O EXECRADO CUNHA REVELOU-SE O MELHOR "SARGENTO" NA TROPA DE CHOQUE DE
DILMA CONTRA O IMPEACHMENT DA TUCANALHA
Todos conhecem bem a técnica de qualquer mágico mediano: concentrar a atenção do público para sua mão esquerda para poder operar a
"magia" com a mão direita, desapercebida até dos mais atentos. Os
estrategistas da Frente Popular na gerência estatal, há muitos anos praticam a
mesma metodologia. Porém agora com a profundidade da crise política e
econômica, o governo Dilma precisou aprofundar os truques políticos, para
manter uma estabilidade mínima de poder, criando no circo brasiliense o novo
"espetáculo do golpe de estado", com charlatães petistas e tucanos e
uma atração especial, o execrado e amado (ao mesmo tempo) "mágico"
Eduardo Cunha. Pois bem, já faz muito tempo que denunciamos que enquanto
o PT se esfolava no início deste ano na eleição para a presidência da Câmara
dos Deputados para tentar emplacar o nome de Arlindo Chinaglia, silenciosamente
a anturragem dilmista fazia "vista grossa" para a cavalgada vitoriosa
de Cunha. Posteriormente criado o clima do impeachment no Congresso, com a
debacle do governo, o presidente Cunha passou a ser o "vilão
preferencial" dos petistas, acusado de ponta de lança da ofensiva
"golpista tucana". O "curioso" nesta peça de ficção
política é o fato de Cunha ter apoiado as principais medidas neoliberais
enviadas pelo governo Dilma ao Congresso, em especial as que retiraram direitos
dos trabalhadores. Mas não ficou só por aí, a camarilha peemedebista de Cunha
indicou centenas de cargos no segundo e terceiro escalão do governo, articulada
diretamente com as lideranças maiores da quadrilha partidária: Temer, Renan,
Eunício e Sarney. Com a função de "achacador mor" do governo, Cunha
seguiu flertando com a tucanalha e seu impeachment paraguaio, ainda mais quando
a PGR e seu chefe Janot começaram a "pegar no seu pé". Surgiram as
revelações das contas secretas na Suíça e o "impávido" Cunha emplacou
um ministro "pau mandado" (ex-dirigente do PSTU) na recente reforma
do gabinete do governo Dilma. A última versão espalhada é que Cunha estaria
isolado da cúpula do PMDB (inclusive em seu estado) e com os dias contados na
presidência da Câmara, também acossado pela oposição de direita e esquerda no
conselho de ética da Casa. Entretanto Cunha se assemelha mais ao mago Merlin e
parece ter "mil faces", novamente o PT recorre ao suposto
arqui-inimigo para desacelerar o rito do trâmite do impeachment, pela via de um
recurso ao STF, difundindo amplamente o roteiro de uma "derrota dos
golpistas". Cunha mesmo "marcado para morrer" consegue ser o
senhor dos anéis do governo, estabelecendo nas últimas horas reuniões com vice
Temer e o novo inquilino da Casa Civil, Jaques Wagner. Dilma em linha direta
com Cunha (talvez Zap...Zap...) implora a manutenção da ponte... No Planalto
todos à espera da "atualização" da peça jurídica de Bicudo e Reale (pedaladas
fiscais do governo também em 2015) que deve bater na porta de Cunha na próxima
sexta, desta vez é "sim ou não", não há espaço para distrações
regimentais coibidas pelo STF. O temor do TCU e TSE parece que ficou em um
passado distante, a questão vigente é Cunha e sua Câmara feudal, mas o governo
se mostra muito confiante diante da micareta tucana. Cunha deixou vazar a senha
da imortalidade: "Se derrubo Dilma, no dia seguinte vocês me
derrubam", dirigindo-se a malta da reacionária oposição. No mesmo compasso
o canastrão de pantomina torpedeou o governo: "Posso acelerar o
impeachment se não for bem tratado". Resumo da ópera bufa, Cunha
representa no parlamento, com toda legitimidade, a odiosa facção reacionária e
racista da oligarquia nacional, porém cumpre também a função de "sargento
" da tropa de choque do governo Dilma, está sendo muito bem remunerado
pelo seu desempenho político e teatral. Os trabalhadores e o povo oprimido
foram as primeiras vítimas deste conluio da elite burguesa, separada entre alas
de "direita e esquerda" , mas unida no ódio de classe ao movimento
operário e seus heroicos combates contra a barbárie capitalista que se
avizinha.
A ofensiva contra Cunha vem subindo de tom e com certeza o
"fogo amigo" não parte da direção do PT. As correntes petistas de
esquerda chegaram a lançar uma declaração unificada contra a blindagem que Lula
e Dilma mantêm em relação à Cunha. O manifesto pedindo que o PT represente no
Conselho de Ética da Câmara contra o presidente da Casa foi subscrito pelas
correntes Articulação de Esquerda, Avante, Brasil Socialista, Esquerda Popular
Socialista, Mensagem ao Partido, Militância Socialista, O Trabalho e Socialismo
XXI, nem mesmo assim a executiva nacional do partido resolveu mudar sua
posição. Mas se não parte da cúpula do PT os ataques contra Cunha, como
pretende publicitar a blogosfera "chapa branca", quem são os reais
inimigos do deputado que chefia o crime organizado em Brasília? Se alguém ainda
insiste em pensar que o PT é adversário de Cunha, basta se informar do esforço
do governo Dilma em oferecer cargos estatais ao deputado Carlos Araújo do PSD
da Bahia, presidente do Conselho de Ética da Câmara, tudo em troca de "segurar"
ao máximo o processo de cassação (impulsionado pelo PSOL) por falta de decoro
parlamentar do "achacador mor". As manobras do PT para salvar Cunha
da "fogueira" (e vice e versa) ficaram tão escancaradas que o
Instituto Lula foi obrigado a emitir nota pública desmentindo a operação "resgate
do enforcado", só os muito tolos ou corrompidos acreditaram na veracidade
das intenções do chamado "Campo Majoritário", antiga
"Articulação".
O fato é que as denúncias contra Cunha continuam a ganhar as
manchetes da mídia corporativa, ancoradas na iniciativa do Procurador Geral,
Rodrigo Janot. Parece que Cunha acumulou inimigos viscerais no interior da
operação "Lava Jato", que não podem ser acusados propriamente de
simpatizantes do PT. Apesar do ódio de classe contra a esquerda, o pastor Cunha
mantém sua linha auxiliar de defesa do governo e fundamentalmente a política de
"ajuste" para retirar direitos e conquistas dos trabalhadores, regida
pelo seu "compadre" Joaquim Levy. O neogovernista Levy, assim como
Cunha sabem muito bem que para melhor aplicar a receita monetarista do FMI e
afins, a gerência estatal petista é a mais "qualificada" nesta
conjuntura da crise mundial do capitalismo.
A sintonia política da parceria entre Cunha e Dilma é
perfeita diante da delicada situação que ambos atravessam. Enquanto Cunha se
mantém acuado é incapaz de manter uma aliança mais sólida com os tucanos, e
para Dilma é a garantia de aliviar a pressão parlamentar pelo impeachment. Para
além dos bastidores de Brasília, PT, Cunha e o PMDB de Cabral também estão
dispostos a manter a coligação para as próximas eleições municipais na capital
fluminense, obviamente "de olho" nos fartos negócios que envolverão
os jogos olímpicos sediados no Rio. Os esforços do senador Lindbergh Farias e
do ex-governador Tarso Genro em barrar a aliança eleitoral entre o PT e o PMDB
carioca não deram o menor resultado, Lula e Dilma já se comprometeram em apoiar
o candidato do atual prefeito Eduardo Paes. A intensa dinâmica da crise
política deverá determinar até onde poderá prosseguir a "contraditória"
parceria entre Dilma e Cunha, o certo mesmo é a "dupla" não dispõe de
muito fôlego para atravessar incólume o ano seguinte. A palavra final deverá
ser dada pelo Movimento de massas, caso consiga superar politicamente a camisa
de força da colaboração de classes da Frente Popular.