REUNIÃO DO DIRETÓRIO NACIONAL DO PT: NO PARTIDO, LULA FAZ
DEMAGOGIA ELEITORAL PROMETENDO QUE "O PIOR JÁ PASSOU"... NO GOVERNO,
DILMA/LEVY PROJETAM PIB NEGATIVO EM 2016-2017 COM RECESSÃO PROFUNDA
O Diretório Nacional do PT acaba de concluir neste dia 29 de
outubro sua reunião com a presença de Lula. Ela ocorreu justamente na semana em
que se completou um ano da reeleição de Dilma Rousseff à Presidência da
República. De outubro de 2014 para cá houve o completo esgotamento do
gerenciamento petista que viu sua base eleitoral e política se fragilizar com a
aplicação do ajuste neoliberal pelas mãos do ministro Levy. Esse profundo
desgaste, produto do verdadeiro estelionato eleitoral em curso, levou ao
fortalecimento da ofensiva da direita contra o PT e seu governo. A Frente
Popular como “resposta” aprofundou suas alianças com a quadrilha do PMDB para
garantir a governabilidade burguesa. Não por acaso Lula declarou na reunião
“Tivemos um problema político sério, porque ganhamos a eleição com um discurso
e depois das eleições tivemos que mudar o nosso discurso e fazer aquilo que a
gente dizia que não ia fazer”. A crise do governo da Frente Popular foi o
centro do debate da reunião do PT, com Lula propondo pequenas mudanças em
pontos secundários do ajuste e defendendo a manutenção de alguns programas
sociais (Bolsa Família), porém reivindicando abertamente a manutenção de Levy
“Não podemos jogar em cima do Levy os efeitos da crise, temos que jogar em cima
de nós mesmos. Tem companheiro que fala ‘Fora Levy’ com a mesma facilidade com
que falávamos ‘Fora FMI’. Não é a mesma coisa. O programa de ajuste estava
feito antes de Levy chegar ao governo” declarou o ex-presidente. Esse
“reconhecimento” de Lula foi milimetricamente calculado. Ele sabe que a
manutenção do office-boy dos rentistas no posto da Fazenda é a mais sólida
garantia da sustentação do governo pela burguesia e o imperialismo na medida em
que o programa de ataque aos trabalhadores foi o caminho escolhido pelo PT como
resposta a crise capitalista. Entretanto, como uma boa raposa política logo em
seguida Lula declarou demagogicamente que “o pior já passou”: “A recuperação da
economia é o melhor trunfo que nós temos”. Uma prova dessa política
dristacionista que visa enganar os mais desavisados foi a resolução final da
reunião que afirma: “O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, nestas
circunstâncias, considera que o principal objetivo tático é derrotar a escalada
golpista, isolar a oposição de direita e recuperar as condições plenas de
governabilidade. Este movimento tem mais chances de êxito se acompanhado por
mudanças na política econômica que o PT vem sugerindo desde a realização do
5o.Congresso, em Salvador. Tais mudanças podem reagrupar as forças populares e
democráticas ao redor de um programa de desenvolvimento sustentado pela
expansão do mercado interno, pela ampliação dos investimentos estatais, pela
defesa do emprego e a majoração contínua da renda dos trabalhadores”. Até o
mais ingênuo dos petistas sabe que a política que vem sendo e será aplicada
pelo governo Dilma-Levy é justamente o contrário da receita
neodesenvolvimentista expressa na resolução. O Planalto prepara em parceria o
facínora Eduardo Cunha (nenhuma palavra sobre o “Fora Cunha” na reunião do
diretório!) uma nova Reforma da Previdência abertamente neoliberal. Por seu
turno o corte de gastos sociais previsto para os orçamentos de 2016 e fim das
linhas de crédito, além do aumento de impostos via a CPMF (com seu efeito
cascata no aumento de preços) vão gerar uma onda de miséria e demissões enorme
a partir de 2016, quando se verá as reais dimensões da crise. Longe do cenário
pintado por Lula e o PT de que o ajuste termina em 2015 e o próximo ano será de
crescimento, o próprio Ministério da Fazenda divulgou dados nesta semana
anunciando a retração de 1% para a economia brasileira em 2016 e PIB negativo
também em 2017. A previsão anterior do governo era de que o PIB iria avançar
0,2% em 2016. Desta forma, o Planalto prevê dois anos seguidos de queda do PIB
pela 1ª vez desde 1948. O governo também prevê que a dívida bruta do setor
público some 68,3% do PIB, avançando para 71,1% do PIB em 2016 e para 72% do
PIB em 2017. Como se observa pelos dados divulgados pelo próprio Levy os
efeitos nefastos da crise econômica serão sentidos com maior intensidade a
partir de 2016 e não o contrário como prega Lula e o PT. Na verdade, todo o discurso demagógico
montada por Lula visa às eleições presidenciais de 2018. Neste cenário de
recessão e com o aprofundamento do ajuste neoliberal o PT será o principal
derrotado das eleições municipais de 2016 e depois deve ser varrido da presidência
da república abrindo caminho para um eixo ainda mais conservador de poder da
burguesia (Alckmin, Marina, Sergio Moro). Trata-se do “revezamento democrático”
via os tucanos ou mesmo através de um novo partido de direita ou centro. Em
resumo, afora o distracionionismo de Lula de olho em 2018, o PT fechou questão
em apoio a Levy e está pelo “Fica Cunha” esperando que suas alianças com as
quadrilhas burguesas e a aplicação servil do ajuste neoliberal garanta a
manutenção do mandato de Dilma. Sua direção tem claro porém que a crise
econômica levará o partido a ruína eleitoral e a corrosão de sua base social
mas obviamente tem que vender “gato por lebre” e fazer acreditar que ao final
filme Lula voltará para garantir um novo “ciclo de desenvolvimento”. Entretanto
este roteiro escrito pelo diretório nacional do PT está completamente fora da
realidade, basta ver o cerco que a mídia e justiça vêm operando contra Lula e o
partido, apoiando-se nas tendências fascisitizante que crescem na classe média
na medida em que os efeitos do ajuste neoliberal desmoralizam as bravatas dos
petistas e a política da burocracia sindical governista paralisa o movimento de
massas.
O mesmo jogo de cena Lula fez no congresso da CUT, realizado
há pouco menos de 15 dias. Nele, o ex-presidente declarou: “Ganhamos as
eleições com um discurso e os nossos adversários perderam as eleições com um
discurso. Mas a impressão que passamos para a sociedade é que adotamos o
discurso de quem perdeu. É o que está na cabeça do povo” e arrematou: “O que a
Dilma tem que saber é que este país não pode ficar falando em corte mais uma
semana ou um mês. Neste país temos que falar em crescimento, com geração de
emprego e distribuição”. Essa fala estava voltada aos sindicalistas “chapa
branca” que veem suas bases cada vez mais descontentes com o ajuste neoliberal
e as demissões. Da mesma forma que no diretório nacional do PT, o discurso feito
na CUT não passa de uma manobra distracionista e eleitoral. Os próprios dados do BC são
categóricos. Para o PIB deste ano, as avaliações projetem retração de 3,02%.
Foi a 15ª revisão para baixo consecutiva do indicador. Até então, a expectativa
era de uma contração um pouco menor neste ano: de 3%. Se confirmado, será o
pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma
queda de 4,35%. Para 2016, as sondagens do BC apontam para PIB negativo de
1,22% para 1,43% com a expectativa de contração na economia do país. Esta foi a
terceira queda seguida na previsão do mercado para o PIB do próximo ano. Todos
esses dados se revestem na economia real com demissões e queda de consumo, o
que se agrava com as restrições ao seguro-desemprego e a aposentadoria
aprovadas pelo governo Dilma no Congresso Nacional. Entre o congresso da CUT e a reunião do diretório nacional
do PT foi a vez do presidente do PT, Rui Falcão, fazer seu malabarismo: “É
importante mudar a política econômica. É preciso que se libere crédito para
investimento, para consumo. É uma forma de fazer a economia rodar. Da mesma
maneira, é insustentável manter a atual taxa de juros. Se Levy não quiser seguir a orientação da
presidente, deve ser substituído”. Dilma respondeu na hora “O presidente do PT
pode ter a opinião que ele quiser. Mas não é a opinião do governo. Se eu disse
que não é a opinião do governo, o ministro Levy fica”. Lula acabou se
perfilando com Dilma e a reunião do diretório nacional avalizou mais uma vez a presença
de Levy na Fazenda.
A demagógica resolução neo-desenvolvimentista aprovada pelo diretório
nacional do PT esbarra em uma simples realidade: todos os recursos do Estado
estão sendo drenados para pagar os juros da dívida pública, bancar a orgia dos
rentistas. Os cortes bilionários no orçamento nas áreas de saúde e educação e o
ataque aos direitos para supostamente “equilibrar as contas do governo” visam
bancar essa rapina. Por essa equação moneratista não há dinheiro para bancar
setores da economia com a injeção de dinheiro público. Essa foi a política
utilizada por Lula no crash mundial de 2008, ampliando a oferta de crédito, a
isenção de impostos e os subsídios sociais, mas essa reserva acabou. A dívida
interna bruta chega a R$ 3,7 trilhões e a externa a US$ 555 bilhões. Em 2015, o
déficit público primário deve ficar em R$ 70 bilhões. E o orçamento de 2016,
como amplamente divulgado, foi apresentado ao Congresso com um déficit de R$ 30
bilhões. Esse quadro apontar para uma recessão profunda em 2016-2017 e não sua
reversão como aponta Lula! Para reverter esse quadro e não jogar a conta da crise sobre os trabalhadores seria preciso não apenas taxar as grandes fortunas e o lucro-dividendos de pessoas físicas e jurídicas como propõem a esquerda petista com ações fiscais no marco do regime político, mas levar a cabo um programa de expropriação da burguesia de conjunto, colocando a classe operária em luta para garantir suas conquistas e barrar o ataque a seus direitos, todo um programa operário que o governo do PT é incapaz de realizar por seu acordo com a classe dominante e o imperialismo.
As tendências Articulação de Esquerda, Avante Socialismo 21, Esquerda Popular Socialista, Mensagem ao Partido e Militância Socialista apresentaram o projeto de resolução ao diretório nacional que faz a mesma demagogia utilizada por Lula. No manifesto “O CAMINHO DO PT É A DEFESA DA DEMOCRACIA E DO PROGRAMA ELEITO EM 2014” defendem que “O PT, há vários meses e por várias vozes, expressou a necessidade da mudança econômica do ministro Levy. Inclusive como parte da melhor defesa do mandato popular ameaçada pelo golpismo. Mudança que é uma exigência largamente respaldada pelo recente congresso da CUT e partilhada por um conjunto de intelectuais, lideranças e movimentos populares” (Página 13, 29/10). A tal mudança foi rechaçada por Lula, a CNB e a esmagadora maioria do diretório nacional do PT, já que não representa o programa que a burguesia e o imperialismo acordou para ser aplicado no segundo mandado de Dilma. De nossa parte, os genuínos marxistas revolucionários há tempos não disseminamos a menor ilusão de um giro a esquerda ou a suposta recuperação do PT e do governo Dilma como faz a “esquerda petista”, ainda mais depois de doze anos das gerências de Lula e Dilma que vem servindo ao capital financeiro e aos trustes imperialistas. A “evolução” do PT representa a própria degeneração de lideranças operárias que fazem de sua vida um tributo ao modo de produção capitalista. As variantes pequeno-burguesas em oposição ao lulismo no PT já se mostraram fracassadas, com sua política centrista, desde há mais de 35 anos, quando aderiram ao PT de forma absolutamente acrítica. Tampouco cabe bancar o papel de “conselheiros de esquerda” do governo Dilma, como faz o PCO e seus satélites liliputianos sempre usando como fantasma o “golpe da direita”, farsa que hoje, com a sustentação de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, se revela ainda mais como uma piada de mau gosto. É necessário tirar as lições desta reunião do diretório nacional do PT que reafirmou o objetivo de sua direção nacional em disciplinar o partido a fim de manter a plena confiança política das classes dominantes no PT. Nossa tarefa é concentrar o acumulo de forças da classe operária na perspectiva da construção de uma alternativa revolucionaria de poder, agrupando os comunistas em uma frente única para impulsionar a ação direta das massas contra o ajuste neoliberal, para além dos estreitos limites institucionais do regime burguês. O desafio central neste período é forjar um partido operário revolucionário para superar o PT e a frente popular, postando-se como uma alternativa revolucionária também a “oposição de esquerda” encabeçada pelo PSOL-PSTU completamente domesticada a democracia dos ricos.
As tendências Articulação de Esquerda, Avante Socialismo 21, Esquerda Popular Socialista, Mensagem ao Partido e Militância Socialista apresentaram o projeto de resolução ao diretório nacional que faz a mesma demagogia utilizada por Lula. No manifesto “O CAMINHO DO PT É A DEFESA DA DEMOCRACIA E DO PROGRAMA ELEITO EM 2014” defendem que “O PT, há vários meses e por várias vozes, expressou a necessidade da mudança econômica do ministro Levy. Inclusive como parte da melhor defesa do mandato popular ameaçada pelo golpismo. Mudança que é uma exigência largamente respaldada pelo recente congresso da CUT e partilhada por um conjunto de intelectuais, lideranças e movimentos populares” (Página 13, 29/10). A tal mudança foi rechaçada por Lula, a CNB e a esmagadora maioria do diretório nacional do PT, já que não representa o programa que a burguesia e o imperialismo acordou para ser aplicado no segundo mandado de Dilma. De nossa parte, os genuínos marxistas revolucionários há tempos não disseminamos a menor ilusão de um giro a esquerda ou a suposta recuperação do PT e do governo Dilma como faz a “esquerda petista”, ainda mais depois de doze anos das gerências de Lula e Dilma que vem servindo ao capital financeiro e aos trustes imperialistas. A “evolução” do PT representa a própria degeneração de lideranças operárias que fazem de sua vida um tributo ao modo de produção capitalista. As variantes pequeno-burguesas em oposição ao lulismo no PT já se mostraram fracassadas, com sua política centrista, desde há mais de 35 anos, quando aderiram ao PT de forma absolutamente acrítica. Tampouco cabe bancar o papel de “conselheiros de esquerda” do governo Dilma, como faz o PCO e seus satélites liliputianos sempre usando como fantasma o “golpe da direita”, farsa que hoje, com a sustentação de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, se revela ainda mais como uma piada de mau gosto. É necessário tirar as lições desta reunião do diretório nacional do PT que reafirmou o objetivo de sua direção nacional em disciplinar o partido a fim de manter a plena confiança política das classes dominantes no PT. Nossa tarefa é concentrar o acumulo de forças da classe operária na perspectiva da construção de uma alternativa revolucionaria de poder, agrupando os comunistas em uma frente única para impulsionar a ação direta das massas contra o ajuste neoliberal, para além dos estreitos limites institucionais do regime burguês. O desafio central neste período é forjar um partido operário revolucionário para superar o PT e a frente popular, postando-se como uma alternativa revolucionária também a “oposição de esquerda” encabeçada pelo PSOL-PSTU completamente domesticada a democracia dos ricos.