quinta-feira, 4 de setembro de 2014


Voto Nulo ativo para combater o circo eleitoral da elite dominante

A ascensão fulminante de Marina Silva nas manipuladas pesquisas eleitorais, inflando artificialmente a candidata preferencial do imperialismo ianque e do capital financeiro apoiada pelas seitas evangélicas mais reacionárias e por setores de classe média anticomunista, tornou o primeiro turno da eleição presidencial em uma acirrada disputa burguesa com o PT e Dilma. Aécio já está, de fato, fora da disputa, com os tucanos apenas negociando de que forma será o apoio do PSDB e de seus “quadros” a Marina. Por sua vez, a “esquerda” que não está diretamente integrada à Frente Popular (PSOL, PSTU, PCB e PCO) encontra-se extremamente tensionada por esta realidade, com setores majoritários destes partidos (principalmente agrupados no PSOL) se inclinando para votar no segundo turno em Marina e residualmente em Dilma. Os pequenos grupos políticos que no passado estabeleceram inclusive uma série de iniciativas políticas em torno do chamado ao “Voto Nulo” sucumbiram no último período ao cretinismo parlamentar em torno da “Frente de Esquerda” e vão se orientar “criticamente” em torno destas duas vertentes burguesas. Desde a LBI caracterizamos que a defesa do “voto útil” em Dilma diante do perigo da “volta da direita” representada pela messiânica candidatura do PSB colocou na defensiva todo um espectro político da “esquerda” no país (governista ou não) tensionamento que irá aumentar no segundo turno. Longe de embarcar nesta canoa furada, própria do circo eleitoral, os marxistas leninistas denunciam ativamente o caráter reacionário da candidatura de Marina (orquestrada pela Casa Branca que recorreu até aos serviços da CIA para viabilizá-la) enquanto publicitam que foi a política do PT de aliança com as oligarquias (Cabral/Pezão, por exemplo) a principal responsável pelo recrudescimento e a fascistização do regime político em nosso país. Nesse sentido, “ganhe quem ganhe”, o próximo período será de um duro ataque às conquistas dos trabalhadores e inclusive às parcas liberdades democráticas vigentes no Brasil, mesmo que venha a se confirmar um novo mandato para a “gerentona” petista.

Nosso chamado a um Voto Nulo ativo para combater o circo eleitoral da elite dominante parte da caracterização que nenhuma das candidaturas representa os interesses dos trabalhadores. Os grandes partidos burgueses lutam para manter seu controle sobre o botim estatal, dividindo-se em “neoliberais” ou “neodesenvolvimentistas” que privilegiam o capital financeiro, o agronegócio e as grandes empreiteiras. A grande diferença entre os blocos de poder burguês se dá sobre que setores econômicos da classe dominante serão mais privilegiados a partir de janeiro de 2015. Nesse sentido, Marina visa alinhar novamente o país tanto no campo econômico como político ao imperialismo ianque como fazia o tucanato, enquanto o PT segue com sua tímida aliança com os BRICS, mas de forma a não se chocar de frente com a Casa Branca, como vimos nos episódios da espionagem da NSA ao Palácio do Planalto, na crise síria e agora no genocídio de Israel em Gaza. Há obviamente diferenças de matizes, a candidata do PSB representa os setores mais conservadores do país, porém a ala “progressista” da burguesia alinhada ao PT usa a frente popular para incrementar seus negócios via BNDES e as exportações para a Rússia e a China, porém estão todos unidos no ataque aos explorados e no arrocho salarial.

Por seu turno, a “esquerda” (PSOL, PSTU, PCB e PCO) apesar de formalmente dividida em quatro candidaturas tem em comum o fato de fazer uma campanha eleitoral completamente domesticada. Sequer atrai a simpatia popular principalmente porque o PSOL, que tem presença nos debates presidenciais televisivos, se apresenta no máximo como porta-voz de bandeiras democráticas (respeito aos direitos humanos, LGBT) e no máximo defende a auditoria da dívida externa e a taxação das grandes fortunas! Os mais “radicais”, como PSTU e PCB, falam de “governo dos trabalhadores sem patrões” e “poder popular” como se fosse possível que essas alternativas fossem paridas do processo eleitoral burguês! O liliputiano PCO defende a “revolução” aliada a um programa de reformas capitalistas como a “dissolução da polícia”, patrocinando ilusões na capacidade do regime democrático de reformular seu aparato repressivo contra o povo trabalhador. Nada mais falso, esta verdadeira família reformista é um obstáculo à elevação da consciência de classe dos explorados, de transformar a classe “em si” em classe “para si” como ensinava Lenin. Sua adaptação à democracia dos ricos os impedem de ser um ponto de apoio ao combate pela ditadura do proletariado, que aliás sequer citam em seus programas televisivos!

Não esqueçamos que acabamos de adentrar no mês de setembro. Categorias importantes tem campanhas salariais marcadas (bancários, petroleiros, químicos, correios) e estão sendo travadas isoladamente lutas importantes, como a greve de mais de 100 dias na USP. Desgraçadamente, o ascenso de lutas diretas que vimos no primeiro semestre de 2014 foi derrotado não só pelas centrais sindicais “chapa branca” (CUT, CTB, FS...), mas também por responsabilidade da “Frente de Esquerda-FE” (Conlutas e Intesincial) como vimos nos metroviários de São Paulo e condutores de ônibus no Rio de Janeiro. Por conta desde “clima frio” no terreno das lutas dos trabalhadores, enquanto a burguesia combate nas alturas em “clima quente”, estas campanhas salariais devem ser marcadas pelo economicismo vulgar em busca de índices miseráveis pelas direções sindicais vendidas. É papel do ativismo classista e combativo ligar estas lutas à disputa eleitoral burguesa, chamando o Boicote Ativo ao circo eleitoral. A camarilha sindical “chapa branca” e da FE, cada uma a seu modo, desejarão transformar as campanhas salariais em palcos para seus candidatos até 5 de Outubro. De nossa parte, faremos o oposto: lutaremos para chocar a luta direta dos trabalhadores com o regime político bastardo da democracia dos ricos, explicando pacientemente que Dilma, Marina e Aécio são lados diferentes da mesma moeda de espoliação capitalista, enquanto a “oposição de esquerda” é incapaz de apresentar uma alternativa revolucionária ao domínio do capital.

Esta dura tarefa militante deve ser desenvolvida com afinco durante os próximos meses. Os genuínos trotskistas sabem das dificuldades de levá-la adiante, ainda mais em um quadro de recuo das lutas e de polarização política pela direita! Mas como nos legou Trotsky é preciso saber nadar contra a maré para construir o Partido Revolucionário! Em grandes parcelas do povo trabalhador há um sentimento “não votar em ninguém”, que “todos são corruptos e vendidos”. Os comunistas devem se apoiar nesse sentimento latente dos explorados da cidade e do campo para politizá-lo no sentido da revolução proletária e de um programa anticapitalista. O isolamento aparente da posição do “Voto Nulo” na verdade se faz porque a classe dominante, sua mídia e seus auxiliares de “esquerda” fazem apologia à democracia, porém camadas cada vez mais amplas do povo trabalhador não tem qualquer ilusão no processo eleitoral. Desgraçadamente esta vertente, pela debilidade do núcleo construtor do partido revolucionário em nosso país, vem sendo utilizada pela extrema-direita para defender teses como a volta da ditadura militar e coisas do tipo. No campo oposto, defenderemos a Ditadura do Proletariado como única alternativa dos trabalhadores para colocar abaixo o regime de exploração capitalista. Mãos à Obra!