quinta-feira, 30 de junho de 2016

“VAQUINHA” PARA A “POBRE” DILMA VIAJAR COM SUA CORTE PALACIANA: ONDE ESTÁ A VERBA MILIONÁRIA DO FUNDO PARTIDÁRIO E O DINHEIRO DAS COMISSÕES QUE A FRENTE POPULAR RECEBEU DOS CAPITALISTAS PARA BANCAR SUAS CANDIDATURAS BURGUESAS?


Uma “vaquinha virtual” organizada oficialmente por duas amigas de Dilma Rousseff já arrecadou mais de R$ 120 mil em seis horas para custear as viagens pelo Brasil da presidente afastada. Pouco mais de 1,2 mil pessoas já doaram para ajudar na campanha "Jornada pela Democracia - Todos por Dilma: Vamos somar esforços e contribuir para que a resistência ao golpe possa avançar" cuja meta é arrecadar R$ 500 mil. As criadoras da vaquinha - Guiomar Lopes e Celeste Martins - afirmam que lutaram contra o regime militar ao lado de Dilma, nos anos 70, e que acreditam que a ferramenta de arrecadação é a continuidade da luta pela democracia: “Achamos importante abrir uma conta onde as pessoas pudessem fazer doações e haver disponibilidade de recursos que a presidenta pudesse usar para as suas viagens" diz Guiomar. No início de junho, o golpista Temer limitou o uso de aviões da FAB por Dilma apenas para deslocamentos de Brasília a Porto Alegre (RS), onde mora a família da presidenta afastada. Esta semana, no entanto, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul autorizou Dilma a usar as aeronaves da FAB em viagens pelo país, desde que os custos sejam ressarcidos por ela ou pelo PT. Como Marxistas Revolucionários que denunciamos o Golpe Institucional contra Dilma e combatemos nas ruas a farsa montada em torno do Impeachment pela direita, temos a obrigação de dizer a verdade às massas: embora Dilma seja alvo de uma fraude político-jurídica armada pela elite capitalista e seus antigos aliados do PMDB, esta senhora do "ajuste" contra os trabalhadores não precisa de apoio financeiro algum da militância de base do PT. A atual estrutura burguesa do PT é financiada tanto pelo Fundo Partidário como por “contribuições” das grandes empresas e bancos que patrocinam fartamente seus candidatos de todas as alas do partido aos cargos eletivos. As verbas milionários do Fundo Partidário que o PT recebe do Estado burguês já dariam para pagar tranquilamente os deslocamentos de Dilma pelo país. Registre-se o fato que o PT recebeu somente no ano de 2015 do Fundo Partidário a "pequena bagatela" de cerca de 120 milhões de Reais. O caixa do PT está secando mais ainda restam fartos recursos das “doações legais” obtidas junto aos grandes grupos econômicos nacionais. Dilma e os dirigentes petistas não são “santos” e “pobrezinhos” como desejam se apresentar agora para a sua base social e eleitoral. Muitos inclusive acumularam patrimônio originário de "comissões" financeiras obtidas nas transações comerciais entre o Estado Burguês e corporações empresariais. É certo que grande parte deste “caixa 2” é investido em campanhas eleitorais do próprio PT, inclusive esta é a gênese de todo processo rotulado de “Mensalão” (agora "Petrolão"), mas não podemos omitir que estes dirigentes do PT gozam de um alto padrão de vida e de um acúmulo patrimonial completamente distante do que tinham quando o PT foi fundado no início dos anos 80. Repetimos: não seria nem um grande esforço para o PT, que recebe nutridas verbas estatais via o Fundo Partidário, pagar as viagens de Dilma, mas o chamado a militância a colaborar financeiramente faz parte de uma estratégia de “beatificação” dos dirigentes petistas, que vão continuar fazendo seus negócios bilionários com a burguesia porém agora posando de vestais sem dinheiro para os que lutam “pela democracia”. No caso em questão, como nos anteriores (Dirceu, Genoíno) podemos concluir que o grande êxito político da “vaquinha” organizada pelos apoiadores da presidente afastada não está relacionada à “falência financeira” desta e do PT, é sim reflexo direto do repúdio da militância de esquerda no país à farsa do impeachment apoiada pela Rede Globo e a direita reacionária que deseja criminalizar a esquerda e os movimentos sociais. Por mais que a mídia “murdochiana” ataque o PT e a esquerda socialista em geral, a enorme solidariedade demonstrada a Dilma revela que as posições políticas de direita estão longe de serem uma unanimidade no Brasil, daí a instabilidade atual do regime político e a necessidade de um presidente bonapartista no futuro para impor a “democracia dos tribunais de exceção e da baioneta”. Os Marxistas Leninistas, extremamente minoritários mas íntegros em sua moral revolucionária, não podem admitir o recebimento de nenhum financiamento eleitoral das classes dominantes, seja pela forma do Estado burguês ou pela via das grandes corporações capitalistas. A decomposição política e programática do PT em mais um partido da esquerda burguesa, confirma a lógica de ferro abstraída por Trotsky quando se referia ao fenômeno da Social Democracia europeia, como dizia um velho ditado russo: "Quem paga o violinista cigano tem o direito de ouvir a polca". Por outro lado, a eliminação das "comissões estruturais” recebidas pelos gerentes do Estado burguês diretamente das empresas capitalistas, só é possível sob outro modo de organizar a economia nacional, ou seja, o modo de produção socialista, programa que o PT não defende! A cooptação do capital e seu Estado ocorre não exclusivamente com os partidos burgueses que realizam “negócios” vultuosos quando gerenciam a chamada “máquina pública”, também está presente nas concessões legais como o Fundo Partidário e as “generosas” indenizações estatais recebidas por militantes que lutaram contra o regime militar, uma espécie de “ressarcimento” dos agentes do capital pelos anos passados de militância revolucionária. Estes mecanismos embora “perfeitamente legais” não passam de uma forma de integrar forças políticas de “esquerda” ao regime burguês, com as verbas estatais produto da extração da mais valia do proletariado. Portanto da ótica marxista não existe diferença alguma (apenas nos volumes financeiros) dos “mimos” (legais ou ilegais) recebidos por Lula diretamente oriundos de grandes empresas ou das verbas estatais contabilizadas para o caixa partidário. Ambas são formas de corrupção do capital dirigidas ao amortecimento da luta de classes e cooptação das lideranças operárias.