segunda-feira, 9 de dezembro de 2013


O livro lixo de Tuma Jr: Suas “meias verdades” e uma falsificação inteira da história a serviço do desespero eleitoral da direita

A direita tupiniquim está alvoroçada com o lançamento do chamado “livro bomba”, cuja autoria de Romeu Tuma Júnior traz de volta a cena política personagens do período mais obscuro do regime militar. Com o título “Assassinato de reputações - um crime de Estado” (escrito em parceria com o jornalista “agente” Cláudio Tognolli) o filho do falecido “chefão” do DOPS, Tuma Jr, afirma em tons de denúncia bombástica que Lula, nos anos 70, teria colaborado com órgãos de informação da ditadura. Bastou esta “informação literária” do delegado que já ocupou o cargo de Secretário Nacional de Justiça, durante o governo da Frente Popular, para que os expoentes máximos da reação no país passassem a exigir a presença do ex-presidente Lula na Comissão Nacional da Verdade. Figuras patéticas como o drogado Lobão e a escória de Reinaldo Azevedo, patrocinados pelo esgoto da “VEJA” associada a “FOLHA” e inflados com o sinistro desfecho da Ação Penal 470, agora querem encurralar Lula pensando que “descobriram a pólvora”. A suposta denúncia contra Lula, que também envolve o assassinato do prefeito petista Celso Daniel, veio mais uma vez de “fogo ex-amigo”, neste caso de um integrante do alto escalão do Ministério da Justiça. É a “ampla” política de “alianças” rendendo novamente seus “frutos”. O pai do debutante “escritor”, antes de morrer tinha iniciado uma trajetória de aproximação com o PT, trocando o PFL pelo PTB, partido membro da base “aliada”. O senador Romeu Tuma e o delegado Sérgio Paranhos Fleury, o mais conhecido matador e torturador da ditadura, eram parceiros e juntos cada um ao seu tempo mandaram no DOPS, sendo que Tuma, além de ter sido eleito senador por muitos anos, foi anteriormente superintendente da Polícia Federal no Governo do ex-presidente José Sarney. Lula sempre avalizou a trajetória de Tuma, no governo da Nova República ou no Parlamento, afirmando reiteradas vezes que nunca sofreu tortura ou perseguição por parte do “chefão” do DOPS. Tanto é assim que nomeou o filho do senador “delegado” para um posto privilegiado em seu governo. Quanto a “bomba revelação” de Tuma Jr não se trata propriamente de uma “novidade”, já que é de domínio público que Lula integrou pela primeira vez a diretoria do sindicato dos metalúrgicos do ABC, em 1972, pelas mãos de um pelego interventor nomeado pela ditadura, o presidente da entidade Paulo Vidal. Posteriormente quando Lula assume a presidência do sindicato dos metalúrgicos em uma gestão de continuidade, não aceita a presença das correntes que ele considerava “comunistas radicais” (como a CS e OSI) no interior das assembleias e plenárias da categoria. Somente quando “explode” uma dinâmica política superior dos metalúrgicos, na primeira greve de 1978, Lula flexiona politicamente à esquerda passando a criticar o que classificou de “autoritarismo militar” vigente no Brasil.

Também não é nenhum segredo que a própria ideia de formação do PT, no final de 1979, partiu de uma reunião entre Lula e o então chefe da Casa Civil, o ministro Golbery do Couto e Silva. O objetivo político do artífice da “Abertura”  lenta e gradual do regime militar era organizar um grande partido trabalhista de “esquerda” no país, sem nenhum vínculo com o movimento comunista internacional, para de uma “tacada” só debilitar o velho trabalhismo nacionalista de Brizola e a tradicional oposição democrático burguesa (MDB). A esquerda mais classista (OSI) inicialmente reagiu às manobras de Lula e Golbery, caracterizando o PT como um “partido de apoio a ditadura militar”. Porém a dinâmica de ferro da luta de classes é bem superior à lógica das manobras pessoais e o próprio movimento operário nacional abraçou politicamente o PT em 1980, na inexistência de um outro partido independente do proletariado (os PCs e o MR-8 continuavam atrelados à oposição burguesa). A partir daí a esquerda Trotsquista ingressou no PT, “emprestando” um certo caráter “socialista” ao partido, embora programaticamente nunca tenha ultrapassado os limites da social democracia, na defesa da propriedade privada dos meios de produção.

Quanto as denúncias de Tuma que envolvem pessoalmente Lula à trágica morte do prefeito de Santo André, não passam de uma extrapolação completa dos acontecimentos. É verdade que Celso foi vítima de uma operação fatal coordenada por empresários que pagavam “comissões” ao PT, por negócios contratados pela prefeitura petista. Interesses comerciais contrariados levaram ao assassinato do dirigente petista, assim como também ocorreu um pouco antes com o prefeito de Campinas em 2001. Induzir a participação de Lula e Dirceu nestes casos é um absurdo, que tenta desviar a responsabilidade dos verdadeiros assassinos, que até hoje “trabalham” impunemente para a maioria das prefeituras do estado de São Paulo, sob a proteção da justiça tucana.

A iniciativa do lançamento do “livro bomba” de Tuma faz parte da ofensiva direitista da oligarquia dominante contra direitos e conquistas democráticas da população, tendo sua gênese no processo de perseguição aos antigos dirigentes petistas da “Articulação”. É óbvio que toda esta reacionária empreitada, com o lastro dos “carrascos” do STF, conta com o apoio político “passivo” da anturragem Dilmista, que tenta consolidar uma nova maioria no PT desmoralizando a velha direção do partido. A iminência de uma vitória de Dilma ainda no primeiro turno em 2014, conduz a atos de desespero da oposição conservadora, que até já abriu mão da candidatura do senador tucano, Aécio Neves. A esquerda Marxista e Revolucionária deve delimitar-se categoricamente com estas ações desesperadas da direita recalcitrante (Lobão, Tuma & CIA.), travestida de “oposição  neoliberal”, ao mesmo tempo em que resgata para as novas gerações da militância Leninista o papel histórico nefasto que “jogou” na luta de classes a burocracia sindical Lulista.