terça-feira, 30 de setembro de 2014



Brasil sob ataque especulativo: Dilma “paga” por sua reeleição aos rentistas, derrubando a cotação do Real e transferindo as reservas cambiais do país para Wall Street

Dilma e o PT resolveram mesmo “escancarar” o caixa estatal para assegurar mais um mandato para o partido, e não estamos falando de um mega escândalo de corrupção em alguma estatal ou mesmo dos gastos bilhardários de campanha eleitoral. A questão em jogo está relacionada ao centro estratégico da disputa pelo botim, ou seja, a política monetária do governo e suas reservas cambiais. Em plena reta final da campanha eleitoral o Dólar dispara alcançando a maior marca dos últimos seis anos, quando em dezembro de 2008 atravessávamos a maior turbulência financeira mundial do século. Somente no mês de setembro a valorização da moeda ianque atingiu o patamar de 9,33%, isto quando a meta inflacionária oficial para todo o ano de 2014 não ultrapassa a casa de 6,5%. Com um Dólar cotado a cerca de 2,5 de Real o governo Dilma foi “obrigado” pelos rentistas internacionais a “queimar” quase 9 bilhões de Dólares (escalonados nos meses de setembro, outubro e novembro) no mercado de leilão das chamadas “swaps” cambiais. Registre-se o fato de que desde de 2011 (quando o país sofreu o último ataque especulativo) BC não interferia no mercado de câmbio. O movimento está perfeitamente sincronizado, cada vez que Dilma sobe nas pesquisas o Dólar dispara e o BC vende a moeda ianque de nossas reservas a preço de banana no cassino financeiro. É exatamente a forma encontrada pelo PT para agradecer aos agiotas do mercado o fato de começarem a abandonar o barco eleitoral de Marina Silva. Mas a questão não se resume a “queimar” as reservas cambiais do país em troca da reeleição de Dilma, ao derrubar a cotação do Real o governo alimenta diretamente a escalada inflacionária, já que a maioria dos insumos industriais (inclusive os combustíveis e gás natural) são cotados em Dólar, também forçando no bojo do descontrole cambial a elevação da taxa de juros. Na mesma tacada (ataque especulativo) os rentistas ganham com a “transferência” de Dólares e com a supervalorização dos títulos públicos em suas mãos. Ainda por cima as medidas neoliberais do governo atendem a demanda do agronegócio, sedento pela desvalorização do Real para se tornar mais competitivo no mercado mundial. Quando a Frente Popular trava um debate cretino com o PSB sobre a independência ou não do Banco Central, aferimos na prática que são mesmos os grandes rentistas que controlam de fato a autarquia estatal. Porém o mais “incrível” é que a chamada “blogosfera” progressista assiste calada a “doação” de quase dez bilhões de Dólares aos parasitas do mercado, tudo por conta de um fiasco eleitoral de Marina, aparentemente “traída” pelos banqueiros e a mídia corporativa que agora passaram a apostar na candidatura “pré derrotada” do Tucano Aécio Neves. No mesmo compasso do “espetáculo” enquanto o Dólar sobe as bolsas caem, sinalizando uma possível vitória de Dilma ainda no primeiro turno, para este “mal” do mercado o PT também tem um eficiente "remédio": anunciar um novo ministro da Fazenda não mais comprometido com tanta “interferência” estatal....Para assegurar a quarta gerência petista consecutiva o “mercado” vai ganhar de Dilma não só as rédeas do Banco Central, mas também toda sua equipe econômica! 


O apoio integral recebido por Marina do banco ITAÚ por parte da família Setúbal a credenciou em todo setor financeiro mas por si só não foi suficiente para deter a forte iniciativa do PT junto a outros oligopólios do cassino. A entrada em cena do Bradesco, outro gigante do setor, a favor de Dilma após um breve período de hesitação, parece ter repercutido no conjunto da burguesia nacional. A forte divisão das classes dominantes nestas eleições beneficiou inicialmente Marina, que possuía o “coringa” da Casa Branca nesta disputa interburguesa. Porém o PT nunca esteve “morto” no jogo eleitoral e através da orientação direta de Lula decidiu ceder as “reivindicações” dos rentistas abrindo as reservas cambiais do país aos especuladores internacionais. Este “lance” (lesapátria) do PT no pôquer político da luta pelo Planalto, acabou por comprometer gravemente as chances da candidata preferencial do imperialismo ianque.


Para justificar a elevação abrupta do Dólar em relação ao Real, a equipe econômica palaciana logo levantou a “tese” dos fatores internacionais ou mais especificamente a “vontade” do FED em elevar as taxas de juros nos EUA. A verdade é que na mesma semana em que o Real despencava frente a moeda norte-americana, a moeda japonesa o Iene (uma das mais frágeis em relação ao Dólar) subia sua cotação, o mesmo fenômeno ocorreu com o Euro. As promessas do FED em retirar os “subsídios” financeiros para a economia ianque ainda estão longe de se concretizar pelo simples fato do mercado norte- americano se encontrar em plena estagnação, com sinais muito tênues de recuperação. O desemprego real nos EUA alcança a marca de cerca de 10% da classe trabalhadora, índice similar a uma economia capitalista periférica, as especulações sobre o fim dos subsídios por parte do FED servem muito mais a grandes especuladores com objetivo de “atacar” as reservas cambiais de países imperializados.

O governo Dilma cedeu a pressão dos rentistas e “liberou  o colchão” de dólares acumulados nos últimos dez anos com as exportações de commodities. Sabe-se muito bem que a etapa dos fartos superávites na balança comercial brasileira não existe mais, muito pelo contrário. O movimento financeiro do governo para assegurar a reeleição de Dilma é suicida em perspectiva histórica, se hoje “decapitaram” Marina (solapando seus apoios do mercado financeiro) amanhã podem enfrentar uma situação de profunda crise econômica no país, comprometendo assim a eleição de Lula em 2018. Para o movimento operário, atado até a medula pelo circo eleitoral das classes dominantes e seus capachos reformistas, é chegada a hora de irromper o cenário nacional com uma política revolucionária que coloque a ação direta das massas na rota frontal de choque com este regime da democracia dos ricos.