VITÓRIA DO BREXIT ABRE A SENDA PARA REORGANIZAÇÃO DO
IMPERIALISMO FASCISTA EUROPEU
A derrota da campanha eleitoral do "SIM" no
plebiscito pela permanência ou não da Inglaterra no marco da União Europeia,
terá consequências diretas no processo de reorganização do fascismo europeu,
agora impulsionado a ingressar em uma escala estatal. A renúncia do primeiro
ministro David Cameron (Partido Conservador) é um sintoma imediato de que as
forças políticas do fascismo, agrupadas na campanha do "NÃO" se preparam para governar o Reino Unido nas
próximas eleições de outubro e estender sua influência para os aliados
franceses da Frente Nacional. Nigel Farage, dirigente do partido neonazista de
extrema direita UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), um dos
líderes da campanha pelo "NÃO"
declarou o 24 de junho como o “Dia da
Independência” do Reino Unido. É bem verdade que segmentos importantes do Tory (Partido de Cameron) também comemoraram a
decisão "popular" pela saída da UE, como Boris Johnson, ex-prefeito
de Londres. Cameron decidiu-se opor a campanha do "BREXIT" sob
pressão direta de seu chefe ianque, Barack Obama, e de seus pares do
imperialismo alemão e francês, porém estava consciente dos riscos que corria
caso fosse derrotado: perder o governo e rachar seu próprio partido, conduzindo
a um inexorável triunfo da extrema direita nas próximas eleições para o
parlamento. O Partido Trabalhista envidou todos seus esforços políticos e
materiais pela vitória do "SIM", com seu "renovado" líder
de "esquerda", Jeremy Corbyn, prometendo lutar por "medidas
anti-recessivas" e " mudanças políticas" na política
conservadora da cúpula estatal europeia. Nem mesmo a rara unidade entre o
Labour Party e o Tory foi suficiente para deter a "avalanche" de
descontentamento popular com os ajustes neoliberais exigidos pela União
Europeia. Na ausência de um partido revolucionário de massas que impulsionasse
uma outra campanha pela "União das Repúblicas Socialistas da
Europa", o neofascismo xenófobo
saiu vitorioso, nada a comemorar! Entretanto uma parte da esquerda revisionista
se perfilou com a direita pelo "BREXIT", como os Morenistas, e outra
pela abstenção no referendum como o PTS argentino, por exemplo. Na própria UK
houve uma tímida e covarde participação política da esquerda no plebiscito,
como o SWP que apoiou envergonhadamente o "NÃO" (Left Exit)". Na
verdade a esquerda revisionista do Trotskismo esperava que Labour Party e
Corbyn convocasse o voto crítico pelo "Não", como forma de abater
Cameron e fincar a "bandeira" antineoliberal, não ocorreu e
"BREXIT" ficou integralmente nas mãos da direita neofascista com seu
discurso reacionário do "medo da imigração". É óbvio que muito além
das questões institucionais está em jogo neste "BREXIT" poderosos
interesses de mercado do imperialismo ianque, que apontavam para manter a subordinação
comercial da Europa a indústria dos EUA. É neste ponto que se concentra o papel
econômico da UK, um forte entreposto comercial dos EUA no mercado comum
europeu. Obama já afirmou que aceitará a derrota mas que a decisão dos ingleses
trará mais recessão e desemprego, ao contrário das expectativas populares do
"NÃO", que saiu amplamente vitorioso em todas as regiões operárias
do país. Os Marxistas Revolucionários não nutrem ilusão alguma na unidade do
capital financeiro europeu celebrada no Tratado de Maastricht, porém não
podemos assistir passivos a ofensiva fascista protoimperialista ganhar fôlego com o triunfo do "BREXIT". Sabemos historicamente que o nazismo necessita controlar um forte estado nacional para "desafiar" seus concorrentes imperialistas "democráticos", a
Inglaterra pode servir de escada para esta escalada mundial, ao contrário da
Alemanha atual que não possui contingente militar autônomo da OTAN. Sabemos muito bem que a besta do fascismo não
será derrotada pelas urnas, mas isto não deve significar a adoção de nenhum
tipo de abstencionismo político por parte da vanguarda mais consciente do
proletariado europeu e mundial. Como Trotsky nos ensinou a negativa de
conformar a frente única eleitoral entre o PC alemão e a Social Democracia
custou o preço político da chegada de Hitler a chancelaria do Reischstag...
Uma prova contundente que a vitória do “Brexit” abriu a
senda para reorganização do imperialismo fascista europeu foi a reação dos
partidos de extrema-direita no continente. Após o Reino Unido decidir sair da
União Europeia, líderes da extrema-direita
nacionalista de França, Holanda, Itália e outros países também afirmaram que
irão pedir referendos para deixar o bloco. Na França, o partido fascista Frente
Nacional, comandado por Marine Le Pen, comemorou o “Brexit”: “Vitória da
liberdade! Agora devemos realizar o mesmo referendo na França e em outros
países da UE”, escreveu ela em sua conta do Twitter. A posição de Le Pen foi
reforçada por outros membros de seu partido, que lançaram o termo “Frexit”
(France exit ou saída da França). Um levantamento divulgado no dia 7 de junho
pelo centro de pesquisas Pew Global mostrou que apenas 38% dos franceses são
favoráveis à União Europeia, o que reforça a posição de Le Pen, que pretende se
candidatar à Presidência da França em 2017 como parte do processo de ascenso de
partidos de extrema-direita para reorganizar o imperialismo fascista europeu. Na
Holanda, Geert Wilders, líder do partido anti-imigração PVV, disse
que um referendo sobre a permanência de seu país no bloco será um dos pontos
centrais de sua campanha para se tornar primeiro-ministro durante as eleições
parlamentares holandesas do ano que vem: “Eu parabenizo os britânicos por
vencerem a elite política tanto em Londres, quanto em Bruxelas, e acho que
deveríamos fazer o mesmo. Nós deveríamos ter um referendo sobre um ‘Nexit’
(Netherlands exit) o mais cedo possível”, disse à Reuters nesta sexta-feira
(24/06). Também os ultranacionalistas dinamarqueses, aliados do Governo de
direita no país, congratularam-se com a vitória da saída do Reino Unido da
União Europeia (UE) no referendo e solicitou o mesma consulta para 05 de junho de 2017, coincidindo com o Dia da Constituição na
Dinamarca. Como podemos observar, continua ascendente a tendência política de
deslocamento à direita na Europa, com o avanço do fascismo que questiona pela
direita a representatividade da democracia burguesa. Esta caminho está sendo pavimentado por um rebaixamento no
nível de consciência das massas, um giro à direita no terreno da política e um
retrocesso no campo da cultura que vem crescendo desde a queda contrarrevolucionária do Muro de Berlim e a vitória da restauração capitalista na URSS. Nesse sentido, é preciso alertar, preparar e
organizar o proletariado e, particularmente, sua vanguarda mais combativa para
um período de fascistização dos regimes e de mais aventuras militares
neocolonialistas. Este processo reacionário está baseado em um profundo
retrocesso na consciência do proletariado (apesar do revisionismo do trotskismo
caracterizar que “revoluções” estão pipocando em todo o planeta) e somente pode
ser barrado com a resistência operária e popular aos planos do imperialismo, apontando
a Ditadura do Proletariado como alternativa revolucionária à crise do capital e
seu regime político senil, o que para os comunistas se materializa por erguer
em alternativa ao fascismo ascendente a palavra de ordem pela "União das
Repúblicas Socialistas da Europa". A materialização deste longo e paciente
combate passa pela construção de um partido internacionalista e revolucionário
que lute por derrotar a União Europeia imperialista, sob a qual a vida das
massas converte-se em uma bárbara escravidão, para edificar em seu lugar uma União das Repúblicas Socialistas da Europa, forjando a única saída
verdadeiramente progressista para o velho continente.