domingo, 18 de outubro de 2015

URBANITÁRIOS-CEARÁ: “CONSTRUIR UMA CHAPA CLASSISTA PARA DERROTAR OS ATAQUES DO GOVERNO CAMILO E O GRUPO NOVAIS ENCASTELADO NO SINDIÁGUA”

Antônio Luiz e Sávio Capristrano,
militantes Oposição Unidade na Luta-TRS
que encabeçaram a chapa contra o grupo de Novais em 2012

O JORNAL LUTA OPERÁRIA ENTREVISTOU OS COMPANHEIROS ANTÔNIO LUIZ E SÁVIO CAPISTRANO, TRABALHADORES URBANITÁRIOS DA COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTO DO CEARÁ (CAGECE) E MILITANTES DA OPOSIÇÃO UNIDADE NA LUTA À DIRETORIA DO SINDIÁGUA, IMPULSIONADA PELA TRS-LBI. DIANTE DOS ATAQUES DO GOVERNO CAMILO (PT) E DAS ELEIÇÕES SINDICAIS MARCADAS PARA FEVEREIRO DE 2016 ELES APRESENTAM OS DESAFIOS EM FORMAR UMA CHAPA DE LUTA CONTRA O GRUPO DE NOVAIS, QUE CONTROLA O SINDICATO HÁ MAIS DE 30 ANOS.

Jornal Luta Operária (JLO): Quais as reivindicações da categoria frente aos ataques do governo Camilo, marionete da oligarquia Gomes?

Sávio Capistrano (SC): A principal reivindicação é colocar a CAGECE sobre o controle de seus trabalhadores, que a empresa não seja um instrumento a serviço da política clientelista e oligárquica do governo Camilo e dos irmãos Gomes, que serve apenas para contemplar seus aliados burgueses. As chefias e assessores da diretoria da empresa que atacam os trabalhadores são imensas, fruto dessa política que onerou a CAGECE há um rombo de dois milhões de reais enquanto nossas reivindicações não são atendidas, mantendo um arrocho salarial e corte de conquistas. Essa realidade impõe uma pressão patronal sobre a categoria, que tem dificuldades de reagir à altura.

JLO: Como você vê os ataques do governo Dilma aos trabalhadores e a paralisia do movimento operário?

Antônio Luiz (AL): Os ataques do governo Dilma aos trabalhadores expressam o caráter de classe desse governo. O governo Dilma é um governo burguês, a serviço dos banqueiros, dos latifundiários, do agronegócio e da exploração da classe trabalhadora pelos capitalistas e,  nesse ponto, não há nenhum diferença entre os governos do PT e o governo do tucano de FHC. A conduta de ataques aos trabalhadores é a conduta de todo governo capitalista. A diferença está em que, diante da crise econômica que estamos vivendo agora, o governo Dilma  tenta se manter agradando ainda mais seus amos capitalistas, intensificado os ataques contra os trabalhadores. A paralisia do movimento operário diante desses ataques serve como um atestado que o governo Dilma apresenta à burguesia, sobre a sua capacidade de governar e continuar golpeando os direitos dos trabalhadores.  O que impede que a classe trabalhadora reaja à altura contra esses ataques é o apoio que CUT, a CTB e as direções sindicais traidores dão a esse governo. Essa é a principal causa da paralisia do movimento.

JLO: Frente a esta ofensiva qual a resistência que a diretoria do Sindágua vem encabeçando?

SC: Nenhuma! O sindicato está totalmente distante e paralisado, não pisa na CAGECE, não atente as bases, burocratizado, os acordos coletivos são violados e não vemos resistência! Não abre a boca para denunciar a empresa! Não lutam pela implantação do Plano de Cargos e Salários. Com a ida do grupo de Sérgio Novais, que controla o Sindiágua, para o PMDB depois de sair do PSB, a categoria vai ficar ainda mais órfã de um instrumento de luta de seus interesses.

JLO: A esquerda “chapa branca” fala de golpe da direita contra Dilma. Qual sua avaliação dessa política de chantagem sobre os trabalhadores?

AL: Qualquer que seja a bandeira levantada pela direita, a nossa bandeira será sempre a da revolução proletária, da expropriação da burguesia e da construção do socialismo. Os governos do PT cumpriram bem as tarefas a que se propuseram. O governo Dilma tem sido um fiel serviçal dos interesses de classe da burguesia e não tomou nem tomará nenhuma medida que empolgue as massas trabalhadoras e as coloque em movimento. Não existe, portanto, nada que justifique um golpe reacionário de direita no país. Mas existe sim um crescimento de setores reacionários, uma direita fascista, fruto da própria política de frente popular dos governos do PT, da colaboração de classes e da paralisia do movimento operário imposta pelas direções sindicais governistas. A chantagem do golpe de direita, feita pela esquerda “chapa branca”, tem como principal objetivo neutralizar a justa reação dos trabalhadores aos golpes que o governo Dilma intensificará contra os trabalhadores. Se Dilma não concluir seu segundo mandato não será por força de um golpe reacionário da direita, mas tão somente pelo completo esgotamento do chamado modo petista de governar. Os trabalhadores não podem ceder a essa chantagem da esquerda “chapa branca”. A melhor forma de combater a direita fascista não é a defesa do governo Dilma, mas a construção de uma alternativa de poder revolucionário da classe trabalhadora.

JLO: A Oposição Unidade na Luta vai lançar chapa para as próximas eleições do Sindicato?

SC: As eleições sindicais devem ocorrer no começo de 2016, vamos fazer um chamado à base da categoria para formar uma chapa, a fim de ultrapassar os entraves burocráticos que o grupo de Novais impôs no último congresso, exigindo uma chapa com mais de 90 nomes! É difícil, é árduo, mas a oposição está conclamando a todos os lutadores, os trabalhadores do SAAE´s para colocar o sindicato de volta para as mãos dos trabalhadores da CAGECE. Não se tem prestação de contas, a estrutura do sindicato está a serviço da política direitista de Sérgio Novais, aliado de Eunício Oliveira. Vamos conclamar a todos para formar a chapa e disputar as eleições mais uma vez, já que em 2012 fomos alvo de uma fraude.

JLO: Como a Oposição Unidade na Luta encara a tarefa de construir uma direção revolucionária para o movimento de massas?

AL: Em primeiro lugar é preciso que exista movimento de massas, mas para isso é necessário que o movimento operário saia da paralisia imposta por suas direções traidoras, tarefa que, na atual etapa de reação política e ideológica, é extremamente difícil para o proletariado realizá-la de forma espontânea. A construção de uma direção revolucionária é fundamental para que o movimento operário conquiste sua independência política, rompa com as direções traidoras, com os partidos burgueses e comece a construir elementos de uma consciência socialista e revolucionária. Essa tarefa compete às organizações políticas da esquerda revolucionária que reivindicam o legato teórico e político do trotskismo. Todavia, na etapa de reação que atravessamos, quase todas essas organizações sucumbiram às pressões de classe, caíram no campo do revisionismo, renegaram a ditadura do proletariado e elegeram a democracia burguesa como seu objetivo final. Entre poucas e raríssimas exceções, a LBI segue combatendo o revisionismo e defendendo o legado do trotskismo como parte essencial da luta pela construção de uma direção revolucionária para o movimento de massas.