terça-feira, 9 de setembro de 2014


Obama anuncia plano de guerra contra o EI no Iraque: Mais uma vez os revisionistas do marxismo se aliam ao imperialismo ianque contra os “bárbaros fundamentalistas islâmicos”

Às vésperas de se completar 13 anos do “11 de Setembro” de 2001, data em que a Al Qaeda atacou as Torres Gêmeas (onde se encontrava um escritório da CIA) e o Pentágono em pleno território norte-americano, em uma resposta militar por meios militares não convencionais à guerra sistemática que o imperialismo ianque desencadeava no Oriente Médio, Obama anunciará um plano de ação contra o Estado Islâmico (EI) no Iraque. O “falcão negro” declarou que “Essa administração vem sistematicamente desmantelando a al-Qaeda. Acabamos de anunciar a morte do principal líder do al-Shabaab, a organização terrorista que atua na Somália. O Estado Islâmico é uma grande ameaça por causa de suas ambições territoriais no Iraque. O que vamos fazer com nosso plano de ação é similar aos tipos de campanhas anti-terroristas nas quais estivemos envolvidos consistentemente nos últimos cinco, seis, sete anos. E a boa notícia é que, por causa da liderança dos Estados Unidos nesse processo, eu acredito que uma coalizão internacional ampla regional e internacional será capaz de lidar com esse problema” (BBC, 07/09). Apesar disso, a “esquerda” volta a repetir com relação ao EI a mesma cantilena utilizada contra a Al-Qaeda há 13 anos agora no Iraque. Alegam que os jihadistas são uma “criação do imperialismo” para justificar seu silêncio vergonhoso diante dos novos bombardeios do imperialismo ianque ao EI no Iraque e sua negativa de estabelecer uma frente única com as “bárbaras” forças islâmicas contra a ofensiva militar desencadeada pelo Pentágono no país.

Desde o PCB até o PCO, passando por outros grupos revisionistas do trotskismo, há quase um consenso dentro da “esquerda” em declarar que o EI, antes denominado ISIS, é uma “criação da CIA” para negar-se a repudiar os bombardeios imperialistas no Iraque e estabelecer a unidade de ação com os “fanáticos” do EI no país quando estes são atacados pelas bombas das potências capitalistas. O PCB é explícito nesta posição ao declarar: “O ISIS é o novo 11 de Setembro” (06/09). Por sua vez, Causa Operária proclama que “Estado Islâmico é mais um resultado do imperialismo na região” (CO, 08/09). Existem grupos que de tão desorientados chegam a pregar a frente de ação com o governo do Iraque (Agente da Casa Branca), alegando que o EI é uma cria da CIA e do Mossad, em uma posição de unidade militar com Obama! Pior, alguns destes canalhas dizem mesmo, como os stalinistas do PC da Turquia (de quem o PCB copiou a posição), que “O ISIS não está fora de controle. Podemos tranquilamente dizer que o ISIS, com o seu novo nome de Estado Islâmico, tem estado a atuar maravilhosamente para os interesses dos EUA”. Em resumo, o grupo jihadista atuaria sobre as ordens de Obama para controlar o Iraque! Felizmente, a realidade desmente a “tese” furada destes reformistas porque Obama e o Pentágono vem bombardeando impiedosamente as bases do ISIS no Iraque! Porque o imperialismo atacaria seu aliado? Simplesmente porque neste momento o EI não está em “missão sob as ordens da CIA”, ao contrário voltou as mesmas armas que chegou às suas mãos através das potências capitalistas com a finalidade de derrubar Assad e para combater o governo títere da Casa Branca no Iraque. Somente bucéfalos reformistas ignoram a possibilidade de em “circunstâncias excepcionais” (pressão da luta de classes, espoliação nacional, guerra de ocupação), para usar as palavras de Trotsky, grupos anteriormente financiados pelo imperialismo para combater a URSS na década de 80 e mais recentemente governos nacionalistas burgueses (como Assad na Síria) se voltarem circunstancialmente contra seus antigos patrocinadores. A pressão política das massas e seu sentimento anti-imperialista obrigam as direções islâmicas a adotarem uma postura “radical” contra alvos imperialistas, mas sem a consequência de uma luta internacional proletária contra o capitalismo mundial. Por isso, essas direções nacionalistas burguesas oscilam em momentos históricos, ora combatendo os interesses do proletariado, como no caso da ocupação soviética em 79, ora combatendo o imperialismo, como na Guerra do Golfo, ou no atual enfrentamento militar com os EUA. Esta possibilidade teórica, que se transformou em realidade no “11 de Setembro” de 2001, com a guerra do Afeganistão e agora no Iraque, exige dos revolucionários usar o “guia para ação” que é o Marxismo para adotar uma posição de unidade de ação com estes grupos bárbaros e reacionários que são nossos adversários políticos, mas que se chocam com as forças do imperialismo, o principal inimigo dos povos como dizia Lênin.

Ainda segundo o PCB, “O ISIS é uma operação encoberta dos EUA. É uma operação nova e melhor planejada do que o ataque do 11 de Setembro. É o resultado da estratégia do ‘caos criativo’... A aliança com o imperialismo contra forças reacionárias e a aliança com forças reacionárias contra o imperialismo têm de ser severamente condenadas” (06/09). Em resumo, devemos adotar o derrotismo em todos os dois casos. Desta forma, estes reformistas rompem com o mais elementar do leninismo, que defende a unidade de ação com forças não revolucionárias quando estas se postam em confronto com o imperialismo. Qual a posição do PCB frente aos bombardeios dos EUA ao EI no Iraque? O PCB está pela vitória militar dos EUA ou do EI no país? Lembremos que em setembro completou-se um mês que se iniciaram os bombardeios aos jihadistas no Iraque. Desesperado com a iminência da perda de sua influência no Iraque, Obama ordenou o ataque a estes grupos islâmicos que foram inclusive treinados e financiados no passado pela CIA e o Mossad, mas que agora ocupam de forma dispersa o papel de resistência militar às tropas da Casa Branca. No momento em que o Pentágono não controla seu próprio “feitiço” e a “hidra raivosa” se volta contra o amo imperialista, novamente a LBI se coloca pela derrota militar do imperialismo, mesmo que seja pelas mãos bastardas reacionárias do fundamentalista EI. Como Marxistas-Leninistas mantemos a posição que adotamos quando dos ataques de setembro de 2001. Naquele dia, os mesmos “terroristas islâmicos” (também anteriormente treinados pela CIA) atacaram o coração do imperialismo ianque utilizando-se de meios militares não convencionais como resposta a sistemática guerra de rapina levada a cabo pelos EUA no Oriente Médio, acontecimento que muitos revisionistas com sua teoria da conspiração “made in CIA” recorreram para desconsiderarem a capacidade de “contraofensiva” dos povos oprimidos. Agora que o EI (como foi na época a Al-Qaeda) também é apresentado pelos papagaios da família revisionista e mesmo pelos neo-stalinistas do PCB como verdadeiros agentes do Mossad e da CIA como pretexto para estes canalhas não se colocarem contra os bombardeios imperialistas e os ataques de seus capachos do exército iraquiano.

Novamente, muitas vozes dentro da esquerda e das correntes pseudotrotskistas alegam para não defender a unidade tática com o EI contra o imperialismo que seus líderes foram treinados pela CIA ou mesmo o Mossad, assim como combateram na Líbia e na Síria contra os regimes nacionalistas. Como Marxistas da LBI, estivemos na linha de frente na defesa dos governos da Líbia e Síria contra as milícias fundamentalistas islâmicas, apoiadas diretamente pelos EUA para defenestrar os regimes nacionalistas burgueses da região árabe e muçulmana, enquanto estes mesmos canalhas revisionistas (desde a LIT até o PCO!) saudavam a farsesca “revolução árabe”. Também fomos muito firmes no alinhamento militar com o regime de Saddam Hussein em 2003 quando toda a esquerda revisionista bradava a falta de democracia no Iraque, para logo justificar seu apoio político envergonhado à intervenção militar do facínora Bush. Por esta razão temos toda a moral política de afirmar que a trajetória reacionária destes grupos islâmicos não impede os leninistas de se postarem pela sua vitória militar quando atacam alvos imperialistas ou são atacados pela Casa Branca, pois mantemos nossa independência política no curso da guerra. O mesmo PCO que apoiou a “revolução árabe” na Líbia se colocando ao lado da OTAN contra Kadaffi, afirma agora no Iraque que “O EI foi financiado e treinado diretamente por aliados do imperialismo na região, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Há também denúncias de que o próprio Al Baghdadi teria recebido treinamento do Mossad, serviço secreto de Israel. O imperialismo estimula a violência sectária entre xiitas e sunitas (e outras frações do islã) para dividir a luta contra a presença do próprio imperialismo” (Idem). Novamente perguntamos: porque Obama e o Pentágono estão bombardeando o EI? Simplesmente porque a “cria se voltou contra o mestre” no Iraque. Os mesmos que combatem Assad na Síria lutam contra o títere imperialista no Iraque! A dinâmica da mudança dos “papéis” do Taleban, da Al Qaeda e do próprio EI no tabuleiro da política mundial e dos interesses do imperialismo é produto direto da própria evolução da luta de classes, dos desdobramentos sociais do fim da URSS e do tremendo retrocesso político das organizações frentepopulistas e nacionalistas. Por isso refutamos a tese de “colar” mecanicamente a figura política dos talebans e do EI como uma simples “criação da CIA”.

O conflito militar no Iraque aponta que os EUA vão aprofundar sua ofensiva bélica na região, abrindo mais uma perigosa frente de batalha. Foi esta realidade que forçou Israel a interromper sua operação militar genocida na Palestina antes do previsto. Grupos ligados ao EI na Palestina estavam se fortalecendo e pregando a unidade militar contra o enclave sionista, outro patrocinador do mesmo EI na Síria, chamando inclusive a conformar uma frente com o Hezbollah, adversário do EI na Síria! A Casa Branca sabia que esta unidade é incendiária e ordenou que Netanyahu recuasse temporariamente para ambos se concentrarem no Iraque. Tanto que Obama vai anunciar nesta semana plano para começar uma nova ofensiva contra o EI. O falcão negro declarou, ligando os atuais ataque no Iraque ao 11 de setembro que “Quero que todos entendam que não temos nenhuma informação da inteligência sobre alguma ameaça imediata a nosso país por parte do grupo Estado Islâmico” (G1, 07/09), disse Obama. Aviões de guerra americanos lançaram neste domingo (7) novos ataques contra o grupo Islâmico que ameaçam controlar a represa de Haditha. O líder de uma força paramilitar pró-governo iraquiano no oeste do Iraque disse que os ataques aéreos dizimaram uma patrulha do Estado Islâmico que estava tentando controlar a represa, a segunda maior usina hidrelétrica do Iraque: “Eles (os ataques aéreos) foram muito precisos. Não houve danos colaterais... Se o Estado Islâmico conseguisse controlar a represa muitas áreas do Iraque teriam sido seriamente ameaçadas, até mesmo (a capital) Bagdá”, disse à agência de notícias Reuters o Sheik Ahmed Abu Risha. Tais fatos revelam a verdadeira “unidade de ação” entre o governo do Iraque e o Pentágono, sob o aplauso dos revisionistas e reformistas de plantão que apesar de todas as evidências mantém o cínico discurso que o EI é aliado dos EUA no Iraque!

A LBI tem demonstrado que sabe diferenciar cada situação da luta de classes (como estar do lado oposto dos talebans na ocupação soviética do Afeganistão) e determinar a função concreta que as forças políticas burguesas que se enfrentam com o imperialismo cumprem em cada momento da história, sem nunca ocultar seu caráter de classe e seus objetivos estratégicos opostos ao proletariado e sua organização independente. Agora no Iraque temos um lado: Estamos pela vitória militar do EI contra o governo fantoche do Iraque, “sucursal” da Casa Branca e pelo fim dos bombardeios ordenados por Obama! Por isso defendemos que o EI deve vingar o ato terrorista dos EUA no Iraque e nos declaramos pela unidade de ação com as forças que estão em luta contra o imperialismo neste país. Na Síria nos mantemos ao lado de Assad e contra o EI, repudiando qualquer bombardeio imperialista ao país. Nesse combate consideramos legítima toda e qualquer ação de resistência armada das massas à dominação belicista das metrópoles capitalistas sobre os povos oprimidos e nunca como “atos terroristas”, porque os verdadeiros assassinos estão na Casa Branca e na luxuosa sede da OTAN em Bruxelas!