URBANITÁRIOS-CEARÁ: “CONSTRUIR UMA CHAPA CLASSISTA PARA
DERROTAR OS ATAQUES DO GOVERNO CAMILO E O GRUPO NOVAIS ENCASTELADO NO
SINDIÁGUA”
Antônio Luiz e Sávio Capristrano,
militantes Oposição Unidade na Luta-TRS
que encabeçaram a chapa contra o grupo de Novais em 2012
militantes Oposição Unidade na Luta-TRS
que encabeçaram a chapa contra o grupo de Novais em 2012
O JORNAL LUTA OPERÁRIA ENTREVISTOU OS COMPANHEIROS ANTÔNIO LUIZ E SÁVIO CAPISTRANO, TRABALHADORES URBANITÁRIOS DA COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTO DO CEARÁ (CAGECE) E MILITANTES DA OPOSIÇÃO UNIDADE NA LUTA À DIRETORIA DO SINDIÁGUA, IMPULSIONADA PELA TRS-LBI. DIANTE DOS ATAQUES DO GOVERNO CAMILO (PT) E DAS ELEIÇÕES SINDICAIS MARCADAS PARA FEVEREIRO DE 2016 ELES APRESENTAM OS DESAFIOS EM FORMAR UMA CHAPA DE LUTA CONTRA O GRUPO DE NOVAIS, QUE CONTROLA O SINDICATO HÁ MAIS DE 30 ANOS.
Jornal Luta Operária (JLO): Quais as reivindicações da categoria frente aos ataques do governo Camilo,
marionete da oligarquia Gomes?
Sávio Capistrano (SC): A principal reivindicação é colocar a
CAGECE sobre o controle de seus trabalhadores, que a empresa não seja um
instrumento a serviço da política clientelista e oligárquica do governo Camilo
e dos irmãos Gomes, que serve apenas para contemplar seus aliados burgueses. As
chefias e assessores da diretoria da empresa que atacam os trabalhadores são
imensas, fruto dessa política que onerou a CAGECE há um rombo de dois milhões
de reais enquanto nossas reivindicações não são atendidas, mantendo um arrocho
salarial e corte de conquistas. Essa realidade impõe uma pressão patronal sobre
a categoria, que tem dificuldades de reagir à altura.
JLO: Como você vê os ataques do governo Dilma aos
trabalhadores e a paralisia do movimento operário?
Antônio Luiz (AL): Os ataques do governo Dilma aos
trabalhadores expressam o caráter de classe desse governo. O governo Dilma é um
governo burguês, a serviço dos banqueiros, dos latifundiários, do agronegócio e
da exploração da classe trabalhadora pelos capitalistas e, nesse ponto, não há nenhum diferença entre os
governos do PT e o governo do tucano de FHC. A conduta de ataques aos
trabalhadores é a conduta de todo governo capitalista. A diferença está em que,
diante da crise econômica que estamos vivendo agora, o governo Dilma tenta se manter agradando ainda mais seus
amos capitalistas, intensificado os ataques contra os trabalhadores. A
paralisia do movimento operário diante desses ataques serve como um atestado
que o governo Dilma apresenta à burguesia, sobre a sua capacidade de governar e
continuar golpeando os direitos dos trabalhadores. O que impede que a classe trabalhadora reaja
à altura contra esses ataques é o apoio que CUT, a CTB e as direções sindicais
traidores dão a esse governo. Essa é a principal causa da paralisia do
movimento.
JLO: Frente a esta ofensiva qual a resistência que
a diretoria do Sindágua vem encabeçando?
SC: Nenhuma! O sindicato está totalmente distante e
paralisado, não pisa na CAGECE, não atente as bases, burocratizado, os acordos
coletivos são violados e não vemos resistência! Não abre a boca para denunciar
a empresa! Não lutam pela implantação do Plano de Cargos e Salários. Com a ida
do grupo de Sérgio Novais, que controla o Sindiágua, para o PMDB depois de sair
do PSB, a categoria vai ficar ainda mais órfã de um instrumento de luta de seus
interesses.
JLO: A esquerda “chapa branca” fala de golpe da direita
contra Dilma. Qual sua avaliação dessa política de chantagem sobre os
trabalhadores?
AL: Qualquer que seja a bandeira levantada pela direita, a
nossa bandeira será sempre a da revolução proletária, da expropriação da
burguesia e da construção do socialismo. Os governos do PT cumpriram bem as
tarefas a que se propuseram. O governo Dilma tem sido um fiel serviçal dos
interesses de classe da burguesia e não tomou nem tomará nenhuma medida que
empolgue as massas trabalhadoras e as coloque em movimento. Não existe,
portanto, nada que justifique um golpe reacionário de direita no país. Mas existe
sim um crescimento de setores reacionários, uma direita fascista, fruto da
própria política de frente popular dos governos do PT, da colaboração de
classes e da paralisia do movimento operário imposta pelas direções sindicais
governistas. A chantagem do golpe de direita, feita pela esquerda “chapa
branca”, tem como principal objetivo neutralizar a justa reação dos
trabalhadores aos golpes que o governo Dilma intensificará contra os
trabalhadores. Se Dilma não concluir seu segundo mandato não será por força de
um golpe reacionário da direita, mas tão somente pelo completo esgotamento do
chamado modo petista de governar. Os trabalhadores não podem ceder a essa
chantagem da esquerda “chapa branca”. A melhor forma de combater a direita
fascista não é a defesa do governo Dilma, mas a construção de uma alternativa
de poder revolucionário da classe trabalhadora.
JLO: A Oposição Unidade na Luta vai lançar chapa para as
próximas eleições do Sindicato?
SC: As eleições sindicais devem ocorrer no começo de 2016,
vamos fazer um chamado à base da categoria para formar uma chapa, a fim de
ultrapassar os entraves burocráticos que o grupo de Novais impôs no último
congresso, exigindo uma chapa com mais de 90 nomes! É difícil, é árduo, mas a
oposição está conclamando a todos os lutadores, os trabalhadores do SAAE´s para
colocar o sindicato de volta para as mãos dos trabalhadores da CAGECE. Não se
tem prestação de contas, a estrutura do sindicato está a serviço da política
direitista de Sérgio Novais, aliado de Eunício Oliveira. Vamos conclamar a
todos para formar a chapa e disputar as eleições mais uma vez, já que em 2012
fomos alvo de uma fraude.
JLO: Como a Oposição Unidade na Luta encara a tarefa de
construir uma direção revolucionária para o movimento de massas?
AL: Em primeiro lugar é preciso que exista movimento de
massas, mas para isso é necessário que o movimento operário saia da paralisia
imposta por suas direções traidoras, tarefa que, na atual etapa de reação
política e ideológica, é extremamente difícil para o proletariado realizá-la de
forma espontânea. A construção de uma direção revolucionária é fundamental para
que o movimento operário conquiste sua independência política, rompa com as
direções traidoras, com os partidos burgueses e comece a construir elementos de
uma consciência socialista e revolucionária. Essa tarefa compete às
organizações políticas da esquerda revolucionária que reivindicam o legato
teórico e político do trotskismo. Todavia, na etapa de reação que atravessamos,
quase todas essas organizações sucumbiram às pressões de classe, caíram no
campo do revisionismo, renegaram a ditadura do proletariado e elegeram a
democracia burguesa como seu objetivo final. Entre poucas e raríssimas
exceções, a LBI segue combatendo o revisionismo e defendendo o legado do
trotskismo como parte essencial da luta pela construção de uma direção
revolucionária para o movimento de massas.