PSTU não rompe com o PSOL em Alagoas mesmo após a “Marineira”
Heloísa Helena celebrar acordo com o Tucanato
Depois de Heloísa Helena anunciar publicamente que apoiaria
Marina Silva para Presidente da República (já tinha estabelecido acordo
anterior com o próprio Eduardo Campos) e agora aparecer sorrindo e abraçada em
fotos junto com o candidato a governador do PSDB em Alagoas, Júlio César,
retribuindo o apoio de ambos a sua postulação ao Senado, o PSTU foi forçado a
declarar que: “Nos retiramos da campanha de Heloísa Helena para o Senado até
que ela reveja estas posições e desfaça estes acordos com o PSDB. De outra
forma, não faremos mais campanha para sua candidatura ao Senado, porque estas
alianças rompem o acordo que fizemos na Frente de Esquerda. O PSTU seguirá
construindo a candidatura de Mário Agra neste momento. Seguiremos na Frente de
Esquerda e respeitando suas definições: Heloísa Helena e o PSOL farão o mesmo?”
(Posição do PSTU sobre os acordos de Heloísa Helena com o PSDB em Alagoas/Maceió,
30 de agosto de 2014). Em tom de falsa surpresa, o PSTU reclama ainda que
Heloísa (que integra o REDE): “Está rompendo com a Frente de Esquerda e com
tudo aquilo que serviu de base para a sua construção. Abraça os setores
reacionários do estado em nome de um projeto particular, abandonando um projeto
coletivo extremamente importante para Alagoas. Abre mão da independência
política tão cara à Frente. Heloísa rompe até mesmo com definições
estabelecidas dentro de seu próprio partido. Quem será seu candidato a
governador? Júlio César (PSDB) ou Mário Agra (PSOL)? Em quem votará para
presidente? Em Luciana Genro (Psol) ou em Marina Silva (PSB)?” (Idem). Tais
dúvidas e questionamentos do PSTU visam encobrir uma realidade que já estava
clara desde o início da campanha eleitoral, quando o PSTU decidiu, mesmo
sabendo desta “suruba eleitoral”, se coligar com o REDE/PSOL em Alagoas abrindo
na época um palanque para Eduardo&Marina. Não foi Heloísa que “rompeu o
programa da Frente de Esquerda”, mas o PSTU que conscientemente embarcou em uma
frente que estava negociando com os políticos burgueses de Alagoas ligados ao
PSDB, PSB e PP o apoio destes a Heloísa na disputa com Collor de Melo para a
vaga ao Senado. Quanto ao apoio a Marina não há qualquer surpresa, já que
Heloísa é dirigente do REDE e permanece no PSOL justamente para fazer esta
“ponte” durante a campanha eleitoral, agora consolidada plenamente. Como
Eduardo Campos foi “abatido em pleno voo” para abrir as asas da candidatura de
Marina (preferida do capital financeiro e do imperialismo ianque), nada mais
normal que Heloísa se engajar com tudo na campanha de sua amiga e companheira
eco-capitalista de partido, como ela disse em entrevista à Revista Época: “O
que mais quero é estar com Marina”! Afora as canalhices próprias desta falsa
vestal de Alagoas (amplamente conhecidas desde sua candidatura presidencial em
2006), os verdadeiros embusteiros são os dirigentes do PSTU que fingem surpresa,
mas sequer rompem a coligação com o PSOL de Alagoas, mantendo de fato a
campanha de seu candidato a governador e com a própria Heloísa, tanto que
compartilham horários eleitorais comuns e comitês para pedir votos para a
coligação. Lembremos que em Belém o PSTU fez o mesmo e chegou a anunciar que
havia “rompido com a Frente de Esquerda” encabeçada por Edmilson Rodrigues em
2012 por ter recebido apoio de Lula, Dilma e de Marina, quando de fato manteve-se
na coligação e com os votos do PSOL na coligação proporcional elegeu seu
candidato a vereador na capital paraense! Como se observa, o anúncio do PSTU de
que se “retira da campanha de Heloísa Helena até que ela reveja suas posições”
não passa de mais uma manobra para consumo interno de sua militância, enquanto
mantêm suas alianças com o PSOL. Igualmente ocorreu agora no Rio Grande do Sul
apesar de Luciana Genro e Roberto Robaina (MES) receberem dinheiro dos
capitalistas para a campanha da FE gaúcha! Como se vê, estamos diante de mais
uma fraude política montada pelo morenismo para se demonstrar “principista” aos
olhos de sua militância e para enganar tolos!
Como alertamos anteriormente, caiu por completo a máscara do
PSTU que afirmava utilizar as eleições burguesas para publicitar um programa
“socialista” em oposição aos acordos e coligações com os partidos das classes
dominantes. Em Alagoas, sem o menor constrangimento, o PSTU firmou uma
coligação para disputar o governo e a vaga ao Senado com o PSOL/REDE,
representado na figura da vereadora Heloísa Helena e Mário Agra, dirigentes da
REDE e apologistas incondicionais da candidatura de Marina Silva no interior do
PSB. Heloísa Helena e seu grupo político em nível nacional, que também agrupa
os nomes de Martiniano Cavalcante e Elias Vaz envolvidos com o “bicheiro”
Carlos Cachoeira, haviam rompido com o PSOL e se filiado ao REDE/PSOL no ano
passado. Como o novo partido da eco-capitalista não conseguiu o registro
eleitoral, graças a uma manobra do TSE para beneficiar a candidatura do PT ao
Planalto, os militantes do REDE se “espalharam” em vários partidos, enquanto
Marina ingressa no PSB para ser a vice na chapa presidencial de Eduardo Campos.
A ex-senadora permaneceu no PSOL alagoano para concorrer a uma cadeira no
parlamento, porém declarou estar engajada na empreitada de sua ex-companheira
do PT, como todos podem aferir em suas publicações políticas. O PSTU já vinha
defendendo desde 2013 uma aliança eleitoral mais ampla, simpático a uma
possível “filiação democrática” de Marina nas fileiras do PSOL, o que
garantiria a eleição de uma espetacular bancada no Congresso Nacional.
Obviamente, Marina optou por filiar-se a um partido burguês com ampla estrutura
nacional, o PSB. Mas a ex-ministra do governo Lula orientou que seus apoiadores
permanecessem em seus partidos de origem, incluindo legendas que vão do PDT,
PV, PROS e até o PSOL, além é claro do próprio PSB. Esta é a situação eleitoral
de Alagoas, onde uma franja larga de partidos está engajada na campanha para
Heloísa retornar ao senado, em um confronto direto com o ex-presidente Collor
de Melo. Nesta polarização onde Collor e Renan são fiéis cabos eleitorais de
Dilma, Heloísa galvaniza politicamente o apoio a Marina, já que o PSDB no
estado “naufragou” com a falência do governo Teotônio, abrindo mão da disputa
para emplacar o nome Aécio Neves. Até aí nenhuma grande surpresa, Alagoas
apenas reproduz o que os políticos burgueses apelidaram de “suruba eleitoral”,
o “fato novo” mesmo foi o PSTU, que bastardamente reivindica o “classismo e as
lutas” integrar diretamente o “chapão” burguês de Heloísa, indicando o cargo de
vice governador na companhia do “cabeça” Mário Agra, que formalmente diz que
votará em Luciana “Gerdau”, enquanto sua colega de chapa, a reacionária Heloísa
(dirigente da cruzada antiaborto), jura “amor eterno” à neoliberal Marina
Silva. Os Morenistas do PSTU como “bons” oportunistas, sem o menor princípio de
classe, não conseguem passar no teste mais elementar da luta de classes: A
cretina sedução do parlamento da burguesia!
Vamos reproduzir as declarações da própria Heloísa Helena e
depois do PSTU para que o debate fique ainda mais claro (e hilário!). Em
entrevista à revista Época (29/08), a candidata a senadora pelo REDE/PSOL foi
questionada: “Como a senhora vê a candidatura de sua amiga Marina Silva à
Presidência da República?” e respondeu: “O Brasil merece Marina como presidente
da República. Ela é competente, estudiosa, disciplinada e firme. As pessoas
duvidam da firmeza dela. Eu não. Ela está comprometida com o Brasil. E Marina
merece a oportunidade, principalmente depois de todas as tormentas que
enfrentou”. Demonstrando claramente que sua posição já era fruto de um acordo
prévio com a direção nacional do PSOL (Ivan/US e MES), portanto não temendo ser
“punida”, em resposta a pergunta: “A senhora vai pedir votos para Marina?”
Heloísa afirmou: “Eu tenho de conversar com as pessoas do meu partido. Todos
sabem quanto respeito a Luciana Genro (candidata à Presidência pelo PSOL), a
mais importante representante da esquerda socialista, mas o que mais quero é
estar envolvida com a candidatura de Marina”. Lembremos que em 2010 Luciana
Genro defendeu que o PSOL apoiasse Marina para presidente: “Foi correta a
decisão da executiva do PSOL de aprovar uma comissão para dialogar com Marina,
explorando a possibilidade de o PSOL apoiá-la. Ao mesmo tempo em que o partido
faz essa aproximação, temos que fazer o debate. É bom ou ruim para o PSOL
apoiar Marina? Eu estou convencida que não temos outra alternativa se não
quisermos cair no isolamento e perder grande parte do capital político que
acumulamos nos últimos anos... Temos que enfrentar esse momento com o menor
prejuízo possível para nossa estratégia. Agora imaginem se lançarmos um outro
candidato qualquer, ou se apoiarmos o Zé Maria, já lançado pelo PSTU. Com quem
vamos falar? Certamente não será com os 7 milhões que votaram em Heloísa pois
estes migrarão em massa para a candidatura de Marina. Alguém tem dúvida disso?
Por tudo isso estou convicta de que o melhor para o PSOL é estar com Marina.
Ainda não tenho claro se isso será possível, pois para que possamos apoiá-la é
preciso que ela queira a nossa companhia, que ela abrace algumas de nossas
bandeiras” (Documento: Apoio a Marina em 2010: um passo atrás, dois passos à
frente, Luciana Genro, 2010, reproduzido no seu atual site de campanha). Mais
cômico é a “surpresa” dos morenistas. A nota do PSTU declara fingindo revolta:
“Em alguns estados o PSTU e o PSOL estabeleceram acordos que tornaram possível
a existência de uma unidade nas eleições e a conformação de Frentes de
Esquerda. Apesar das divergências, foi possível chegar a definições e critérios
estaduais que viabilizaram em determinados locais estas unidades. Estes acordos
estiveram centrados basicamente na garantia de independência de classe, ou
seja, sem nenhuma relação política com os partidos da direita e sem receber
nenhum apoio financeiro ou material dos empresários e poderosos. Em Alagoas ao
se constituir a Frente de Esquerda foi redigido um manifesto para apresentar
nossas principais ideias a sociedade e ao mesmo tempo tornar público os
compromissos firmados. Afirmamos categoricamente que nenhuma das alternativas
do empresariado do estado seria alternativa para mudar Alagoas: ‘Não existe uma
nova via para Alagoas tendo estas pessoas participando. Eles apresentam o mesmo
programa que sempre governou Alagoas, são todos exploradores da classe trabalhadora
alagoana e verdadeiros ‘experts’ em rapinar o estado”. Sério? Vocês “acreditaram”?
Em Alagoas e no RS o PSOL está cumprindo este “acordo”? Todos sabem e sabiam
antes de celebrarem a aliança que não, por esta razão o PSTU apesar de
formalmente reclamar da conduta de Heloísa e Robaina não rompe a FE nestes dois
estados!
Diante do comunicado do PSTU alguns grupúsculos
revisionistas dentro e fora do PSOL vão saudar a conduta da direção morenista
como um “avanço”, um passo importante! É para isto que servem esses papagaios e
satélites, sempre aptos a dar um verniz de “esquerda” à política de colaboração
de classes do PSTU, seja no terreno eleitoral seja na política internacional em
seu apoio à “revolução árabe” patrocinada pela OTAN. Aqueles que acreditam que
ao apoiarem “criticamente” o PSTU no primeiro turno estão ajudando os
morenistas a “expiar seus pecados”, na verdade acabam por encobrir a
escandalosa política desses senhores que hoje pouco se diferenciam do PSOL com
seu vale tudo eleitoral. De nossa parte, alertamos mais uma vez que os
militantes que ainda se opõem a essa política escandalosa da direção de seu
partido devem tirar as lições programáticas dessa vergonhosa integração do PSTU
ao regime da democracia dos ricos e não aceitar o ilusionismo de sua direção
que enquanto finge se opor às alianças burguesas mantém-se unida às
candidaturas do PSOL que recebem financiamento dos grandes grupos capitalistas
e de políticos burgueses reacionários!
Nós da LBI somos bem francos e “ácidos” na “leitura”
política do atual mapa eleitoral surgido no país para este ano. Não existe
nenhuma alternativa classista e revolucionária para os trabalhadores no marco
das candidaturas já postas pelos partidos que se reivindicam da “esquerda
socialista”. O PCB e PSTU são apêndices do PSOL, apesar de ambos contarem com
candidaturas majoritárias à presidência da república, os acordos estaduais
realizados sob a absoluta hegemonia programática do “maior partido” e, não por
coincidência, o único com representação parlamentar no Congresso, comprovam o
que afirmamos. O PCO “barrado na festa” eleitoral do revisionismo significa
apenas a versão política liliputiana do Morenismo. Na ausência de uma
perspectiva operária e revolucionária para as próximas eleições não
dissimularemos nossa posição na defesa do Boicote Eleitoral Ativo, combinando
esta tarefa com a consigna da necessidade da construção do partido Leninista,
demarcando desta forma com todas as variantes anarquistas e despolitizadas
(antipartido) que estão no campo do Voto Nulo.
Leia o artigo de Luciana Genro em apoio à candidatura de
Marina Silva em 2010: