segunda-feira, 1 de setembro de 2014


Independência plena para o Banco Central e total dependência do ITAÚ e seus “amigos” rentistas: Marina e seu governo dos cassinos

Não é mais propriamente uma novidade que Marina Silva comparte uma profunda amizade com uma das herdeiras do grupo financeiro ITAÚ, Neca Setúbal. Também não é nenhum segredo que Neca, além de financiar parte da estrutura “Marineira”, pertence ao staff do REDE, como uma espécie de “chefe de gabinete” da candidata eco-neoliberal. Porém, equivocadamente muitos blogs ligados à Frente Popular tem apresentado a filha do finado “Olavão”, ex-prefeito biônico da cidade de São Paulo (ARENA), como uma das elaboradoras do programa de governo de Marina, um tipo particular de “assessora intelectual” da campanha eleitoral do REDE. Se faz necessário relembrar que apesar de Marina Silva representar um verdadeiro aríete político do capital financeiro, a proposta de tornar o Banco Central independente das diretrizes centrais do governo federal foi abraçada anteriormente pelo “socialista” Eduardo Campos, assim como pelo Tucano Aécio Neves. Neca nunca foi propriamente uma “intelectual” e para sermos bem franco jamais foi capaz de “pensar” um programa de gestão estatal. Seu irmão Roberto, presidente da holding ITAÚ, dedicou para Neca a função de uma “dama de companhia” de alto luxo para Marina já em 2009, na certeza de impor ao embrionário “projeto Marina” a marca dos interesses do capital financeiro.  É Roberto Setúbal, e não a “irmã boneca”, o real quadro formulador econômico do programa de governo de Marina, desde 2010 quando disputou o Planalto pelo PV. Os assessores formais de Marina, no campo econômico, como Giannetti e Lara Resende, sempre foram funcionários de banqueiros, prestando seus serviços no governo FHC exatamente por esta razão. Roberto, como seu falecido pai que foi prefeito e ministro de Estado, tem pretensões políticas de primeira linha, utilizando a irmã apenas como um “biombo” de seu grupo financeiro. Se o náufrago Aécio teve a “coragem” política de já anunciar o subrentista Armínio Fraga como seu ministro da Fazenda (defendendo inclusive a redução dos reajustes do salário mínimo), Marina preservará o nome de Roberto até ter a certeza absoluta da vitória eleitoral. O presidente do ITAÚ em um eventual governo central do PSB deverá comandar pessoalmente não só a pasta da Fazenda, mas toda a diretoria do Banco Central, com seu novo formato de “independência”.

O modelo proposto de uma autoridade monetária independente institucionalmente do gabinete de governo não passa de uma cópia barata do que foi introduzido nos EUA sob pressão da banca financeira. Nos EUA a autonomia plena do FED (como é chamado o banco central de lá) foi responsável por deixar os rentistas de mãos livres para “quebrar” os títulos subprime e provocar o grande crash financeiro de 2008. O “cassino” de Wall Street tem no FED o principal ponto de apoio para “jogar” no mercado com os títulos do Tesouro ianque, sem que aconteça o menor controle ou mesmo alguma punição para os “especialistas” em levar empresas e governos à “falência”.

No Brasil o Banco Central é controlado de fato há várias décadas por tecnocratas do mercado financeiro, mas que formalmente prestam alguma obediência ao presidente da república. No primeiro governo da Frente Popular Lula indicou um subrentista do Bank of Boston para presidir a autarquia, trata-se de Henrique Meireles. Não por coincidência, a “carteira” internacional chefiada muitos anos por Meireles no Banco of Boston foi comprada recentemente pelo Banco ITAÚ, que tem muito interesse na expansão de seus negócios no mercado sul americano. A “captura” do BC pelo ITAÚ, na gerência Marina, diz respeito não só ao elevado nível da taxa de juros paga pelo Estado brasileiro aos rentistas do mercado de capitais (taxa SELIC), mas principalmente pela disputa comercial (bancária) na luta da hegemonia financeira privada no Mercosul.

Seria completamente ingênuo e estúpido pensar que sob os governos do PT o BC não esteve sob as rédeas do mercado financeiro, é só o olhar a monopolização do setor e o tremendo crescimento dos lucros dos bancos na última década. Agora os rentistas querem “dobrar a aposta”, seguindo a forte liderança de Roberto Setúbal pretendem “eleger” não só o presidente do BC, mas também o gerente geral do Estado burguês. Marina Silva é apenas uma “ponte” para obter este objetivo histórico, desde que se pôs fim à República do “Café com Leite” nenhum banqueiro alcançou mais a presidência da república. Somente a organização e ação independente do proletariado poderá barrar a sanha aguçada do capital financeiro em ocupar novamente o palácio da presidência da república (provocando até uma forte elevação do índice Bovespa), com um “fino” e legítimo representante da burguesia nacional.