Leia o Editorial do
Jornal Luta Operária nº 270, Dezembro/2013
O aprofundamento da
política neoliberal garante previamente a Dilma seu segundo mandato
A última pesquisa
eleitoral realizada pelo “instituto” DATAFOLHA apontou uma tendência política
já cristalizada neste início da reta na disputa pelo controle do Planalto, a
presidenta Dilma venceria a eleição de 2014 em nove cenários apresentados e em
oito deles liquidaria a “fatura” já no primeiro turno. A vertente crescente dos
índices positivos de Dilma, desde as “Jornadas de Junho” quando sofreu um
abrupto revés em sua popularidade, é diretamente acompanhada de um
aprofundamento na linha neoliberal do governo da Frente Popular. Estranhamente
a lenta deterioração dos índices econômicos do país, como a retração do PIB e
déficit da balança comercial que juntos determinam o aumento da taxa de
desemprego, em nada influenciam as pesquisas eleitorais e Dilma continua
crescendo quase sem nenhuma ameaça ao seu segundo mandato. Também causa no
mínimo desconfiança o fato de que na mesma mídia “murdochiana” sobram elogios
para as agressivas privatizações do governo, enquanto não dão trégua para
vaticinar um iminente colapso econômico. A conclusão parece lógica para
qualquer observador mais atento à realidade, quanto maior o aprofundamento da
vertente neomonetarista do governo mais apoio este granjeia no seio das classes
dominantes (controladoras dos pseudo “institutos” de pesquisa e da mídia),
mesmo que o resultado desta inflexão neoliberal e entreguista seja a recessão,
aumento da inflação e a atrofia do parque industrial nacional. A continuidade
da “gerência” petista a frente do Estado capitalista por mais quatro anos
parece mesmo ser quase um consenso no marco político da burguesia, ainda mais
agora quando a presidenta decide patrocinar abertamente a “caça às bruxas” dos
antigos dirigentes do PT. As classes dominantes seguem a máxima popular
afirmando que “em time que está ganhando não se mexe”, a questão a saber é que
os atuais “ganhadores” são exatamente os parasitas do mercado financeiro
(rentistas) e a velha oligarquia agroexportadora, que junto às grandes
empreiteiras conformam o “tripé” de sustentação deste governo de “colaboração
de classes”.
Das possibilidades postas na “mesa” do jogo eleitoral a única que poderia ameaçar a vitória de Dilma no primeiro turno seria a candidatura da eco-imperialista Marina Silva. Afinal Marina conta com o apoio resoluto da maior empresa financeira privada do país, o Banco ITAÚ, além de defender uma plataforma de governo que reordenaria a economia brasileira novamente em direção aos EUA. Acontece que apesar da grande simpatia que Marina reúne na classe média urbana, sua base partidária se mostrou, para a burguesia, extremamente frágil levando o TSE a “adiar” a legalização de sua REDE. Neste quadro o ingresso de Marina no PSB, onde o governador Campos esperava o “adensamento” de sua candidatura, não produziu o impacto social esperado, levando ao estancamento eleitoral da dupla. Por sua vez Dilma tratou de solapar rapidamente a principal “base” de Marina, ou seja os banqueiros, retomando a escalada de alta da taxa SELIC e reconquistando o apoio político que tinha perdido da FENABAN.
Mas se pelo menos a recém-formada
dupla Eduardo&Marina ainda mostra algum nível de harmonia política, não
podemos dizer o mesmo dos velhos tucanos bicudos Aécio e Serra. Estes estão em
plena guerra autofágica no interior do partido, minando completamente as
chances do senador tucano mostrar alguma competitividade na disputa pelo
Planalto. De nada adiantaram os apelos do “mestre” da privataria tucana para
que Serra parasse os ataques ao “mineirinho do pó”, deixando claro que a
oligarquia dominante jamais apostará suas “fichas” neste “barco” em pleno
naufrágio. Ao mesmo tempo em que se reduzem a quase zero as chances do PSDB
retomar a presidência da república em 2014, o governador tucano Alckmin vem
assegurando seu segundo mandato no Bandeirantes justamente mostrando-se como
uma possível alternativa do campo burguês mais conservador em 2018, quando o PT
será “forçado” a deixar o Planalto para cumprir a chamada “cláusula do
revezamento democrático”. Para a burguesia nacional é “ponto pacífico” a “norma”
política determinando que enquanto o PT estiver na “cabeça” da “gerência
central” não poderá ocupar ao mesmo tempo o estratégico governo paulista.
Nesta altura do texto
algum leitor mais “crédulo” no regime da “democracia dos ricos” poderia
questionar o seguinte: mas e o voto popular não infere em nada no processo
eleitoral? Há mais de um século Lenin afirmava que: “O produto das eleições
burguesas são sempre a expressão deformada da genuína vontade popular”. Hoje,
em plena fase histórica da completa decadência “democrática”, “atualizando” no
tempo a teoria Leninista podemos afirmar que a “deformação” da vontade popular
deu um “salto de qualidade” se convertendo em fraude eletrônica e manipulação
midiática integral por parte da classe dominante. O “conluio” das varias
frações da burguesia (seus múltiplos partidos) em torno do controle do processo
eleitoral é total, encampa desde a questão financeira até o resultado político
do pleito. Na verdade os principais “eleitores” deste regime bastardo são os
empresários e seus interesses comerciais, encaixando (elegendo) desta forma os “melhores”
candidatos para seus negócios capitalistas. É evidente que a correlação de
forças entre as classes sociais (etapa política) tem um peso importante nos
resultados eleitorais e nas definições finais da burguesia acerca da “escolha”
de seus “gestores” a frente de todas as instâncias do estado. Por sua vez os
Marxistas Leninistas não disseminam o “mito” da “credibilidade” de nenhum
processo eleitoral (quanto mais sob a égide da urna “robotrônica”) que esteja
controlado pela burguesia, corrupta por sua própria natureza de classe. Os próprios
“institutos” de pesquisa (IBOPE, DATAFOLHA, GALLUP e afins...) são na prática
apenas o primeiro degrau para se consagrar a fraude eleitoral.
O movimento operário não
deve nutrir ilusões políticas de que suas conquistas sociais poderão vir pela
via do processo eleitoral ou parlamentar. Tampouco as candidaturas de “esquerda”
colocadas no ventre deste regime, mesmo que vocalizem um discurso “socialista”,
merecem alguma confiança das massas. Este é o caso da recém-lançada candidatura
da Frente de Esquerda (PSOL &PSTU) à presidência da república, estamos
falando do senador “sarneysista” Randolfe Rodrigues, responsável pelas “intrépidas”
alianças (bem sucedidas) do seu partido com o DEM, PTB, PSB etc... no Amapá.
Mais do nunca, diante do morno circo eleitoral que se avizinha (com seus quatro
protagonistas principais: Dilma, Aécio, Campos e Randolfe) é necessário que as
correntes comunistas debatam a formulação de uma plataforma revolucionária para
a ação direta do proletariado, que poderia ser bastante potencializada de forma
publicitária através do lançamento de uma anticandidatura operária ao Planalto,
cumprindo a função política da denúncia radical deste regime fraudulento da “democracia
dos ricos”.