O livro lixo de Tuma Jr:
Suas “meias verdades” e uma falsificação inteira da história a serviço do
desespero eleitoral da direita
A direita tupiniquim
está alvoroçada com o lançamento do chamado “livro bomba”, cuja autoria de
Romeu Tuma Júnior traz de volta a cena política personagens do período mais
obscuro do regime militar. Com o título “Assassinato de reputações - um crime
de Estado” (escrito em parceria com o jornalista “agente” Cláudio Tognolli) o
filho do falecido “chefão” do DOPS, Tuma Jr, afirma em tons de denúncia
bombástica que Lula, nos anos 70, teria colaborado com órgãos de informação da
ditadura. Bastou esta “informação literária” do delegado que já ocupou o cargo
de Secretário Nacional de Justiça, durante o governo da Frente Popular, para
que os expoentes máximos da reação no país passassem a exigir a presença do
ex-presidente Lula na Comissão Nacional da Verdade. Figuras patéticas como o
drogado Lobão e a escória de Reinaldo Azevedo, patrocinados pelo esgoto da “VEJA”
associada a “FOLHA” e inflados com o sinistro desfecho da Ação Penal 470, agora
querem encurralar Lula pensando que “descobriram a pólvora”. A suposta denúncia
contra Lula, que também envolve o assassinato do prefeito petista Celso Daniel,
veio mais uma vez de “fogo ex-amigo”, neste caso de um integrante do alto
escalão do Ministério da Justiça. É a “ampla” política de “alianças” rendendo
novamente seus “frutos”. O pai do debutante “escritor”, antes de morrer tinha
iniciado uma trajetória de aproximação com o PT, trocando o PFL pelo PTB,
partido membro da base “aliada”. O senador Romeu Tuma e o delegado Sérgio
Paranhos Fleury, o mais conhecido matador e torturador da ditadura, eram
parceiros e juntos cada um ao seu tempo mandaram no DOPS, sendo que Tuma, além
de ter sido eleito senador por muitos anos, foi anteriormente superintendente
da Polícia Federal no Governo do ex-presidente José Sarney. Lula sempre
avalizou a trajetória de Tuma, no governo da Nova República ou no Parlamento,
afirmando reiteradas vezes que nunca sofreu tortura ou perseguição por parte do
“chefão” do DOPS. Tanto é assim que nomeou o filho do senador “delegado” para
um posto privilegiado em seu governo. Quanto a “bomba revelação” de Tuma Jr não
se trata propriamente de uma “novidade”, já que é de domínio público que Lula
integrou pela primeira vez a diretoria do sindicato dos metalúrgicos do ABC, em
1972, pelas mãos de um pelego interventor nomeado pela ditadura, o presidente
da entidade Paulo Vidal. Posteriormente quando Lula assume a presidência do
sindicato dos metalúrgicos em uma gestão de continuidade, não aceita a presença
das correntes que ele considerava “comunistas radicais” (como a CS e OSI) no
interior das assembleias e plenárias da categoria. Somente quando “explode” uma
dinâmica política superior dos metalúrgicos, na primeira greve de 1978, Lula
flexiona politicamente à esquerda passando a criticar o que classificou de “autoritarismo
militar” vigente no Brasil.
Também não é nenhum segredo que a própria ideia de formação do PT, no final de 1979, partiu de uma reunião entre Lula e o então chefe da Casa Civil, o ministro Golbery do Couto e Silva. O objetivo político do artífice da “Abertura” lenta e gradual do regime militar era organizar um grande partido trabalhista de “esquerda” no país, sem nenhum vínculo com o movimento comunista internacional, para de uma “tacada” só debilitar o velho trabalhismo nacionalista de Brizola e a tradicional oposição democrático burguesa (MDB). A esquerda mais classista (OSI) inicialmente reagiu às manobras de Lula e Golbery, caracterizando o PT como um “partido de apoio a ditadura militar”. Porém a dinâmica de ferro da luta de classes é bem superior à lógica das manobras pessoais e o próprio movimento operário nacional abraçou politicamente o PT em 1980, na inexistência de um outro partido independente do proletariado (os PCs e o MR-8 continuavam atrelados à oposição burguesa). A partir daí a esquerda Trotsquista ingressou no PT, “emprestando” um certo caráter “socialista” ao partido, embora programaticamente nunca tenha ultrapassado os limites da social democracia, na defesa da propriedade privada dos meios de produção.
Quanto as denúncias de Tuma que envolvem pessoalmente Lula à
trágica morte do prefeito de Santo André, não passam de uma extrapolação
completa dos acontecimentos. É verdade que Celso foi vítima de uma operação fatal
coordenada por empresários que pagavam “comissões” ao PT, por
negócios contratados pela prefeitura petista. Interesses comerciais
contrariados levaram ao assassinato do dirigente petista, assim como também
ocorreu um pouco antes com o prefeito de Campinas em 2001. Induzir a
participação de Lula e Dirceu nestes casos é um absurdo, que tenta desviar a
responsabilidade dos verdadeiros assassinos, que até hoje “trabalham”
impunemente para a maioria das prefeituras do estado de São Paulo, sob a
proteção da justiça tucana.
A iniciativa do
lançamento do “livro bomba” de Tuma faz parte da ofensiva direitista
da oligarquia dominante contra direitos e conquistas democráticas da população,
tendo sua gênese no processo de perseguição aos antigos dirigentes petistas da
“Articulação”. É óbvio que toda esta reacionária empreitada, com o
lastro dos “carrascos” do STF, conta com o apoio político “passivo” da anturragem Dilmista, que tenta consolidar uma nova maioria no
PT desmoralizando a velha direção do partido. A iminência de uma vitória de
Dilma ainda no primeiro turno em 2014, conduz a atos de desespero da oposição
conservadora, que até já abriu mão da candidatura do senador tucano, Aécio
Neves. A esquerda Marxista e Revolucionária deve delimitar-se categoricamente
com estas ações desesperadas da direita recalcitrante (Lobão, Tuma &
CIA.), travestida de
“oposição neoliberal”, ao
mesmo tempo em que resgata para as novas gerações da militância Leninista o
papel histórico nefasto que “jogou” na luta de classes a burocracia
sindical Lulista.