Barbárie capitalista: Rinha
de Galo é “desumano”, mas o MMA é um “esporte radical”?
O ocorreu no último
sábado na cidade de Las Vegas (EUA), mais uma edição das lutas de MMA (Artes
Marciais Mistas), espetáculo bárbaro promovido pela mafiosa entidade UFC
(Ultimate Figthing Champioship) no Brasil em parceria com as Organizações
Globo. A principal luta da noite entre Anderson Silva e o americano Cris
Weidman terminou no segundo round quando o brasileiro ao chutar seu adversário
fraturou a tíbia e a fíbula, cena grotesca vista ao vivo por milhões de pessoas
no Brasil e em outros países através dos canais TV por assinatura do grupo da “famiglia”
Marinho. Este desfecho do combate, uma revanche que possibilitaria ao
brasileiro recuperar o titulo de campeão, frustrou o que havia sido arranjado
previamente entre a Globo e o UFC, ou seja, a vitória de Anderson Silva como
forma de alavancar ainda mais os negócios deste lucrativo ramo de
entretenimento bestializante. Tudo estava preparado, a começar pela data, assim
como uma megacampanha midiática da Rede Globo em torno da luta e da idolatria
do brasileiro Anderson Silva.
As contusões graves,
como a que ocorreu com Anderson Silva, inclusive resultando em morte, são
frequentes nas lutas de MMA. O grau de agressividade e violência desta
“modalidade” de luta é incontestável, vale lembrar que na edição anterior do
UFC realizado na Austrália quando nada menos do que oito lutadores foram levados
para o hospital após os combates, alguns com fraturas nas mãos e outros com
suspeita de traumatismo craniano. Portanto, pelo seu histórico e o que
representa o MMA, longe de ser uma modalidade de esporte radical e legítimo,
não passa de uma verdadeira rinha humana, uma versão pós-moderna das arenas de
gladiadores do império Romano.
A reacionária mídia “murdochiana”
com muita obstinação transformou o MMA em um fenômeno “esportivo” com grande
apelo de massas. Uma multitudinária legião de fãs, em sua maioria jovens de
classe média, lotam ginásios, bares e restaurantes para assistir as lutas,
estimulados e ansiosos por espetáculos de pancadaria e sangue. Na esteira deste
padrão da juventude idiotizada que se identifica com o estereótipo embrutecido
dos lutadores de MMA faz parte do pacote da frenética procura pelas academias e
estúdios de tatuagem. O resultado de tudo disso, no entanto, não se restringe a
alienação dos jovens, mas a um comportamento cada vez mais agressivo da classe
média e sua degenerescência cultural, influenciando as crianças com seus “games”
de lutas e guerras.
Este mesmo estamento
social, porta-voz da burguesia e como vestal da moral e da ética, persegue e
criminaliza a rinha de galo por ser cruel e “desumano” ao melhor estilo do
reacionário Jânio Quadros. Por sua vez, defende a todos pulmões o MMA como tão
somente mais um esporte radical. Essa hipocrisia fica vidente também no fato de
não haver nenhum movimento da pequena burguesia através do seu principal
instrumento de mobilização as redes sociais (facebook e twiter) contra o MMA,
enquanto isso realiza frequentes campanhas em defesa dos direitos dos animais e
da preservação ambiental, que ganham os holofotes da mídia venal e o apoio da
eco-capitalista Marina Silva. Foi com essa mesma cumplicidade que fortaleceu o
discurso moral e ético do Estado burguês em perseguição ao jogo do bicho, por
ser comandada pelos chamados bicheiros, passando toda a jogatina do país via
lotéricas da Caixa, para as mãos da classe dominante através de seus gerentes
de plantão.
O principal argumento da
canalha defensores da legitimidade do MMA reside em mais uma pérola do
pensamento pequeno-burguês, ou seja, o livre arbítrio. Afirmam cinicamente que
ninguém é obrigado a lutar ou aqueles que participam dos combates do MMA estão
por livre e espontânea vontade. O que escondem esses demagogos é que no
capitalismo o livre arbítrio não passa de um sofisma utilizado para camuflar a
tutela imposta pela classe detentora do Estado. Não existirá livre arbítrio
para o que a burguesia não tiver interesse material, político ou ideológico, a
exemplo do aborto, a eutanásia.
Da mesma forma, no atual
estágio de ausência de referência cultural contrária à dominação capitalista
onde não há uma resistência dos movimentos sociais que sinalize um contraponto
ideológico, por isso os jovens de classe média e setores da população
trabalhadora são presas fáceis diante propaganda midiática burguesa, para se
tornarem reprodutores de um determinado comportamento por mais bestial que seja
como o materializado através do MMA. Cabe à vanguarda classista o combate a
todas as formas de dominação capitalista, galvanizando com o conjunto dos
explorados um amplo movimento de resistência cultural contra todo tipo de lixo
cultural, quer seja na música, nas artes cênicas, no esporte e em outras
manifestações como é o caso do fenômeno MMA imposto com a finalidade de idiotizar
e alienar. Assim como a arena dos gladiadores simbolizou a decadência do
Império Romano, guardadas as devidas proporções, o MMA simboliza a decadência
moral e ética da sociedade capitalista, tornado ainda mais vigente a afirmação
de revolucionaria alemã Rosa Luxemburgo: “socialismo ou barbárie”.