BALANÇO DOS ATOS DO DIA 10: NEM O “FORA TEMER” LULA FOI
CAPAZ DE DEFENDER EM FUNÇÃO DO CRETINO CÁLCULO ELEITORAL DA FRENTE POPULAR
“Quanto mais eles me provocarem, mais eu corro o risco de ser candidato à Presidência em 2018”. Esse foi o “ponto alto” e principal mensagem da fala de Lula na manifestação da Av. Paulista que reuniu cerca de 80 mil pessoas. Além do “descaramento” de afirmar que “não poderia defender o Fora Temer”, por ser o “golpista” um antigo aliado do PT, mas também pelo cretino cálculo eleitoral da Frente Popular de corroer ao máximo o governo “tampão” prevendo uma vitória em 2018. Outros atos pelo país concentraram milhares de pessoas neste dia 10 de junho. O que se viu nas manifestações desta sexta-feira foi um claro movimento de cunho eleitoral. O “Fora Temer” para a Frente Popular não passa de eixo de mobilização eleitoral, visando desgastar o governo golpista para catapultar a candidatura Lula, seja com eleições antecipadas seja em 2018. Foi uma demonstração da retomada parcial da força política e eleitoral do PT, mas que não serve como ponto de apoio para as lutas dos trabalhadores contra o ajuste neoliberal em curso levado adiante por Temer, copiando e aprofundando o receituário aplicado por Dilma. Apesar de ter entre seus eixos “Nenhum Direito a Menos” as manifestações não apontaram para a luta direta contra os ataques do Planalto, tanto que a única categoria que parou parcialmente foi a dos petroleiros. Nenhuma assembleia de base foi convocada pelos sindicatos cutistas pelo país, ao contrário, o ato foi palanque para aliados burgueses da Frente Popular, com o Ciro Gomes (PDT) no Ceará, enquanto o governo do PT no estado, aliado a oligarquia Gomes anuncia “reajuste zero” para os servidores públicos. Não houve também chamado para a construção da greve geral por parte da maioria dos dirigentes políticos e sindicais. Um fato importante a destacar é que nem Lula, nem a CUT defenderam o plebiscito ou a antecipação das eleições pregado por Dilma na entrevista na TV Brasil. Tanto que Lula declarou “Não vou dizer Fora Temer, não pega bem. Temer é um advogado constitucionalista, deve devolver o poder para uma presidenta legitimamente eleita. Digo para ele, se você quiser participe das eleições em 2018 para vê se você se elege presidente ”, sustentando a tese que a presidente afastada deve continuar seu governo (e o ajuste neoliberal) até 2018. Por sua vez, a CUT ressaltou a “unidade” em torno do “Fora Temer” entre a FBP e a Frente Povo Sem Medo que participa setores ligados ao PSOL, o que significa na prática a base para a formação de um comitê eleitoral comum dos movimentos sociais de apoio a Lula para uma disputa presidencial futura. Vagner Freitas, presidente da CUT, afirmou “a coisa mais importante que foi construída nesse processo todo foi essa linda unidade da esquerda e dos movimentos sociais para impedir o impeachment e retomar a democracia”. Da nossa parte, intervimos neste dia 10 denunciando o caráter eleitoralista do “Fora Temer” e delimitando com as supostas saídas democráticas (eleições gerais, assembleia constituinte, plebiscito por diretas) que na verdade visam fortalecer o regime da democracia dos ricos e de fato abre caminho para a chegada de Moro e do seu séquito da “República de Curitiba” ao Planalto. Longe de ser um ponto de apoio para as lutas em curso contra os ataques do golpista Temer, o que se viu foi uma mobilização para reagrupar a base social e eleitoral do PT. Nesse sentido os revolucionários comunistas defendem que é necessário intervir nas lutas e nos atos pelo “Fora Temer” para forjar uma alternativa própria dos trabalhadores, independente da direita e da Frente Popular.