sábado, 14 de dezembro de 2013

Reginaldo Dias, ex-militante do PCO e ativista
Revolucionário Socialista intervém no XI Congresso da Condsef

“Contra os ataques do governo Dilma, organizar a greve nacional dos servidores públicos federais a partir da segunda quinzena de março”

O Jornal Luta Operária entrevistou o companheiro Reginaldo Dias, ex-militante do PCO e ativista Revolucionário Socialista, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF) e delegado eleito pela base ao XI Congresso da Condsef que está sendo realizado em Beberibe (Ceará) desde quarta-feira (11/12) até domingo (15/11). Reginaldo interveio várias vezes no plenário do congresso defendendo um plano de lutas contra os ataques do governo Dilma ao funcionalismo federal e denunciando a farsa do julgamento do “mensalão” pelo STF contra os dirigentes do PT como parte de uma ofensiva reacionária da burguesia contra o conjunto do movimento operário.

Jornal Luta Operária (JLO): Como os servidores públicos federais estão reagindo aos ataques do governo Dilma e a sua política de privatizações e arrocho salarial?

Reginaldo Dias (RD): Nós temos reagido com muita indignação, tanto que no ano passado culminou numa greve que mobilizou milhares de trabalhadores, mas que não contou com a disposição política da direção da Condsef em organizar esta luta. Quase 20 dias iniciada a mobilização ainda não se tinha um comando nacional de greve, mas que apesar da sabotagem das direções sindicais a categoria teve uma enorme adesão em todo o país. A nossa perspectiva é que este congresso consiga marcar o início da greve geral da categoria na primeira quinzena de março do ano que vem, em defesa dos nossos salários, pelo pleno direito de greve que neste momento está sendo ameaçado pelo STF, o órgão supremo da justiça burguesa no país e com o qual o PSTU faz frente no chamado “julgamento do mensalão”.

JLO: Qual o balanço que você faz da política da direção da Condsef controlada hoje pelos “independentes” ligados à CUT?

RD: O nosso balanço é que uma política de capitulação geral, pois há uma grande disposição da categoria em ir à luta, mas esta tendência não encontra correspondência política em sua direção em construir efetivamente esta greve. Só para se ter uma ideia, a greve do ano passado começou quase de forma espontânea, não foi devidamente preparada, não houve uma campanha de mídia explicando as nossas reivindicações mais sentidas... Então, avaliamos que a gestão destes três anos de mandato da atual gestão da Condsef foi de colaboração de classes com o governo Dilma.

JLO: Qual o plano de lutas, organização e a perspectiva de greve dos servidores que você aponta para o próximo período?

RD: As várias intervenções que observei aqui no congresso indicam uma disposição de luta intensa. Tudo aponta para uma greve a partir da segunda quinzena de março, e defendemos que haja uma forte mobilização já no início para organizar a greve nacional da categoria em defesa do reajuste salarial, contra as privatizações, a terceirização e precarização das condições de vida do servidor público, em defesa do direito de greve e de todas as conquistas históricas conquistadas com muita luta ao longo de décadas que hoje se veem ameaçadas de serem tiradas pelo governo Dilma.

JLO: Uma polêmica trava esse congresso, a questão do julgamento do “mensalão”. Você interviu denunciando o PSTU por apoiar a farsa montada no STF. Qual a sua análise deste processo? Dirceu, Genoino e Delúbio são presos políticos do regime burguês?

RD: Nós achamos que foi um julgamento de exceção, porque neste momento existe uma direitização na situação política e um recrudescimento do regime como uma vingança da burguesia contra o PT. Quero deixar bem claro que não defendemos a política do PT e por mais que este partido tenha dado mostras de atender os interesses da classe dominante, a burguesia e o imperialismo exigem que o governo Dilma imponha um ataque ainda mais agudo ao conjunto da classe trabalhadora, mas que por seus vínculos com os movimentos sociais está impossibilitado de se colocar a frente destes ataques. Portanto, não foi um julgamento, mas sim uma luta política que passou por cima inclusive das próprias leis que a burguesia cria para perpetuar seu domínio de classe sobre o proletariado. Lembro também que esta é apenas a ponta do iceberg para atacar as organizações dos trabalhadores como os sindicatos, o movimento dos sem-terra e, claro, as organizações de esquerda no nosso país.

JLO: Você defende chamar a base da CUT, do PT e o movimento de massas a lutar contra a prisão dos ex-dirigentes do PT assim como dos ativistas presos durante as “jornadas de junho”?

RD: Defendemos neste momento uma campanha nacional, uma verdadeira campanha pela anulação deste julgamento reacionário, pela libertação de todos os presos políticos do país que lutaram contra a podridão deste regime, inclusive dos ativistas e lutadores, como os Black Blocs, que enfrentaram a repressão policial nas “Jornadas de Junho”. Refirmamos que não concordamos com a política de José Dirceu, Genoino e Delúbio, mas neste momento os interesses da classe operária estão acima deste problema.