quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Os três picaretas do ex-PRC

Marina é orientada pela escória do antigo PRC na “tática” da vitimização para ocultar seus vínculos com o imperialismo

Muito tem se falado nos assessores políticos e econômicos da candidata Marina Silva. Nada mais natural para quem não tem um partido político com um mínimo de história e raízes sociais, como é o caso de sua abortada REDE. No cassino das apostas para descobrir os verdadeiros “gurus” de sua campanha e os padrinhos de seu programa de governo, a mídia tem indicado alguns nomes, que no geral também tem sido “marcados” pela blogosfera “chapa branca”. Figuras como a herdeira do grupo ITAÚ, Neca Setúbal, foi nominada equivocadamente como a “formuladora” da plataforma econômica de Marina (o mentor das “teses independentistas” para o BC é o seu irmão Roberto) ou mesmo ao neoliberal Eduardo Giannette é atribuída a mesma função. No campo político atribuiu-se ao ex-tucano Walter Feldman a primazia dos “conselhos”. Vez ou outra surge um pastor evangélico fundamentalista que também se arvora a condição de “mestre” político-espiritual da candidata ecolobista do imperialismo. Porém, a verdade é que o “projeto Marina” vem sendo desenhado desde 2009 por um núcleo de dirigentes do antigo PRC (Partido Revolucionário Comunista), integrado entre outros por Pedro Ivo Batista e Marcos Rolim. O “velho” PRC tem fornecido muitos quadros para gerência de “esquerda” do estado burguês desde de sua “quebra” política no final dos anos 80. Ao abdicarem da teoria Marxista-Leninista e se dissolver no PT na forma de duas correntes internas (Nova Esquerda e Tendência Marxista) os ex-dirigentes do PRC se notabilizaram no movimento de massas por introduzir sua tática oportunista de “camaleão”, sempre sinalizando um giro à “esquerda” quando na verdade mergulhavam a fundo em uma profunda inflexão à direita. Quadros políticos como Tarso Genro, Fernando Hadadd, Genoino Neto e Maria Luiza Fontenele (todos ex-PRC) entre outros são “experts” nesta manobra de aparentar uma rumo popular e marchar de braços abertos para a reação. Marina Silva é fruto político desta cepa de vigaristas que romperam com a revolução social e hoje conta em sua equipe com dois dos principais formuladores da estratégia de integração ao capital financeiro: Pedro Ivo e Marcos Rolim. O primeiro foi líder estudantil da tendência Caminhando e posteriormente dirigente nacional da CUT e o gaúcho Rolim chegou à Câmara dos Deputados após uma rápida passagem como secretário da prefeitura de Fortaleza. Lembro muito bem de uma acirrada disputa que travamos com o PRC no início da década de 80 pelo controle do DCE da UECE, na época militávamos na Convergência Socialista e Pedro Ivo era o candidato do PRC. Quando tudo parecia perdido para os oportunistas do PRC, que na época integravam o PMDB, surge nas salas de aula a esposa (Neusa) e a filha recém-nascida de Pedro, acusando nós os Trotsquistas de calúnia e infâmia contra a honra de sua família. Era a forma de escapar de um debate político e explicar à juventude porque o PRC apoiava Paes de Andrade e Mauro Benevides (políticos burgueses do PMDB) ao governo do estado. A cretina tática da vitimização do PRC quase nos custou a eleição do DCE, mas acabamos vencendo com a apertada margem de apenas um único voto. Anos depois tivemos contato com Marcos Rolim, o “grande teórico” do PRC que supostamente “fundamentou a morte” do Leninismo para dar base programática à fundação da “Nova Esquerda”, uma panaceia anticomunista produto da destruição contrarrevolucionária da URSS. O quilate de patifaria desta “associação” dos “ex-prcianos” faz de raposas da política burguesa, como o deputado petista José Guimarães, um mero infante da escola da pilantragem de “esquerda”. É esta a dupla de picaretas políticos, Pedro e Rolim, que na realidade “inspira” mais profundamente os pensamentos obscurantistas da ex-comunista e atual pentecostal Marina Silva.

Agora ao que tudo indica, a tática da vitimização produziu o efeito político esperado para Marina, ou seja, frear a reação eleitoral da candidata do PT, os “institutos” de pesquisa decidiram “equalizar” as três candidaturas burguesas com o objetivo de equilibrar a disputa para o segundo turno. Marina tem sua vaga assegurada mais pelos acordos que sua assessoria costurou muito bem com as corporações capitalistas do que propriamente com o apoio popular que recebeu. Os comícios urbanos do PSB, com a presença de Marina, não conseguem galvanizar nem pequenas multidões, muito distinto do “fenômeno Lula” de 89 ou mesmo de 2002. A pequena burguesia reacionária que apoia Marina não se dispõe sequer a “tirar a bunda da poltrona” e prestigiar sua nova ícone da “Nova Política”.

Não seria exagero algum estabelecer um paralelo histórico entre o Lacerdismo e o movimento pró-Marina, ambos com gênese política na esquerda comunista para depois transitarem “confortavelmente” nas hostes da extrema-direita. Carlos Lacerda foi um destacado dirigente da juventude comunista até se transformar no “corvo” das elites mais reacionárias do país, ocupando um papel de destaque no golpe militar que destitui o presidente João Goulart, depois ele próprio foi vítima da ação terrorista de seus amigos da CIA. Marina, guardadas as proporções de sua “pequenez”, cumpre hoje o mesmo papel de “agente” político das forças mais entreguistas contra o governo da Frente Popular. Seu “chororô” é bem planejado (articulado pelas víboras que foram os “comunistas” do PRC no passado recente) e tem como alvo atacar as conquistas sociais arrancadas com a luta renhida do movimento operário na última década.

O PT não é “inocente” neste tabuleiro político das ratazanas do regime capitalista. Seus governos aplicaram a cartilha neoliberal dos Tucanos, porém impulsionaram a covarde burguesia nacional a conquistar outros mercados, para além das fronteiras do “Novo México”. O movimento de massas sob a gerência estatal petista foi cooptado, firmando uma espécie de “pacto social” não declarado. Nestas condições foi estabelecida uma pequena “trégua” social, com algumas conquistas limitadas de “salário, crédito e emprego” para as camadas populares e que agora tanto Tucanos como Marineiros querem implodir. Combater a brutal ofensiva neoliberal que se avizinha, pelas mãos do PSB ou PT, é a tarefa central do proletariado brasileiro. A farsa destas eleições burguesas de cartas marcadas apenas pretende amortecer a reação das massas diante do quadro de decomposição social do modo de produção capitalista. Construir um verdadeiro Partido Revolucionário Marxista-Leninista , em tempos de cólera imperialista, será nosso objetivo estratégico no próximo período histórico.