O “acidente” fatal de Campos e a “operação” embuste Marina:
Teoria da conspiração ou uma exigência do imperialismo?
Por mais contraditório que possa parecer, os mais “crédulos”
no funcionamento das instituições “democráticas” deste bastardo regime burguês
são justamente as organizações da esquerda, incluindo neste bojo as que se
reivindicam “reformistas ou revolucionárias”. Enquanto neste país a direita
golpista conspira abertamente contra todos aqueles que “atravessem” seu
caminho, inimigos ideológicos ou não (sempre com o suporte de seus “amigos” da
CIA), a esquerda jura obediência à institucionalidade, confiante na “probidade”
de seus adversários mais reacionários. No caso do suspeito acidente aéreo que
levou à morte do candidato Eduardo Campos não foi diferente. Diante da abrupta
queda de um jato Cessna moderno, em condições de uma manobra de relativa
segurança (o arremetimento da aeronave foi realizado com êxito, ao contrário do
que ocorreu com o acidente da TAM em 2007) deveria no mínimo se buscar uma
resposta elementar para as causas do trágico acidente. Porém, o caminho da
investigação parece que seguiu por um rumo diferente, como em todo crime a
primeira pergunta a ser feita é a quem serviu a morte de Campos? Que forças
foram as grandes beneficiadas com a queda inexplicável de seu avião, porque
Marina Silva não se movimenta um milímetro sequer para buscar uma averiguação
rigorosa do acidente que vitimou seu companheiro de chapa. Não seria demais
lançar o país, que mergulhou em um clima de induzida comoção pela mídia com a
morte de Campos, na procura dos responsáveis pelo fatal acidente. Sim porque os
responsáveis terão que aparecer um dia, a menos que se acredite na “mão de
deus” como a que levou Marina para o Planalto, sob as cinzas e destroços do
avião da comitiva de Campos. O Cessna de Campos tinha pouco mais de quatro anos
de uso, sendo considerada uma moderna e leve aeronave, uma das mais seguras de
sua categoria. Após o arremetimento na pista do Guarujá, por questões de clima
e visibilidade, o piloto do Cessna sobrevoou normalmente a cidade de Santos
quando perdeu o contato com a torre e logo depois veio a cair em “forma de
faca” apontada para o chão em um terreno urbano. A caixa preta da aeronave
estranhamente não conseguiu gravar os últimos momentos do voo terminal de
Campos, deixando um rastro de imprecisões do fabricante sobre o acidente. Tudo
aponta para mais um acidente “fabricado” por razões “estratégicas de estado”,
assim como foi o acidente aéreo que vitimou o ex-presidente golpista Castelo
Branco. Crimes e Assassinatos bem planejados são a especialidade da “Casa”,
aquela mesma “residência” albina que está situada em Washington, e no Brasil
não seria o primeiro caso (e nem o último com certeza) o do ex-governador de
Pernambuco. Mas logo os “crentes” na democracia dos ricos nos acusarão de
delírio, de estarmos acolhendo a mais nova versão da “Teoria da Conspiração”
para as eleições presidenciais deste ano. Para estes senhores tudo não passaria
de uma mera coincidência sinistra, o fato de Marina despontar como a nova
“salvadora da pátria” após a morte de Eduardo Campos, a figura “redentora” que
veio livrar o país das “garras da esquerda petista”.
Para termos uma noção da extrema importância da “anulação”
definitiva da figura de Campos para a disputa eleitoral em curso é só
vislumbrar que com o seu nome no páreo a vitória de Dilma estaria assegurada
praticamente no primeiro turno, e mesmo supondo que ocorresse uma segunda volta
a candidatura de Aécio seria esmagada sem grandes dificuldades pelo PT. Estava
configurado um “cenário dos sonhos” para a Frente Popular e o pior dos
ambientes políticos para os interesses de Washington, com um quarto mandato
consecutivo para o PT. Soma-se a esta “configuração” política já impossível de
ser digerida pela Casa Branca o elemento que no final da segunda gerência Dilma
o PT ainda teria o trunfo de lançar a mítica liderança de Lula, com uma vitória
bastante provável. Vinte anos com o PT na condução do estado burguês brasileiro
alteraria radicalmente o quadro de forças internacionais na América Latina,
criando fortes laços entre a região e os BRICS, “oferecendo” para a China uma grande
plataforma comercial no tradicional
quintal do império ianque em decadência.
A disputa presidencial este ano no Brasil ocorre em meio de
uma forte polarização global, que envolve tantos aspectos políticos e
econômicos, quanto a feroz luta pela hegemonia militar do planeta. Pela
primeira vez desde a restauração capitalista a Rússia se volta contra o governo
norte-americano, tentando se defender da ofensiva imperialista que hoje ameaça
suas fronteiras históricas, como a Ucrânia. Por sua vez, a China começa a
“costurar” uma aliança estratégica com o Irã, retardando desta forma os planos
ianque-sionistas de atacar suas usinas atômicas sob receio de uma resposta
violenta do pacto sino-iraniano. Na Síria o governo Obama também foi obrigado a
recuar da invasão, temendo uma represália russa. Em resumo os BRICS, ou pelo
menos seus “cabeças” China e Rússia estão no meio do caminho da ofensiva
imperialista para espoliar povos e nações, um reforço deste bloco nas Américas
era tudo que o Tio Sam não suportaria assistir passivamente.
Os seguidos governos da Frente Popular no Brasil não são
propriamente um exemplo de anti-imperialismo, seguiram a cartilha neoliberal
preservando os lucros das grandes corporações transnacionais no país. Porém,
sob a batuta estatal de Lula, para escapar do crash financeiro provocado pelo
cassino de Wall Street, conduziu a burguesia nacional a estabelecer novas
parcerias comerciais, fincando sua “bandeira” em outros mercados distantes dos
centros imperialistas. Esta “inflexão internacional” da Frente Popular gerou ao
país uma enorme reserva cambial, além de atrair para o Brasil uma massa de
crédito para o consumo de bens e serviços. Quando o “milagre econômico” do PT
emite claros sinais de esgotamento cíclico, as hienas da reação tramam abertamente
pelo retorno ao leito original dos EUA.
Também por parte da Casa Branca há o temor que a
consolidação dos BRICS na América Latina não se resuma aos aspectos puramente
econômicos e comerciais, como até então tem se limitado. O objetivo de refazer a
capacidade bélica das Forças Armadas brasileiras preocupa o Pentágono,
principalmente se forem firmados acordos de cooperação militar com a Rússia e a
China. Como facilmente podemos aferir o comando do Planalto pelo PT, por mais
quatro ou oito anos, afeta diretamente a “doutrina de segurança”
norte-americana, nem tanto pelas posições neoliberais da Frente Popular, mas
pelas implicações dos “links” mundiais estabelecidos.
O quadro de uma eleição “fácil e tranquila” para o PT, como
até então vinha se desenhando, não passava perto dos objetivos da reação
tupiniquim, aliada visceral de Washington. A única maneira de “virar o jogo”
seria recolocar Marina como protagonista da disputa pelo Planalto, mas Campos
se recusava a ceder seu lugar. O Tucanato em estado falimentar não despertava
nenhuma “esperança” na derrota de Dilma, a única via possível era convencer
Eduardo a abrir mão de seu posto. Em viagem aos EUA, acompanhado do banqueiro
Roberto Setúbal, o último esforço foi tentado, Campos se reúne com a cúpula do
Partido Democrata e assume vários compromissos com os parasitas, entre os quais
o mais significativo foi a promessa de tornar o Banco Central “independente” do
governo. Mas ainda era pouco, os rentistas queriam uma troca na composição da
chapa do PSB, catapultando Marina para a “cabeça”. Eduardo, mesmo sob intensa
pressão, não cede e ali mesmo, sem saber é óbvio, assina sua própria sentença
de morte. Fazer cair um pequeno jato civil não é uma das tarefas mais
complicadas para a CIA, ainda mais quando o governo Obama tem contratos com a
própria fabricante Cessna.
O “currículo” de tentativas de golpes militares (bem e mal
sucedidos), crimes e conspirações políticas dos EUA no Brasil é bastante
extenso, remontando à própria proclamação da república. Como não relacionar a
“Operação Condor” coordenada diretamente pela CIA para eliminar as lideranças
políticas que em algum momento “atrapalharam” os planos do imperialismo para a
região. Para o “Tio Sam” nunca foi problema envenenar, inclusive aliados fiéis
como o reacionário Carlos Lacerda, assassinado no final dos anos 70 às vésperas
de fundar a “Frente Ampla”. Como já afirmamos anteriormente, o “socialista”
Campos não era inimigo dos EUA, apesar da antipatia que o império nutria pelo
seu falecido avô Miguel Arraes, porém estava no “posto” errado em um momento
crucial para geopolítica internacional. Não estava disposto a “pacificamente”
mudar de posição em favor da fundamentalista Marina Silva, pagando com a
própria vida a “ousadia” que teve em romper com o PT para encabeçar uma chapa
na disputa pelo “poder” central.
Mantida a atual “correlação de forças” é muito remota a
possibilidade do PT reverter o quadro da iminente derrota. Ainda que o “jogo”
esteja “aberto” a vertente de uma nova gerência estatal para a Frente Popular,
anteriormente considerada “líquida e certa” se coloca como uma hipótese
política em declínio. O golpe que atingiu mortalmente Campos também feriu
gravemente o PT, embora este tenha uma sobrevida política com o forte nome de
Lula para 2018. Quanto a Marina, não passará de mais um títere do capital
financeiro no país, de vida política muito curta e com suas “puras mãos
evangélicas” todas sujas de sangue.