quinta-feira, 31 de agosto de 2017

APÓS 13 ANOS DE OCUPAÇÃO MILITAR, EXÉRCITO BRASILEIRO SAI DO HAITI DEIXADO RASTRO DE REPRESSÃO, FOME E BARBÁRIE A SERVIÇO DA EXPLORAÇÃO IMPERIALISTA DA ILHA NEGRA...LULA E BUSH INICIARAM ESSA "PARCERIA" OPRESSORA COMO DENUNCIOU A LBI EM 2004!


O Exército brasileiro ocupa há 13 anos o Haiti a serviço da exploração da Ilha negra pelas transnacionais imperialistas. Agora, nesse dia 31 de agosto, começa formalmente a se retirar do país deixando um rastro de repressão, fome e barbárie. País mais pobre da América e de todo hemisfério ocidental, o Haiti está submetido desde 2004 a uma terrível ocupação militar, a partir do golpe orquestrado pela Casa Branca que derrubou o então presidente Jean Aristide. Então com a participação direta dos exércitos dos governos de centro-esquerda burguesa como Lula, Evo Morales e Rafael Correa que se dispuseram a fazer o trabalho sujo de "estabilizar" a Ilha, a ocupação militar foi até hoje capitaneada pelas tropas do Exército brasileiro a serviço do imperialismo ianque. A ocupação agravou imensamente a situação de extrema miséria da população haitiana. Mais da metade dos haitianos está desempregado e 70% teve que deixar suas terras, primeiro devido a um processo de degradação causada pelo plantio do café, o principal produto de exportação do Haiti e, depois, pela repressão consequente da invasão imperialista. Destruição, miséria, fome, doenças... A expectativa de vida é de 52 anos, apenas 20% da população está empregada e a taxa de analfabetismo é de 45%. O acesso à água potável é outro problema assustador: apenas 37% da população usufrui deste "direito". Outra marca da ação militar no Haiti é a brutal repressão através de chacinas, estupros e tortura contra qualquer foco de resistência, principalmente nos conglomerados mais proletarizados, como a favela de Cité Soleil, na capital Porto Príncipe.

Entre os objetivos do imperialismo e suas marionetes no Haiti, estiveram e estão a total garantia de um ambiente favorável aos monopólios capitalistas franceses e norte-americanos para explorar o povo negro através das chamadas maquiladoras, para que tenham condições de estabelecer seus negócios, a mão-de-obra semiescrava de baixíssimo custo, além do controle direto do país pela sua posição geopolítica estratégica para o avanço de seu completo domínio na região caribenha, principalmente sobre Cuba.

Durante a ocupação ficou constatado que grandes empresas norte-americanos, canadenses e franceses exploram a mão de obra haitiana para produção têxtil, pagando em média R$ 10 por dia nas zonas francas implementadas no país após o golpe de estado patrocinado pelo imperialismo ianque. As consequências desta investida neocolonialista são evidentes: a migração em massa dos haitianos que não suportam essa situação ou a revolta dos que ficam. Para conter essa insatisfação popular, as tropas de “estabilização” da ONU comandadas pelo exército do Brasil fizeram o trabalho de brutal repressão, inclusive contra greves e manifestações. A Casa Branca recorreu aos seus aliados no continente justamente para que as tropas ianques estivessem de mãos livres para a ofensiva militar no Oriente Médio e na Ásia, mais particularmente a agressão em curso na Síria e Ucrânia.

Os governos do Brasil e do Equador se prontificaram em “ajudar” o Haiti a formar um novo Exército para substituir a força de paz da ONU em sua missão de reprimir a população trabalhadora do país. Para isso, firmaram parceria com o então presidente do Haiti, Michel Martelly, que recentemente recebeu o apoio de herdeiros de Papa Doc, mais particularmente de seu filho, Baby Doc. Na época, o Ministério da Defesa do Brasil confirmou que estava preparado para “auxiliar” o Haiti em tudo que precisava para restabelecer seu Exército, incluindo treinamento militar e engenharia: “O Brasil vai prover todo o seu know-how para ajudar o Haiti a reerguer seu Exército”, afirmou à Reuters um assessor do Ministério. Esse know-how é o que vem sendo utilizado na ocupação das favelas do Rio de Janeiro pelas FFAA para reprimir a população pobre, como ocorre neste exato momento! Agora, com a saída formal das tropas brasileiras, a Casa Branca e a ONU, como no Iraque e no Afeganistão, desejam empreender esforços internacionais para treinar e equipar uma nova força policial, uma meta fundamental para a missão da ONU no Haiti, com vista a liberar o máximo de seus assessores e estrategistas para a guerra contra o Irã e os conflitos com a Rússia.

A ocupação do Haiti foi terceirizada. Os países que tinham tropas lá são todos periféricos em relação aos Estados Unidos e ao imperialismo de um modo geral. Países como Argentina, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Chile, Senegal, Burkina Faso, Bangladesh, Iêmen, etc. Essa terceirização acontece militarmente e economicamente porque as zonas francas que estão sendo implementadas no Haiti são com empresas de países periféricos como Coréia do Sul e República Dominicana. A produção, porém, é destinada ao mercado norte-americano a favor do seu próprio capitalismo. A continuidade da ocupação até agora (agosto de 2017) manteve o que todos já sabiam: a existência de sistema de trabalho forçado de crianças no Haiti. Segundo a OIT, uma em cada 10 crianças haitianas trabalha em regime forçado, o que na prática é um índice bem mais elevado que este. Com 225 mil crianças que trabalham a custo quase zero para as empresas transnacionais implantadas no país, o trabalho infantil sem qualquer direito é uma forma de escravidão moderna capitalista e amplamente praticado no Haiti, crescendo após o terremoto que matou mais de 200 mil pessoas na ilha. Estas trabalham em média de 13 horas diárias e em muitos casos recebem maus tratos, que chegam à exploração sexual pelos próprios soldados da ONU. Durante a ocupação foram denunciadas uma série de abusos sexuais cometidos pelas tropas da ONU no Haiti contra adolescentes da ilha negra ocupada. O contingente militar protagonizou todos os dias torturas, chacinas, estupros, que a grande mídia burguesa e a imprensa dos países invasores trataram de ocultar para manter a fachada de pacificadores e justificá-las a pretexto de “perseguir gangues mafiosas”. Esta é mais uma consequência da barbárie imposta pelas tropas invasoras comandadas pelo exército brasileiro em um país devastado por terremotos, doenças e fundamentalmente pela miséria social em decorrência da recolonização imperialista. Já faz mais de 13 anos, desde junho de 2004, que as tropas da ONU ocuparam o país depois que o imperialismo ianque através dos seus marineres impuseram a saída de Aristide via golpe de estado e mudaram suas marionetes a frente do governo fantoche.

Durante toda a ocupação, longe de apoiar a inócua política distracionista de pressão sobre o Conselho de Segurança da ONU e de “sensibilizar” o governo burguês de Lula e Dilma e seus parceiros “bolivarianos” a “retirar as tropas”, a LBI lutou por fomentar uma saída operária para a barbárie social imposta pelo imperialismo, a única alternativa que pode evitar o agravamento das desgraças do país. Por isto, os revolucionários apoiaram a organização da resistência armada haitiana pela derrota e expulsão das tropas invasoras, inclusive as brasileiras. Contra a tragédia capitalista incrementada pelo terremoto, cólera, os estupros e a miséria social aprofundada por 13 anos de ocupação militar é necessário que as massas da ilha organizem a resistência por uma nova expulsão dos colonizadores que ficam apesar da saída formal das tropas invasoras, responsáveis pela “moderna” escravidão assalariada imposta pelo imperialismo através das tropas da ONU comandadas pelo exército brasileiro.