segunda-feira, 21 de agosto de 2017

77 ANOS DA MORTE DE LEON TROTSKY: A ESTÓICA TAREFA DE MANTER VIVO E ORTODOXO O LEGADO REVOLUCIONÁRIO DO BOLCHEVISMO-LENINISMO!


Há exatos 77 anos morria o grande comunista revolucionário Leon Trotsky. No dia 21 de agosto de 1940 o dirigente Bolchevique veio a falecer, produto de um ataque covarde na cabeça de golpes de picareta desferido por um agente da KGB no México. Estes 77 anos correspondem a um período relativamente curto para a história da humanidade, mas de intensa transformação no planeta, onde desgraçadamente a “roda da história” moveu-se no sentido contrário aos interesses do proletariado mundial e da revolução socialista. No curso deste intervalo de tempo somos obrigados a constatar que a causa do comunismo sofreu um duro revés. O maior deles foi justamente a liquidação contrarrevolucionária da URSS no começo dos anos 90, com o fim do Estado operário soviético que o velho bolchevique ajudou a construir ao lado de Lênin com vitória da Revolução de Outubro. O próprio assassinato de Trotsky no México, depois de vagar pelo planeta desde sua expulsão da União Soviética em 1928, foi uma expressão dramática da situação de perseguição e isolamento que sua corrente política estava sofrendo por parte do stalinismo e do imperialismo. Para os que até hoje defendem seu legado político e as lições programáticas que deixou o velho bolchevique há o imenso desafio de manter de pé a construção do partido revolucionário internacionalista em meio a uma etapa histórica de profundo retrocesso político e ideológico das massas. Os dias de hoje estão marcados por uma brutal ofensiva imperialista mundial que ganhou ainda mais impulso com o fim da URSS e foi reforçada na atualidade com a fantasiosa “revolução árabe” que acabou por possibilitar que a Casa Branca fizesse uma transição conservadora em países estratégicos como o Egito, fato que agora se revela em toda sua plenitude com a imposição do golpe militar pelos generais financiados pelo Pentágono e pusesse fim a regimes adversários como o comandado por Kadaffi na Líbia. O cerco imperialista a Venezuela, Irã, Síria e a Coreia do Norte fazem parte desta nefasta estratégia que está ancorada em uma perda de referência da vanguarda nos postulados políticos e teóricos do comunismo.

Guardadas as proporções, os revolucionários de hoje estão tão isolados como Trotsky em 1940, que foi assassinado por um agente da KGB em um momento em que a IV Internacional recém-fundada não passava de um frágil grupo de propaganda sem influência de massas. Os acertos programáticos dos genuínos trotskistas na luta de classes provam que 77 anos após seu assassinato, o legado de Trotsky segue vigente! Trotsky teve uma vida plena de revolucionário desde a juventude. Formulou a teoria da Revolução Permanente. Dirigiu a revolução de 1905. Quando a social democracia se converte em agente do imperialismo em 1914, rompeu com a II Internacional juntamente com os bolcheviques e Rosa Luxemburgo. Ingressou no Partido Bolchevique em 1917 para dirigir com Lenin a Revolução de Outubro. Presidiu o Comitê Militar Revolucionário que tomou o poder de assalto, organizou o Exército Vermelho e fundou a III Internacional. Diante da burocratização da URSS, impulsionou a Oposição de Esquerda, sendo expulso e perseguido primeiro da URSS, Turquia, França, Noruega até ser assassinado no México. Seu “destino pessoal” esteve sempre atado às vitórias e derrotas proletárias. Foi dirigente do primeiro Soviete da história, em 1905. Tomou o poder em 1917 a partir do maior e mais consciente levante dos trabalhadores até os nossos dias. Perdeu o poder e tornou-se o homem mais caluniado e perseguido de sua época, em meio à degeneração do bolchevismo e da URSS, a crise capitalista de 1929 e a ascensão do nazismo. Apesar de todo isolamento político, Trotsky desmascarou o papel criminoso das direções stalinistas e social-democratas nestas derrotas (ascensão do nazismo na Alemanha, traição das revoluções na China, França e Espanha...). Organizou o Tribunal Internacional presidido pelo educador John Dewey que se contrapôs aos abjetos Processos de Moscou, a farsa judicial que justificou a liquidação de toda a geração revolucionária de 1917 e que tinha Trotsky como principal acusado.

Passados 77 anos da morte do grande revolucionário, a Quarta Internacional fundada por Trotsky já não mais existe, foi destruída pelos epígonos do trotskismo, que eufemisticamente ainda se reclamam formalmente (outros agora não mais) do legado de Trotsky. Estes revisionistas foram os mesmos que durante a destruição do Estado operário soviético pelo bando criminoso e restauracionista de Yeltsin saudaram o fim da URSS como uma “triunfante revolução democrática”, não tendo o menor descaramento de emblocarem-se com a contrarrevolução imperialista. Os shachtmanistas de hoje, tendo a cabeça os morenistas da LIT-UIT, não por coincidência, cometeram a mesma traição dos de ontem, ao renegarem a defesa incondicional da URSS. Como era evidente para os genuínos trotskistas que aprenderam com o velho bolchevique, “Stalin derrubado pelos trabalhadores é um grande passo para o socialismo; Stalin eliminado pelos imperialistas é a contrarrevolução triunfante” (Em Defesa do Marxismo, 1940). A restauração da propriedade privada dos meios de produção e a apropriação da mais-valia de quase 1/3 da população mundial que antes viviam em Estados operários só poderia fortalecer o domínio imperialista sobre o globo. A contrarrevolução triunfante impôs uma superexploração à classe operária, eufemisticamente batizada de neoliberalismo e globalização. A expressão militar desta ofensiva foi a recolonização bárbara dos Bálcãs e em seguida a “guerra ao terror” cujo orçamento, um trilhão de dólares, só foi menor do que o gasto pelos ianques na II Guerra, que catapultou os EUA a maior potência bélica do planeta. Depois, em nome da fantasiosa “revolução árabe” se colocam ao lado da OTAN e de seus “rebeldes” mercenários para supostamente derrotar as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio, quando na verdade estava em curso um processo de desestabilização dos decadentes regimes nacionalistas daquela região! Nesse momento agitam o "Fora Maduro" em frente única com a direita reacionária e golpista do MUD na Venezuela!

Nos últimos dois anos de sua vida Trotsky se dedicou a formar a nova geração de militantes e a fundação da IV Internacional. Travou sua última grande batalha, desta vez, contra uma ala de seus partidários que por horror aos crimes do stalinismo sucumbiram à reação democrática imperialista. Morreu com a convicção de que “o dever dos revolucionários é defender todas as conquistas da classe trabalhadora, ainda que tenham sido desfiguradas pela pressão de forças hostis. Aqueles que são incapazes de defender as posições tomadas, nunca conquistarão outras novas” (Em defesa do marxismo, 25/04/1940). Nenhuma vida encarnou com tamanha profundidade as lutas, aspirações e tragédias da era imperialista como a de Trotsky. 77 anos após a morte de nosso maior dirigente, ao lado de Lenin, esta é a batalha que os bolcheviques leninistas da LBI estamos travando na atualidade. Mesmo sendo um pequeno núcleo militante sabemos honrar as lições deixadas pelo “velho”, combatendo o imperialismo e os revisionistas que defendem a contrarrevolução “democrática” patrocinada pela Casa Branca! Na Síria, em luta contra o imperialismo e os revisionistas, estamos honrando o legado do velho bolchevique que morreu lutando bravamente pela construção da IV Internacional! Na Venezuela estamos combatendo a reação fascista sem capitular ao nacionalismo burguês chavista. No Brasil, combatendo a frente popular sem estabelecer nenhum tipo de aliança tática com a direita reacionária, apontado o caminho da luta direta insurreccional para derrubar o golpista Temer. Na Coreia do Norte enfrentando as provocações de Trump. No combate ao stalinismo e a social democracia Trotsky impulsionou a ruptura com as correntes oportunistas e centristas pela construção da IV Internacional. Os “trotskistas” do século XXI fazem o caminho inverso, rompem em toda linha com os ensinamentos do mestre e se aferram a direções políticas hostis aos interesses históricos dos trabalhadores. Neste marco, reafirmamos que é tarefa dos autênticos trotskistas resgatar o último e mais importante combate da vida de Trotsky, lutando pela defesa incondicional dos Estados operários (Cuba e Coreia do Norte), dedicando o melhor dos nossos esforços para a reconstrução da IV Internacional.

Ao homenagear Leon Trosky, o grande chefe da Revolução Bolchevique ao lado de Lenin, não estamos fazendo um “mero” ato de reverência política ou humana, mas sim do sincero reconhecimento militante do valor revolucionário de sua vida e da sua trajetória comunista por nossa corrente política que reivindica e aplica na práxis, dentro de suas modestas forças, o legado do velho dirigente bolchevique, mesmo sofrendo por isso muitas vezes o isolamento político e o ataque vil da burguesia, dos reformistas e revisionistas, estes últimos cada vez mais adaptados a defesa da democracia como “valor universal”. Ainda jovem Trotsky dirigiu o Soviete de Petrogrado, depois foi fundador do Exército Vermelho, comandante da Revolução de Outubro ao lado de Lênin e de outros camaradas valorosos. Após ser derrotado na luta interna pelas condições históricas adversas e por limitações políticas, ele foi expulso da URSS, percorreu o planeta na condição de opositor de esquerda da burocracia soviética. No México, última parada de seu “exílio”, lutou com as armas que tinhas às mãos para construir a IV Internacional, sendo assassinado em 21 de agosto de 1940 por ordem da KGB por defender a revolução mundial em oposição à tese do “Socialismo em um só país” aplicada por Stálin mundo afora, responsável por sabotar e derrotar levantes proletários em nome da coexistência pacífica com o imperialismo. O assassinato de Trotsky não foi um mero "acidente" conspirativo ou policialesco, embora tenha todos os ingredientes de uma trama bem urdida, foi uma consequência trágica das próprias fragilidades da recém fundada IV Internacional. Trotsky estava plenamente consciente de seu completo isolamento político, inclusive no interior das próprias fileiras "trotsquistas", chegou a discutir com sua companheira Natalia Sedova a possibilidade do suicídio físico de ambos, longe de ser uma medida de desespero pessoal seria o último ato político para evitar a rendição diante da contrarrevolução. A jovem organização internacional que fundara não parava de sofrer baixas em seus quadros, apesar dos gigantescos acertos programáticos a conjuntura mundial da luta de classes era extremamente desfavorável, Trotsky foi obrigado a recorrer a militantes sem nenhuma experiência política e de pouquíssima trajetória militante. A III Internacional de Stalin colhia todo o prestígio da URSS no período anterior à II Guerra, mesmo com todas as traições possua milhões de militantes em todo o mundo em franco contraste com apenas uma dezena de militantes da IV Internacional. Porém para Trotsky o critério numérico ou do imenso aparato stalinista não seria motivo para estabelecer sua derrota ou falência política diante de Moscou, decidiu correr os imensos riscos do isolamento e seguir em frente na construção molecular da IV Internacional, consciente que pagaria com a própria vida por sua ousadia revolucionária. Os jovens militantes que o cercavam no México não tinham o menor preparo para defender a vida do chefe bolchevique, os simpatizantes políticos mais reconhecidos, como o casal Rivera e Frida, sucumbiram diante da pressão e também traíram Trotsky colaborando com o Stalinismo. A vida do "velho" dirigente estava por um fio em sua fortaleza de Coyacan, a infiltração de agentes de Moscou no interior da IV internacional foi uma operação relativamente fácil de implementar, primeiro um "militante segurança" da sede/residência localizada em um subúrbio da cidade do México facilitou a entrada de atiradores, Trotsky escapou por pura sorte a uma saraivada de tiros em seu próprio dormitório. Logo após ao atentado, ficou evidente que a disposição de Stalin era pela liquidação física do seu principal opositor no campo do movimento comunista internacional, mas as parcas forças da IV Internacional eram incapazes de estabelecer uma reação diante da crônica anunciada pelo Kremlin. O inseto sicário Ramon Mercader, outro infiltrado "simpatizante", não teve grandes dificuldades de conviver de perto com o gigante bolchevique e desferir um golpe mortal contra o proletariado mundial em agosto de 1940. Trotsky tombou firme de pé, não abriu mão e tampouco "flexibilizou" seu projeto socialista da revolução permanente apesar de estar reduzido à meia dúzia de colaboradores fiéis que por condições óbvias não poderiam fazer frente ao poderio organizativo de centenas de partidos comunistas que aglutinavam em cada país milhares de militantes. Passados 77 anos de sua morte, os genuínos Trotskistas guardam uma lição histórica do nosso inesquecível mestre bolchevique: Mesmo isolados e ridicularizados pela escória revisionista que abraçou a democracia, resistir até o limite físico de nossas forças políticas para seguir em frente na reconstrução do Partido Bolchevique e da IV Internacional. Não temer arriscar a própria vida na luta pelos princípios revolucionários, o único medo possível é o da vergonha de capitular e abandonar o Trotskismo!

O veterano Leninista viveu intensamente, na vitória e na derrota, o “peso” de ser um dirigente comunista e internacionalista, pagou com a vida pela defesa intransigente de suas ideias e pelo temor que as forças adversárias das teses da Revolução Permanente tinham de seu "pequeno" partido representar a continuidade concreta das tradições de Outubro pelo mundo afora. Cada aspecto pessoal da vida de Trotsky, desde sua genial inteligência até seu poder de oratória, passando pela sua capacidade na elaboração e nas polêmicas, teve a marca da luta programática pelo socialismo científico, em debater sem medo com as diversas correntes políticas do movimento comunista internacional (inclusive com o anarquismo) ao mesmo tempo em que combatia intransigentemente as forças imperialistas “democráticas” ou fascistas. Não fugiu das polêmicas, foi intransigente nos princípios, perdeu seguidores partidários, até então leais por sua defesa incondicional da URSS (mesmo estando sob o comando do stalinismo), como dirigentes fundamentais do SWP norte-americano, parte da própria seção mexicana e a maioria dos agrupamentos que tinham aderido na conferência de fundação da IV Internacional na França em 1938. O assassinato de seus filhos o deixou deprimido por várias vezes e os dias difíceis de exílio geraram outras graves doenças (como uma colite que o castigava impiedosamente), mas ele ainda encontrou forças para se manter pé, firme, escrevendo e organizando a luta política até que um covarde agente da GPU (depois de solto da prisão no México Mercader chegou a ser condecorado em Cuba) o assassinou covardemente pelas costas. Morreu resistindo, literalmente lutando!

Reafirmamos em alto e bom som a estoica tarefa de manter vivo e ortodoxo o legado revolucionário do Bolchevismo-Leninismo, seguir nosso combate intransigente contra os revisionistas que maculam seu legado programático nos dias atuais. Esses trânsfugas revisionistas, hoje melhor representados pelo “MAIS”, ruptura recente do PSTU, desejam por formas “modernosas” apagar o melhor da referência que o velho nos deixou: defensor intransigente da Ditadura do Proletariado e da violência revolucionária das massas, combatente da construção de um partido bolchevique internacionalista centralizado e de quadros, inimigo mortal da socialdemocracia, como o PT e PSOL no Brasil. O "velho" soube defender com maestria “frente únicas” de combate ao fascismo e a direita reacionária sem capitular ao reformismo como fazem seus falsos “herdeiros” atuais. Não serão com "viagens turísticas" a Rússia capitalista de hoje que os revisionistas apagarão da história o crime político de terem apoiado sem o menor pudor a destruição contrarrevolucionária do Estado Operário Soviético, em nome da "Revolução Democrática".

Esperamos que a vanguarda militante abstraia as importantes lições do legado de Trotsky em pleno Século XXI, onde a barbárie, a contrarrevolução, o retrocesso ideológico e cultural da classe operária caminham a passos largos e avançaram muito após o fim da URSS e da queda do Muro de Berlim. Como o Velho Bolchevique sempre optou por dizer a verdade às massas mesmo que amargas, seguimos também nessa questão seus ensinamentos teóricos nesses dias difíceis para a causa comunista em todo o planeta, tendo a certeza que o rigor de nossas posições políticas, programáticas e ideológicas é a melhor forma de honrar sua trajetória para manter-se firme, mesmo diante de nossas pequenas forças militantes, na hercúlea tarefa de reconstruir a IV Internacional! Por essa razão reafirmamos nesta data mais uma vez nosso compromisso militante com a tarefa estóica de manter vivo e ortodoxo o legado revolucionário do Bolchevismo-Leninismo! 

Direção Nacional da LBI - 21 de agosto de 2017