segunda-feira, 6 de junho de 2016

MORRE O FACÍNORA JARBAS PASSARINHO, ELOGIADO POR TEMER, MARINA E COM TRÂNSITO JUNTO AO PT: DE ORGANIZADOR DO GOLPE MILITAR E DO AI-5 À ARTICULADOR DA DIREITA NA REDEMOCRATIZAÇÃO BURGUESA


Morreu neste domingo (05/06) aos 96 anos o tenente-coronel, hoje general da reserva, Jarbas Passarinho. Seu funeral contou com honrarias militares, como execução de marchas, tiros de fuzil, de canhão e com o lamento do atual golpista Temer “Quero expressar meus sentidos pêsames pela perda desse grande brasileiro”. Passarinho, com atividade intelectual intensa desde a juventude, foi um dos legionários da UDN na sua pregação "contra a corrupção" e nos ataques virulentos a Getúlio Vargas já na década de 50. Conseguiu destaque na legenda liderada por Carlos Lacerda cuja trama envolvendo seu "atentado" levou ao suicídio de Vargas em 54. Foi um dos conspiradores no quartel-general da 8ª Região Militar no Pará, atuando de 62 a 64 no Estado-Maior do Comando Militar do Norte (Amazônia) pela derrubada de João Goulart. Com esse longo histórico golpista foi alçado ministro da ditadura militar dos generais Costa e Silva, Médici e Figueiredo, além de governador “biônico” do Pará imposto entre 64-66 pelos generais genocidas, quando se integrou a Arena, o partido oficial dos milicos. O facínora articulador do golpe militar de 64 passou para a história pelo fundamento de seu voto dentro da cúpula do governo Costa e Silva a favor do Ato Institucional nº 5 em 1968, na funesta reunião dos 24 membros do Conselho de Segurança Nacional realizada em 13 de dezembro que mergulhou o Brasil no terrorismo de Estado aberto, dando aos agentes da repressão política carta branca para torturas, assassinatos, estupros, ocultação de cadáveres e outros crimes contra a militância de esquerda: “A direita quando está no poder não mede escrúpulos. Às favas, Sr. presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência!”. Na linha inescrupulosa de alinhar o Brasil ao imperialismo ianque, em 69 assumiu a pasta da Educação no governo do gorila Médici e implantou a “reforma universitária” conhecida como MEC-Usaid, por causa do apoio do governo norte-americano. Na chamada redemocratização defendeu a Lei da Anistia que preservou os militares genocidas e depois como Senador na década de 80 atuou como líder do PDS (antiga Arena) na Constituinte, também prestou seus serviços como ministro de Collor de Melo nos anos 90. Deixou o senado em 1995 e foi cinicamente nomeado por FHC em 96 como consultor do “Programa Nacional de Direitos Humanos”. Passarinho recentemente foi uma das principais testemunhas de defesa do coronel torturador Brilhante Ustra ao lado de Sarney. Sua reconhecida trajetória reacionária de articulador do golpe militar e do famigerado AI-5 não impediu que Marina Silva fizesse rasgados elogios a Passarinho: “Mais um importante personagem da história do Brasil se despede, o acreano-paraense Jarbas Passarinho. Tenho um reconhecimento pessoal a fazer: mesmo com todas as críticas pertinentes às suas ideias sobre Educação, foi no Mobral - criado por ele, quando ministro - que aprendi a ler e escrever. Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Essa sabedoria do povo é o oposto da polarização que domina a cena brasileira nos dias de hoje, em que se julga um lado totalmente certo e outro totalmente errado. Jarbas Passarinho será, certamente, lembrado por seu alinhamento com a ditadura militar. Mas também terá, na história, o destaque e a ressalva de suas evidentes qualidades intelectuais e habilidades políticas, com as quais se tornou um interlocutor das oposições de grande ajuda em momentos críticos”. As asquerosas palavras da evangélica pentescostal Marina mostram seu alinhamento com o imperialismo ianque. Ainda assim a repugnante ecocapitalista é cortejada pelo PSOL, que vai fazer várias alianças com a Rede, como em São Paulo. As “qualidades” descritas por Marina são compartilhadas também por petistas, como Jorge Viana, Senador pelo PT do Acre. Segundo ele “Passarinho foi referência na vida política brasileira durante décadas, especialmente no período do regime militar.Político influente, deixou longa biografia. Independente de concordarmos ou não, ele é parte da história do Brasil” (Valor Econômico, 06.06).  Aloísio Mercante (filho de general) e José Genoíno também tem “boas recordações” do militar falecido. Desde a Assembleia Constituinte de 1987 Passarinho tinha transito livre com estes dois dirigentes do PT por conta dos acordos em torno da redemocratização burguesa, relação que continuou quando Genoíno foi assessor do Ministério da Defesa (Nelson Jobim) no governo Lula. Não devemos esquecer que quem enterrou a investigação dos torturadores do regime militar foi Lula e o PT, ao não questionarem a Lei da Anistia aprovada pelo próprio regime militar com o apoio de Jarbas. A presidente Dilma, apesar de ex-presa política, patrocinou uma “Comissão da Verdade” que não gerou qualquer consequência para os chacais fascistas. Em oposição de classe a este arco de direita e da esquerda domesticada ao capital, os Marxistas Leninistas, apesar de não cremos na punição de facínoras após a morte, nos somamos ao justo ódio das honradas vítimas do golpe militar e do AI-5 tramado por Jarbas Passarinho que neste momento devem estar comemorando com o ditado popular: “já vai tarde para o inferno”! O acerto de contas que o proletariado necessita realizar com os facínoras da ditadura militar, deverá inevitavelmente vir na esteira do implacável combate ao regime capitalista e sua forma mais aperfeiçoada de “estabilidade democrática”, a democracia dos ricos que depois da ditadura militar foi costurada por acordos entre figuras do PDS como Jarbas Passarinho, os líderes do PMDB e até setores do PT, PCdoB, PCB e MR-8. Para a classe operária o verdadeiro julgamento de seus covardes algozes e articuladores do Golpe Militar, como Passarinho, só acontecerá quando for capaz de construir seus próprios organismos de poder, estabelecendo tribunais operários e populares de julgamento e de julgamento e punição, como instrumentos da histórica justiça de classe do proletariado. Como vemos no exemplo de Jarbas Passarinho (enterrado com honras pelo Exército), no regime democratizante vigente em nosso país os militares são “intocáveis” e gozam de toda proteção jurídica que lhes confere completa impunibilidade, a chamada “Lei da Anistia” que serviu apenas para proteger os torturadores. Para enfrentar esta “proteção” é necessário lutar pela abertura imediata dos arquivos dos órgãos de inteligência dos militares de ontem e de hoje. A construção de tribunais populares, no bojo de um ascenso do movimento operário, para julgar e condenar os militares assassinos é parte integrante da tarefa democrática transicional da revolução socialista para pôr abaixo o Estado capitalista e seu tenebroso aparato repressivo que Jarbas Passarinho ajudou a montar tanto como militar como "civil"!