terça-feira, 13 de outubro de 2015

BANCÁRIOS: RADICALIZAR A GREVE PARA DERROTAR A INTRANSIGÊNCIA DOS BANQUEIROS E GOVERNO DILMA

Augusto (CEF), Hyrlanda (Bradesco) e Paulo (BNB):
no Piquete na agência central do Bradesco em Fortaleza
A greve nacional dos bancários, iniciada dia 06/10, entrou em sua segunda semana, sem conseguir romper a intransigência do governo Dilma e dos banqueiros. Diante da reivindicação rebaixada do Comando Nacional da Contraf-CUT de 16% (inflação mais 5% de aumento real), os banqueiros ofereceram apenas uma única proposta de 5,5% mais um abono de  R$ 2.500,00, completamente incompatível com a enorme lucratividade obtida pelos cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Santander, BB, CEF) que atingiu 36 billhões de reais no primeiro semestre/2015, 27% maior em relação ao 1º semestre de 2014. A greve revela, mais uma vez, a enorme disposição de luta dos bancários que é contida pela camisa-de-força, imposta pela política de colaboração de classes da burocracia governista da CUT/CTB que sufoca as tendências de luta independente da base. Também tem sabotado as greves de outras categorias importantes como servidores, correios, petroleiros e acaba por colocar sobre as costas dos trabalhadores o ônus da crise capitalista. Não por acaso, não há qualquer previsão de negociação para os próximos dias, causando um impasse na greve dos bancários, cuja estratégia está concentrada na farsa da mesa “única” da Fenaban para blindar o governo Dilma. A burocracia impõe uma pauta rebaixada, esconde o governo Dilma, patrão dos bancos públicos, atrás da farsa da Mesa Única da Fenaban, realiza manifestações midiáticas e assembleias burocráticas só para cumprir calendário, terceiriza os piquetes que não são organizados coletivamente. A expressão da insatisfação e desconfiança da base em suas direções tem se revelado na ausência dos grevistas nas assembleias, nos piquetes, no aumento dos fura-greves nos bancos públicos que batem o ponto mas não abrem a agência ao público, atendendo de forma seletiva etc. Como os bancários em luta não se sentem representados por suas direções traidoras, acabam se comportando de forma contraditória, a exemplo da chamada greve de pijama.
Piquete do MOB na CEF
Esta greve tem forte adesão, mas pouca participação dos bancários. Além de efetivamente não afetar o lucro dos bancos, já que a tecnologia (operações pela internet e autoatendimento) não sofre descontinuidade, nem a compensação, e as próprias agências atendem, através de seus gerentes e fura-greves, clientes de alta renda. Esta política só serve para fragilizar a categoria e ajudar a burocracia, aos banqueiros e ao governo Dilma a liquidarem nossa mobilização pelo efeito dominó, isto é, por banco, causando desmoralização e confusão na base. Como uma greve é sempre uma operação de combate com o objetivo de obrigar nosso adversário a ceder. Desse ponto de vista da luta de classes, nossos adversários são os banqueiros, o governo Dilma e a própria burocracia governista que detêm o controle burocrático sobre os rumos da greve. Portanto, a unidade da categoria e não sua divisão por bancos ou mesas específicas é o caminho para obrigá-los a ceder. Afinal, a greve unitária da categoria deve se sobrepor às exigências particulares ou corporativistas por bancos. Não é a toa que as mesas específicas do BB, CEF, BASA, BNB ainda nada ofereceram, mas só o farão quando o índice final da Fenaban for costurado por trás da vontade da bases.

Nesse sentido, defendemos acabar com o corporativismo reacionário que divide os trabalhadores por banco, em nome de especificidades que, embora reais, devem em época de campanha salarial estar subordinadas àquilo que nos une primeiramente: reajuste e reposição salarial, pisos dignos, fim das demissões, estabilidade, fim do assédio moral, isonomia, etc. É fundamental que a base detenha o total controle sobre os rumos da campanha salarial a partir da eleição de comandos de base, assembleias unificadas e unitárias, pela mesa única dos bancos públicos, realização de plenárias diárias de delegados sindicais e ativistas, por um encontro nacional de base amplo e massivo, etc.

A única saída para romper o impasse da greve é radicaliza-la, rompendo com a política de conciliação de classes da burocracia governista e reconstruindo nossa capacidade de luta, a partir de uma intervenção independente da base que resgate a mais ampla democracia operária, reivindicando comandos eleitos na base, assembleias unificadas e intercategorias. É necessário também superar a dispersão das lutas, unificando-as e centralizando-as rumo a construção de um amplo movimento, capaz de derrotar a política de arrocho e privatizações do governo dos banqueiros.  Portanto, nós do Movimento de Oposição Bancária (MOB) chamamos os lutadores a agruparem-se sob a bandeira da independência de classe e a travar uma clara delimitação política, canalizando a disposição de luta dos bancários para o fortalecimento dos piquetes e assembleias, e desse modo, retirar da burocracia os rumos da mobilização.