MACRI, COM SEU DURO AJUSTE NEOLIBERAL, FOI O GRANDE VENCEDOR
DAS ELEIÇÕES PARLAMENTARES ARGENTINAS: UM SINAL DE ALERTA AOS CRÉDULOS NA
DEMOCRACIA BURGUESA E NO "SAGRADO" SUFRÁGIO UNIVERSAL
As eleições parlamentares (primárias) argentinas, nominadas de "PASO", realizadas no último domingo, brindaram o atual presidente Macri com uma "generosa" vitória nacional, contra o conjunto das forças políticas da oposição burguesa, que tem na ex-presidente Cristina Kirchner sua principal expressão eleitoral. Apesar da articulação eleitoral em torno de Mauricio Macri (Cambiemos) ter origem e maior peso na capital do país, a cidade autônoma de Buenos Aires (CABA), o presidente colheu excelentes resultados em praticamente todas as províncias, inclusive as governadas pelo Peronismo. Na principal província da Argentina, Buenos Aires (capital La Plata) a apuração foi Interrompida quando se verificava um "empate técnico" entre a candidatura oficialista apoiada por Macri e Cristina Kirchner, ambas na disputa pela simbólica vaga do Senado da república. Mesmo tratando-se de "prévias" a vitória na província de Buenos Aires tem um "sabor" de resultado final do embate nacional, por isso a suspensão da apuração logo após a ascensão de Cristina em pleno escrutínio dos votos, teve um caráter claro de fraude operada diretamente pelo governo central. Sem o resultado oficial de Buenos Aires, o troféu das "PASO", ficou com a Casa Rosada e seu reacionário arco de apoio político. Macri ao longo de seu primeiro mandato na presidência aplicou um duro ajuste neoliberal, reduzindo salários, eliminando conquistas operárias e cortando investimentos estatais, seguindo a mesma cartilha internacional determinada pelos rentistas, exatamente o mesmo "cardápio" oferecido por Temer ao Brasil. O desgaste social de Macri não tardou muito e logo as lutas populares de resistência começaram a se generalizar no país, de cara com as primeiras eleições gerais desde sua posse todos os analistas de "esquerda" previam uma retumbante derrota nacional do presidente alinhado com o "Consenso de Washington", porém ocorre exatamente o inverso e foi a oposição quem colheu um impressionante retrocesso eleitoral. A razão do "inesperado" êxito macrista embora não seja de simples explicação reside no fato do caráter histórico e contemporâneo da democracia burguesa, hoje um regime ancorado na manipulação midiática da população e na fraude direta do "sufrágio universal" pelos organismos estatais. Este elemento central da investigação Marxista sobre a conjuntura política é simplesmente ignorado pela totalidade da esquerda reformista que insiste em replicar, até à exaustão, sua fé inabalável na legitimidade das instituições republicanas.
No caso concreto das prévias argentinas, a esquerda revisionista abrigada na FIT, só conseguiu "enxergar" que ultrapassou o piso mínimo de 1% exigido pelas "PASO", e que terá alguma chance de eleger um deputado nacional na eleição final de outubro. Fora da FIT, o MAS e o MST (conformaram o bloco "Esquerda a Frente pelo Socialismo") sequer conseguiram o piso mínimo de 1%, responsabilizando o oportunismo do PTS pelo seu fiasco eleitoral. Como é fácil constatar o eixo programático absoluto do revisionismo portenho está concentrado na disputa parlamentar, e nem lhe passa pela cabeça denunciar a grotesca fraude eleitoral em curso. Para a esquerda brasileira, que sonha com o retorno da Frente Popular a gerência do Estado capitalista nas eleições de 2018, deveria ficar a lição argentina: a burguesia nacional "elegerá" seu candidato preferencial ao Planalto a despeito do "sagrado" sufrágio universal da maioria da população do país.