20 ANOS DA MORTE DE PC FARIAS: OPERADOR DO ESQUEMA COLLOR
A mídia tem dado grande destaque ao “aniversário” de 20 anos
da morte de PC Farias, principal operador financeiro do esquema de Collor de
Melo quando ele era Presidente da República e o pivô de um escândalo de
corrupção (a compra de uma Fiat Elba vermelha) que levou ao início do processo
de impeachment do então “caçador de Marajás”. Esse renovado interesse pelo caso
se deve ao fato de nesses dias ter sido morto um empresário do esquema de
corrupção de Eduardo Campos (PSB) e para apoiar a Operação Lava Jato contra o
governo do PT, cinicamente apresentado hoje pela mídia “murdochiana” como o
partido que criou “o maior esquema de desvio de verbas das estatais do país”.
Para compreender esse processo de corrupção estatal, pela via de financiamento
das candidaturas burguesas, que não iniciou com Collor, mas aprofundou-se com
as gestões tucanas e petistas, publicamos o artigo histórico que analisa o
chamado “Caso PC Farias” a luz do Marxismo Revolucionário.
PC FARIAS: UM LADRÃO DE GALINHAS DIANTE DA PRIVATARIA TUCANA
E DA GENEROSIDADE PETISTA NO BNDES
BLOG da LBI 08/05/2013
A sanha "moralizadora" da Justiça brasileira
destampou mais um episódio da república tupiniquim e continua a ganhar destaque
na mídia "murdochiana" como um "grande espetáculo". Através
das manchetes de jornais e chamadas na TV "exumou-se" das profundezas
empoeiradas do judiciário o caso PC Farias, morto em 1996, o ex-tesoureiro de
Fernando Collor de Melo na campanha presidencial de 1989. Passados 17 anos do crime
que vitimou PC Farias e sua namorada, vão a julgamento os quatro ex-seguranças
do empresário acusados pela promotoria de "queima de arquivo". À
época o chamado "esquema PC" consistia em doações de empresários à
campanha eleitoral de Collor em contraposição à candidatura de Lula através de
contas bancárias criadas em nome de "laranjas" e depois, já no
governo, desvios dos cofres públicos, envio de dinheiro para bancos
estrangeiros e propinas em negociatas nos bastidores do Estado. Este
"esquema" plantado pela opinião pública burguesa detonou o processo
de impeachment do então presidente Collor que já não dava garantias de
estabilidade ao regime político. Sua queda ocorreu graças a
"descoberta" de propina recebida de seu braço direito, PC Farias, um
Fiat Elba e pequenas comissões que foram para os bolsos de seu
"chefe"! Entre doações de campanha e os "esquemas" de
propinas montados nas entranhas do Estado burguês na Era Collor a quantia
açambarcada dos cofres públicos chegou a 2,5 bilhões de reais. Uma verdadeira
piada se comparada aos esquemas da Privataria Tucana no governo FHC e nas
negociatas do BNDES operadas pelos neopetistas da frente popular. A farra das
privatizações na era FHC e as "generosidades" do governo Dilma para
os grandes capitalistas faz de PC Farias um reles "ladrão de
galinhas".
As privatizações das teles (Embratel, Telebras) renderam
bilhões a seus executores, no caso FHC, Sérgio Motta, José Serra (o operador
central da lavagem de dinheiro da privataria nos "offshores" ou
paraísos fiscais) e um oceano de dinheiro para os monopólios privados de
telefonia fixa e móvel, todas concentradas nas mãos de multinacionais, que as
arremataram a "preço de banana" graças às facilidades e maracutaias
da "privataria" tucana. As benesses e as "generosidades"
para os grandes capitalistas não são exclusividade dos peessedebistas de alta
plumagem, elas estão em pleno vigor de forma aperfeiçoada através de
financiamentos a rodo do governo Dilma à custa da abertura das torneiras dos
cofres do BNDES, como os megaempréstimo a Eike Batista ou a "ajuda"
para a formação do JBS-Friboi. A "privataria" tucana minou o país de
1990 até 2002 quando empresas públicas produtoras como a Companhia Vale do Rio
Doce (a segunda maior mineradora do mundo), a Light, o Banespa, as teles foram
entregues de bandeja a preços muito abaixo do que realmente valiam, e com
financiamento estatal e títulos da dívida pública, as conhecidas "moedas
podres"! Para tanto, sucateavam, elevando os preços dos serviços, abatendo
dívidas e demitindo funcionários a fim de atrair possíveis
"compradores". Logo após a privatização as tarifas das teles
aumentaram cerca de 500% e as tarifas da energia elétrica em torno de 150% para
a alegria dos "novos" proprietários! O modus operandi do processo de
privatizações esteve sempre eivado de denúncias de corrupção pela qual, por
exemplo, a CVRD foi vendida por 3,3 bilhões de reais, um preço equivalente
apenas ao faturamento anual da gigantesca mineradora. Da mesma forma, o
consórcio liderado pelo Banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, que
arrematou as teles se valeu de espionagem, suborno, tráfico de influência,
crimes fiscais e assassinatos, e tantos outros atos ilícitos.
Tanta "generosidade" para o capital não é
peculiaridade dos tucanos. O governo Dilma vem se notabilizando por ser aquele
que mais tem "emprestado" dinheiro público para grandes empresários
privados e ricaços do calibre de Eike Batista. Só para ilustrar, para um único
projeto privado, o Planalto irá injetar através do BNDES R$ 118,7 milhões para
uma indústria farmacêutica no interior de Minas Gerais, a Biomm: "Segundo
o BNDES, trata-se de um dos primeiros projetos privados no Brasil de produção
de fármaco" (Valor Econômico, 16/4). Ou então destinará à
"utilíssima" cogeração de energia (biomassa) a partir do eucalipto,
uma picaretagem privada a "modesta" quantia de R$ 210,7 milhões para
a ERB Aratinga (complexo petroquímico da multinacional Dow no Brasil) em
Candeias-Bahia. No entanto, o campeão de financiamento público pelo governo dos
neopetistas tem sido até agora Elke Batista, o dono da MMX, quem teve em suas
mãos quase 1 bilhão de reais destinados à construção do Superporto do Sudeste,
além de se valer de um esquema criminoso para abocanhar o estádio do Maracanã.
Todo este montante, diga-se de passagem, pouco ou nada foi aplicado nas obras
às quais estava destinado. Dilma verga-se também para as grandes empreiteiras
principalmente em obras destinadas à Copa do Mundo e às olimpíadas em suas
Parcerias Públicos Privadas. Além de suculentas subvenções do BNDES, a
gerentona promove isenções para os grandes empresários, reduz taxas e desonera
impostos para latifundiários e rentistas a fim de promover a acumulação
capitalista a um pequeno punhado de emergentes burgueses simpáticos à política
da frente popular de conciliação de classes e contenção do movimento operário.
Não só subvenções, mas o que toda a "blogosfera" chapa branca tenta
ocultar são as privatizações que o governo da frente popular não só dá
continuidade, como encobre politicamente toda a teia de corrupção tecida
anteriormente sob a gestão dos tucanos, em particular na
"inviolabilidade" dos atos jurídicos e institucionais que permitiram
a entrega das estatais ao capital financeiro. Assim, os governos Lula/Dilma
levaram a cabo as privatizações dos bancos estaduais, dos aeroportos, rodovias,
a infraestrutura portuária e agora os leilões do petróleo com o objetivo de
preservar sua influência no seio do imperialismo, patrono da estratégia de
debilitar o Estado burguês nacional. Não a toa o "neoliberal" Collor
é hoje um expoente da base aliada do governo da frente popular no parlamento
burguês!!!
Como se pode comprovar, PC Farias e sua gangue são meros
escroques amadores se comparados à "privataria" tucana e as extensas
generosidades abertas pelos neopetistas ao grande capital financeiro nacional e
estrangeiro. Suas trapalhadas logo os colocaram fora dos interesses das
oligarquias capitalistas que trataram de articular com a mídia
"murdochiana" a derrubada do lumpen burguês do PRN, Collor de Melo,
incapaz de levar adiante as privatizações. Um novo governo era necessário para
abrir uma ofensiva neoliberal sobre as massas através de um presidente com
legitimidade popular se valendo de um governo de "união nacional", o
de Itamar Franco, na realidade um tubo de ensaio para as primeiras investidas
antioperárias sob a ilusão do "resgate da democracia" no país,
posteriormente levada a cabo pelo tucanato e a frente popular encabeçada pelo
PT.