HÁ VINTE ANOS ATRÁS O ENTÃO DEPUTADO LINDBERG FARIAS SE
AFASTAVA DO PCdoB E INGRESSAVA NO PSTU. QUATRO ANOS DEPOIS (2001) SEM
CONQUISTAR UMA ÚNICA VAGA PARLAMENTAR PELO MORENISMO O EX-PRESIDENTE DA UNE
ADENTRA NO PT PARA RETOMAR SUA "CARREIRA" INSTITUCIONAL BURGUESA,
PORÉM A LBI JÁ APONTAVA ESTE CURSO OPORTUNISTA BEM ANTES....MAIS UM PROGNÓSTICO
MARXISTA 100% CONFIRMADO...
LINDBERG "SAI" DO PSTU E INGRESSA NO PT: MANOBRA
OPORTUNISTA DE "ENTRISMO" DO PSTU NO PT OU COMPLETA DESMORALIZAÇÃO DE
SUA POLÍTICA ELEITOREIRA?
(HOME DA LBI SETEMBRO DE 2001)
Há exatamente quatro anos, em setembro de 1997, no Jornal
Luta Operária nº 22, a Liga Bolchevique Internacionalista elaborou um documento
intitulado "Genuína autocrítica do stalinismo ou uma reacomodação
eleitoral?", o qual analisava o desligamento do então deputado federal
Lindberg Farias do PCdoB e seu ingresso no PSTU. Resolvemos agora reeditá-lo
como apêndice dessa brochura, no marco de uma nova realidade política: a
recente saída de Lindberg do PSTU e sua filiação ao PT. Tomamos essa decisão porque, recorrendo ao próprio marxismo
e seu método de análise, podemos afirmar que além de apontarmos corretamente
naquele momento as genuínas raízes políticas que provocaram a ruptura de
Lindberg com o PCdoB, temos hoje todos os elementos para clarificar o seu
aparente desligamento do PSTU e o ingresso no partido que é timoneiro-mor da
frente popular no Brasil, o PT.
Já em 97 caracterizávamos que, longe de uma ruptura de
princípios com a orientação contra-revolucionária do "stalinismo"
social-democrata tupiniquim, responsável junto com o PT por subordinar a luta
revolucionária do proletariado brasileiro às alianças com os chamados
"setores progressistas e democráticos" da burguesia nacional, a saída
de Lindberg do PCdoB e seu ingresso no PSTU seguia unicamente suas
conveniências eleitorais em um processo de reacomodação partidária no mesmo
marco da frente popular. Alertávamos, porém, que mais grave que a conduta de
Lindberg era a orientação levada a cabo pela direção do PSTU ao acolher, sem
qualquer reserva ou exigência de autocrítica profunda, uma figura de ponta do
PCdoB em seus acordos com a burguesia, procurando apagar as traições de seus
antigos adversários no momento em que estes se filiam ao partido. Em resumo, a
forma como Lindberg ingressava no PSTU acabava por tornar esse partido uma
espécie de legenda de aluguel da esquerda.
Por essa caracterização, esse documento foi duramente
atacado pela direção do PSTU que acusou a LBI de sectária, tentando assim
desmoralizar a denúncia que fazíamos de sua capitulação ao eleitoralismo. Agora
que Lindberg formalmente saiu do PSTU, deixemos que a própria luta de classes
dê a palavra final e prove quem, de fato, ingressou de malas e bagagens no
cretinismo parlamentar, a outra face política do nefasto sectarismo que Trotsky
tanto combateu.
O ex-presidente da UNE e garoto-propaganda do impeachment,
eleito em 1994 em função das mobilizações do Fora Collor, via ameaçada suas pretensões
de reeleição em 1998 porque o PCdoB do Rio de Janeiro decidira priorizar a
reeleição da também deputada federal Jandira Fegalhi. Em uma conduta eleitoral
típica dos mais marginais políticos burgueses, Lindberg Farias, às vésperas do
encerramento do prazo para mudanças de partidos, larga o PCdoB e adere ao PSTU.
Por ironia da história e para criar uma verdadeira cortina
de fumaça, a "ruptura" de Lindberg foi apresentada pela direção do
PSTU como expressão de sua conduta principista contra o oportunismo eleitoral
do PCdoB, o rechaço de um militante revolucionário às alianças do stalinismo
com a burguesia. Por orientação do PSTU, Lindberg chegou a dar declarações
antiparlamentaristas para melhor traficar essa versão junto a militância do
partido: "Acho que seria para mim um destino trágico ser mais um
deputadozinho nesse congresso... Para um verdadeiro revolucionário é um projeto
mesquinho ter como máxima ambição se tornar um parlamentar" (Ruptura
Socialista, nº 1, Fev/2000)
Para o ingresso do ilustre ex-militante do PCdoB no PSTU não
foi reivindicada pela direção do partido absolutamente nenhuma autocrítica
acerca de seu nefasto papel no Fora Collor, como peça chave, via presidência da
UNE, no golpe desferido pela burguesia contra as mobilizações populares através
da política de CPI e impeachment que deu posse a Itamar Franco, a quem o
próprio Lindberg ajudou a passar a faixa presidencial. Ao contrário, a direção
do PSTU valora a sua trajetória como expressão máxima da conduta conseqüente e
revolucionária de um militante que "sempre lutou como um honrado
comunista" (Opinião Socialista, nº 43), chegando a aceitar sem esboçar
qualquer resistência a afirmação de que a política do PCdoB, co-responsável por
empossar Itamar, era a mesma da Convergência Socialista em 1992: "A CS e o
PCdoB lançaram a palavra de ordem do Fora Collor. O restante era contra, até
mesmo a esquerda do PT. A turma do PT tomou um susto quanto viu o PCdoB junto
com a CS defender o Fora Collor" (Entrevista de Lindberg a revista Ruptura
Socialista, nº 1, Fev./2000). Desta forma, a CS – hoje PSTU – que formalmente
se delimitava com o PCdoB defendendo à época a convocação de eleições gerais e
denunciou a direção do PT e PCdoB por empossar Itamar, aceita silenciosamente
ser enquadrada no mesmo saco de gatos da política de colaboração de classes do
stalinismo para melhor acomodar seu novo pupilo .
Sem que a direção do PSTU fizesse ou exigisse qualquer
balanço político crítico de sua trajetória, de suas relações eleitorais íntimas
com a burguesia e, ainda mais do fato de ter ficado com um mandato parlamentar
que pertencia ao PCdoB, Lindberg passa para a legenda do PSTU ainda com um ano
de mandato como deputado federal.
As condições de ingresso de Lindberg no PSTU revelam, por si
mesmas, que não houve uma inflexão de conteúdo na sua conduta, mas uma simples
e conveniente mudança de grau em sua política de conciliação de classes. O
ex-parlamentar do PCdoB passa de defensor ardoroso da política de Frente Ampla
com a burguesia "progressista" propugnada pelo stalinismo, ala
direita da oposição burguesa comandada pelo PT, a reivindicar as posições do
PSTU em defesa da "Frente Classista", expressão mais acabada da ala
esquerda dessa mesma oposição consentida pelo regime que busca reeditar uma frente
popular aos moldes de 89.
Durante seu último ano de mandato, o novo porta-voz do PSTU
no parlamento, como produto direto da política cada vez mais social-democrata
de sua direção, em nada se diferenciou dos parlamentares do PT e do próprio
PCdoB em sua conduta de aprimorar as instituições do regime capitalista. Por
diversas vezes, os pronunciamentos de Lindberg, ou seja, do PSTU, quando da
crise financeira dos estados e da decretação da moratória por Itamar Franco,
convocava o corrupto antro de bandidos patronais, que é o Congresso Nacional, a
pressionar FHC a decretar a moratória da dívida externa, para com essa ação
"resgatar a dignidade do parlamento e não se dobrar às ordens do Palácio
do Planalto". Nunca se ouviu da boca do parlamentar "trotskista"
a denúncia dessa falsa democracia capitalista parida da ditadura militar contra
as massas e, ainda mais, o chamado ao proletariado para destruir as
instituições do regime, com o próprio parlamento, para construir um poder
operário revolucionário de novo tipo, socialista. Lindberg e a direção do PSTU
opuseram-se terminantemente a assumir a tarefa de utilizar-se da tribuna do
parlamento para fazer propaganda revolucionária sendo, como diria Lênin,
porta-voz de uma política de denúncia e luta intransigente do regime e de suas
faces pseudodemocráticas como o parlamento e o circo eleitoral burguês. No
terreno político, o mandato de Lindberg sob a bandeira do PSTU restringiu-se a
seguir os passos da oposição burguesa, conclamando a unidade no bloco
parlamentar entre PT, PCdoB, PSB, PDT e o próprio PSTU, além de subscrever
todas as iniciativas políticas desta: pedidos de impeachment’s, CPI’s, lobbies
parlamentar através da pressão do movimento de massas ao congresso. Em resumo,
a atuação parlamentar de Lindberg foi a expressão concreta da política frente
populista do PSTU no interior dos sindicatos e no terreno eleitoral, ou seja,
um apêndice do PT.
O curto mandato de deputado federal de Lindberg no PSTU
somente aprofundou o seu oportunismo eleitoral, porque longe de criticar e combater
essa tendência de apego ao parlamento, a direção do PSTU tratou de acalentá-la
e potenciá-la. A expressão maior disso revelou-se quando se findou o mandato em
1998. O centro da atividade nacional do PSTU passou a ser reelegê-lo.
Transformaram Lindberg Farias, recém ingresso no partido e com larga trajetória
de conciliação com a burguesia, em figura pública de primeira ordem
exclusivamente por seu cacife eleitoral e não por sua tradição revolucionária,
sua abnegação como dirigente partidário ou por ser um militante testado na luta
de classes.
Essa busca desesperada por galgar um novo cargo parlamentar
ocorreu em 98 e, mais alucinadamente em 2000, quando a direção do PSTU buscou
aliar-se ao PT da "boquinha" no Rio de Janeiro para através da
coligação proporcional garantir a vaga de vereador para Lindberg. A tentativa
de conformar uma "Frente dos Trabalhadores" com o PT fluminense, que
escandalosamente integrava até as vésperas das eleições o arquicorrupto governo
Garotinho, capacho de FHC, com o PSTU buscando fazer dobradinha eleitoral com a
esquerda petista comandada por Carlos Santana, cuja campanha foi financiada
pelo cartola mafioso de futebol, Ricardo Teixeira, presidente da CBF revela
que, na ânsia de garantir uma aliança com viabilidade eleitoral para contemplar
os seus interesses eleitorais, o PSTU renegou até mesmo a tímida política de
delimitação com o PT.
Ao ver frustradas suas pretensões de unidade eleitoral com o
PT no Rio de Janeiro, o PSTU lançou candidaturas laranjas tanto em 98 para governador
como em 2000 para prefeito, assumindo o papel de sublegenda petista para, sem
criticar a política lulista, conseguir ter a simpatia e o voto do eleitorado de
esquerda fluminense para as candidaturas de Lindberg. Sob a batuta dessa
orientação verdadeiramente escandalosa, relegou as duas candidaturas do
dirigente histórico Cyro Garcia (governador e prefeito) ao segundo plano,
obscurecendo-as diante da frenética pretensão de eleger Lindberg. O resultado
dessa desastrosa operação foi a não eleição de Lindberg e a desmoralização do
partido, com a regional fluminense entrando em uma profunda crise política.
O cretinismo parlamentar da direção do PSTU é tamanho que
mesmo no espaço regular de TV do PSTU, Lindberg continuou ocupando o maior
tempo, sendo apresentado como uma das principais figuras públicas do partido ao
lado de quadros históricos como José Maria de Almeida.
No marco de toda essa conduta absolutamente oportunista da
direção do PSTU, embriagada com a possibilidade de se cacifar eleitoralmente
para ver facilitada sua política de aproximação com a esquerda petista é que
ocorre o súbito afastamento de Lindberg e sua filiação ao PT.
A esquerda do PT já deixou claro para a direção do PSTU que
não embarcará no projeto de construir um novo partido centrista se esse não
tiver viabilidade eleitoral, como é o caso do PSTU hoje. Esse fato tem deixado
sua direção em uma verdadeira encruzilhada política.
Desesperada diante de uma realidade que lhe exige a cada dia
mais claudicação ao programa burguês do PT e à sua política de aliança com
frações patronais em nome de galgar um posto parlamentar nacional que lhe dê
viabilidade eleitoral, a direção do PSTU, depois de ver frustradas suas
tentativas de conquistar um "lugar ao sol" através de candidaturas próprias,
diga-se de passagem, lançadas forçosamente pela absoluta negativa do PT de
coligar-se com o PSTU, como ficou claro no Rio de Janeiro, parece ter decidido
colocar em marcha uma perigosa e audaciosa manobra: filiar Lindberg ao PT para
viabilizar eleitoralmente sua candidatura, apresentando sua saída do partido
tanto para a militância do PSTU como para a direção do PT como uma ruptura
política.
Parece pouco crível que Lindberg Farias, que até pouco tempo
dava declarações do tipo "Essa turma da esquerda do PT tem que entender
que o PT já definiu seu rumo, que não dá mais para mudar o partido"
(Ruptura Socialista, nº 1, Fev./2000) agora, filie-se ao PT para apoiar Lula,
divergindo, segundo a imprensa burguesa, da decisão do PSTU "de lançar
candidato próprio às próximas eleições" (Veja, agosto 2001). Um
"comunista honrado", com tamanhas convicções do papel
contra-revolucionário do PT, mudaria de posição tão radicalmente e em tão pouco
tempo? Essa repentina mudança é ainda mais estranha quando o próprio Lindberg,
por diversas vezes, apontou no Opinião Socialista o acerto em lançar a
candidatura própria para presidente em 1998 já que o PT negava-se a adotar a
política de "frente classista". Das duas uma: trata-se de um manobra
de "entrismo" sui generis do PSTU no PT ou a saída de Lindberg revela
a completa desmoralização da política eleitoreira do PSTU.
Caso esteja em andamento uma manobra política dessa
envergadura, o PSTU não poderá mais colocar sua estrutura material e política a
serviço da futura candidatura de Lindberg, porque este estará sob direta
vigilância e disciplina da direção petista. Isso força que o ex-parlamentar,
sem espaço político e estrutura própria dentro do PT, se apresente cada vez
mais à direita para se credenciar junto à direção do PT (Articulação) como
confiável no sentido de garantir sua legenda e a vaga para concorrer a deputado
em 2002. A primeira prova disso foi sua filiação ao PT, que se deu em um ato
conjunto com o ingresso de Fernando Gabeira, ex-PV, partido que é sublegenda do
PSDB e um deputado cuja atuação parlamentar o contabilizava como parte da base
governista de FHC no Congresso.
Uma ação tão desesperada como a levada adiante pela direção
do PSTU, justificada pela crise política que se abriu neste partido desde o
fracasso eleitoral da candidatura presidencial de José Maria de Almeida em 1998
e devido aos seguidos insucessos eleitorais que acabam inviabilizando o sonho
da unidade orgânica com a esquerda do PT, pode até eleitoralmente ser bem
sucedida, apesar de não ser essa a tendência principal. Porém, mesmo que
Lindberg seja eleito deputado, a própria política eleitoreira patrocinada pela
direção do PSTU coloca em marcha um processo de degeneração política tão
profundo que somente fará avançar ainda mais a trajetória de integração do PSTU
e do próprio Lindberg ao eleitoralismo e ao parlamento burguês, podendo gestar
inclusive uma ruptura genuína entre ambos em um futuro breve, ou seja, o PSTU
acabará sendo vítima de sua própria política. Esse resultado aponta que, longe
do PSTU ter tensionado Lindberg à esquerda, o que vem ocorrendo é justamente o
contrário: o cretinismo parlamentar da direção do PSTU vem avançando em passos
largos, com o partido inflexionando à direita para acompanhar as pretensões
parlamentares de Lindberg.
No caso do ingresso de Lindberg no PT ser uma simples troca
de legenda para viabilizar sua candidatura a deputado, como fez há quatro anos
atrás, trocando o PCdoB pelo PSTU, esse fato revela cristalinamente o
seguidismo e as escandalosas concessões que a direção do PSTU faz a qualquer
carreirista político que lhe bata à porta para garantir na legenda um nome com
cacife eleitoral. Se for essa a variante a se concretizar e, com certeza, é
essa a versão que a direção passa para sua militância, toda a crítica
"sectária" da LBI ao processo de ingresso oportunista de Lindberg
patrocinado pela direção do PSTU mostrou-se correta, ressaltando-se o fato de
que nestes quatro anos o nome de Lindberg foi projetado em detrimento de
figuras históricas e militantes de longa trajetória no interior do partido, com
toda a militância do PSTU e a estrutura do partido estando a serviço de um
oportunista que pela possibilidade de concorrer vitoriosamente a um mandato
rompe com o PSTU.
O inaceitável é que a direção do PSTU, carro-chefe dessa política
eleitoreira, ataque Lindberg, chamando-o agora de oportunista por romper com o
partido em nome de concorrer com chances a um mandato. Se o fizer deve ser pelo
menos honesta ao dizer que no mínimo é cúmplice dessa política vergonhosa. Caso
o exemplo de Lindberg ainda seja o bastante para que a militância do PSTU
abstraia a lição do papel contra-revolucionário de sua direção, relembremos que
essa conduta de capitulação as conveniências eleitorais de nomes estranhos ao
partido é prática corriqueira no PSTU.
Recentemente a direção do PSTU convidou o senador Lauro
Campos, ex-PT/DF, para ingressar no partido, inclusive cortejando-o no sentido
de ser seu presidente de honra. Fez e manteve esse convite, sem qualquer
reserva, mesmo após o senador ter flertado com o apoio a ACM nas seções do
Conselho de Ética, sendo inclusive elogiado pelo próprio ACM por seus
pronunciamentos inicialmente simpáticos a não cassação. Frente ao convite do
PSTU, o senador optou pelo moribundo PDT de Brizola, que da mesma forma que o
PSTU e outros partidos burgueses, como o PPS, lhe ofereceu mundos e fundos.
Obviamente Lauro Campos não aderiu ao PSTU e filiou-se ao PDT, porque este lhe
garantia maiores possibilidades para ser reeleito. Nesse leilão entre os
partidos burgueses, mais uma vez o PSTU levou a pior, apesar de comprovar sua
subserviência deslavada ao eleitoralismo.
Como outra expressão de cretinismo parlamentar do PSTU,
temos o exemplo concreto do vereador Fábio José, do PSTU da cidade de Juazeiro
do Norte, interior do Ceará. O parlamentar do PSTU conformou um escandaloso e
oportunista bloco parlamentar na Câmara Municipal com o PHS, um partido
apêndice das oligarquias na região que, de tão comprometido com a direita
reacionária, sequer apoiou a candidatura do PT para prefeito na cidade.
Todos esses elementos demonstram que sendo o ingresso de
Lindberg no PT uma manobra da direção do PSTU ou não, o fato é que as duas
variantes trazem um só resultado: a desmoralização completa da militância do
PSTU, testemunha do avançado processo de degeneração política que sua direção
impõe ao partido, como produto de uma política eleitoralista própria do
centrismo contaminado pelo cretinismo parlamentar.
A direção do PSTU continua a vender ao conjunto de sua
militância – ainda mais com a saída de Lindberg do partido – que essa ruptura,
assim como a negativa do PT em fazer alianças eleitorais com o partido é
produto de sua política classista e revolucionária, deve-se ao fato da
Articulação não aceitar seu combate principista pela independência de classe
dos trabalhadores, etc.
Antes de mais nada, a saída de Lindberg, mesmo que seja por
uma decisão isolada, é produto direto do eleitoralismo da direção do PSTU, que
sempre tratou de potencializa-lo e não combatê-lo em seu "antigo"
dirigente. Por outro lado, se a marca do principismo do PSTU é a defesa da
Frente Classista, a luta de classes tem demonstrando o conteúdo antioperário
dessa frente que, se for classista, serve unicamente à classe dominante.
Os exemplos são vários, mas a truculência e os ataques do
prefeito petista de Diadema, eleito por uma frente "operária"
conformada entre PT, PCdoB e PSTU é a melhor demonstração de que as
administrações petistas, eleitas em frentes "amplas" ou
"classistas" seguem à risca os planos de ajuste do FMI, buscando
adequar a máquina estatal à Lei de Responsabilidade Fiscal para centralmente se
credenciar como alternativa burguesa para gerir o governo federal em 2002.
Diferente do que o PSTU defende, não é a aliança com o PSB
ou PDT que define o caráter operário ou burguês dos governos petistas. Essa
discussão está superada pela história e os fatos, sendo a "frente
classista" de Diadema a prova maior disso. O PT está completamente
integrado ao regime e ao Estado capitalista. A sua direção antioperária e
pró-imperialista auxilia a burguesia a saquear e oprimir os trabalhadores,
assumindo assim o caráter nitidamente de um partido burguês que expressa os
interesses políticos e econômicos da burguesia nacional, tanto através de seu
programa político como por sua composição social.
O mais grave é que mesmo reivindicando a tal frente
classista o PSTU pelo Brasil afora, como em Guarulhos e Santos, importantes
centros políticos paulistas, aderiu a frentes eleitorais do PT com PPS, PDT e
PSB, ou seja, mais uma vez seus pretensos princípios políticos não resistiram a
tentar viabilizar suas candidaturas eleitorais.
A saída de Lindberg também serve para fazer um rápido
balanço da política cada vez mais social-democrata que centralmente o PSTU
defende contra o governo FHC. O "Fora FHC e a defesa da CPI já" é,
ironicamente, a mesma orientação que Lindberg aplicava em 1992 nas mobilizações
do Fora Collor, as quais possibilitaram a posse a Itamar e o golpe do
impeacheament.
A única "denúncia" que o PSTU faz da política do
PT e do PCdoB é que esses partidos não defendem de maneira conseqüente a
instalação da CPI, porque não mobilizam os trabalhadores. Mas essa é uma falsa
polêmica, típica do centrismo que caminha a passos largos rumo a
social-democratização, pois a questão não é a de se mobilizam ou não, mas com
que estratégia e política se enfrenta o governo capitalista e seu Estado:
revolucionária ou reformista. A marcha dos 100 mil foi uma "mobilização"
completamente superestrutural que esteve voltada unicamente a pressionar o
parlamento, ou seja, centrada a aperfeiçoar os mecanismos da democracia
burguesa em nome da moralização do Estado. No Fora Collor mobilizou-se as
massas e ao final aplicou-as um golpe gestado diretamente pala burguesia e a
Rede Globo. Seria então o problema unicamente da ausência de mobilizações?
Para os revolucionários a luta pela mobilização direta das
massas está umbilicalmente ligada à adoção de um programa revolucionário
centrado a expropriar os capitalistas, destruir as instituições do regime com
seus próprios métodos de luta e não reformar o Estado através de instrumentos
controlados pelas frações burguesas, como as CPIs. Somente a capitulação do
PSTU à política criminosa do PT e do PCdoB explica porquê mesmo sendo Lindberg
um dos artífices do golpe do impeachment em 1992, o PSTU reivindica sua
trajetória vergonhosa no Fora Collor – política que deseja reproduzir com FHC,
como bem sentencia o próprio Lindberg e na qual embarcou a direção do PSTU:
"É possível botar FHC para fora, como fizemos com Collor" (Ruptura
Socialista, n.º 1. Fev./2000).
Um balanço profundo dos fatos resulta em uma certeza: a
política geral do PSTU tem em Lindberg Farias sua excrescência, expressão maior
do cretinismo parlamentar dessa direção cada vez mais social-democrata que
ainda ousa se travestir de trotskista. Porém a farsa está cada dia mais se
revelando como tragédia e o cretinismo parlamentar da direção do PSTU vem
abortando até mesmo suas aparentes e pontuais críticas ao PT.
Esse processo em curso certamente dará vazão a uma profunda
crise política no interior do PSTU que já se faz presente entre a militância e
mesmo entre os quadros, cada vez mais pressionados pelo sindicalismo e o
eleitoralismo. O mais importante, contudo, é saber que o saldo de toda essa
aventura e da capitulação consciente à frente popular resume-se a que o PSTU se
metamorfoseie de um partido centrista, sindicalista de esquerda, que ainda se
utiliza formalmente de uma verborragia classista e às vezes revolucionária
quando necessário, para uma corrente social-democrata, sem qualquer traço de
bolchevismo, mesmo mantendo-se formalmente fora do PT ou, o que seria ainda
mais vergonhoso, retornando às hostes petistas.
Por fim, sendo o ingresso de Lindberg no PT uma manobra
política ou não, a militância do PSTU precisa já fazer um balanço rigoroso
desse processo, para superar a política social-democrata vergonhosa em defesa
da CPI levada a cabo por sua direção e questionar a própria farsa que resultou
a "frente classista", como em Diadema. Somente se valendo de um duro
combate contra o charlatanismo parlamentar e a social-democratização que a
direção do PSTU representa estará se lutando por uma genuína política
revolucionária, não compactuado com uma conduta que apenas macula a luta por um
verdadeiro partido trotskista no país.