quarta-feira, 11 de dezembro de 2013


Ucrânia: Uma reedição no século XXI da “revolução política” saudada por Morenistas e Altamiristas na queda da URSS e do Muro de Berlim?

A estátua de Lênin derrubada em praça pública, bandeiras vermelhas com o símbolo da foice e martelo pisoteadas por grupos fascistas e manifestações exigindo a “unificação” com a Europa. Estas cenas em muito se parecem com o que ocorreu em 1989 na época da derrubada do Muro de Berlim na Alemanha Oriental (RDA) ou em 1991 com o fim da URSS, mas estão se passando nestes exatos dias na Ucrânia, mais particularmente na capital do país, Kiev. O estopim foi a negativa do governo ucraniano, ligado à Rússia de Putin, de se integrar a União Europeia e seu draconiano pacote de ataque às mais elementares conquistas sociais. Quando houve a restauração capitalista da União Soviética e do Leste Europeu, há mais de 20 anos (89-91) ocorrendo exatamente as cenas que hoje se passam na Ucrânia, as correntes revisionistas do trotskismo, como PSTU e PCO, apresentaram estes acontecimentos como uma “vitória revolucionária das massas”. Os morenistas seguem até hoje com esta caracterização e inclusive apresentam as atuais manifestações pró-imperialistas que ocorrem na Ucrânia como parte da “revolução” que derrotou o stalinismo no passado, já que a ligação entre o atual presidente ucraniano Viktor Yanukovich com Putin representaria a manutenção dos laços políticos e econômicos com a Rússia, que ainda influencia parte das antigas repúblicas soviéticas. Já Causa Operária, que hoje critica as posições pró-imperialistas da LIT, finge ser defensista e contra a restauração capitalista, era uma das correntes mais fervorosas na defesa da suposta “revolução política” na RDA e na URSS, posição contrarrevolucionária que inclusive levou a nossa ruptura programática com esta seita revisionista e a fundação da LBI, como iremos recordar para os mais “esquecidos” neste artigo.

A posição pró-imperialista da LIT sobre o Leste Europeu e a URSS data do final da década de 80, quando da queda do Muro de Berlim e da URSS. Já em 91, a LIT saudava a vitória do bêbado restauracionista Yelstin sobre o bando dos oito generais, ligados à linha dura do stalinismo, como a “revolução de agosto na URSS”. Entusiasta defensora da onda restauracionista que se abateu nos Estados operários burocratizados do Leste, a LIT esteve na mesma trincheira do imperialismo ao defender as inexistentes “revoluções políticas”, que deram início à liquidação completa das conquistas sociais de Outubro na URSS e no conjunto da Europa do leste, em nome da implantação da “democracia e das liberdades civis”. Quando o imperialismo, em 89, através de um acordo entre Bush pai, Helmut Kohl e Gorbachev acertou as bases para a pilhagem da Alemanha Oriental (RDA), através de sua anexação à Alemanha capitalista, a LIT levantava a consigna, em êxtase, que a revolução em curso na Alemanha demonstrava categoricamente que “agora é a vez do trotskismo”. Sem nenhum regozijo, a história provou que tendo como referencial o marxismo revolucionário, o justo era afirmar “agora é a vez do capitalismo”. Já em 2005, ou seja, quase quinze anos após o início da contrarrevolução social aberta nestes países, que os reduziram à condição de semicolônias dos imperialismos europeu e ianque, a ofensiva da Casa Branca para pôr fim à influência da Rússia burguesa, através de regimes alinhados a Moscou sobre essas repúblicas satélites (Ucrânia, Geórgia, Quirguistão, etc.) foi saudada como uma nova “revolução” pela LIT, uma “situação avançada de ascenso das massas”. Tamanha capitulação à propaganda pró-imperialista, vinda de uma corrente que ainda tem o cinismo de se reivindicar “trotskista”, deve ser combatida política e teoricamente pelos revolucionários, porque macula o legado do velho bolchevique e educa no pântano do revisionismo mais vulgar as novas gerações que não vivenciaram o fim da URSS, mas têm conhecimento da barbárie que se tornou a vida da população da Rússia e dessas repúblicas após a restauração. O que estava (e está) em curso nas antigas repúblicas soviéticas, hoje convertidas a países capitalistas atrasados, é a segunda etapa da restauração capitalista. Nessa fase, os EUA e o imperialismo europeu desejam impor títeres nos países que ainda estão sob a influência do Kremlin e mantêm relações políticas e econômicas privilegiadas com a Rússia. Foram manifestações como as “revoluções das rosas” na Geórgia ou a “revolução laranja” da Ucrânia, designações, inclusive batizadas por Condoleezza Rice, na época Secretária de Estado dos EUA e copiadas nada originalmente pela LIT, que buscam dar um verniz popular a esse processo de mudança de regime político em favor dos EUA e das potências capitalistas europeias. A LIT defendeu, e continua a fazê-lo, em nome do combate ao pretenso resquício do “totalitarismo stalinista” nas antigas repúblicas soviéticas, a política de reação democrática da Casa Branca. Foi esse mesmo “norte programático”, as famosas “Teses de 90”, que guiou a LIT para ser ventríloquo do imperialismo, quando esse em nome das “liberdades democráticas” patrocinava “manifestações populares” para pôr fim aos Estados operários burocratizados, “revoluções” inexistentes que impuseram o “gosto amargo” para as massas da restauração capitalista e seus trágicos efeitos (fome, miséria, prostituição, desemprego) e tornaram as economias desses países completamente controladas pelos monopólios. O conceito de “revolução” que a LIT aplica na Ucrânia, Geórgia e Quirguistão, como adotou no passado na Rússia e RDA no final dos 80 e início dos 90, não passa de uma prostituição da defesa que Trotsky faz da revolução política contra o stalinismo nos Estados operários burocratizados. O dirigente Bolchevique defendia uma revolução conduzida por um partido operário que eliminasse o regime político parasitário da burocracia stalinista preservando as bases sociais do Estado operário, um processo impossível de ocorrer atualmente nesses países, já que são capitalistas e dirigidos por governos burgueses, até então alinhados ao governo burguês de Putin na Rússia. Nesses países, a tarefa das massas é a de lutar por uma revolução social proletária, a expropriação dos meios de produção e pela ditadura do proletariado.


 O apoio à restauração capitalista na URSS foi levado a cabo não só pela LIT, mas pela esmagadora maioria das correntes pseudotrotskistas no Brasil, como o PCO, TPOR e O Trabalho (PT). Esta onda arrastou o conjunto da esquerda que, ao condenar as “ditaduras totalitárias stalinistas”, aliava-se com a nascente burguesia restauracionista “em defesa da democracia”. Romperam, desta forma, completamente com o critério de Trotsky que defendeu até os últimos dias de sua vida a URSS, mesmo stalinizada, da ofensiva imperialista interna e externa, chamando a vanguarda proletária a preparar as bases da revolução política contra a burocracia parasitária enquanto defendia incondicionalmente o Estado operário e suas conquistas, apesar de Stálin. No curso dessa tarefa, na mesma trincheira de classe de defesa da URSS, os revolucionários lutam pela construção de um genuíno partido revolucionário para se postar como alternativa de direção das massas no combate decisivo pela democracia soviética. A posição acima foi defendida pelo núcleo de militantes que rompeu com Causa Operária em 1995 e deu origem a LBI. Na época denunciamos que o apoio integral dado por Causa Operária, seguindo a mesma linha do seu então progenitor, o Partido Obrero da Argentina, à reunificação capitalista da Alemanha (anexação imperialista do Estado operário burocratizado da RDA), assim como a frente única que estabeleceram com Yeltsin no contragolpe que destruiu a União Soviética em 1991, significaram a passagem de CO para o outro lado do rubicão de classe, neste caso concreto, para o lado do imperialismo, que festejou a destruição dos Estados operários deformados, como o “fim da história”, desencadeando a maior ofensiva militar, econômica, política e ideológica contra os povos do planeta, no limiar deste final de século. Como polícia suprema do planeta, o imperialismo ianque hoje tem as mãos livres para invadir e bombardear países, recolonizar economicamente continentes inteiros, impondo seus planos de “ajuste”, que tanto causam fome, desemprego e miséria em nossa América Latina e na África, além de usurpar conquistas operárias históricas, inclusive no seio de países imperialistas.


 Vejamos o que dizia o PCO na época, nas palavras de Rui Pimenta, ironizando a defesa que o próprio Trotsky fez da URSS e atacando a posição defensista da LBI (os grifos e os sic são do próprio Rui Pimenta): “Segundo os farsantes, contudo, esta seria a posição do próprio Trotsky: ‘Como Trotski nos ensinou ‘Stalin derrotado pelos trabalhadores será um passo adiante para o socialismo, Stalin aplastado (sic, os sábios quizeram dizer ‘esmagado’) pelos imperialistas significa a contra-revolução (sic) triunfante. Este é o sentido preciso da nossa defesa da União Soviética em escala Mundial.’ (‘Uma vez mais a URSS e sua defesa’, L. Trotsky). Já na época dos padres da Igreja e do escolasticismo foi verificado este grave problema com citações, ou seja, que tomadas abstratamente dão lugar a todo o tipo de sandices. Então Trotski era a favor de que os trabalhadores, e não o imperialismo, derrubassem Stalin: extraordinário!... (sic) O único problema é que as coisas não ocorreram desta forma. O muro de Berlim não foi derrubado pelas tropas norte-americanas estacionadas em Berlim Ocidental, mas por um levante popular que sacudiu toda a Alemanha Oriental... Mas os impostores não conseguiram distinguir a revolução política no panorama do Leste europeu...” (livreto “Um grupo de impostores políticos”, Rui C. Pimenta, pp.58-59). Ainda segundo as próprias palavras de Rui Pimenta “... para construir um partido revolucionário no Leste europeu (em Cuba, na China etc.) seria, e é, necessário impulsionar o movimento antiburocrático das massas e disputar no seu interior a sua direção com todas as forças direitistas e reacionárias que apresentassem suas candidaturas à direção deste movimento...” (Idem, pág. 60). Para Causa Operária que agora se diz defensora de Cuba e critica o PSTU-LIT, os trotskistas teriam que estabelecer uma frente única (movimento antiburocrático) com os “gusanos” e a própria “CIA” norte-americana em Cuba, por exemplo, caso contrário, estaríamos agindo “...como alguém que tivesse sofrido lobotomia, apoiando a ditadura da burocracia contra as massas” (ibdem, pág. 60). Segundo Causa Operária, o próprio Trotsky seria um destes “lobotomizados” quando defendia, no Programa de Transição, exatamente o contrário: “Assim, não é possível negar antecipadamente a possibilidade, em casos estritamente determinados, de uma frente única com a parte termidoriana da burocracia contra a ofensiva da contrarrevolução capitalista.” (Programa de Transição).


A destruição contrarrevolucionária dos Estados operários, e mais particularmente da URSS e da RDA foi apresentada como uma “revolução política” pelo PCO, que criticou a LBI por não “conseguir distinguir” um movimento progressivo de um contrarrevolucionário! Ao contrário do que dizia o PCO, a anexação imperialista da Alemanha Oriental, até então controlada pelo stalinismo, trouxe consigo desemprego para o proletariado alemão oriental, perda de suas conquistas históricas, maior presença militar ianque na região etc., em resumo: uma derrota histórica do proletariado mundial. O Muro de Berlim significava militarmente a divisão entre as tropas imperialistas da OTAN (que hoje ameaçam impunemente as ex-repúblicas soviéticas como a Ucrânia) e as tropas do Pacto de Varsóvia, na época representante militar dos Estados operários burocráticos. Simbolicamente, era expressão da fronteira de dois modos antagônicos de produção existentes até então. De um lado, o “livre” comércio, o mercado “soberano”, a exploração da força de trabalho, o desemprego, a fome e a prostituição; do outro, o pleno emprego, o monopólio do comércio exterior, o direito à saúde e educação estatizadas, em síntese, a socialização da economia, apesar do planejamento autoritário imposto pela burocracia stalinista. Como nos ensinou Trotsky, os revolucionários não poderiam hesitar, sob hipótese alguma, de que lado lutariam no confronto entre o imperialismo e o Estado operário soviético. Apesar do stalinismo, uma corrente contrarrevolucionária até a medula, estariam na linha de frente defendendo as conquistas sociais do Estado operário contra o imperialismo e, neste lado da trincheira, preparando as condições para a derrubada revolucionária da casta stalinista que, com seus métodos burocráticos de defesa do Estado operário não faria outra coisa senão preparar, em última instância, a própria vitória do imperialismo. Um Estado operário, mesmo que degenerado sob a direção da casta parasitária stalinista, engendra conquistas sociais para o proletariado, advindas da expropriação da burguesia e da instauração de uma economia socializada, ou seja, planificada não em função da geração do lucro e da acumulação privada do capital. Trotsky, nestes países, apontava a necessidade da realização de uma revolução política para livrar a classe operária da planificação burocrática da economia, assim como do domínio político do stalinismo, uma correia de transmissão do imperialismo no interior do próprio Estado operário. Por isto mesmo, Trotsky procurava estabelecer o conteúdo de classe das “movimentações antiburocráticas”, para determinar se eram progressivas, ou seja, rumo à revolução política, ou reacionárias, em direção à restauração capitalista, mesmo que inconscientemente. Ele próprio a frente do Exército Vermelho teve que reprimir um levante dos operários marinheiros de Kronstadt, que naquele momento, apesar dos reclamos “antiburocráticos”, jogavam objetivamente no campo do enfraquecimento do Estado operário soviético. Apoiar incondicionalmente qualquer mobilização, levante, ou panaceias que tenham slogans “antiburocráticos” contra a existência das bases sociais de um Estado operário significa jogar objetivamente no campo da contrarrevolução imperialista. Ao vestirem a camisa do time “antiburocrático” de Yeltsin e CIA, os Altamira, Pimenta, Lambert, Moreno, Lora etc. foram cúmplices e corresponsáveis políticos na arena mundial pela tragédia social (restauração capitalista mafiosa) que ocorre hoje nos antigos Estados operários do Leste europeu.

PSTU, Causa Operária e uma ampla franja dos revisionistas do trotskismo cometeram uma traição histórica ao perfilar-se ao lado de Yeltsin e seus asseclas, para liquidar as bases sociais do Estado operário soviético. Hoje, os efeitos da restauração capitalista na ex-URSS e em todo o Leste europeu são catastróficos para todos os povos do mundo e, em particular, para os da antiga pátria soviética e as ex-repúblicas da URSS, como a Ucrânia. A Rússia teve sua economia arrasada (anteriormente, a segunda economia mundial), transformando-se em mais uma colônia empobrecida do imperialismo. A fome, o desemprego, a prostituição infantil, o genocídio dos velhos que perderam até suas aposentadorias são efeitos da restauração contrarrevolucionária do capitalismo, ou seja, da vitória do “livre mercado” e da “democracia”! A fração burguesa dominante comandada a época por Yeltsin e parida das próprias entranhas da burocracia stalinista, comandou a acumulação primitiva de capital, através da rapinagem mafiosa das antigas empresas estatais. Mas a restauração capitalista, para Causa Operária, o PSTU e seus satélites, não passava de uma “revolução antiburocrática das massas”, o importante mesmo era liquidar o stalinismo, sendo apenas um “detalhe” de menor importância se, junto com o stalinismo, caísse também o Estado operário, afinal, a classe operária teria mais “liberdade” para lutar, sobre os escombros do Estado operário, pelo verdadeiro socialismo.

Estamos agora, com o avanço da contrarrevolução na Ucrânia, fazendo nosso “acerto de contas” com o conjunto do revisionismo que hoje balbucia sobre os efeitos nefastos da restauração capitalista ainda que apoie a “revolução” na Ucrânia como faz o PSTU ou mesmo se finja cinicamente de defensista, como o PCO. Trotsky elaborou o “Programa de Transição” e posteriormente “Em defesa do marxismo” à época em que a URSS sofria a ameaça real da invasão militar nazista, o que acabou por configurar-se pouco depois. Mas apesar da ameaça militar externa, Trotsky nunca abordava a questão da “defesa da URSS” exclusivamente sob esta ótica. Se o PSTU e o PCO se dispusessem a pelo menos ler com atenção o Programa de Transição, poderia observar que Trotsky alerta sobre o perigo da “‘Fração Butenko’ entrar em luta pela conquista do poder”. A “Fração Butenko” nada mais é do que um setor da própria burocracia stalinista, em contato direto com o imperialismo, que acaba por romper com seu próprio núcleo original, o stalinismo, para alçar-se como fração burguesa dominante, mediante a destruição contrarrevolucionária das bases sociais do Estado operário, ou seja, a socialização dos meios de produção. Como assinalou Trotsky em seu livro “A Revolução Traída”, não poucos funcionários do aparelho stalinista serão recrutados pela fração burocrática restauracionista na empreitada pela destruição do Estado operário soviético e a sua conversão em um estado capitalista. Para o Partido Obrero, na época guia teórico de CO, o contragolpe de Yeltsin, que não conseguiu reunir mais de 10 mil funcionários medianos, deslumbrados com a perestroika, na Praça Vermelha – significou um verdadeiro levante revolucionário de massas: “As massas abriram caminho da revolução política e agora abertamente social” (En Defensa del Marxismo, nº 1, outubro de 1991). E como não houve o “cenário clássico” de uma intervenção militar imperialista, que segundo estes revisionistas seria a única possibilidade de defenderem a URSS, acabaram por apoiar entusiasticamente o bando restauracionista de Yeltsin, justificando-se com o argumento de que estariam seguindo as “massas”, pouco se importando sob que direção política se orientavam, ou mesmo por qual setor social eram guiadas.

Uma política justa e revolucionária para aqueles decisivos dias em que se encontrava a RDA no final de 1989, passava essencialmente por desmascarar a mitificação que envolvia parte considerável da população do “paraíso capitalista alemão ocidental”. Um partido revolucionário deveria engatinhar sua formação no paciente trabalho de propaganda entre a classe operária, que permaneceu inerte e confusa, diante das mobilizações populares que exigiam a queda do Muro e a unificação a qualquer custo das duas Alemanhas, desmistificando politicamente a noção de que os partidos imperialistas da Alemanha capitalista poderiam garantir melhores condições de vida para o proletariado oriental, do que a que já tinham conquistado, apesar da opressão política stalinista. Os autênticos trotskistas deveriam estar na linha de frente da vigorosa denúncia do controle burocrático da economia e da vida social do país, que exercia a casta parasitária de Honnecker, mas alertando aos operários que a unificação com o vizinho imperialista significaria um tipo ainda pior de opressão, a opressão e exploração imperialista. A luta pela defesa das conquistas operárias e, portanto, a manutenção das bases sociais do Estado operário, de forma nenhuma é contraditória com a defesa da liquidação revolucionária da burocracia stalinista (revolução política). Abdicar desta batalha, em nome do etapismo contrarrevolucionário dos revisionistas, ou seja, primeiro as “liberdades democráticas”, para depois lutar pela revolução socialista, já no marco da restauração capitalista, é sinônimo da pior traição de classe, que qualquer corrente que se reivindica revolucionária e trotskista pode cometer. Como se observa, o conjunto dos revisionistas esteve na linha de frente desta traição histórica ao proletariado mundial.

Hoje, está colocado para o proletariado mundial e, particularmente, para os trabalhadores das ex-repúblicas soviéticas rechaçarem as investidas da UE, da OTAN, dos EUA e de seus agentes da Ucrânia. Apesar de não depositarmos qualquer confiança no governo burguês ucraniano de Viktor Yanukovych e do ex-burocrata Putin-Medvedev, cuja conduta está voltada a defender os interesses da nascente burguesia russa, as fricções com a Casa Branca objetivamente representam um obstáculo à expansão guerreirista da OTAN na região. Nesse sentido, os revolucionários devem denunciar as manifestações dos grupos pró-imperialistas e seu caráter contrarrevolucionário, voltado a fazer na Ucrânia e na própria Rússia uma “transição democrática” conservadora aos moldes da que vem sendo operada no Oriente Médio. Opomos-nos pelo vértice à política dos grupos revisionistas, que depois de saudarem a farsesca “revolução árabe” agora apoiam as manifestações da direita assim como festejaram no passado as “revoluções das cores” na Ucrânia, Geórgia, Quirguistão. Tais “revoluções” nada mais eram que a segunda etapa da restauração capitalista em curso nas antigas repúblicas soviéticas, hoje convertidas a países capitalistas atrasados semicoloniais, quando o imperialismo ianque e europeu impuseram títeres nos governos que ainda estavam sob a influência do Kremlin e mantinham relações políticas e econômicas privilegiadas com a Rússia. Agora, a Ucrânia é novamente a bola da vez da reacionária ofensiva do imperialismo, que tomou grande impulso com a derrubada do regime Kadaffi pela OTAN, tendo Yanukovych como o “adversário” indesejado a ser removido do governo, mas no fundo tendo como alvo o próprio Putin no Kremlin! Somente genuínos trotskistas que não se deixaram levar pelo canto de sereia “humanitário” imperialista, que se mantêm firmes na luta para que os povos oprimidos assumam o controle dos recursos energéticos do planeta, pela expulsão dos abutres multinacionais e expropriação do conjunto das burguesias mafiosas, terão autoridade suficiente perante as massas ucranianas, georgianas, ossetas e russas para conduzir a luta estratégica por uma Federação de repúblicas socialistas e soviéticas livres, fundadas por novas revoluções bolcheviques.