BANCÁRIOS: RADICALIZAR A GREVE PARA DERROTAR A INTRANSIGÊNCIA DOS BANQUEIROS E GOVERNO DILMA
Augusto (CEF), Hyrlanda (Bradesco) e Paulo (BNB): no Piquete na agência central do Bradesco em Fortaleza |
A greve nacional dos bancários, iniciada dia 06/10, entrou
em sua segunda semana, sem conseguir romper a intransigência do governo Dilma e
dos banqueiros. Diante da reivindicação rebaixada do Comando Nacional da
Contraf-CUT de 16% (inflação mais 5% de aumento real), os banqueiros ofereceram
apenas uma única proposta de 5,5% mais um abono de R$ 2.500,00, completamente incompatível com a
enorme lucratividade obtida pelos cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco,
Santander, BB, CEF) que atingiu 36 billhões de reais no primeiro semestre/2015,
27% maior em relação ao 1º semestre de 2014. A greve revela, mais uma vez, a
enorme disposição de luta dos bancários que é contida pela camisa-de-força,
imposta pela política de colaboração de classes da burocracia governista da
CUT/CTB que sufoca as tendências de luta independente da base. Também tem
sabotado as greves de outras categorias importantes como servidores, correios,
petroleiros e acaba por colocar sobre as costas dos trabalhadores o ônus da
crise capitalista. Não por acaso, não há qualquer previsão de negociação para
os próximos dias, causando um impasse na greve dos bancários, cuja estratégia
está concentrada na farsa da mesa “única” da Fenaban para blindar o governo
Dilma. A burocracia impõe uma pauta rebaixada, esconde o governo
Dilma, patrão dos bancos públicos, atrás da farsa da Mesa Única da Fenaban,
realiza manifestações midiáticas e assembleias burocráticas só para cumprir
calendário, terceiriza os piquetes que não são organizados coletivamente. A
expressão da insatisfação e desconfiança da base em suas direções tem se
revelado na ausência dos grevistas nas assembleias, nos piquetes, no aumento
dos fura-greves nos bancos públicos que batem o ponto mas não abrem a agência
ao público, atendendo de forma seletiva etc. Como os bancários em luta não se
sentem representados por suas direções traidoras, acabam se comportando de
forma contraditória, a exemplo da chamada greve de pijama.
Piquete do MOB na CEF |
Esta greve tem forte adesão, mas pouca participação dos
bancários. Além de efetivamente não afetar o lucro dos bancos, já que a
tecnologia (operações pela internet e autoatendimento) não sofre
descontinuidade, nem a compensação, e as próprias agências atendem, através de
seus gerentes e fura-greves, clientes de alta renda. Esta política só serve
para fragilizar a categoria e ajudar a burocracia, aos banqueiros e ao governo
Dilma a liquidarem nossa mobilização pelo efeito dominó, isto é, por banco,
causando desmoralização e confusão na base. Como uma greve é sempre uma
operação de combate com o objetivo de obrigar nosso adversário a ceder. Desse
ponto de vista da luta de classes, nossos adversários são os banqueiros, o
governo Dilma e a própria burocracia governista que detêm o controle burocrático
sobre os rumos da greve. Portanto, a unidade da categoria e não sua divisão por
bancos ou mesas específicas é o caminho para obrigá-los a ceder. Afinal, a
greve unitária da categoria deve se sobrepor às exigências particulares ou
corporativistas por bancos. Não é a toa que as mesas específicas do BB, CEF,
BASA, BNB ainda nada ofereceram, mas só o farão quando o índice final da
Fenaban for costurado por trás da vontade da bases.
Nesse sentido, defendemos acabar com o corporativismo
reacionário que divide os trabalhadores por banco, em nome de especificidades
que, embora reais, devem em época de campanha salarial estar subordinadas
àquilo que nos une primeiramente: reajuste e reposição salarial, pisos dignos,
fim das demissões, estabilidade, fim do assédio moral, isonomia, etc. É
fundamental que a base detenha o total controle sobre os rumos da campanha
salarial a partir da eleição de comandos de base, assembleias unificadas e
unitárias, pela mesa única dos bancos públicos, realização de plenárias diárias
de delegados sindicais e ativistas, por um encontro nacional de base amplo e
massivo, etc.
A única saída para romper o impasse da greve é
radicaliza-la, rompendo com a política de conciliação de classes da burocracia
governista e reconstruindo nossa capacidade de luta, a partir de uma
intervenção independente da base que resgate a mais ampla democracia operária,
reivindicando comandos eleitos na base, assembleias unificadas e
intercategorias. É necessário também superar a dispersão das lutas, unificando-as
e centralizando-as rumo a construção de um amplo movimento, capaz de derrotar a
política de arrocho e privatizações do governo dos banqueiros. Portanto, nós do Movimento de Oposição
Bancária (MOB) chamamos os lutadores a agruparem-se sob a bandeira da
independência de classe e a travar uma clara delimitação política, canalizando
a disposição de luta dos bancários para o fortalecimento dos piquetes e
assembleias, e desse modo, retirar da burocracia os rumos da mobilização.