quinta-feira, 18 de setembro de 2014


Porque a candidatura Marina é
a que melhor representa e galvaniza politicamente o espírito das “Jornadas
de Junho”

O conjunto da esquerda revisionista, PSOL, PSTU, LER, PCO e até mesmo o neorreformista PCB, estabeleceu um verdadeiro fetiche político acerca dos acontecimentos que se notabilizaram como as históricas “Jornadas de Junho” de 2013. Para estes setores a intensa mobilização das “ruas” foi o fato político mais importante da história do país, pelo menos segundo a ótica da chamada “esquerda socialista”. O “espírito” de Junho passou a guiar programaticamente as ações do bloco revisionista ao ponto de “sonharem” com sua repetição em 2014 (o ano da Copa e eleições no Brasil), o que obviamente não ocorreu, e também com uma imensa “enxurrada” de votos em seus candidatos “herdeiros de Junho”, um delírio oportunista que está às vésperas de se tornar um grande pesadelo. Porém, a candidatura reacionária e direitista de Marina Silva, que nada tem a ver com a plataforma da esquerda revisionista, foi quem capitalizou integralmente o sentimento de oposição da classe média urbana, se projetando como a alternativa eleitoral das “Jornadas de Junho” contra o fadigado governo do PT. A conclusão política é evidente, o fenômeno social das “Jornadas” nem de longe expressava um conteúdo revolucionário das camadas proletárias e mais oprimidas da população, ao contrário foram a manifestação de “indignação” da pequena burguesia com a precariedade dos serviços estatais e de seu “achatamento” no que os sociólogos burgueses chamam de “pirâmide social”. Neste processo multitudinal culparam o governo do PT por todas suas mazelas capitalistas e históricas, abrindo espaço para a entrada das forças neofascistas no movimento de “Junho”. Agora o último ato desta peça histórica é justamente a “onda Marina”, uma avalanche de votos que poderá derrotar o PT (com a devida ajuda da mídia “murdochiana”) e com certeza deverão desmoralizar ainda mais a “Frente de Esquerda” (PSOL, PSTU, PCB e PCO) que toda somada não alcançará sequer um por cento da votação nacional. Para os Marxistas Revolucionários o movimento das “ruas” só poderá significar um ascenso revolucionário quando de fato estiver “colado” à organização estrutural do proletariado e suas organizações de esquerda. Neste caso as “ruas” serão a legítima expressão política do movimento organizado nas fábricas, empresas e escolas. Como a própria luta de classes está demonstrando, as “Jornadas de Junho” passaram bem longe da “revolução” e acabaram por “engordar” uma caricatura sinistra chamada Marina!

A história política do país conhece muito bem o que é um genuíno movimento das massas, não está muito distante a campanha das “Diretas Já”, popularmente gerada a partir de um eixo democrático contra o regime militar. Milhões de pessoas saíram às ruas sob as bandeiras vermelhas da esquerda para lutar por liberdade política e quando as forças da reação acusaram a gigantesca mobilização de antipatriótica, foram cabalmente rechaçadas pelo movimento. Exatamente o inverso ocorreu nas “Jornadas de Junho”, quando as hordas conservadoras e antipartidárias hegemonizaram as “ruas” exigindo a expulsão das organizações de esquerda, obtiveram ampla aceitação e solidariedade da classe média e dos bandos neonazistas. Logo a principal reivindicação das “Jornadas” se transformou no “Fora o PT” (até então não tinham nenhum eixo central), recebendo apoio integral da mídia corporativa.

Até mesmo o setor político mais radicalizado das “Jornadas”, os Black Blocs, estiveram completamente à margem das justas reivindicações iniciais da “Jornada”, como o passe livre, por exemplo. Com ações isoladas do proletariado os BB permitiram facilmente a infiltração de destacamentos policiais e de agentes da repressão no movimento. A configuração política das “Jornadas”, que oscilaram entre o protagonismo das hordas fascistas e os Black Blocs, esteve bem longe de concentrar historicamente uma mobilização revolucionária ou sequer radicalmente democrática.

Não por coincidência, o vice de Marina, Beto Albuquerque, ameaçou, em tom de chantagem política, as cúpulas partidárias com a reconvocação das “Jornadas” caso as máfias burguesas criassem dificuldades no Congresso em um eventual governo central do PSB. A identidade “programática” entre o embuste Marina/REDE e as “Jornadas de Junho” parece ser mesmo total.