Independência plena para o Banco Central e total dependência
do ITAÚ e seus “amigos” rentistas: Marina e seu governo dos cassinos
Não é mais propriamente uma novidade que Marina Silva
comparte uma profunda amizade com uma das herdeiras do grupo financeiro ITAÚ,
Neca Setúbal. Também não é nenhum segredo que Neca, além de financiar parte da
estrutura “Marineira”, pertence ao staff do REDE, como uma espécie de
“chefe de gabinete” da candidata eco-neoliberal. Porém, equivocadamente
muitos blogs ligados à Frente Popular tem apresentado a filha do finado
“Olavão”, ex-prefeito biônico da cidade de São Paulo (ARENA), como
uma das elaboradoras do programa de governo de Marina, um tipo particular de
“assessora intelectual” da campanha eleitoral do REDE. Se faz necessário
relembrar que apesar de Marina Silva representar um verdadeiro aríete político
do capital financeiro, a proposta de tornar o Banco Central independente das
diretrizes centrais do governo federal foi abraçada anteriormente pelo
“socialista” Eduardo Campos, assim como pelo Tucano Aécio Neves. Neca
nunca foi propriamente uma “intelectual” e para sermos bem franco
jamais foi capaz de “pensar” um programa de gestão estatal. Seu irmão
Roberto, presidente da holding ITAÚ, dedicou para Neca a função de uma “dama de companhia” de alto luxo para Marina já em 2009, na certeza de
impor ao embrionário “projeto Marina” a marca dos interesses do
capital financeiro. É Roberto Setúbal, e
não a “irmã boneca”, o real
quadro formulador econômico do programa de governo de Marina, desde 2010 quando
disputou o Planalto pelo PV. Os assessores formais de Marina, no campo
econômico, como Giannetti e Lara Resende, sempre foram funcionários de
banqueiros, prestando seus serviços no governo FHC exatamente por esta razão. Roberto,
como seu falecido pai que foi prefeito e ministro de Estado, tem pretensões políticas de primeira linha,
utilizando a irmã apenas como um “biombo” de seu grupo financeiro. Se o náufrago Aécio teve a
“coragem” política de já anunciar o subrentista Armínio Fraga como
seu ministro da Fazenda (defendendo inclusive a redução dos reajustes do
salário mínimo), Marina preservará o nome de Roberto até ter a certeza absoluta da vitória
eleitoral. O presidente do ITAÚ em um eventual governo central do PSB deverá
comandar pessoalmente não só a pasta da Fazenda, mas toda a diretoria do Banco
Central, com seu novo formato de “independência”.
O modelo proposto de uma autoridade monetária independente
institucionalmente do gabinete de governo não passa de uma cópia barata do que
foi introduzido nos EUA sob pressão da banca financeira. Nos EUA a autonomia
plena do FED (como é chamado o banco central de lá) foi responsável por deixar
os rentistas de mãos livres para “quebrar” os títulos subprime e provocar
o grande crash financeiro de 2008. O “cassino” de Wall Street tem no
FED o principal ponto de apoio para “jogar” no mercado com os títulos do Tesouro ianque, sem que
aconteça o menor controle ou mesmo alguma punição para os
“especialistas” em levar empresas e governos à “falência”.
No Brasil o Banco Central é controlado de fato há várias
décadas por tecnocratas do mercado financeiro, mas que formalmente prestam
alguma obediência ao presidente da república. No primeiro governo da Frente Popular Lula indicou um subrentista
do Bank of Boston para presidir a
autarquia, trata-se de Henrique Meireles. Não por coincidência, a
“carteira” internacional chefiada muitos anos por Meireles no Banco
of Boston foi comprada recentemente pelo Banco ITAÚ, que tem muito interesse na
expansão de seus negócios no mercado sul americano. A “captura” do BC
pelo ITAÚ, na gerência Marina, diz
respeito não só ao elevado nível da taxa de juros paga pelo Estado brasileiro
aos rentistas do mercado de capitais (taxa SELIC), mas principalmente pela
disputa comercial (bancária) na luta da hegemonia financeira privada no Mercosul.
Seria completamente ingênuo e estúpido pensar que sob os
governos do PT o BC não esteve sob as rédeas do mercado financeiro, é só o
olhar a monopolização do setor e o tremendo crescimento dos lucros dos bancos
na última década. Agora os rentistas querem “dobrar a aposta”,
seguindo a forte liderança de Roberto Setúbal pretendem “eleger” não só o presidente do BC, mas também o gerente geral do Estado burguês. Marina
Silva é apenas uma “ponte” para
obter este objetivo histórico, desde que se pôs fim à República do “Café
com Leite” nenhum banqueiro alcançou mais a presidência da república.
Somente a organização e ação independente do proletariado poderá barrar a sanha
aguçada do capital financeiro em ocupar novamente o palácio da presidência da
república (provocando até uma forte elevação do índice Bovespa), com um “fino” e legítimo representante da burguesia nacional.