sexta-feira, 24 de junho de 2016

VITÓRIA DO BREXIT ABRE A SENDA PARA REORGANIZAÇÃO DO IMPERIALISMO FASCISTA EUROPEU


A derrota da campanha eleitoral do "SIM" no plebiscito pela permanência ou não da Inglaterra no marco da União Europeia, terá consequências diretas no processo de reorganização do fascismo europeu, agora impulsionado a ingressar em uma escala estatal. A renúncia do primeiro ministro David Cameron (Partido Conservador) é um sintoma imediato de que as forças políticas do fascismo, agrupadas na campanha do "NÃO" se preparam para governar o Reino Unido nas próximas eleições de outubro e estender sua influência para os aliados franceses da Frente Nacional. Nigel Farage, dirigente do partido neonazista de extrema direita UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), um dos líderes da campanha pelo "NÃO" declarou o 24 de junho como o “Dia da Independência” do Reino Unido. É bem verdade que segmentos importantes do Tory (Partido de Cameron) também comemoraram a decisão "popular" pela saída da UE, como Boris Johnson, ex-prefeito de Londres. Cameron decidiu-se opor a campanha do "BREXIT" sob pressão direta de seu chefe ianque, Barack Obama, e de seus pares do imperialismo alemão e francês, porém estava consciente dos riscos que corria caso fosse derrotado: perder o governo e rachar seu próprio partido, conduzindo a um inexorável triunfo da extrema direita nas próximas eleições para o parlamento. O Partido Trabalhista envidou todos seus esforços políticos e materiais pela vitória do "SIM", com seu "renovado" líder de "esquerda", Jeremy Corbyn, prometendo lutar por "medidas anti-recessivas" e " mudanças políticas" na política conservadora da cúpula estatal europeia. Nem mesmo a rara unidade entre o Labour Party e o Tory foi suficiente para deter a "avalanche" de descontentamento popular com os ajustes neoliberais exigidos pela União Europeia. Na ausência de um partido revolucionário de massas que impulsionasse uma outra campanha pela "União das Repúblicas Socialistas da Europa", o neofascismo xenófobo saiu vitorioso, nada a comemorar! Entretanto uma parte da esquerda revisionista se perfilou com a direita pelo "BREXIT", como os Morenistas, e outra pela abstenção no referendum como o PTS argentino, por exemplo. Na própria UK houve uma tímida e covarde participação política da esquerda no plebiscito, como o SWP que apoiou envergonhadamente o "NÃO" (Left Exit)". Na verdade a esquerda revisionista do Trotskismo esperava que Labour Party e Corbyn convocasse o voto crítico pelo "Não", como forma de abater Cameron e fincar a "bandeira" antineoliberal, não ocorreu e "BREXIT" ficou integralmente nas mãos da direita neofascista com seu discurso reacionário do "medo da imigração". É óbvio que muito além das questões institucionais está em jogo neste "BREXIT" poderosos interesses de mercado do imperialismo ianque, que apontavam para manter a subordinação comercial da Europa a indústria dos EUA. É neste ponto que se concentra o papel econômico da UK, um forte entreposto comercial dos EUA no mercado comum europeu. Obama já afirmou que aceitará a derrota mas que a decisão dos ingleses trará mais recessão e desemprego, ao contrário das expectativas populares do "NÃO", que saiu amplamente vitorioso em todas as regiões operárias do país. Os Marxistas Revolucionários não nutrem ilusão alguma na unidade do capital financeiro europeu celebrada no Tratado de Maastricht, porém não podemos assistir passivos a ofensiva fascista protoimperialista ganhar fôlego com o triunfo do "BREXIT". Sabemos historicamente que o nazismo necessita controlar um forte estado nacional para "desafiar" seus concorrentes imperialistas "democráticos", a Inglaterra pode servir de escada para esta escalada mundial, ao contrário da Alemanha atual que não possui contingente militar autônomo da OTAN. Sabemos muito bem que a besta do fascismo não será derrotada pelas urnas, mas isto não deve significar a adoção de nenhum tipo de abstencionismo político por parte da vanguarda mais consciente do proletariado europeu e mundial. Como Trotsky nos ensinou a negativa de conformar a frente única eleitoral entre o PC alemão e a Social Democracia custou o preço político da chegada de Hitler a chancelaria do Reischstag...


Uma prova contundente que a vitória do “Brexit” abriu a senda para reorganização do imperialismo fascista europeu foi a reação dos partidos de extrema-direita no continente. Após o Reino Unido decidir sair da União Europeia, líderes da extrema-direita nacionalista de França, Holanda, Itália e outros países também afirmaram que irão pedir referendos para deixar o bloco. Na França, o partido fascista Frente Nacional, comandado por Marine Le Pen, comemorou o “Brexit”: “Vitória da liberdade! Agora devemos realizar o mesmo referendo na França e em outros países da UE”, escreveu ela em sua conta do Twitter. A posição de Le Pen foi reforçada por outros membros de seu partido, que lançaram o termo “Frexit” (France exit ou saída da França). Um levantamento divulgado no dia 7 de junho pelo centro de pesquisas Pew Global mostrou que apenas 38% dos franceses são favoráveis à União Europeia, o que reforça a posição de Le Pen, que pretende se candidatar à Presidência da França em 2017 como parte do processo de ascenso de partidos de extrema-direita para reorganizar o imperialismo fascista europeu. Na Holanda, Geert Wilders, líder do partido anti-imigração PVV, disse que um referendo sobre a permanência de seu país no bloco será um dos pontos centrais de sua campanha para se tornar primeiro-ministro durante as eleições parlamentares holandesas do ano que vem: “Eu parabenizo os britânicos por vencerem a elite política tanto em Londres, quanto em Bruxelas, e acho que deveríamos fazer o mesmo. Nós deveríamos ter um referendo sobre um ‘Nexit’ (Netherlands exit) o mais cedo possível”, disse à Reuters nesta sexta-feira (24/06). Também os ultranacionalistas dinamarqueses, aliados do Governo de direita no país, congratularam-se com a vitória da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no referendo e solicitou o mesma consulta para 05 de junho de 2017, coincidindo com o Dia da Constituição na Dinamarca. Como podemos observar, continua ascendente a tendência política de deslocamento à direita na Europa, com o avanço do fascismo que questiona pela direita a representatividade da democracia burguesa. Esta caminho está sendo pavimentado por um rebaixamento no nível de consciência das massas, um giro à direita no terreno da política e um retrocesso no campo da cultura que vem crescendo desde a queda contrarrevolucionária do Muro de Berlim e a vitória da restauração capitalista na URSS. Nesse sentido, é preciso alertar, preparar e organizar o proletariado e, particularmente, sua vanguarda mais combativa para um período de fascistização dos regimes e de mais aventuras militares neocolonialistas. Este processo reacionário está baseado em um profundo retrocesso na consciência do proletariado (apesar do revisionismo do trotskismo caracterizar que “revoluções” estão pipocando em todo o planeta) e somente pode ser barrado com a resistência operária e popular aos planos do imperialismo, apontando a Ditadura do Proletariado como alternativa revolucionária à crise do capital e seu regime político senil, o que para os comunistas se materializa por erguer em alternativa ao fascismo ascendente a palavra de ordem pela "União das Repúblicas Socialistas da Europa". A materialização deste longo e paciente combate passa pela construção de um partido internacionalista e revolucionário que lute por derrotar a União Europeia imperialista, sob a qual a vida das massas converte-se em uma bárbara escravidão, para edificar em seu lugar uma União das Repúblicas Socialistas da Europa, forjando a única saída verdadeiramente progressista para o velho continente.