HOJE, 16 DE AGOSTO DE 2017, “O CAPITAL” COMPLETA 150 ANOS:
VIDA LONGA A TEORIA REVOLUCIONÁRIA DO MARXISMO LENINISMO!
Em 16 de agosto de 1867 Marx finaliza a elaboração do
primeiro tomo de “O Capital”, após anos de pesquisa e reflexão teórica. É um
período em que Marx estreita seus vínculos com o movimento operário, então norteado
por teses anarco-economicistas que não conseguiam explicar com profundidade
toda a dinâmica do regime capitalista, desde o mundo do trabalho até o acúmulo
de riquezas das classes dominantes. Nesta época envia uma carta breve e
comovente a Frederich Engels como um tributo ao seu novo trabalho intelectual:
“Se foi possível, devo-o apenas à você. Sem seus sacrifícios em meu favor eu
jamais teria conseguido realizar o imenso trabalho exigido pelos três tomos. Eu
cumprimento-o com enorme gratidão”. Sem sombra de dúvida uma contundente demonstração
de camaradagem militante de Marx, que rejeitava qualquer "título" ou
vaidade acadêmica de "brilhantismo". O Capital cuja influência sobre
a história contemporânea da luta de classes é incalculável, desperta desde o
fim do século XIX uma polêmica teórica permanente sobre a sua natureza. Mas no que consiste precisamente a essência
das teses contidas no “Capital”? É uma obra econômica? É um texto filosófico?
É o nascedouro da sociologia moderna ou uma plataforma científica para a
política revolucionária do proletariado? Para Marx, a economia política se distingue da ciência clássica, ou seja
, uma ciência que se transformou em ideologia. A evolução da economia política
foi interrompida e ela se desviou da via científica, pois permaneceu
prisioneira dos preconceitos e das ideias da classe dominante da sua época, a
classe burguesa. É em decorrência da própria lógica da economia política
clássica, que teria conduzido obrigatoriamente à condenação do modo de produção
capitalista, ao desvelamento de suas contradições, descoberta de seu caráter
transitório e ao prenúncio de seu fim, que os economistas burgueses não foram
capazes de levar a termo a obra de Adam Smith e de Ricardo, e que a escola
clássica de economia política começou a se desagregar. Ao efetuar a crítica da
economia política, Marx combinou simultaneamente três elementos distintivos,
primeiramente analisar o funcionamento da economia capitalista, dissecando suas
contradições e mostrando o quanto a ciência econômica oficial é incapaz de dar
conta destas e de explicá-las. Analisando as teorias dos economistas burgueses,
revelando suas contradições, insuficiências e equívocos, localizando suas
raízes em sua função ideológica, em relação à sociedade burguesa. E por fim,
analisou a luta de classe entre capitalistas e trabalhadores, de maneira a
encarnar a evolução econômica e ideológica nos homens concretos, que fazem sua
própria história, em última instância, através das condições objetivas da luta
de classes. O “Capital” não pretende explicar todas as sociedades humanas,
passadas e futuras. Ele se contenta, mais modestamente, em explicar apenas a
sociedade predominante há quatro séculos: a sociedade burguesa, e desta forma
apontar uma nova perspectiva histórica para a humanidade. Para poder elucidar o
funcionamento do modo de produção capitalista, Marx é obrigado a localizar a
origem das “categorias econômicas” (mercadoria, valor, dinheiro, capital), cuja
gênese está na sociedade pré-capitalista. Ele é obrigado, portanto, a exercer o
ofício de historiador, a prover também os elos fundamentais para a compreensão
das sociedades pré-capitalistas. Marx não pode analisar as contradições do modo
de produção capitalista com justeza sem, com isso, dar à classe trabalhadora um
instrumento de luta poderoso, sem intervir, por essa razão, ativamente nesta
luta de classes e sem procurar orientá-la a um objetivo preciso: a derrubada do
regime de produção capitalista.
O Marx de 1867 não esquecera a palavra de ordem imortal do
Marx de 1845: “Os filósofos até então se contentaram em interpretar o mundo,
trata-se de transformá-lo”. O Capital é, portanto, uma obra de uma só vez
teórica e prática, filosófica e econômica, histórica e sociológica, não poderia
ser outra coisa em virtude do método que Marx utilizou para redigi-lo, a
despeito dos pseudo-intelectuais da "pós modernidade" que
"decifram" a obra como uma guia meramente acadêmico e conceitual.
Marx definiu de forma breve este método quando escreveu à
Maurice Lachatre, em 18 de março de 1872, que utilizara um método nunca antes
aplicado ao estudo dos problemas econômicos. Trata-se, evidentemente, do método
dialético. Este método combina a apropriação de uma quantidade máxima de dados
empíricos com sua análise crítica, cuja finalidade é descobrir a lógica interna
dos fenômenos em evolução constante, revelando suas contradições internas, que
se mostram mais claramente na medida em que a gênese destes fenômenos é
aprofundada. As descobertas, que transformaram radicalmente tanto a ciência
econômica quanto a teoria socialista, já haviam sido efetuadas em 1859, no
pequeno livro de Marx “Contribuição à crítica da economia política”. A obra é
célebre sobretudo por seu “Prefácio”, que formulou em termos clássicos a teoria
marxista do materialismo histórico. "O Capital” busca desvelar as “leis
naturais da produção capitalista”. Estas se erigem sobre as bases assentadas
pela teoria do valor-trabalho e da teoria da mais-valia. A produção capitalista
é uma produção para o mercado em um contexto de propriedade privada dos meios
de produção, isto é, em condições de concorrência entre burgueses. Para
prevalecer diante desta concorrência ou, mais precisamente, para não sucumbir,
o industrial capitalista deve reduzir seus custos de produção. Para isso, terá
que desenvolver a técnica, a maquinaria. Ao fazê-lo, ele substitui o trabalho
vivo por uma máquina e submete impiedosamente aquele à esta. Com isso, também
mata dois coelhos com uma cajadada só: reduz seus custos de produção, o que
facilita a conquista de mercados e, ao mesmo tempo, ele reduz a necessidade de
trabalhadores e provoca o desemprego, que pressiona os salários e eleva sua
cota-parte no “valor líquido” produzido pelos trabalhadores que explora. Este
“valor líquido” divide-se, efetivamente, em salários e lucro: se a parcela dos
primeiros se reduz, a do último aumenta automaticamente. Para poder desenvolver
a técnica e a maquinaria, o capitalismo precisa de uma quantidade sempre
crescente de capital, pois, com o desenvolvimento da técnica, a quantidade de
máquinas utilizada é cada vez maior, assim como seu custo. Só há um meio
fundamental para o capitalista expandir seu capital: aumentar seu lucro. Pois,
é através do investimento de seus lucros (da “acumulação de capital”) que ele
aumenta seu capital. O capitalista pode aumentar seus lucros de duas maneiras:
reduzindo os salários (ou prolongando a jornada de trabalho sem aumento
correspondente do salário) ou aumentando a produtividade do trabalho sem
aumentar os salários (ou aumentando-os em grau menor que o aumento da
produtividade do trabalho). A acumulação do capital, essencial para que o
capitalista prevaleça no contexto da concorrência, resulta na concentração do
capital.
Na época em que os jovens Marx e Engels redigiram o
“Manifesto Comunista”, na Bélgica de 1847, existiam talvez algumas centenas de
socialistas revolucionários organizados em três ou quatro países. A palavra de
ordem libertadora: “Proletários de todo o mundo, uni-vos” não correspondia
ainda a uma realidade objetiva. Vinte anos mais tarde, quando era publicado o
segundo tomo do “Capital”, já existia uma organização internacional dos
trabalhadores (a II Internacional) e uma avançada consciência sindical nos
trabalhadores de uma dúzia de países europeus. Nesta altura tratava-se ainda de
uma vanguarda de proporções ínfimas, comparada à humanidade como um todo, era
um grupo marginal insignificante por seu tamanho (vanguarda comunista), ainda
que já pudesse provocar um “grande medo” para o capital com a proclamação da
Comuna de Paris. Passados mais vinte anos, o socialismo científico havia se
tornado um movimento que englobava milhões de trabalhadores em todo o mundo. E,
meio-século após a publicação do "Capital”, os primeiros dividendos
abundantes foram aferidos: a classe operária conquistou o poder estatal pela
primeira vez em um grande país, na Rússia, em Outubro de 1917. A potência revolucionária do
"Capital" como um pensamento teórico que é científico e ao mesmo
tempo político, porque é capaz de compreender e apontar o rumo da evolução
humana sendo capaz de penetrar na consciência das massas proletárias para a
transformação socialista do planeta.