ENTREVISTA A TV BRASIL: DILMA ACENA COM ANTECIPAÇÃO DAS
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS E CONVOCAÇÃO DE PLEBISCITO... SETORES DA FRENTE POPULAR
DENUNCIAM A PROPOSTA COMO “GOLPISMO ENVERGONHADO”. SERIA A PRESIDENTA AGORA TAMBÉM “GOLPISTA”?
A presidenta afastada Dilma Rousseff defendeu a convocação de novas eleições presidenciais, desde que o processo seja levado a frente após a derrota do impeachment no Senado. Desta forma o “Fora Temer” ou o “Volta Dilma” teria como base um acordo intra burguês para a convocação de novas eleições. Em entrevista a TV Brasil ela declarou “Eu sempre fui a favor de eleições. Se não, fica parecendo que eu era a favor de ditadura e não de eleições. A solução democrática passa pela minha volta. Mas num segundo momento, vamos ter que discutir: o que rompeu no Brasil? Nós rompemos o pacto político que sustentou o Brasil desde a Constituição de 1988. As forças políticas que se uniram naquele momento tiveram uma ruptura. Aquele dia 17 de abril foi um momento de ruptura. O que significa isso? Muito dificilmente haverá uma repactuação por cima. Isso traz a necessidade de uma nova repactuação via eleições diretas, pelo voto. O pacto que vinha desde a Constituição de 1988 foi rompido e não acredito que se recomponha esse pacto dentro de gabinete. Acredito que a população seja consultada... Só tem um jeito, diante da contradição: recorrer à população. Eu acho que pode ser o plebiscito, essa é uma coisa que está sendo muito discutida”. Pelo que se percebe no staff dilmista, a realização de novas eleições seria feita a partir da convocação de um plebiscito, como defende o PCdoB e os 30 senadores que se reuniram com Requião no começo da semana, como ele declarou “Num jantar com 30 senadores esta noite, estupefatos com últimos acontecimentos, convergimos para eleições diretas muito logo. Povo decide!... Nós queremos dar uma oportunidade ao país, e essa oportunidade se transforma no fim do impeachment, no compromisso de um plebiscito de novas eleições e na abertura de uma grande discussão sobre o sistema econômico, partidário e político do Brasil”. Os parlamentares desejam fechar um pacto com Dilma e Lula para a convocação do plebiscito ou a aprovação no parlamento de uma PEC por novas eleições, pelo visto a presidente afastada já se declarou favorável. Essa proposta sofre resistência de setores do PT como Lula e Valter Pomar e das entidades ligadas aos movimentos sociais, como a CUT. Vejamos o que diz o dirigente da Articulação de Esquerda: “E há, por outro lado, os que defendem que para derrotar o impeachment, deveríamos defender a convocação de novas eleições. Falando claro, esta segunda posição defende que, para conquistar/reverter o voto de alguns senadores que no dia 12 de maio votaram pelo impeachment, a presidenta Dilma deveria assumir o compromisso de renunciar a parte do seu mandato... Uma destas soluções mágicas é a ideia de convocar um plebiscito, sobre se teríamos ou não novas eleições. Esta proposta, como já foi explicado antes, propõe uma troca: alguns senadores prometem que votariam contra o impeachment, desde que a presidenta se comprometesse a convocar um plebiscito em que o povo decidiria se anteciparemos ou não as eleições. Já dissemos antes e repetimos: este tipo de proposta supõe a gente abrir mão da legalidade/legitimidade do mandato, em troca de uma promessa. E, ainda que eles cumpram a promessa e o impeachment seja derrotado, que alternativa teríamos no plebiscito? Vamos defender que não haja novas eleições? É óbvio que, caso seja proposto o plebiscito, a única posição que nos restaria seria apoiar a antecipação. Na prática, portanto, defender o plebiscito é uma forma disfarçada de defender que abramos mão de parte do mandato conquistado em 2014, o que tornaria absolutamente inócua nossa eventual vitória no Senado. Com um agravante: o golpismo receberia um banho de loja e seria apresentado como um 'rearranjo democrático'”. Lula e setores da esquerda petista sonham com a reversão no Senado mas que Dilma continue no governo, o que tem chance zero de ocorrer. Lula, que ainda não se pronunciou publicamente sobre o tema, deseja ser candidato só em 2018 mas a realidade política está forçando-o encurtar esse prazo, ainda mais com a Lava Jato batendo a sua porta. Em todo o caso, para o PT e seus apêndices somente estão na “mesa do jogo” institucional duas cartas: novas eleições ou a “compra” de uma nova “base aliada” no Senado. As duas tentativas da Frente Popular podem afundar juntas, na completa ausência do protagonismo do movimento operário, atado a uma política criminosa de colaboração de classes diante da brutal ofensiva da direita pró-imperialista, podendo abrir o caminho para Moro e sua corte de procuradores da "República do Paraná" assumir o Planalto legitimada pelas eleições diretas. O mais hilário é a política transloucada do PCO. Este acusa a proposta de novas eleições levantada por petistas, seus apoiadores no Senado e a própria presidente afastada de golpista, ou seja, Dilma estaria tramando um golpe contra ela mesma! No artigo “O bloco do golpismo envergonhado” o Sr. Pimenta declara: “Na medida que o golpe avança, um setor político da burguesia, que até então se apresentava como oposição aos golpistas, começa a aparecer em cena com a mesma proposta de eleições. Há no Senado a conversa de que o impeachment de Dilma poderia não passar caso o PT e a própria presidenta chegassem ao acordo de convocar novas eleições... Esse é o significado da palavra de ordem de “eleições gerais”. Ao defenderem essa posição, o PCdoB e setores do próprio PT estão sendo porta-vozes esquerdistas desse bloco burguês que não representa de fato nenhuma luta contra o golpe. O que o movimento contra o golpe deve compreender é que esse bloco não é nada mais do que um bloco golpista envergonhado”. Por essa lógica, a própria Dilma, o PCdoB, setores do PT, Requião seriam agora membros do “bloco do golpismo envergonhado”. O PCO, membro do bloco corrupto do governista empedernido, deseja o “volta Dilma” para que ela continue aplicando sua plataforma neoliberal porque se deve respeitar a legalidade burguesa acima de tudo e para preservar a "democracia". Desde a LBI declaramos “Nem eleições gerais, nem a defesa da democracia”, duas variantes da democracia burguesa que não servem para a revolução. O desenlace progressista da atual crise de dominação burguesa repousa exclusivamente na possibilidade da classe operária começar a construção de seu embrião de poder revolucionário em denuncia aberta das armadilhas eleitorais e do regime da democracia dos ricos! Cabe aos trabalhadores participar dos atos pelo “Fora Temer”, como o que ocorre neste dia 10 de junho, com um programa de luta que denuncie essa transição acordada, para derrotar os golpistas nas ruas sem ficar refém do programa de colaboração de classes da Frente Popular, nem das alternativas democratizantes e institucionais das correntes revisionistas do Trotskismo, como “eleições gerais” (PSTU, MES) versus “Assembleia Constituinte” (CST, MRT) ou mesmo do “Plebiscito por Diretas já” (Dilma, PCdoB, Insurgência). Embora todas maquiadas com o “Fora Temer” são desprovidas de qualquer conteúdo revolucionário e se inserem nas tentativas de salvaguardar o regime da democracia dos ricos em plena decadência histórica. O eixo de agitação e propaganda dos Comunistas Leninistas neste período de instabilidade do regime burguês, no marco geral da ofensiva imperialista neoliberal, deve ser o da construção de uma alternativa independente do proletariado rumo ao seu próprio governo, demarcando vigorosamente com todos os atalhos democratizantes ardorosamente defendidos pelo arco da esquerda reformista!