APÓS 13 ANOS DE OCUPAÇÃO MILITAR, EXÉRCITO BRASILEIRO SAI DO
HAITI DEIXADO RASTRO DE REPRESSÃO, FOME E BARBÁRIE A SERVIÇO DA EXPLORAÇÃO
IMPERIALISTA DA ILHA NEGRA...LULA E BUSH INICIARAM ESSA "PARCERIA"
OPRESSORA COMO DENUNCIOU A LBI EM 2004!
O Exército brasileiro ocupa há 13 anos o Haiti a serviço da
exploração da Ilha negra pelas transnacionais imperialistas. Agora, nesse dia
31 de agosto, começa formalmente a se retirar do país deixando um rastro de repressão, fome e barbárie. País mais
pobre da América e de todo hemisfério ocidental, o Haiti está submetido desde
2004 a uma terrível ocupação militar, a partir do golpe orquestrado pela Casa
Branca que derrubou o então presidente Jean Aristide. Então com a participação
direta dos exércitos dos governos de centro-esquerda burguesa como Lula, Evo Morales
e Rafael Correa que se dispuseram a fazer o trabalho sujo de
"estabilizar" a Ilha, a ocupação militar foi até hoje capitaneada
pelas tropas do Exército brasileiro a serviço do imperialismo ianque. A
ocupação agravou imensamente a situação de extrema miséria da população
haitiana. Mais da metade dos haitianos está desempregado e 70% teve que deixar
suas terras, primeiro devido a um processo de degradação causada pelo plantio
do café, o principal produto de exportação do Haiti e, depois, pela repressão
consequente da invasão imperialista. Destruição, miséria, fome, doenças... A
expectativa de vida é de 52 anos, apenas 20% da população está empregada e a
taxa de analfabetismo é de 45%. O acesso à água potável é outro problema
assustador: apenas 37% da população usufrui deste "direito". Outra
marca da ação militar no Haiti é a brutal repressão através de chacinas,
estupros e tortura contra qualquer foco de resistência, principalmente nos
conglomerados mais proletarizados, como a favela de Cité Soleil, na capital
Porto Príncipe.
Entre os objetivos do imperialismo e suas marionetes no
Haiti, estiveram e estão a total garantia de um ambiente favorável aos
monopólios capitalistas franceses e norte-americanos para explorar o povo negro
através das chamadas maquiladoras, para que tenham condições de estabelecer
seus negócios, a mão-de-obra semiescrava de baixíssimo custo, além do controle
direto do país pela sua posição geopolítica estratégica para o avanço de seu
completo domínio na região caribenha, principalmente sobre Cuba.
Durante a ocupação ficou constatado que grandes empresas
norte-americanos, canadenses e franceses exploram a mão de obra haitiana para
produção têxtil, pagando em média R$ 10 por dia nas zonas francas implementadas
no país após o golpe de estado patrocinado pelo imperialismo ianque. As
consequências desta investida neocolonialista são evidentes: a migração em
massa dos haitianos que não suportam essa situação ou a revolta dos que ficam.
Para conter essa insatisfação popular, as tropas de “estabilização” da ONU
comandadas pelo exército do Brasil fizeram o trabalho de brutal repressão,
inclusive contra greves e manifestações. A Casa Branca recorreu aos seus
aliados no continente justamente para que as tropas ianques estivessem de mãos
livres para a ofensiva militar no Oriente Médio e na Ásia, mais particularmente
a agressão em curso na Síria e Ucrânia.
Os governos do Brasil e do Equador se prontificaram em
“ajudar” o Haiti a formar um novo Exército para substituir a força de paz da
ONU em sua missão de reprimir a população trabalhadora do país. Para isso,
firmaram parceria com o então presidente do Haiti, Michel Martelly, que
recentemente recebeu o apoio de herdeiros de Papa Doc, mais particularmente de
seu filho, Baby Doc. Na época, o Ministério da Defesa do Brasil confirmou que
estava preparado para “auxiliar” o Haiti em tudo que precisava para
restabelecer seu Exército, incluindo treinamento militar e engenharia: “O
Brasil vai prover todo o seu know-how para ajudar o Haiti a reerguer seu Exército”,
afirmou à Reuters um assessor do Ministério. Esse know-how é o que vem sendo
utilizado na ocupação das favelas do Rio de Janeiro pelas FFAA para reprimir a
população pobre, como ocorre neste exato momento! Agora, com a saída formal das
tropas brasileiras, a Casa Branca e a ONU, como no Iraque e no Afeganistão,
desejam empreender esforços internacionais para treinar e equipar uma nova
força policial, uma meta fundamental para a missão da ONU no Haiti, com vista a
liberar o máximo de seus assessores e estrategistas para a guerra contra o Irã
e os conflitos com a Rússia.
A ocupação do Haiti foi terceirizada. Os países que tinham
tropas lá são todos periféricos em relação aos Estados Unidos e ao imperialismo
de um modo geral. Países como Argentina, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Chile,
Senegal, Burkina Faso, Bangladesh, Iêmen, etc. Essa terceirização acontece
militarmente e economicamente porque as zonas francas que estão sendo
implementadas no Haiti são com empresas de países periféricos como Coréia do Sul
e República Dominicana. A produção, porém, é destinada ao mercado
norte-americano a favor do seu próprio capitalismo. A continuidade da ocupação
até agora (agosto de 2017) manteve o que todos já sabiam: a existência de
sistema de trabalho forçado de crianças no Haiti. Segundo a OIT, uma em cada 10
crianças haitianas trabalha em regime forçado, o que na prática é um índice bem
mais elevado que este. Com 225 mil crianças que trabalham a custo quase zero
para as empresas transnacionais implantadas no país, o trabalho infantil sem
qualquer direito é uma forma de escravidão moderna capitalista e amplamente
praticado no Haiti, crescendo após o terremoto que matou mais de 200 mil
pessoas na ilha. Estas trabalham em média de 13 horas diárias e em muitos casos
recebem maus tratos, que chegam à exploração sexual pelos próprios soldados da
ONU. Durante a ocupação foram denunciadas uma série de abusos sexuais cometidos
pelas tropas da ONU no Haiti contra adolescentes da ilha negra ocupada. O
contingente militar protagonizou todos os dias torturas, chacinas, estupros,
que a grande mídia burguesa e a imprensa dos países invasores trataram de
ocultar para manter a fachada de pacificadores e justificá-las a pretexto de
“perseguir gangues mafiosas”. Esta é mais uma consequência da barbárie imposta
pelas tropas invasoras comandadas pelo exército brasileiro em um país devastado
por terremotos, doenças e fundamentalmente pela miséria social em decorrência
da recolonização imperialista. Já faz mais de 13 anos, desde junho de 2004, que
as tropas da ONU ocuparam o país depois que o imperialismo ianque através dos
seus marineres impuseram a saída de Aristide via golpe de estado e mudaram suas
marionetes a frente do governo fantoche.