98 ANOS DA TOMADA DO PODER PELO PARTIDO BOLCHEVIQUE: AS
LIÇÕES DE OUTUBRO E A LUTA CONTRA O REVISIONISMO DO MARXISMO EM NOSSOS DIAS
No próximo dia 25 completam-se 98 anos da vitória da
Revolução de Outubro. Poderíamos escrever um longo texto descrevendo os fatos
históricos e políticos que levaram o Partido Bolchevique ao poder em 1917. Não
faltam “especialistas” no assunto, ainda que não apliquem uma vírgula do legado
deixado por Lênin e Trotsky. Por esta razão, como uma corrente Leninista
militante, optamos por ligar as lições de Outubro aos desafios do proletariado
e sua vanguarda hoje, no Brasil e no mundo, até porque para as novas gerações o
Estado operário soviético, liquidado em 1991, já não existe mais, sendo esse
combate político e teórico a própria defesa concreta da revolução hoje. Nesse
sentido, a principal tarefa dos marxistas revolucionários reside justamente em
reafirmar em pleno século XXI, contra todos os modismos adotados pela
“esquerda” em geral e o revisionismo em particular, a vigência da construção do
partido Leninista como núcleo de vanguarda comunista organizado e apoiado no
armamento da classe operária, para tomar o poder da burguesia, condição
essencial que levou a vitória do proletariado naqueles dias de 1917 e que se
faz ainda mais necessária diante de uma conjuntura mundial absolutamente
desfavorável para os trabalhadores em todo planeta. Fazemos este alerta porque
a melhor homenagem que podemos render a esse triunfo histórico do proletariado
mundial, quase um século depois de ocorrido e quando a URSS já não existe mais,
é fazer um balanço das lições programáticas que levaram ao fim do Estado
Operário soviético pelas mãos dos bandos restauracionistas apoiados pelo
imperialismo. Desde já, aproveitamos a “oportunidade” para dizer que as mesmas
forças políticas e sociais que festejaram a queda da pátria de Lênin, seja no
campo burguês ou no terreno do revisionismo Trotskista, são as que em nome da
“defesa de democracia”, saudaram a charlatanesca “Revolução Árabe” no norte da
África e no Oriente Médio levada a cabo pela OTAN e seus mercenários
“rebeldes”, não por acaso financiados pelas mesmas potências capitalistas que
apoiaram o mafioso Yelstin em 1991 como alternativa “democrática” à “ditadura
stalinista”. O fim da URSS, em 1991, foi sem dúvida a maior tragédia política
para os trabalhadores de todo o mundo no século XX. A contrarrevolução que
restaurou o capitalismo na União Soviética, abriu uma etapa histórica de um
profundo retrocesso político e ideológico do proletariado mundial, marcado pela
quebra das conquistas sociais dos trabalhadores em todo o mundo e pela ofensiva
da recolonização imperialista cada vez mais amparada na agressão militar contra
as nações oprimidas. Vergonhosamente, a maioria da esquerda mundial, incluindo
correntes pseudotrotskistas, saudaram a destruição do Estado operário e das
conquistas sociais Revolução de Outubro como um fato progressivo, “uma grande
vitória dos trabalhadores e do povo” (1991 – Um golpe de direita, disfarçado
com a bandeira vermelha – sitio do PSTU 19/10/2011). De fato, o que ocorreu na
Rússia foi que o aprofundamento da política restauracionista, através da
Perestoika de Gorbachev, fez que um setor da burocracia, encabeçado por Boris
Yeltsin, rompesse com o PCUS para alçarem-se à condição de representantes
diretos do imperialismo e candidatos a novos proprietários dos meios de
produção, concluindo definitivamente o processo de restauração capitalista. A
tentativa de golpe do chamado Comitê Estatal de Emergência, foi último recurso
de uma burocracia desmoralizada e sem apoio de massas, para assegurar os seus
próprios privilégios de casta burocrática dirigente do Estado operário. Para as
correntes revisionistas do trotskismo, em 1991 houve uma revolução, cuja
vitória se consistiu em que “as massas conseguiram derrubar o regime e
conquistaram liberdades democráticas” (Idem). Com essa grotesca falsificação,
apresentam uma contrarrevolução imperialista como se fosse a revolução política
antiburocrática proposta por Trotsky, que nunca defendeu um regime de
democracia burguesa como alternativa ao stalinismo, mas sim a democracia
proletária, ou seja, a ditadura do proletariado exercida através dos sovietes,
para assegurar as conquistas da Revolução de Outubro e impulsionar a revolução
proletária mundial. Todo o malabarismo dos pseudotrotskistas para justificar seu
apoio à destruição da URSS em nome das “liberdades democráticas”, só fazem
revelar sua vergonhosa capitulação política ao imperialismo, da mesma forma
como fazem hoje quando defendem com unhas e dentes a fantasiosa “Revolução
Árabe”, dando coro à propaganda ideológica das grandes potências capitalistas e
seus órgãos de inteligência. Fizeram isto de forma criminosa contra a Líbia, um
país semicolonial não alinhado, ao convocarem
um movimento reacionário, armado e financiado pelo imperialismo, de
“revolução democrática” levado a cabo pelos “rebeldes”. Na verdade, as correntes
de esquerda que apoiaram descaradamente a intervenção imperialista na Líbia e
hoje fazem o mesmo na Síria e no Irã, sob o argumento cínico do apoio à
“Revolução Árabe”, negam categoricamente as lições mais elementares da
Revolução de Outubro, porque há muito abandonaram o leninismo e a estratégia da
luta revolucionária pela conquista do poder pelo proletariado e se deixaram
corromper pela mídia pró-império e pelos encantos da democracia burguesa. Para
essa escória, já não é mais necessário, como faziam os mencheviques e outras
correntes oportunistas do século XX, apresentar a revolução democrática como
uma etapa para chegar ao socialismo, pois, na atual etapa de reação política e
ideológica, já fizeram da democracia dos ricos e instituições corruptas do Estado
burguês o seu próprio objetivo. Estranhamente, a tão alardeada “Revolução
Árabe”, na verdade uma transição democrática operada pela própria aristocracia
que prefere ceder os anéis... não faz qualquer referência à reivindicação
histórica das massas árabes que é a destruição do enclave imperialista no
Oriente Médio, o Estado sionista de Israel, mas tem sido saudada e apoiada
pelos principais expoentes do imperialismo.
Com posições abertamente pró-imperialistas as correntes
pseudotrotskistas vão muito além do campo do revisionismo do marxismo, passando
a estabelecer uma clara aliança com a reação capitalista das transnacionais do
petróleo em sua ofensiva sobre os povos árabes. Para os que acusaram a LBI de
“capitular a Kadaffi” por defender a Líbia da agressão da OTAN em frente única
com as forças que apoiavam o regime e agora fazem o mesmo na Síria, quando
estamos contra a escalada terrorista dos mercenários que desejam derrubar o
governo da oligarquia Assad para impor um títere da Casa Branca em Damasco, a
escória política da mesma cepa dos que caluniavam Trotsky de capitular a
Stálin, respondemos com as sábias lições nos deixada pelo “velho bolchevique”,
plenamente válidas até nossos dias: “Stalin derrubado pelos trabalhadores: é um
grande passo para o socialismo. Stalin eliminado pelos imperialistas: é a
contrarrevolução que triunfa” (Em Defesa do Marxismo). Estes revisionistas
foram os mesmos que durante a destruição do Estado operário soviético pelo
bando criminoso e restauracionista de Yeltsin saudaram o fim da URSS como uma
“triunfante revolução democrática”, não tendo o menor descaramento de
emblocarem-se com a contrarrevolução imperialista. Não por coincidência,
cometeram hoje a mesma traição de ontem,
ao renegarem a defesa incondicional da URSS. Agora, em nome da fantasiosa
“revolução árabe” se colocam ao lado da OTAN e de seus “rebeldes” mercenários
em nome de derrotar as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio, quando na
verdade está em curso um processo de desestabilização dos decadentes regimes
nacionalistas daquela região!
Como dizia Trotsky, “A emancipação dos operários não pode
ser senão obra dos próprios operários. Não há, pois, crime pior do que enganar
as massas, do que fazer passar as derrotas por vitórias” (A moral deles e a
nossa, 09/1938). Para encobrir sua impotência diante dos acontecimentos, os
revisionistas do trotskismo tentam vender as derrotas como vitórias.
Apresentaram a restauração capitalista na URSS e Leste europeu como revoluções
e o crash de 2008 apontaram como sendo o próprio fim do capitalismo. Não tendo
um Partido Revolucionário para sequer se defender, são os trabalhadores que
pagam a crise da grande burguesia que usa as perdas de suas empresas para
justificar uma apropriação inaudita de recursos estatais. Em que pese ser o
epicentro da última crise, os EUA sequer perderão seu posto hegemônico na
economia mundial, enquanto seu domínio estiver lastreado por seu poderio
militar dominante, enquanto o proletariado estadunidense seguir intoxicado por
sua própria burguesia através do partido democrata auxiliado por reformistas e
não poucos pseudotrotskistas que defendem o direito a existência do enclave
sionista e se opõem à vitória militar dos povos oprimidos sobre os EUA. Para
Trotsky como para Lenin não há situação sem saída para o capitalismo, cujo
único coveiro é a tomada do poder estatal pelos trabalhadores organizados em um
Partido Comunista.
Para os autênticos Revolucionários Marxistas, que não se
curvaram diante da ofensiva ideológica do imperialismo, cabe à tarefa de
resgatar as tradições revolucionárias dos Bolcheviques e as lições da grande
Revolução de Outubro como ferramentas elementares na construção do partido
revolucionário para libertar o proletariado da influência dos agentes da
burguesia e do imperialismo, colocando o movimento operário novamente sob a
bandeira da revolução proletária mundial e do socialismo, esta incumbência
destinada à reconstrução da IV Internacional. Para tanto é necessário que a
vanguarda da classe operária abstraia com toda perspicácia as lições das
derrotas que o proletariado tem sofrido nas últimas décadas por causa
precisamente da ausência de uma direção verdadeiramente revolucionária. A
necessidade de derrotar o imperialismo faz da Revolução Bolchevique, mais do
que nunca, uma referência para a luta dos trabalhadores de todos os países.
Portanto, a tarefa que se coloca para os revolucionários de hoje, é resgatar o
legado político e teórico de Lênin e Trotsky, para potenciar a vitória da
revolução mundial imprimindo uma derrota definitiva ao imperialismo, abrindo o
caminho ao futuro socialista da humanidade. No momento em que a esmagadora
maioria da humanidade sente todas suas conquistas sociais, econômicas, civis e
democráticas sendo devoradas pelo insaciável monstro capitalista e que a cada
dia cresce a ameaça do uma nova guerra tendo hoje como alvo a população
iraniana e os Estados Operários sobreviventes,
com toda justeza se impõem às palavras de Trotsky no jornal Proletarii,
de 24 de agosto de 1917, “Revolução Permanente ou massacre permanente! Essa é a
luta de cujo resultado depende a sorte da humanidade!”.