população. Mas também foi sua própria política burguesa de aliança com as
oligarquias reacionárias (PMDB, PR, PROS) que levou a desmoralização do
movimento de massas com recorrentes derrotas em suas lutas e a criminalização
das lutas sociais. Apesar disso, o MOB não se soma ao coro reacionário desta
“esquerda” contra o governo do PT para abrir caminho para a reação burguesa
representada por Marina e Aécio. Esta aliança para combater o PT (que vai da
direita à esquerda), em torno de Marina, expressa o desenvolvimento de
tendências fascistizantes do regime. Marina surge no cenário para por fim ao
ciclo histórico de limitadas “compensações sociais”, levadas a cabo por Lula e
Dilma.
A Tendência Revolucionária Sindical (TRS), impulsionada pelo
MOB, defende uma política de enfrentamento da luta direta dos trabalhadores com
o regime político da democracia dos ricos, explicando pacientemente que Dilma (PT),
Marina (PSB) e Aécio (PSDB) são lados diferentes da mesma moeda de espoliação
capitalista, enquanto a “oposição de esquerda” (PSOL-PSTU-PCB) é incapaz de
apresentar uma alternativa revolucionária ao domínio do capital porque está
completamente domesticada à institucionalidade do regime, alimentando ilusões
numa suposta “moralização ética” da gestão patronal do Estado e do Parlamento.
Nesse sentido, devemos impedir que a camarilha sindical “chapa branca” e da
Frente de Esquerda, cada uma a seu modo, transformem a campanha salarial em
palcos ou palanques eleitorais para seus candidatos. É tarefa dos setores
classistas e combativos ligar estas lutas à disputa eleitoral burguesa,
chamando o VOTO NULO no circo eleitoral da elite dominante e construir comitês
ativos para levar a frente esta tarefa, pois partimos da caracterização de que
nenhuma das candidaturas representa os interesses dos trabalhadores.
Se depender deles, os bancários amargarão nova derrota e
seguirão divididos em assembleias separadas por banco, negociações específicas
com pautas rebaixadas, além de substituírem a luta pela reposição das perdas
salariais e aumento real por abonos e PLRs insignificantes, e submeterem a
disposição de luta dos bancários às imposições da justiça patronal. Os
trabalhadores querem unidade para a luta, mas não para fazer pacto social, não
para servir aos objetivos da burguesia que os pelegos representam. Portanto, é
preciso organizar e mobilizar os bancários, a partir de um trabalho de base
consistente que aponte na direção de uma orientação de completa independência
política dos trabalhadores, capaz de descolá-los da nociva influência dos
setores governistas e sua política de paralisia e conciliação de classes. Todos
à greve neste dia 30/09!