Reginaldo
Dias, ex-militante do PCO e ativista
Revolucionário Socialista intervém no XI
Congresso da Condsef
“Contra
os ataques do governo Dilma, organizar a greve nacional dos servidores públicos
federais a partir da segunda quinzena de março”
O
Jornal Luta Operária entrevistou o companheiro Reginaldo Dias, ex-militante do
PCO e ativista Revolucionário Socialista, diretor do Sindicato dos Servidores
Públicos Federais no DF (Sindsep-DF) e delegado eleito pela base ao XI
Congresso da Condsef que está sendo realizado em Beberibe (Ceará) desde quarta-feira (11/12) até domingo (15/11). Reginaldo interveio várias vezes no plenário do congresso
defendendo um plano de lutas contra os ataques do governo Dilma ao
funcionalismo federal e denunciando a farsa do julgamento do “mensalão” pelo
STF contra os dirigentes do PT como parte de uma ofensiva reacionária da
burguesia contra o conjunto do movimento operário.
Jornal
Luta Operária (JLO): Como os servidores públicos federais estão reagindo aos
ataques do governo Dilma e a sua política de privatizações e arrocho salarial?
Reginaldo
Dias (RD): Nós temos reagido com muita indignação, tanto que no ano passado
culminou numa greve que mobilizou milhares de trabalhadores, mas que não contou
com a disposição política da direção da Condsef em organizar esta luta. Quase
20 dias iniciada a mobilização ainda não se tinha um comando nacional de greve,
mas que apesar da sabotagem das direções sindicais a categoria teve uma enorme
adesão em todo o país. A nossa perspectiva é que este congresso consiga marcar
o início da greve geral da categoria na primeira quinzena de março do ano que
vem, em defesa dos nossos salários, pelo pleno direito de greve que neste momento
está sendo ameaçado pelo STF, o órgão supremo da justiça burguesa no país e com
o qual o PSTU faz frente no chamado “julgamento do mensalão”.
JLO: Qual o balanço que você faz da política da direção da Condsef controlada hoje pelos “independentes” ligados à CUT?
RD:
O nosso balanço é que uma política de capitulação geral, pois há uma grande
disposição da categoria em ir à luta, mas esta tendência não encontra
correspondência política em sua direção em construir efetivamente esta greve.
Só para se ter uma ideia, a greve do ano passado começou quase de forma espontânea,
não foi devidamente preparada, não houve uma campanha de mídia explicando as
nossas reivindicações mais sentidas... Então, avaliamos que a gestão destes
três anos de mandato da atual gestão da Condsef foi de colaboração de classes
com o governo Dilma.
JLO:
Qual o plano de lutas, organização e a perspectiva de greve dos servidores que
você aponta para o próximo período?
RD:
As várias intervenções que observei aqui no congresso indicam uma disposição de
luta intensa. Tudo aponta para uma greve a partir da segunda quinzena de março,
e defendemos que haja uma forte mobilização já no início para organizar a greve
nacional da categoria em defesa do reajuste salarial, contra as privatizações, a
terceirização e precarização das condições de vida do servidor público, em
defesa do direito de greve e de todas as conquistas históricas conquistadas com
muita luta ao longo de décadas que hoje se veem ameaçadas de serem tiradas pelo
governo Dilma.
JLO:
Uma polêmica trava esse congresso, a questão do julgamento do “mensalão”. Você
interviu denunciando o PSTU por apoiar a farsa montada no STF. Qual a sua
análise deste processo? Dirceu, Genoino e Delúbio são presos políticos do
regime burguês?
RD:
Nós achamos que foi um julgamento de exceção, porque neste momento existe uma
direitização na situação política e um recrudescimento do regime como uma
vingança da burguesia contra o PT. Quero deixar bem claro que não defendemos a
política do PT e por mais que este partido tenha dado mostras de atender os interesses
da classe dominante, a burguesia e o imperialismo exigem que o governo Dilma
imponha um ataque ainda mais agudo ao conjunto da classe trabalhadora, mas que
por seus vínculos com os movimentos sociais está impossibilitado de se colocar
a frente destes ataques. Portanto, não foi um julgamento, mas sim uma luta
política que passou por cima inclusive das próprias leis que a burguesia cria
para perpetuar seu domínio de classe sobre o proletariado. Lembro também que
esta é apenas a ponta do iceberg para atacar as organizações dos trabalhadores
como os sindicatos, o movimento dos sem-terra e, claro, as organizações de
esquerda no nosso país.
JLO:
Você defende chamar a base da CUT, do PT e o movimento de massas a lutar contra
a prisão dos ex-dirigentes do PT assim como dos ativistas presos durante as “jornadas
de junho”?
RD:
Defendemos neste momento uma campanha nacional, uma verdadeira campanha pela
anulação deste julgamento reacionário, pela libertação de todos os presos
políticos do país que lutaram contra a podridão deste regime, inclusive dos
ativistas e lutadores, como os Black Blocs, que enfrentaram a repressão
policial nas “Jornadas de Junho”. Refirmamos que não concordamos com a política
de José Dirceu, Genoino e Delúbio, mas neste momento os interesses da classe
operária estão acima deste problema.